O longa acompanha os bastidores do programa de auditório que virou marca registrada e consagrou Silvio Santos como um dos maiores comunicadores do país. A trama se passa em 1989, logo após Silvio se candidatar, para a surpresa de todos, à presidência da república. A jornalista e publicitária Marília é, então, convocada a trabalhar na equipe do apresentador com o intuito de investigar sua vida e prever qualquer tipo de ataque e jogo sujo de seus adversários. Apesar de desconfiada, Marília é conquistada pelo carisma do comunicador, gerando uma parceria, mas também muitos embates. Embora um ícone da TV, Silvio é reservado e o convívio dos dois trará descobertas surpreendentes, com ambos sendo transformados no processo.
O que mais me surpreendeu foi ver a diretora Cris D'Amato que é conhecida por suas comédias, o roteirista Paulo Cursino que também é muito conhecido pelas comédias e Leandro Hassum que é um ator de comédias se juntarem para algo que não é uma comédia, embora até muitos tenham levado a candidatura de Silvio Santos como uma piada, mas a essência biográfica ficou marcada por algo com uma comicidade leve e em segundo plano, sendo sincera e gostosa de conhecer o personagem, ou melhor, o homem Senor por trás das câmeras, e dessa forma toda a entrega acabou sendo tão gostosa, que mostra que quando querem acertar, esse grupo de peso sabe fazer muito bem, pois a trama não tem uma vírgula que você olhe e fale que mudaria para algo diferente. Ou seja, é daqueles filmes que conseguimos enxergar bem a história que o roteirista tentou nos contar, quanto a diretora conseguiu nos levar para a época e trabalhar esse desenvolvimento na tela, de tal forma que o resultado flui fácil, nos faz prender os olhos na tela, e o resultado final acaba sendo surpreendentemente bom, pois tinha tudo para dar errado, mas não deu.
E falando do que poderia dar muito errado, afinal tanto no trailer quanto numa das primeiras cenas do longa vemos a protagonista falando que todo mundo acha que sabe imitar Silvio Santos, então o maior medo do público era ver depois de 3 ou 4 filmes que literalmente fizeram imitações ruins do verdadeiro, imaginar como seria com Leandro Hassum, que já fez muitas imitações e é um comediante que ou você ama ou odeia, ou seja, era um risco imenso que quiseram arriscar, e felizmente Hassum fez o mais certo, que era não imitar o Silvio, e sim deixar fluir como algo natural na tela, e isso ficou mais perfeito do que se ele tivesse pego para fazer qualquer outra pessoa, pois não vemos uma caricatura na tela, mas sim um homem que era sim multimilionário, mas que se divertia com o que fazia, saindo não para trabalhar, mas sim fazer o povo sorrir, e o ator conseguiu isso, pois saímos da sessão com um sorriso estampado na cara. Outra que poderia falhar demais era Manu Gavassi, pois seu jeito de atuar poderia não passar uma seriedade tradicional de uma jornalista e publicitária bem empossada, mas conseguiu dar um tom leve e bem colocado para que sua Marília fosse bem desenvolta e conquistasse o carisma do público, e principalmente do protagonista, fazendo atos bem dinâmicos e graciosos para que não ficasse uma personagem seca, e isso acabou agradando na tela. Ainda tivemos outros bons papeis, mas a base mesmo ficou com os dois personagens, valendo leves destaques para Marcelo Laham como Raul dono da agência de propaganda contratada pelo partido, e Regiane Alves dando um tom bem meigo para Íris Abravanel, mas sem grandes momentos que quebrassem o elo dos dois principais.
Visualmente a equipe fez um belo trabalho de época, com televisores e telefones antigos, pagers, orelhões, roupas bem tradicionais do final dos anos 80, formas de montagens com recortes nas equipes publicitárias (hoje no celular mesmo fariam o que o diretor da agência queria), vemos os vários programas antigos do apresentador, todos muito bem representados na tela em detalhes, e com todo o contexto da trama trabalhando um SBT das origens, que consegue chamar atenção e funcionar. Ou seja, é um filme que você vê boa base, ângulos muito bem escolhidos (a cena do almoço da protagonista com Lombardi sem mostrar o rosto dele sempre com algo inusitado é de um primor que chega a espantar!), e assim funcionou de várias formas na tela.
Enfim, é um filme que vale demais a recomendação, que até poderiam ter explorado mais alguns detalhes aqui ou ali, mas só serviria para aumentar o tempo de tela, pois diferente de muitos outros que desejamos acelerar as dinâmicas para não cansar o espectador, aqui fica aquele gostinho de quero mais, e isso costumo dizer que é um tremendo acerto. Ou seja, vá se divertir com uma história que poderia ter mudado a História do nosso país, afinal aos 45 do segundo tempo tiraram a chance de Silvio concorrer, mas talvez isso estragaria a memória gostosa que temos dele. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas verei mais um longa hoje, então abraços e até mais tarde.
PS: gostaria de ter visto mais Silvio e menos Marília, só esse é o motivo da nota não ser maior, mas ainda assim é um tremendo filmaço do cinema nacional!







0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...