Os Farofeiros 2

3/08/2024 01:24:00 AM |

Costumo falar muitas vezes que a comédia é o estilo de filme mais difícil de se fazer, pois o que faz rir para um não é o mesmo que faz para o outro, então por muitas vezes um longa acaba sendo apenas engraçado, bem produzido, com piadas isoladas bem trabalhadas, mas que você não ri em momento algum. E essa descrição que coloquei é exatamente o resumo da minha sessão vazia de "Os Farofeiros 2", sim, completamente assustador apenas eu numa sala de 300 lugares do cinema, aonde a única risada que eu ouvi foi da moça da limpeza que entrou achando que não tinha ninguém (e provavelmente iria pedir para desligar o projetor), e me viu lá no meio, num determinado momento que tem sua graça. Ou seja, eu volto a frisar que o longa tem boas piadas espalhadas, tem seu gracejo, mas é tudo tão espaçado com algumas situações que você fica se perguntando o tempo inteiro o motivo de tudo ser assim, já que sabe que o primeiro filme foi o campeão de bilheteria de 2018, mas aí eu entro com a melhor sacada, que quem entender irá ao menos aplaudir a ideia, no final vemos como tudo foi arquitetado pela mente das crianças que estão contando a história, e isso nem é um spoiler, mas sim talvez uma ajuda para captar toda a essência que quiseram passar. Então você vem e me pergunta: "Coelho, então é um filme ruim?", e a resposta é um sonoro não, pois é muito bem produzido, tem todo um conceito de piadas prontas para quem gosta desse estilo, e quem ri fácil de tudo, vai rir bastante, mas quem gosta de um humor mais cômico realmente vai sair desapontado depois de esperar muito já que o primeiro foi uma tremenda sacada!

No longa acompanhamos um novo capítulo da história dos amigos Alexandre, Lima, Rocha e Diguinho. Quando Alexandre é reconhecido como o melhor gerente de vendas na empresa em que trabalha, ele ganha como recompensa por seus esforços uma viagem para a Bahia com toda a família. Porém, os outros três amigos não estão muito felizes com a forma como Alexandre comanda as coisas. Para tentar amolecer o coração dos amigos e garantir sua tão esperada promoção, ele resolve levar todos - acompanhados das esposas e dos filhos - para a viagem ao Nordeste.

A dupla Roberto Santucci na direção e Paulo Cursino no roteiro de uma comédia é quase como falar feijão com arroz para a maioria dos brasileiros (felizmente tirando na feijoada, eu não como feijão, então tenho alguns filmes da dupla que não curto, embora goste de muitos deles!), aonde já fizeram filmes juntos para todos os tipos de mídia praticamente desde as telonas até exclusivos das telinhas, só que dessa vez diria que a ideia toda foi maior do que a execução, pois fizeram uma trama muito produzida, só que faltando aquele gostinho especial que entregam na maioria das vezes, de fazer o público passar mal de tanto rir, e olha que pelo trailer parecia que seria uma trama para chorar de tanto rir, mas vimos tantas vezes as cenas no trailer, que elas no longa nem causaram o mesmo impacto, e isso acabou azedando um pouco tudo. Claro que em algumas sacadas a diversão vai ser garantida, em outras apenas alguns vão rir, e até digo qual foi a que eu mais ri: Juraci Parque.

Quanto das atuações, uma coisa é fato, e isso é algo que temos de parabenizar o diretor, ele criou uma família dentro do elenco, pois todos se conectam muito bem em cena, para onde um deve olhar o outro já está esperando, e isso mostra que com poucos ajustes o filme poderia ter sido muito bom, então vamos ver o que será do terceiro filme, já que no final já anunciaram uma continuação. Mas vamos ao que interessa, o único que é realmente um humorista do elenco é Maurício Manfrini com seu Lima, então é o que ataca mais na trama, e deveriam dar mais chance para que seu personagem fosse mais além, pois ele sabe segurar as sacadas, e até mesmo dar as devidas quebras para os demais. Antônio Fragoso até traz alguns atos para seu Alexandre, mas é o tipo de personagem de comédia é aquele chato que se acha protagonista e não leva o filme nem para frente nem para traz. Cacau Protásio já demonstrou que mesmo não sendo uma humorista nata, seu estilo de atuação é o cômico, e cada dia mais tem pegado mais protagonismos no estilo, e acertando muito a mão sem precisar fazer trejeitos forçados, mas gostam de colocar ela sempre como uma mulher barraqueira, e sua Jussara entrega demais. Eu já tinha falado isso no primeiro filme, e volto a falar que Danielle Winits força, grita e tudo mais para aparecer, e esse é o estilo de humor mais do que desnecessário, que chega até incomodar. Ainda tivemos alguns atos cômicos meio que forçados de Charles Paraventi com seu Rocha tentando ser solteiro com a mulher na viagem, e Nilton Bicudo querendo litros e mais litros de álcool em gel pós-pandemia ao invés de olhar para seu monumento Aline Campos, mas cada um é de um jeito. Quanto aos personagens novos, nenhum foi muito além, então apenas fizeram o que precisava para dar os devidos lances de tela.

Como já disse no começo, aqui tudo foi mais produzido, desde as cenas na escola mais ampla ao invés de apenas uma sala de aula, uma empresa também mais mostrada, e até mesmo a viagem com um ônibus velho, mas cheio de detalhes importantes para todas as cenas ali, um resort deteriorado pós-pandemia com piscina quase um lago com animais gigantes, quartos com camas e redes velhas, tudo incluso na cobrança extra de bebidas a café da manhã, uma sauna a base de forno de pizza, animais peçonhentos e outros nível pet monstro, praias abarrotadas bem afastadas mas lotada de figurantes, um parque aquático bem trabalhado e claro uma van a base de pau-de-arara, ou seja, tudo pronto para fazer uma composição caótica para tentar tirar o riso do público.

Enfim, acredito que eu tenha ido esperando muito e não recebido o tanto que imaginava, e como já falei isso outras vezes, ir com a expectativa alta nem sempre dá muito certo, e diria mais, como estava numa sala sozinho, não pude sentir talvez a reação de mais pessoas na sala rindo de talvez besteiras que pra minha pessoa não faziam sentido, mas que para alguns será algo bem divertido, então vou colocar o longa como sendo algo mediano que alguns tenho certeza que vão gostar bem mais do que eu, mas certamente dava para ter ido muito mais além, então veremos como e o que vai acontecer na terceira parte da trama. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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