Plano de Aposentadoria (The Retirement Plan)

3/01/2024 10:28:00 PM |

Acho engraçado quando um filme tem a formatação completa para ser entregue como uma série, pois colocam duas toneladas de atores coadjuvantes quase figurantes, todos interligados entre si, que facilmente geraria uns 3 a 4 capítulos de amarrações e entregas para no final você reclamar de tudo, e/ou torcer para mais uma temporada para ficar bravo novamente. E o longa "Plano de Aposentadoria" que estreou quinta-feira em diversos cinemas pelo país traz toda essa pegada juntamente com um Nicolas Cage quase Rambo, que se tivessem feito uma série realmente teríamos um capítulo inteiro para mostrar o passado dele, mais um para colocar a sua família se ligando com os criminosos, veríamos uns dois ou três com tudo o que foi mostrado no longa bem divididinho com mais falas para os vilões, algumas apresentações melhores dos super impactantes vilões, e aí talvez teríamos o fechamento que não ocorreu aqui com o reencontro nas ilhas, enquanto tudo aconteceria politicamente como um dos personagens fala no final. Ou seja, resumi a série para vocês, mas deixo livre para assistirem o filme, afinal tem muita coisa absurda que sabemos que ocorre em longas desse estilo, mas que como um bom passatempo para ver no domingo antes do futebol acaba sendo divertido rir de milhares atirando e errando (ou nem tentando atirar, enquanto entra de fininho no barco), enquanto o "mocinho" com um tiro só de qualquer coisa põe vários para dormir.

A sinopse nos conta que quando Ashley e sua filha Sarah se envolvem em um crime que coloca suas vidas em risco, elas recorrem à única pessoa que pode ajudar – o distante, Matt, pai de Ashley que atualmente vive a vida de um vagabundo de praia aposentado nas Ilhas Cayman. A reunião de família dura pouco, pois logo eles são perseguidos pelo chefe do crime Donnie e seu capanga, Bobo. Enquanto Ashley, Sarah e Matt se envolvem em uma teia cada vez mais perigosa, Ashley rapidamente descobre que seu pai tinha um passado secreto do qual ela nada sabia e que há mais em seu pai do que aparenta.

Olhando a filmografia do diretor e roteirista Tim Brown posso dizer que ele gosta de trabalhar com filmes nessa pegada meio seriada, mas sempre opta por dar uma condensada em tudo e transformar em um longa (sou muito agradecido por isso, já que a maioria dos diretores perderam o poder de concisão), mas ainda assim é notável a formatação quebrada, e conhecendo que algumas plataformas de streaming  lá fora andam até dividindo alguns filmes em partes (Hulu principalmente) não duvidaria ver o longa quebrado em capítulos por lá, mas isso não vem ao caso agora, pois o que tenho de reclamar sobre seu filme, e seu estilo, é que ele exagerou um pouco na forma meio que bobinha demais dos vilões de sua trama, pois ficaram parecendo que saíram direto de qualquer episódio do saudoso "Os Trapalhões", aonde com seus planos mirabolantes bem falhos sofrem para sequer dar um tiro em um velhinho, claro que o velhinho aqui é um Rambo sem as bombas corporais, mas ainda assim extremamente preparado para atacar e acabar com quem quer que aparecesse na sua frente. Ou seja, dava para ter trabalhado melhor as cenas de conflito para algo mais realista, mas para quem quiser dar umas boas risadas das falhas que ocorrem acaba valendo o resultado.

Quanto das atuações, particularmente gosto de quando Nicolas Cage faz um estilo meio canastrão, mas boa pinta como sempre, pois ele chama para si as sacadas que mesmo que soem toscas, ele sabe que todos irão reclamar e rir ao mesmo tempo, e aqui seu Matt tem esse jeitão, mas botou seus dublês pra jogo e mandou tiro pra todo lado sendo bem interessante dentro da proposta, mas claro que talvez alguém mais encorpado cairia melhor para o estilo Rambo que tanto é citado do personagem. Ashley Greene entregou para sua personagem Ashley uma mulher meio que apavorada, sem muitas reações, mas que tenta passar sinceridade no medo, e isso é bom, já sua filha vivida por Thalia Campbell foi tão cheia de nuances e boas sacadas que acabou tendo uma química bem imponente com o personagem brucutu, porém bobão, de Ron Pearlman, que aliás se chama Bobo, de tal forma que se fosse uma série ou um livro, a interação deles valeria um capítulo inteiro discutindo "Otelo" e jogando dados, ou seja, funcionaram até que bem como algo a parte. Já os chefões vividos por Jackie Earle Haley com seu Donnie, e Grace Byers com sua Hector acabaram sendo tão "ruins" e "malvados" na intenção, mas falharam rápido demais quando precisaram fazer algo a mais, então dava também para ter trabalhado mais os personagens e/ou os atores. Quanto dos agentes e políticos é melhor nem entrar em detalhe, pois foram personagens mais enfeite que tudo, apenas para dar alguma conexão para algo a mais.

Visualmente o longa passeia por muitas cidades como Miami, Washington e Ilhas Cayman, tendo muitas cenas com barcos, praias, hotéis simples aonde todo mundo fica no mesmo lugar, e até uma mansão bem requintada, aonde usaram apenas a área externa e um quarto apenas, sendo um filme que funcionou bem mais em atos de rua do que em ambientes fechados, ou seja, não quiseram dar muito trabalho para a equipe de arte, usando na maior parte das cenas apenas pistolas, granadas e um único rifle mais imponente, sobrando para outras armas mais brancas como cordas, facas, e até um arpão e uma pistola de resgate, ou seja, o tradicional filme do estilo aonde o que estiver na frente é usado.

Enfim, é um filme que visto como um passatempo até dá para curtir, volto a frisar que se fosse uma série policial completa funcionaria ainda melhor, meio que na pegada dessa que passa aos domingos na TV, mas que quem for conferir esperando um algo a mais irá sair do cinema levemente desapontado, porém para os fãs de Cage, já acostumados com as frias que o ator sempre entra, vão até gostar do resultado, e assim sendo fica a recomendação com essas ressalvas, e agradeço ao pessoal da A2 Filmes pela cabine de imprensa, pois infelizmente o longa não chegou na cidade!! E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas tenho mais uma cabine para conferir agora, então volto mais tarde com outro texto, deixo meus abraços e até logo mais.


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