Memórias de um Caracol (Memoir of a Snail)

6/04/2025 12:55:00 AM |

Ver uma animação em stop-motion já é algo incrível, pois se pararmos para pensar o tanto de trabalho que dá fotografar quadro a quadro para depois virar um filmão já acaba sendo obrigatório a conferida, mas juntar a isso ter ganho o Anecy que é o Oscar das animações, além da indicação ao Oscar de Melhor Animação perdendo apenas para uma outra belezinha num ano acirrado de ótimos trabalhos do estilo, e ainda colocar todo um mote cheio de nuances nos diálogos (ou quase um monólogo da protagonista) envolvendo solidão, depressão, e muito mais para refletirmos e pensarmos em tudo o que já vivemos e/ou iremos viver um dia! Ou seja, pode parecer apenas um desenho animado no pôster, mas é um baque forte e até bem triste em alguns momentos, que o diretor soube entregar com tanto impacto que faz de "Memórias de um Caracol" uma verdadeira obra de arte, e que finalmente poderá ser conferido nos cinemas nacionais a partir da próxima quinta 05/06.

A sinopse nos conta que Grace Pudel é uma garota solitária que coleciona caracóis ornamentais e tem um enorme amor pelos livros. Ainda muito jovem, Grace foi separada do irmão gêmeo, o pirofagista Gilbert, e a partir daí, entrou em uma espiral contínua de ansiedade e angústia. Apesar dessas inúmeras dificuldades, a menina volta a encontrar inspiração e esperança quando inicia uma amizade duradoura com uma idosa excêntrica chamada Pinky, repleta de coragem e desejo de viver.

Apostaria fácil que o diretor e roteirista Adam Elliot vivenciou muito do que entrega na tela com a protagonista, pois é daquelas histórias que você sente o envolvimento acontecendo como se algo ali falasse mais do que apenas com imagens, e isso é algo lindo de se ver, porém também bem forte pela essência completa dos temas tratados, e assim sendo cada elo é tratado com requinte e cheio de vivência, aonde cada quadro tem muitos elementos cênicos incríveis que acabamos apaixonados pelos detalhes e pela composição em si. Ou seja, é mais do que um simples stop-motion tradicional, com elos que vão muito além de algo bonitinho de se ver, mas que amplia a discussão sobre temas difíceis, e claro sobre o que o pôster já diz, que é sair da sua própria concha.

Os personagens na tela são incrivelmente bem desenhados, de modo que Grace mesmo com um ar depressivo tem todo um carisma e um charme fácil de nos conectarmos, aonde Sarah Snook trabalhou as nuances de sua voz para que tudo fosse bem pausado e pontuado, e que mesmo sendo quase um monólogo narrado não cansasse e fluísse na tela. O irmão gêmeo Gilbert tem um ar ainda mais depressivo, com uma pegada mais fechada, porém com um vértice completamente cheio de intensidade, que tendo ainda a família adotiva completamente maluca conseguiu chamar muita atenção para as dinâmicas colocadas. E como já falei deles, a família Appleby é daquelas aonde cada personagem chama na tela para a formatação e para as dinâmicas que entregam, sendo marcante pelo lado religioso e crítico por tudo o que rola na fábrica e atrás dela. A senhorinha Pinky é muito bem elaborada, e ainda brincando com o tema do momento Alzheimer vai além demais com tudo. Entre muitos outros personagens que valeria citar, mas vamos parar por aqui, apenas dizendo que os caracóis e porquinhos da Índia são muito fofos e fizeram bem na tela.

Visualmente o longa é um deslumbre completo, pois conseguir fazer com que tudo tivesse texturas e personalidade na tela, com detalhes e tudo mais sendo criado do zero com a técnica de massinhas principalmente, fotografado quadro a quadro, com elementos incríveis desde a casa da protagonista, a casa aonde o irmão vai morar, a igreja, todos os ambientes cheios de caracóis e maçãs, entre muitos outros símbolos presentes, já começando com uma abertura minimalista com elementos que veremos o filme todo por a protagonista ser acumuladora, ou seja, a equipe de arte mereceu todos os aplausos possíveis.

