TeleCine Play - Na Mira do Perigo (The Marksman)

6/27/2021 01:50:00 AM |

Acabamos acostumando tanto com os filmes de vingança com Liam Neeson que quando ele faz um filme ainda envolvendo tiros, mas bem mais light acabamos não nos empolgando como deveria, e acredito que isso deva ocorrer também com as distribuidoras para decidir se mandam ou não um longa para o cinema, pois "Na Mira Do Perigo" pelo trailer até tinha cara de uma trama mais imponente, cheia de desenvoltura e que veríamos o brucutu fazendo um pouco de tudo para salvar o garotinho e sua pele, mas tudo foi montado de uma maneira tão leve e sem grandes explosões que mesmo sendo um filme interessante de acompanhar, no final não sentimos a afobação costumeira, e assim o resultado final acaba parecendo morno demais. Ou seja, não é uma trama ruim, mas ficou claro o motivo dele ir direto para o streaming depois de tanta propaganda nos cinemas, pois falta aquele detalhe característico que tanto impressiona nos seus filmes: a vingança realmente acontecendo.

O longa conta a história de Jim, um ex-fuzileiro naval que decide se tornar fazendeiro na fronteira entre Arizona e México e tenta levar uma vida calma. Mas para sua surpresa, ele acaba se tornando o improvável defensor de Miguel, um jovem que teve sua mãe assassinada pelo cartel mexicano. O menino tenta desesperadamente fugir dos assassinos que o perseguiram até os Estados Unidos. Jim, então, decide ajudá-lo a chegar em segurança em seu destino e para isso precisa encarar o cartel de frente.

Uma coisa que costumo dizer quando converso com alguns amigos é que todo diretor em fim de carreira pode virar um produtor e continuar ganhando dinheiro investindo o dinheiro que já ganhou dirigindo, mas quando um produtor muda de lado e resolve dirigir é algo meio problemático que geralmente passa a pensar mais na classificação, nas diversas problemáticas de uma locação e por aí vai, não deixando a criatividade fluir como um diretor mais maluco faria, e em se no primeiro filme que fez Robert Lorenz foi bem com o Clint Eastwood em algo mais calmo, aqui em seu segundo que exigia mais imposição ele já falhou grandemente, pois vemos um filme que talvez até poderia ir além, mas a todo momento nos vemos presos e sem uma fluidez nata que qualquer outro diretor saberia explodir. Ou seja, não digo que ele tenha errado em diversas escolhas da trama, mas faltou encontrar o tesão realmente que gostamos de ver nos filmes do Liam Neeson, aonde ele salta, atira sem pensar, prepara armadilhas para os vilões e tudo mais, enquanto aqui ele apenas dirige, e quando resolve atirar é algo tão calmo e sem vida que nem empolga. E sendo assim o trabalho que o diretor acaba entregando fica morno, o que não é costumeiro de ver em algo do ator acontecer.

Sobre as atuações, chegando próximo dos 70 anos, Liam Neeson aqui começa a aparentar um pouco de cansaço físico de tantas cenas mais explosivas, mas como disse, isso pode ser reflexo de uma direção ruim ou realmente ele já não ter mais o mesmo pique, e aqui seu Jim parece ser daqueles que está fazendo algo por fazer, já não se importando com mais nada, mas ainda levando o garotinho até a família em solo americano, ou seja, faltou aquele gás característico dele, aqueles olhares vingativos, e até mesmo na cena em que ocorre uma morte próxima a ele, não o vemos revoltado, e sim apenas acomodado, e assim sendo o personagem não empolga. Juan Pablo Raba até entrega trejeitos de vilania forte como o líder do cartel, faz algumas imposições bem colocadas, mas abusaram demais visualmente com alguns elementos no dente e algumas pegadas meio que jogadas que parecia apenas alguém disposto a sair matando sem rumo, não tendo muita coisa a mostrar, e isso é ruim para um personagem forte. O jovem Jacob Perez até que se entregou bem para seu Miguel, dando ares de revolta, outros de tristeza pela morte da mãe, e alguns apenas sem muita influência, ao ponto que poderiam ter colocado um pouco mais de envolvimento dele na trama para chamar atenção, mas foi melhor que muitos no filme ao menos. Já Kathery Winnick ainda está perguntando de onde saiu o seu cachê, pois sua Sarah é mero enfeite para ficar falando com o protagonista ao telefone com frases marcadas quase sem nexo algum, ou seja, poderiam ter cortado essas cenas facilmente.

Visualmente temos um começo interessante para mostrar a aridez da fronteira dos EUA com o México, aonde vários grupos acabam tentando a passagem e muitos acabam quase mortos pelo clima, e outros pelos carteis, vemos todo um trabalho cênico para mostrar o rancho do protagonista completamente jogado após a morte da esposa, e isso tudo é motivo para entendermos que para ele nada mais faz sentido, e pode se jogar em um conflito que não tem mais nada a perder, depois o longa muda de rumo para um estilo de road-movie de fuga passando por várias cidades, postos, motéis, e por onde passam as pessoas acabam mortas pelos líderes do cartel, o que chega a ser até um pouco engraçado, pois ninguém numa fuga usaria cartões para saberem aonde estão, mas está valendo, e sendo assim vemos que a equipe de arte até foi coesa nas ações e o resultado ao menos aparece com tudo bem preparado.

Enfim, é um filme até que interessante, com uma pegada leve até demais que quem for conferir esperando algo realmente do porte dos demais filmes do ator acabará bem decepcionado, mas que de certa forma serve como um passatempo mediano razoável de conferir, e sendo assim fica a dica para quem estiver com o Telecine liberado nessa semana. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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