Quem Vai Ficar Com Mário?

6/15/2021 01:22:00 AM |

Se você gosta de uma boa comédia, com boas sacadas, e que não liga para certos exageros cênicos, a boa dica é o longa nacional "Quem Vai Ficar Com Mário?", que usa uma boa base de expressão, e claro envolve toda a trama em cima de homofobia e situações LGBTQIA+, aonde vemos bons momentos entre o contar para a família que é gay, e as mudanças de conceitos dentro de uma empresa quando entra alguém de fora no processo. Claro que quem não se conectar com as ideias irá achar o filme forçado e cheio de traquejos desnecessários, mas o que vemos é um filme tão bem feito e divertido, que as situações se encaixam dentro de uma proposta e seguindo toda a linha acaba tendo desenvolturas clássicas que já vimos em diversas novelas e filmes: de um jovem chegar para anunciar que é gay e não ter como por algum outro motivo, mas que contando com boas ajudas consegue reverter mesmo em uma família tradicionalíssima. Ou seja, se olharmos a fundo é um filme bem simples, mas que sendo bem interpretado e dirigido acaba agradando bastante, pois trabalha bem o ambiente, e não recai tanto para o lado novelesco, o que é sempre um bom sinal.

A sinopse nos conta que Mário Brüderlich, um rapaz de 30 anos resolve finalmente visitar sua família e contar para seu pai, um gaúcho de família tradicional, que é escritor de teatro e que mora junto com seu namorado, Fernando. Mas, uma surpresa adia os planos de Mário, que se envolve com Ana, a coach que seu irmão Vicente contratou para ajudar a modernizar a cervejaria da família.

O roteiro que foi feito a 8 mãos foi adaptado em cima do filme italiano "O Primeiro Que Disse" (Mine Vaganti), e o diretor taiwanês Hsu Chien Hsin ("Ninguém Entra, Ninguém Sai") acabou trabalhando de uma maneira bem consistente sua trama, fazendo com que nos conectássemos bem aos protagonistas, nos emocionássemos com todas as situações, e principalmente ríssemos com os acontecimentos, pois a trama funciona bem como uma comédia, e mesmo tendo alguns temas sérios, a base toda ficou em cima das confusões do protagonista em não saber o que quer de sua vida amorosa, e claro da bagunça que seus amigos do teatro fazem ao entrar na vida da conflituosa família tradicional gaúcha. Ou seja, é daquelas tramas que até vemos as nuances que o diretor desejava imprimir na tela, mas que basicamente quem acaba fazendo a fluidez funcionar são os diversos personagens, e aqui todos procuraram aparecer bem e demonstrar seus sentimentos, desde o pai que não aceita o filho homossexual, nem mulheres dirigindo a empresa, até chegarmos nos casais mais abertos possíveis, e assim toda a trama se encaixa bem com as diversas reviravoltas. Claro que é um filme com uma pegada leve em cima do tema, mas como bem sabemos isso é algo que chega a revoltar, e alguns nem vão aceitar toda a formatação, porém digo que tudo foi bem colocado, e mesmo as nuances mais puxadas para o público-alvo vai divertir os demais também.

Sobre as atuações, Daniel Rocha se entregou completamente para seu Mário, fazendo trejeitos bem colocados, e principalmente não exagerando para estereótipos exagerados, claro tirando a brincadeira que faz no espelho e já aparece no trailer aonde tenta encontrar seu jeito de falar com o pai, e esse ar de dúvida que ele consegue manter durante todo o longa transparecendo o ar apaixonado para ambos os personagens foi algo muito legal que o ator soube fazer e agradar, não sendo nada muito genial, mas foi bem feito, e isso é o que vale. Já Felipe Abib é daqueles atores que tem o domínio de qualquer personagem, e seu Nando foi muito bem encaixado, trabalhando todas as nuances clássicas do estilo, e incorporando tão bem trejeitos "machões" ao encontrar o pai de seu namorado que chega a ser icônica toda a conversa ali. Já Letícia Lima acabou exagerando um pouco no seu ar de imposição no começo, meio que levando algumas bordoadas de frases clichês, mas talvez uma desenvoltura menos engessada agradasse mais, e conforme ela vai se soltando para um personagem mais aberto acaba agradando mais, e finaliza bem pelo menos. José Victor Castiel entregou um Antonio bem homofóbico e com ares machistas de nível máximo, trabalhando claro trejeitos cômicos para tentar aliviar essas nuances mais fortes de seu personagem, que claro muitos veem como algo engraçado, enquanto outros não suportam nem pensar em ouvir, mas que dentro da proposta foi bem usado, e claro com um fechamento paternalista bem bonito e casual, mas sabemos bem que na vida real não é bem assim. Nany People trabalhou bem sua Lana, brincando com as situações, e entregando na lata coisas sérias, ao ponto que vemos ela como um eixo na trama, que mesmo sendo divertida passa o envolvimento e as mensagens que o filme necessitava, ou seja, caiu muito bem no personagem. Já os demais, cada um apareceu da forma que deu para ser representativo, desde a avó com uma mentalidade bem grandiosa vivida por Amélia Bittencourt, o irmão galã que se assume gay antes do protagonista vivido por Romulo Arantes Neto, e claro o cunhado mala chato vivido por Marcos Breda, mas sem grandes destaques por nenhum.

Visualmente a trama entregou uma mansão bem repleta de detalhes, uma cervejaria imponente e um hotel simples, mas bem colocado, além de alguns quartos aonde algumas desenvolturas acabaram acontecendo, não sendo nada muito impressionante de elementos cênicos, mas que acabaram funcionando de formas bem representativas em cada um dos atos, agora certamente economizaram bem na festa de fechamento parecendo ser um evento bem singelo (que é notável que o orçamento não deu para fazer nada grandioso), mas sendo uma festa clássica de uma empresa grande poderiam ter trabalhado ela melhor, principalmente por ter os acontecimentos de união familiar de fechamento, mas nada que tenha atrapalhado muito o filme.

Enfim, é uma trama agradável, que quem gosta de uma comédia simples e de gênero vai se encontrar, vai rir, alguns irão ficar bravos, outros emocionados, e assim sendo é daquelas que causa muito em todos, mas que como já disse no começo do texto tem o foco quase que completo no público LGBTQIA+, então digo que recomendo para todos, mas nem todos fora desse nicho irão se envolver com o que a trama passa, e sendo assim fica essa ressalva, porém é algo divertido de ver, então se não tiver preconceitos é só ir para a sala do cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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