Enfim, é um tremendo filmaço, que vai muito além de uma animação simples tradicional que estamos acostumados, emocionando e envolvendo na medida, e principalmente fazendo com que pensássemos em tudo ao redor da protagonista e de nossa vida também, só não digo que é perfeito que valeria um final mais coerente a tudo o que vimos ao invés de algo bonitinho, mas ainda assim não é algo que tenha estragado todo o resultado anterior. Então fica a dica para conferir o longa em todos os cinemas do país a partir do dia 05/06, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Mares Filmes pela cabine, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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Terra à Deriva 2: Destino (流浪地球2) (Liú Làng Dì Qiú 2) (The Wandering Earth II)

6/03/2025 01:26:00 AM |

Já digo de antemão que o que vou indicar hoje é literalmente um filmão, tanto em qualidade quanto em duração, tendo nada menos que 173 minutos de duração (já inclusos as cenas no meio dos créditos, que não dá para fugir antes). Dito isso, o lançamento dessa quinta 05/06 nos cinemas, "Terra à Deriva 2: Destino", é uma história que se passa antes do filme de 2019 que quase quebrou a Netflix, batendo recordes e mais recordes de exibição, e que agora o novo lançamento nos cinemas chineses botou todos os filmes hollywoodianos no chinelo com uma bilheteria bilionária, ou seja, veremos ainda muitas tramas derivadas desse sucesso, e digo que vale cada momento de tela, pois a tecnologia computacional é daquelas que mesmo não vendo em 3D é possível enxergar as diversas camadas sendo exibidas, detalhes impressionantes em ângulos de todas as formas possíveis, e algo que insisto muito que todos vejam legendado o longa, pois não temos uma linguagem universal, então os chineses falam mandarim, os russo falam em russo, brasileiros em português, e norte-americanos e britânicos falam em inglês, ou seja, é um filme multicultural, com personagens dinâmicos e imponentes, com uma ideia completamente maluca de levar a Terra e a Lua o mais longe possível do Sol com motores para evitar a extinção através das tempestades solares. Ou seja, é um filme complexo, ficcional é claro, mas que trabalha inteligência artificial, processos físicos, bombas nucleares, intervenção de diversos países, e tudo mais dentro de complexos personagens e dinâmicas, ao ponto que hoje após a cabine estava até com dor de cabeça de tanta informação, mas completamente vidrado em tudo o que vi, e assim sendo aplaudi com toda certeza toda a entrega na tela.

A sinopse é bem simples e nos conta que os humanos construíram enormes motores na superfície da Terra para encontrar um novo lar. Mas a estrada para o universo é perigosa. Para salvar a Terra, os jovens mais uma vez precisam dar um passo à frente para começar uma corrida contra o tempo pela vida e a morte.

Volto a falar que a melhor coisa que existe em continuações é manter a equipe original, com diretores, roteiristas e tudo mais que for possível, afinal já conhecem tudo o que fizeram, e dá para trabalhar bem a ideia por completo, e aqui Frant Gwo voltou a usar o livro de Cixin Liu, e já digo mais, a terceira parte vem em 2027 já sendo produzida, ou seja, ele gostou de gastar um orçamento pequenino de 900.000.000 de yuans (o que corresponde a quase o mesmo valor de reais, ou seja, quase 1 bilhão de reais), e que demonstra cada moeda que colocou na tela, pois tudo é impressionante, desde a história que constou com vários consultores técnicos para que a ficção fosse inventada, mas não saísse do absurdo completo, aonde tudo acaba sendo explosivo, diálogos intensos entre os líderes, personagens heroicos e tudo mais funcionam dentro da proposta, não sendo uma loucura desvairada do diretor, mas sim uma trama com pegada técnica, com história (um pouco confusa dentro de todo o tempo de duração), mas que mesmo sendo alongadíssimo, não cansa e muito menos vemos partes que poderiam ser eliminadas, que claro parecem quase uma série completa em um único capítulo, mas que funciona com a proposta de várias frentes, e o resultado impacta no final.

Não vou entrar em detalhes sobre as atuações, pois são muitos personagens principais, e quando digo muitos não estou economizando, ao ponto que chega a ser até confuso quais histórias principais querem nos colocar em evidência na tela. Mas o que posso falar sem menosprezar nenhum deles é que Jing Wu que aparece no primeiro filme entregou bastante aqui com seu Liu Peiqiang, Yi Sha fez os vários momentos desde mais novo até um velho general com seu Zhang Peng de uma forma bem imponente, Yanmanzi Zhu trabalhou sua Xiaoxi bem cheia de dinâmicas, e claro tenho de dar um destaque para Daniela Tassy que faz uma astronauta brasileira contando até com uma boa quantidade de diálogos, ou seja, não fez apenas uma breve participação.

