Netflix - Donzela (Damsel)

3/09/2024 05:44:00 PM |

O que acho mais interessante no estilo Netflix de ser é que eles não se pegam querendo economizar em suas produções originais, então o que vemos várias vezes no ano são filmes que prezam muitas vezes por uma produção gigantesca do que com um roteiro mais elaborado em si, não que sejam histórias ruins, mas sempre tem alguns exageros que poderiam ser suprimidos para ficar ainda mais imponentes. Dito isso, "Donzela" é daquelas tramas que tem pegada, que conseguem entregar tudo o que é necessário para um filme do estilo, e embora bem simples de ideia, já que é apenas uma mulher tentando fugir do destino a qual foi jogada, vemos boas interações da protagonista, uma força sem tamanho para lutar, escalar e até se aliviar das dores de queimaduras e cortes (embora acho que com uma queda daquela, não chegaria nem viva ao chão), e assim o grande acerto da equipe foi a escolha de uma jovem que vem num crescente tão grande que já nem sabemos aonde irá chegar. Ou seja, é daqueles filmes passatempo, aonde não precisamos ficar pensando muito, e apenas curtir toda a interação e o belíssimo visual da produção.

O longa segue a personagem Elodie, uma princesa de um reino, que concorda em se casar com um lindo príncipe de outro lugar. Mas o que ela não sabe, é que este conto de fadas é na realidade, um grande engano. A realeza pretende sacrificá-la. Enganada pelo rei, a princesa se torna o sacrifício de uma antiga dívida. Agora, presa em uma caverna de dragão e sabendo que ninguém vem resgatá-la, ela precisará usar sua astúcia, inteligência e perseverança para escapar com vida - tudo isso, sem a ajuda de nenhum príncipe encantado.

O estilo do diretor Juan Carlos Fresnadillo é mais dentro de filmes com uma pegada mais de terror, e aqui ele usou desse artifício para trabalhar bem o roteiro de Dan Mazeau que estava meio quieto depois de "Furia de Titãs 2", e no ano passado estourou com "Velozes e Furiosos 10", ou seja, a história em si já tinha pegada suficiente para que o diretor elaborasse algo bem colocado e brincasse com toda a essência na tela, e com todo o dinheiro e tecnologia que a Netflix lhe deu para conceber a obra, o resultado conseguiu ir além do simples, para um reino bem visual, cheio de nuances, com uma montanha bem recortada para a jovem ficar se esgueirando fugindo do dragão, e até um bom conceito de elementos gráficos para ter uma imponente e chamativa trama de efeitos, aonde o dragão como protagonista poderia ser mais trabalhado, mas ainda assim seu fogo ficou bem marcante, mostrando que a equipe escolhida seguiu bem toda a ideia do diretor e entregou um bom resultado.

Quanto das atuações, Millie Bobby Brown tem seguido sua carreira com personagens muito marcantes, mas principalmente não se amarrando neles, e mesmo que muitos a conheçam pela personagem da série que a explodiu, em cada novo personagem ela cria para si trejeitos novos, olhares incisivos bem colocados e chama para si a responsabilidade de todos os seus filmes, tanto que aqui praticamente esquecemos que existem outros personagens, e assim sua Elodie impacta com muita intensidade expressiva, se joga para todos os lados, se corta, machuca, suja e tudo mais no melhor estilo de uma lutadora ao invés de uma princesa, ou seja, o papel já era imponente e a atriz conseguiu deixar ainda mais na tela. São poucos filmes e séries que a atriz Shohreh Aghdashloo aparece, mas se um diretor quer uma voz imponente para narrar ou dar voz a algum personagem está lá a atriz, de tal forma que sua dragão tem personalidade forte também, e consegue ser marcante com cada ato entregue na tela, sendo mais do que apenas um complemento para o gigantesco ser. Quanto aos demais, diria que o príncipe vivido por Nick Robinson até foi bem interessante, passando inicialmente um ar de bom moço, a madrasta que Angela Basset trouxe chamou bem com uma intensidade de olhar para a protagonista em suas cenas, e o pai da donzela que Ray Winstone trabalhou até teve algumas nuances marcantes e expressivas, mas sem dúvida valem destacar apenas Brooke Carter com sua Flora doce e cheia de sonhos como uma princesa deve ter, e claro Robin Wright como a rainha forte, intensa e pronta para suas maldades.

Agora sem dúvida alguma o conceito visual da produção foi de um luxo tremendo, sendo cheio de nuances de castelo, todo um amplo reino com muitas parreiras de uvas, tudo bem imponente e marcante, uma festa de casamento luxuosa e bonita de ver, algumas cerimônias com símbolos bem colocados, e claro toda a montanha do dragão cheia de túneis e elementos dos demais mortos que já passaram por ali, sendo tudo bem representativo e interessante dentro da proposta, fora o vestido recheado de armas para sobrevivência da donzela. Quanto dos efeitos, diria que dava para ter trabalhado melhor o visual do dragão para não ficar tão rústico, mas como nunca vi um dragão de verdade, apenas me baseando pelos que já vimos nos cinemas, o resultado final acabou sendo bem colocado, o fogo bem ao estilo de lava e tudo mais causando o impacto que a equipe desejava ver na tela.

Enfim, é um filme passatempo como costumo chamar esses que não precisamos ficar pensando em nada e apenas nos divertirmos com a trama mostrada, e o resultado dentro dessa simplicidade diria que funcionou bem para quem gosta de longas assim. Então não vá conferir esperando que verá uma odisseia ao estilo de "Senhor dos Anéis", "Ben-Hur", "Robin Hood" ou coisas do tipo, mas com toda certeza não é algo que abusa da nossa inteligência e agrada bastante para ser recomendado. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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