O longa acompanha Crisóstomo, um pescador solitário no auge de seus 40 anos que carrega dentro de si a culpa por não ter conseguido ser pai. Na procura de um filho sem pai, já que ele mesmo é um pai sem filho, Crisóstomo esbarra com Camilo, um garoto órfão de apenas 12 anos de idade. Logo, eles iniciam juntos uma jornada arriscada, mas recompensadora, de formar uma família nada convencional. No povoado onde vivem, um jovem incompreendido chamado Antonino (Johnny Massaro) e uma mulher fugindo da própria dor chamada Isaura (Rebeca Jamir) cruzam o caminho de Crisóstomo e Camilo. Juntos, os quatro aprendem o verdadeiro significado de família e o propósito de compartilhar a vida.
O mais interessante é que sabemos do potencial que o diretor e roteirista Daniel Rezende tem para adaptar histórias, porém aqui acredito que tenha se perdido na fantasia que o escritor Valter Hugo Mãe entregou em seu livro, e acabou indo para rumos tão com cara de festivais e de agradar críticos, que acabou saindo de eixo, pois repito que não é um filme ruim, muito pelo contrário, tem cenas potencialmente lindas, tem uma trama que permitia algumas reflexões, mas ele que é conhecido como um dos melhores editores do Brasil deixou a trama fluir tão lentamente, com dinâmicas quase inexistentes, e o resultado acabou sendo um marasmo que fez alguém que tem problemas para dormir acabar dormindo, ou seja, falhou em diversos momentos querendo brincar com o lúdico e com o real, e entregou algo que não foi para lado algum.
Quanto das atuações, estou preocupado com as escolhas de Rodrigo Santoro, pois já é seu segundo filme alternativo em menos de um ano, e ele que vinha numa decolada boa de bons papeis, chamando atenção de diversos diretores e tudo mais, está escolhendo tramas introspectivas demais que até mostra muito de si, se jogando completamente para que seu Crisóstomo fosse denso e chamativo, mas esse não é o ator que tem potencial de bater nas cabeças como melhor ator em tudo, então precisa recalcular rota para não virar ator que só faz filme de festival, e acabar sumindo do mapa. O jovem Miguel Martines mostrou muita personalidade e entrega para que seu Camilo fosse simples, porém expressivo, de modo que talvez com dinâmicas mais intensas chamasse mais atenção, porém seu papel é muito submisso na tela, e isso acaba não impactando tanto quanto poderia. Quanto aos demais, tivemos até algumas cenas bem intensas de Rebeca Jamir com sua Isaura e um Antonino bem abobado que Johnny Massaro acabou entregando, não fluindo tanto, mas ao menos não desapontando com o que tinham de fazer na tela.
Visualmente o longa tem cenas bonitas, tem alegorias com efeitos bem interessantes, e uma fotografia bem suja, parecendo até mais algo desértico do que uma beira-mar, mas a escolha dos tons, a casa extremamente simples de todos ali, todo o visual funcional dentro do mar com o som da concha levando o protagonista para ambientes malucos e que conectam bem com os demais personagens, acabaram mostrando técnica e um trabalho primoroso que nem foi tão usado na tela, mas que a equipe pode dormir tranquila com algo cumprido.
Enfim, é um filme interessante de proposta, que talvez indo para rumos mais dinâmicos e com uma trama escolhendo qual lado tomar (real ou fantasioso) ao invés de misturar tudo acabaria agradando bem mais, mas da forma que foi feita só recomendo dar o play se você estiver com seu sono em dia e gostar muito de tramas complexas que não irá levar você necessariamente para algum lugar, então fica a ressalva. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.







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