Visualmente meus amigos, os caras gastaram quase um bilhão de reais, o que em dólares é algo que praticamente nenhum filme se arrisca a gastar, ou seja, é o sonho de qualquer diretor de arte chegarem pra ele e falar: quero realismo, então se vire que você pode pagar! E vemos muita computação gráfica de primeiríssimo nível, ambientes gigantescos, figurantes a rodo com figurinos imponentes e bem trabalhados, destruições para todos os lados, fogo, explosões, robôs, muita água também com as mudanças lunares, ou seja, o pacote completo que junto de uma fotografia precisa de ângulos incríveis ainda foi possível fazer a tridimensionalidade sem óculos, ou seja, algo brilhante de se ver em qualquer tela, mas se for possível nas maiores, com toda certeza será mais impactante.

O longa conta também com uma trilha sonora impressionante que dá ritmo e tensão para os diversos momentos do filme, tanto que sempre deixo ativado o Shazam enquanto assisto aos filmes, e aqui vieram nada menos do que 40 canções compostas para ele, mostrando a qualidade do compositor Roc Chen, que também deu o tom para o primeiro filme, ou seja, é o envolvimento que muitos sabem colocar bem na tela.

Enfim, é daqueles filmes que quem curte o estilo não vai ter do que reclamar, pois são efeitos de primeira linha, uma história cheia de amarras e desenvolvimentos insanos, e toda uma proposta ficcional que tem uma base real até que bem colocada, mas que quem prefere dramas mais centrados sem tanta insanidade com toda certeza irão reclamar até das cores do longa, o que é uma inverdade, pois é algo bonito de se ver, mesmo que saia da sessão com uma dor de cabeça imensa, pensando se realmente entendeu tudo o que aconteceu. Então fica a dica para a conferida nos cinemas a partir da próxima quinta 05/06, em algumas cidades apenas, o que é uma pena, mas como também tem dinheiro da Netflix envolvido, acredito que daqui alguns meses surja por lá. E eu fico por aqui agradecendo demais o pessoal da Sinny Assessoria e da Sato Company pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.

PS: Infelizmente a distribuidora só compartilhou o trailer dublado, mas assim que arrumar um bom legendado eu troco aqui, pois como disse no começo, ver o filme com as várias linguagens e traquejos é mais do que necessário.



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A Lenda de Ochi (The Legend of Ochi)

6/02/2025 12:11:00 AM |

Costumo dizer que quando vemos muitos filmes como é o caso de críticos e/ou cinéfilos, vemos tanta coisa que por vezes acabamos esperando até algo a mais que não vai rolar, mas esperamos mesmo assim, e isso é ruim, pois você acaba pegando um elo solto ou uma proposta sem carisma, e o filme inteiro vai para o brejo. E porque comecei o texto de "A Lenda de Ochi" dessa forma? Simplesmente por existir um negócio chamado Flix Channel que antes de cada filme que vemos vem os apresentadores todo santo dia mostrar as mesmas coisas, e acabei ficando interessado pela proposta do longa que parecia um "Gremlins" versão para crianças modernas, que não aceitam o terror, mas hoje assistindo me vi acompanhando mais a mistura de "Como Treinar Seu Dragão" com uma pegada meio de "Lilo & Stitch", entre muitas outras referências, sendo uma mistura completa de estilos, aonde os personagens principais não tem carisma algum, e a história acaba sendo um recorte que não prende o espectador. Ou seja, é daqueles que você até espera ir além até o final, mas quando vê o final aconteceu e não veio aquele além que você esperava, e assim o resultado fica morno, e não chama atenção para nada.

O longa conta a história de uma jovem garota chamada Yuri que vive num vilarejo remoto e isolado na ilha de Carpathia. Tímida e introvertida, Yuri cresceu com avisos de que nunca poderia sair após o anoitecer, criada para temer uma espécie reclusa da floresta conhecida como Ochi. Sob o estigma de serem criaturas perigosas e malignas, piores do que lobos e ursos, os Ochi são continuamente caçados pelos moradores da vila com quem possuem um atrito ancestral. Um dia, porém, enquanto acompanha seu pai numa dessas caçadas, Yuri esbarra com um Ochi bebê machucado e abandonado por sua matilha. Decidida a devolver o pequeno de volta para sua família, a jovem embarca numa aventura cheia de obstáculos e ameaças pelas montanhas e caminhos tortuosos da ilha. Ao se arriscar cada vez mais fundo dentro da floresta, ela descobre os segredos desse lugar, enfrenta desafios inimagináveis e aprende lições valiosas sobre o verdadeiro sentido da amizade, da coragem e a importância de proteger a natureza.

