A Serva (La Sirvienta) (The Maid)

3/05/2024 01:41:00 AM |

Já disse isso outras vezes e volto a frisar que hoje o cinema tem espaço para todos os credos, religiões e ficções, de tal forma que muitas vezes vemos alguns livros religiosos que dariam ótimas adaptações cinematográficas, mas como sempre falo é preciso saber adaptar, pois alguns diretores/roteiristas fazem seus filmes como se o cidadão não conseguisse distinguir algo na tela para algo real, o que sabemos bem que acontece em alguns cultos, mas esse conflito não vem ao caso, pois hoje venho falar do longa que ganhou o Prêmio Mirabile Dictu, mais conhecido como o "Oscar do Vaticano", ou seja, é um filme muito bem produzido, com uma história bonita de aprendizado e vocação, aonde conhecemos a vida de Vicenta Maria, fundadora da congregação das Irmãs de Maria Imaculada, que inicialmente não se via nesse mundo de ajuda dos pobres, mas vivendo com os tios aprendeu muito e na trama vemos o resultado disso. Claro que é um filme feito para um público-alvo de religiosos católicos, então sei que alguns amigos que forem conferir só verão defeitos, e possuem sim vários, por exemplo a desnecessária divisão por capítulos, aonde praticamente vemos a mesma coisa duas ou três vezes, alguns diálogos meio que simples demais, mas que não impediram o resultado de ser uma grande obra de época, que contada por uma mulher que foi ajudada pelo instituto acaba sendo bem trabalhado e vai agradar bastante o público-alvo. Ou seja, se você se enquadra no grupo, vá conferir, pois vai se emocionar e vai gostar bastante do que verá, já os demais, tem outros filmes para ver.

A sinopse nos conta que Vicenta Maria viveu há quase 200 anos. Desde muito jovem sentiu a vocação de proteger outras mulheres do seu tempo que não tinham as mesmas oportunidades e procuravam emigrar das suas aldeias para as grandes cidades, em muitos casos com poucos recursos econômicos. Lera, uma empregada doméstica que fugiu da Ucrânia, acaba de ser presa sob a acusação de roubo. Na prisão conhece Julia e Michaela, duas prostitutas, a quem conta a história da mulher que mudou a sua vida. A decisão de uma mulher pode mudar o curso da história de milhares de outras?

O mais interessante sobre o diretor Pablo Moreno é que ele já tem Miracle Dictu de direção, de filme em vários outros anos e filmes, ou seja, é o nome mesmo que quem gosta de filmes católicos deve pesquisar para encontrar material (fui bonzinho com vocês, e coloquei dois links gratuitos do youtube: "São Pedro Poveda" - ganhador de melhor filme em 2016 e "Luz de Soledad" - melhor direção em 2017) e embora tenha os defeitos que citei no primeiro parágrafo, posso dizer que ele sabe produzir uma obra religiosa com técnica, com figurino e com presença, de tal forma que seu filme passa uma verdade interessante de ver na tela, tem toda uma ambientação de época bem funcional, e principalmente mostra o que o público-alvo deseja que é a história bem contada sobre o personagem título, e claro interligar o passado com o presente para dar as devidas lições para os mais jovens que forem assistir, ou seja, ele faz o trabalho completo que todo bom cinebiografista sabe e deve fazer, que vemos em muitas biografias de pessoas famosas, aqui no vértice religioso.

Quanto das atuações, vou falar apenas o básico, afinal como de praxe em todos os longas religiosos, só saem versões dubladas por aqui, então diria que a trama mostrou atrizes e personagens femininas bem imponentes em sua luta contra o usual já 200 anos atrás de homens no poder sem dar voz para elas, e o que fizeram para isso foi bem imponente e interessante de se ver na tela, diria que a personalidade forte que Daniela Arias e Cristina González del Valle entregaram para Vicenta jovem e adulta foram bem trabalhadas, cheias de trejeitos marcantes e bem colocados na tela. Quanto aos demais personagens tivemos bons momentos com praticamente todos, mas quem deu muito show de envolvimento foi o ator que fez o tio Manuel Maria com muita doçura e envolvimento na tela.

Visualmente o longa foi muito bem trabalhado, com cenários de época bem encaixados, figurinos marcantes demonstrando bem as divisões sociais e até todo o trabalho com as roupas religiosas, muitos elementos cênicos para representar também as classes, e ainda sendo mostrado bem o ambiente de doação para com o próximo, as empregadas aprendendo para não serem passadas para trás pelos patrões, e ainda no mundo atual uma cadeia simples, um tribunal também sem muitos chamarizes, mas bem desenhado para representar tudo o que precisava.

Enfim, é um filme que funciona bastante na tela, que diferente dos docudramas religiosos que tem aparecido que não davam tantas nuances como poderia, aqui vemos algo realmente como um filme funcional que vai envolver o público-alvo e até agradar de certa forma quem gosta de um drama biográfico interessante, pois não força tanto a barra, e ainda representa bem todas as intensidades que precisava, então fica a dica. Ao final do longa entra o clipe da banda Rosa de Sarón com a música tema do filme adaptada, que na sequência toca enquanto os créditos sobem, então fica também a recomendação para os fãs da banda. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.

PS: A nota é como uma análise em cima das partes técnicas que dava para não precisar capitular e repetir cenas, dava para não forçar tanto o estilo dos atos do presente, mas se analisar como filme para o público religioso que é o alvo da produção, aí é nota 9.


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