Silvio Santos Vem Aí

11/22/2025 10:40:00 PM |

Hoje fui ao cinema com praticamente um carrinho de pedras para tacar no longa "Silvio Santos Vem Aí", pois desde o dia que vi o trailer ficou na minha mente que era um exagero estar fazendo mais uma obra sobre o comunicador, ainda mais com Leandro Hassum, que sabemos que é um ator cheio de exageros na forma de atuar, mas posso afirmar que após conferir voltei com o carrinho cheio de volta, ainda mais pesado pela ótima entrega do ator que não tentou imitar Silvio, e principalmente por trabalhar tudo dentro de um contexto que não ficou jogado como "mais um", e sim como um "definitivo", já que a história trabalha o período que Silvio tentou entrar para a política, e alguém que não era fã dele foi colocada para acompanhar e conhecer mais sobre o homem, não o personagem, e com isso nos colocamos no mesmo papel de Manu Gavassi, como alguém que não era apaixonada pelo que ele fazia nos palcos, mas que não conhecíamos de sua entrega com suas colegas de trabalho da plateia, da atenção para com as crianças no programa infantil, da conexão com a esposa atual e a que morreu no passado, e claro com os funcionários mais próximos, sendo algo que foi muito mais do que a política em si colocada em segundo plano, mas um filme sincero e gostoso de acompanhar. Ou seja, é daquelas tramas biográficas que vale a atenção, que funciona como não se espera, e que estreou na época mais errada possível, pois no meio de uma tonelada de blockbusters vai acabar sendo esquecida, o que de forma alguma merecia.

O longa acompanha os bastidores do programa de auditório que virou marca registrada e consagrou Silvio Santos como um dos maiores comunicadores do país. A trama se passa em 1989, logo após Silvio se candidatar, para a surpresa de todos, à presidência da república. A jornalista e publicitária Marília é, então, convocada a trabalhar na equipe do apresentador com o intuito de investigar sua vida e prever qualquer tipo de ataque e jogo sujo de seus adversários. Apesar de desconfiada, Marília é conquistada pelo carisma do comunicador, gerando uma parceria, mas também muitos embates. Embora um ícone da TV, Silvio é reservado e o convívio dos dois trará descobertas surpreendentes, com ambos sendo transformados no processo.

O que mais me surpreendeu foi ver a diretora Cris D'Amato que é conhecida por suas comédias, o roteirista Paulo Cursino que também é muito conhecido pelas comédias e Leandro Hassum que é um ator de comédias se juntarem para algo que não é uma comédia, embora até muitos tenham levado a candidatura de Silvio Santos como uma piada, mas a essência biográfica ficou marcada por algo com uma comicidade leve e em segundo plano, sendo sincera e gostosa de conhecer o personagem, ou melhor, o homem Senor por trás das câmeras, e dessa forma toda a entrega acabou sendo tão gostosa, que mostra que quando querem acertar, esse grupo de peso sabe fazer muito bem, pois a trama não tem uma vírgula que você olhe e fale que mudaria para algo diferente. Ou seja, é daqueles filmes que conseguimos enxergar bem a história que o roteirista tentou nos contar, quanto a diretora conseguiu nos levar para a época e trabalhar esse desenvolvimento na tela, de tal forma que o resultado flui fácil, nos faz prender os olhos na tela, e o resultado final acaba sendo surpreendentemente bom, pois tinha tudo para dar errado, mas não deu.

E falando do que poderia dar muito errado, afinal tanto no trailer quanto numa das primeiras cenas do longa vemos a protagonista falando que todo mundo acha que sabe imitar Silvio Santos, então o maior medo do público era ver depois de 3 ou 4 filmes que literalmente fizeram imitações ruins do verdadeiro, imaginar como seria com Leandro Hassum, que já fez muitas imitações e é um comediante que ou você ama ou odeia, ou seja, era um risco imenso que quiseram arriscar, e felizmente Hassum fez o mais certo, que era não imitar o Silvio, e sim deixar fluir como algo natural na tela, e isso ficou mais perfeito do que se ele tivesse pego para fazer qualquer outra pessoa, pois não vemos uma caricatura na tela, mas sim um homem que era sim multimilionário, mas que se divertia com o que fazia, saindo não para trabalhar, mas sim fazer o povo sorrir, e o ator conseguiu isso, pois saímos da sessão com um sorriso estampado na cara. Outra que poderia falhar demais era Manu Gavassi, pois seu jeito de atuar poderia não passar uma seriedade tradicional de uma jornalista e publicitária bem empossada, mas conseguiu dar um tom leve e bem colocado para que sua Marília fosse bem desenvolta e conquistasse o carisma do público, e principalmente do protagonista, fazendo atos bem dinâmicos e graciosos para que não ficasse uma personagem seca, e isso acabou agradando na tela. Ainda tivemos outros bons papeis, mas a base mesmo ficou com os dois personagens, valendo leves destaques para Marcelo Laham como Raul dono da agência de propaganda contratada pelo partido, e Regiane Alves dando um tom bem meigo para Íris Abravanel, mas sem grandes momentos que quebrassem o elo dos dois principais.

Visualmente a equipe fez um belo trabalho de época, com televisores e telefones antigos, pagers, orelhões, roupas bem tradicionais do final dos anos 80, formas de montagens com recortes nas equipes publicitárias (hoje no celular mesmo fariam o que o diretor da agência queria), vemos os vários programas antigos do apresentador, todos muito bem representados na tela em detalhes, e com todo o contexto da trama trabalhando um SBT das origens, que consegue chamar atenção e funcionar. Ou seja, é um filme que você vê boa base, ângulos muito bem escolhidos (a cena do almoço da protagonista com Lombardi sem mostrar o rosto dele sempre com algo inusitado é de um primor que chega a espantar!), e assim funcionou de várias formas na tela.

Enfim, é um filme que vale demais a recomendação, que até poderiam ter explorado mais alguns detalhes aqui ou ali, mas só serviria para aumentar o tempo de tela, pois diferente de muitos outros que desejamos acelerar as dinâmicas para não cansar o espectador, aqui fica aquele gostinho de quero mais, e isso costumo dizer que é um tremendo acerto. Ou seja, vá se divertir com uma história que poderia ter mudado a História do nosso país, afinal aos 45 do segundo tempo tiraram a chance de Silvio concorrer, mas talvez isso estragaria a memória gostosa que temos dele. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas verei mais um longa hoje, então abraços e até mais tarde.

PS: gostaria de ter visto mais Silvio e menos Marília, só esse é o motivo da nota não ser maior, mas ainda assim é um tremendo filmaço do cinema nacional!


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