Diria que o diretor e roteirista Isaiah Saxon até foi bem criativo com o que desejava apresentar, mas cometeu o famoso erro de estreante em longas que é colocar tudo o que já viu em outros filmes no seu, e o mais interessante é que ele não começou pequeno, pois tem a produção dos Irmãos Russo junto da A24 Filmes, ou seja, veio com o pavão completo de penas abertas para entregar algo que certamente foi muito bem vendido nos bastidores. Ou seja, dava para o jovem diretor não inventar tanta moda e criar algo mais simples e bem feito, mas sonhou demais com a venda, e o resultado acabou ficando uma mistura completa de vários elementos gostosos, que junto ficaram com um gosto estranho, e isso é o famoso erro que acontece quando um diretor/roteirista tem um bom projeto, mas quando vê tanto dinheiro nas mãos, acaba se perdendo, não agradando nem os produtores, nem o público que vai conferir.

Um dos maiores problemas do longa acredito que tenha sido nas atuações, pois Helena Zengel fez sua Yuri totalmente sem carisma, ao ponto que mesmo tendo uma conexão até que bonita com o bichinho, não nos convence de seus atos, e não chama o filme para si, ou seja, faltou alguém ali que pegasse na mão da atriz e falasse para ela reagir e se expressar, e infelizmente isso não aconteceu com os demais atores. Gosto muito do estilo que Willem Dafoe costuma entregar para seus papeis, mas já está ficando exagerado ele aparecer em 11 de cada 10 filmes lançados, ao ponto que aqui pareceu até estar sem muita paciência para que seu Maxim (aliás nem sabia que ele tinha nome!), apenas gritando e se jogando para frente da câmera sem se expressar bem como costuma fazer. Emily Watson trabalhou sua Dasha com tanto conteúdo para ir além na tela, mas praticamente todos seus atos foram recortados, e isso fica nítido na tela ao ponto de esquecermos de sua personagem tão rápido quanto aparece, e olha que ela poderia ajudar muito no filme. Finn Wolfhard é um ator bem versátil na tela, e tem puxado sempre o carisma para si nos longas que tem entrado, mas aqui seu Petro é tão apático e sem rumos, que ainda estou pensando o que ele fez em cena, ou seja, não ajudou em nada. Quanto aos demais, é melhor nem entrar em detalhes, pois não fluíram, sendo apenas um monte de garotos atacando sem rumo algum, no melhor estilo "Peter Pan" que tem, ou seja, nem lembraremos deles.

Visualmente, a minha maior recomendação para quem for conferir o longa nos cinemas é procurar a sala com maior brilho possível, pois o filme é bem escuro, com cenas em meio de florestas e pântanos, além de casas quase sem iluminação alguma, aonde você verá somente o rostinho azul do bichinho, aliás aí está um ponto bem favorável, pois mesmo sendo algo meio como um morcego ou sei lá o que com seus dentes pontudos, os bichos são bonitinhos, lembrando uma mistura de Gremlim com o Stitch, com a carinha azul e muitos pelos, também tivemos o protagonista vestindo uma armadura estranha, e a casa de todos bem rústica e com um ar até certamente místico da mulher no meio da montanha. Ou seja, a equipe de arte até tentou ir além, mas não conseguiu mostrar todo seu potencial, e o culpado pode ser o diretor de fotografia que esqueceu de ligar a iluminação secundária para dar as devidas nuances.

Enfim, é o famoso filme que tinha muito potencial para talvez virar algo mitológico e com outros longas derivados, mas que foi tão mal aproveitado, que o resultado apenas acaba sendo bacaninha, não empolgando e não levando nada a lugar algum, e assim sendo recomendado apenas como algo bem mediano. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Ainda Não é Amanhã

6/01/2025 04:45:00 PM |

Costumo dizer que longas que envolvem gravidez inesperada são os mais tensos para se falar, e claro para a direção dele saber como trabalhar para funcionar na tela sem ficar artificial ou exagerado, e felizmente o filme "Ainda Não é Amanhã", que estreia na próxima quinta 05/06 nos cinemas, trouxe uma abordagem simples, direta, rápida e bem funcional do ato em si da mulher escolher o que quer para si, para seu corpo e para sua própria vida, de modo que o que vemos na tela é bem feito, mostra o processo e as consequências, e mesmo sem fazer apologia para nenhum dos lados consegue fazer sentido, o que é muito válido principalmente como cinema. Ou seja, sei que muitos vão atacar a produção, outros nem irão ver, mas a ideia ao meu ver tem de ser sempre da pessoa em si, pois o mundo só tá o caos pelas pessoas com decisões erradas, e os filmes tem de abordar sim cada tema e cada um tirar o que acha preciso ou interessante do que ve na tela, então não a toa o longa tem ganho várias premiações pela intenção e pela dinâmica muito bem representada.

A sinopse nos conta que Janaína é uma jovem de dezoito anos que mora com a mãe e a avó em um conjunto habitacional na periferia do Recife. Ela é a primeira pessoa da família a entrar na universidade, mas uma gravidez indesejada ameaça os planos que ela havia traçado.

Diria que a diretora e roteirista Milena Times soube ter uma estreia em longas sendo singela com o tema, pois dava para fazer dois tipos bem diferenciados de trabalho com a situação, e por vezes poderia ter virado até um capítulo de novela, mas felizmente o resultado flui como cinema, traz a proposta na tela, mostra a escolha da garota frente a tudo o que está acontecendo com ela, e também mostra o impacto do remédio, mas também a ajuda das amigas e claro a sinceridade final da mãe, ou seja, vemos a proposta bem direcionada e bem dirigida, que funciona e sem enfeitar o doce, entrega bem um começo, meio e fim.

Quanto das atuações, a jovem Mayara Santos trabalhou bem toda a síntese que sua personagem Janaína precisava mostrar, desde os estudos difíceis na faculdade, a diversão no baile e no amor, a cobrança da família, e claro a dor da descoberta inesperada e dos remédios na escolha feita, mas mais do que isso, trabalhou olhares e emoções com boa sinceridade e estilo, o que acabou agradando e funcionando bastante. Vale destacar também em cena Bárbara Vitória com sua Kelly bem amiga da protagonista e sabendo encontrar conselhos, colo e boa sintonia, aonde o resultado funciona na tela. O longa contou com muitos atores e atrizes estreantes em longas, mas todos bem centrados e chamativos aonde precisavam, valendo também citar com boas dinâmicas, principalmente no fechamento Clau Barros como a mãe da protagonista e Cláudia Conceição como a avó, mas dentro de uma boa síntese não precisaram se mostrar muito para o resultado focar bem mais na jovem garota.

Visualmente a trama também foi bem simples, sem grandes anseios visuais, mas totalmente representativa, como o condomínio periférico aonde os personagens moram, o baile cheio de jovens na noite, toda a condução para ir estudar longe, o ambiente da faculdade aonde a jovem com seu financiamento busca opções de bolsas para ir mais além, o apartamento da amiga, e claro a forma ilegal de se conseguir o remédio, além dos modos de chás e tudo mais, sendo tudo sem grandes formatações, mas simbólico na medida.

Enfim, é um filme que não vai além da proposta, o que não é ruim, pois funciona de forma inteligente e sutil, e assim vale a recomendação de conferida na data de estreia. E é isso meus amigos, fico por aqui agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Embaúba Filmes pela cabine, e volto mais tarde com outras dicas, então abraços e até logo mais.


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O Refúgio (Homestead)

6/01/2025 02:03:00 AM |

É bem engraçado que antes de pesquisar qualquer coisa sobre o longa "O Refúgio" acabei assistindo ele inteiro e fazendo a pré-crítica no Facebook julgando que ele tinha toda a cara de ser uma série que resolveram lançar nos cinemas antes para testar a popularidade e ver até onde poderiam chegar, e aí eis que abro as informações do diretor, e bingo, está lá já dois episódios lançados que são mostrados trechos bem rapidamente no final do longa. Ou seja, se eu esperava ver a continuação do longa na telona, posso esquecer, afinal já entregaram tudo na série. Porém, acredito que a essência toda foi bem colocada aqui, embora com o estilo novelesco (ou de série como muitos preferem falar atualmente), e que confesso que se não tivesse tanto anseio religioso em cima para um fechamento até milagroso demais, o resultado da proposta poderia fluir e entregar algo até bem marcante. Sendo assim, vemos que o pessoal religioso anda querendo brincar com todos os estilos possíveis dentro do mundo do cinema, e só está faltando virem com um terror religioso, mas aí seria forçar demais a barra.

O longa nos mostra que uma bomba nuclear é detonada em Los Angeles, e o país mergulha em um caos sem precedentes. O ex-integrante das Forças Especiais, Jeff Eriksson e sua família escapam para The Homestead, uma excêntrica fortaleza de sobrevivencialistas aninhada nas montanhas. À medida que ameaças violentas e condições apocalípticas se aproximam de suas fronteiras, os moradores de The Homestead se perguntam: por quanto tempo um grupo de pessoas conseguirá resistir aos perigos da natureza humana e ao derramamento de sangue à sua porta?

Diria que o diretor Ben Smallbone trabalhou bem o conceito que lhe foi dado na tela, porém acabou exagerando demais na quantidade de personagens importantes e nas dimensões que desejava alcançar com sua trama, pois dava para ser tranquilamente um filme apocalíptico bem encaixado aonde os preparados para o fim (ou sobrevivencialistas como preferem ser chamados) montam seu exército particular, cultivam sua comida e animais enquanto do lado de fora todos morrem e os conflitos que isso geraria, mas ao envolver religião e lições de vida dentro da proposta o resultado acabou ficando um pouco frouxo na amplitude completa. Ou seja, o que vemos dava para ser um filme só, bem fechadinho e direto de impacto, mas ao querer colocar tantas coisas na tela, o resultado só poderia ser visto como uma série maior, e claro com um desenvolvimento maior de personagens, o que quem for conferir a série pode até voltar aqui e dizer se ficou bacana, pois eu não irei.

Quanto das atuações, um fator que me incomoda demais nesse estilo é que temos de um lado os bons samaritanos que pregam a paz e tudo mais, e do outro temos os brucutus que precisam ter o espírito mudado, e isso se não é bem passado para os atores acaba virando uma bagunça na tela. E Bailey Chase fez com que seu Jeff Eriksson ficasse bem no estilão de segurança, aonde só se preocupa em ganhar a guerra e não ver as consequências dos dois lados, mas começa a mudar meio que do nada nos atos finais, e isso não flui como algo normal em uma trama, ao ponto que o ator forçou um pouco seu jeitão na tela. Neal McDonough trabalhou seu Ian quase coo um caipira rico aonde nem vemos o dinheiro surgir e comanda tudo ali ao redor, mas que ao mesmo tempo o povo da prefeitura nem sabe quem ele é, ou seja, faltou desenvolver um pouco mais o antes dali para ter mais vivência no personagem e agradar mais. As mulheres da trama ficaram todas em segundo plano, com trejeitos de dona de casa, mas algumas com porte para ir mais além, apenas dando um leve destaque para a garota que Olivia Sanabia faz bem doce e que valeria ter trabalhado um pouco mais na tela. Ou seja, vou falar só desses, mas tivemos muitos personagens na tela, com atores bons e outros apenas enfeitando o ambiente, mas que sem o devido desenvolvimento apenas foram jogados.

No conceito visual diria que exageraram na explosão que apenas um barquinho fez em um país continental como os EUA, de modo que talvez desse para trabalhar algo mais chamativo na destruição em si, mas isso é um detalhe técnico, depois vamos para os carros gigantes fugindo para o casarão que tem mais cara de um grande palácio do que uma fortaleza realmente preparada para o fim, mas tudo foi muito bonito cenicamente, tendo um pomar de diversos tipos de frutas, muita floresta e tudo mais para acontecer nas montanhas, mostrando que a equipe de arte conseguiu um arsenal gigantesco de armas de todos os estilos, e até tentou ser chamativo dentro do possível com as cenas mais intensas.

Enfim, diria que dava para ter ido bem mais além dentro da proposta como um ou dois filmes, desde que tudo fosse mais desenvolvido e sem tantos personagens-chave, mas como a ideia era algo maior como uma série, faltou talvez explodir mais tudo na tela para convencer o público a querer ver esse algo a mais, então também não rolou. Sendo assim fica a dica apenas para o pessoal mais desse meio que quer se preparar para um fim, e nem tanto para o pessoal religioso, pois não ficou tão propício a funcionar dessa forma, pois mesmo não sendo algo ruim de ver, também passa longe de ser algo bacana na tela. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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