Netflix - Paternidade (Fatherhood)

6/19/2021 05:42:00 PM |

Estamos tão acostumados a ver o ator Kevin Hart em comédias, besteiróis e tramas policiais que insiram as duas premissas anteriores, que quando vi que faria um drama sobre um pai solteiro fiquei pensando que iriam zoar ao máximo esse estilo de pessoas e que o resultado seria daqueles que ninguém iria curtir, mas não, o longa da Netflix "Paternidade" tem toda uma boa essência de vida de um jovem que fica viúvo no dia em que sua filha nasce, vemos alguém jovem que está em pleno crescimento da carreira tendo de enfrentar todos os conflitos de uma criança em crescimento, e claro todo o fato de ter de aprender sozinho a se virar em ambos os casos, e mais, o ator encontrou muito envolvimento para passar com seu personagem, que claramente seguiu letra após letra do roteiro e que certamente o escritor do livro, o verdadeiro Matt Logelin, acabou lhe passando de vivências que teve. Ou seja, é algo que sempre falei que faltava para Hollywood, de investir fielmente em dramédias (ou dramas cômicos como muitos preferem chamar) no melhor estilo que a França costuma entregar, pois a qualidade técnica americana é indiscutível, só faltava começar a aparecer bons roteiros, e aqui a homenagem à esses corajosos homens que enfrentam tudo sozinho acaba sendo algo bem bonito de ver, e que certamente fará com que muitos homens e mulheres se emocionem com tudo o que é mostrado na tela, sendo um bom acerto em vários quesitos.

O longa nos mostra que após a esposa morrer no dia seguinte ao parto, Matt imediatamente decide criar sua filha, sendo um pai absolutamente responsável. Mesmo com a tristeza de perder sua esposa, que também era sua namorada desde a época do ensino médio, ele faz um juramento para fornecer apoio completo à filha e assumir todas as responsabilidades que cabem a um pai.

É até engraçado ver o estilo do diretor Paul Weitz voltar à suas origens do estilo que lhe deu indicação a diversos prêmios com "Um Grande Garoto", pois ele tem bem essa característica de conseguir segurar os momentos cômicos e expandir os dramáticos que a trama pede, e aqui todo esse prende e solta funciona para emocionar e divertir com um bom estilo, com uma boa técnica, e claro para passar a mensagem real que Matthew Logelin teve quando escreveu seu livro "Dois Beijos Para Maddy: Uma Memória de Perda e Amor", pois vemos toda a sintonia de um pai com sua filha, todo o crescimento emocional e espiritual de sua parte, além de toda uma vivência real impetrada na síntese da trama, que funciona bem no estilo e encaixa do começo ao fim com bons atos. Claro que o filme tem um público mais marcado que são os pais, mas mesmo quem não tiver filhos conseguirá se envolver com a forma escolhida para passar a mensagem, pois como já disse, esse é o bom estilo de Weitz, e aqui ele bota seu máximo nas escolhas funcionais e agrada bastante sem precisar forçar estilos cômicos exagerados que acabou seguindo.

Sobre as atuações, todos sabemos bem que o estilo de Kevin Hart não é drama, que ele se dá muito melhor quando recai para a comédia, inclusive ganhando muitos prêmios pelo seu estilo irreverente, porém aqui caiu muito bem na personalidade de Matt, se entregando meio como não apenas aprendendo a ser pai no filme, mas também aprendendo a ser um ator de drama, conseguindo expressar bem olhares, tendo firmeza nas atitudes, e claro como todo bom pai, tendo também uma desenvoltura cômica para divertir a criança, ao ponto que entrega boas atitudes, e agrada bastante em tudo. A jovem Melody Hurd também teve uma boa desenvoltura com sua Maddy, trabalhou um bom carisma, e mais do que tudo, deixou fluir todas as cenas para os olhares em cima de Hart, que é o que o filme necessitava, e assim o acerto foi bem coeso também para seu lado. Alfre Woodard sabiamente encaixou estilo em sua Marion, trabalhando aquelas sogras duras, que claro desejam o bem para a família, mas que não iriam faltar um dedo para tirar a criança do pai caso ele errasse em algo, e seus olhares certeiros foram tão bem colocados que nos atos mais emotivos junto com o protagonista pensando na filha foram emocionantes de ver também. DeWanda Wise foi bem usada como um ponto de maturidade na vida do protagonista e claro na concepção maior de uma família com sua Swan, ao ponto que sentimos realmente essa falta de acontecimento rolar bem antes, mas a atriz entrou bem no papel e agradou bem na forma que acabou sendo trabalhada. Além desses tivemos ainda bons momentos cômicos com Lil Rel Howery com seu Jordan, e os atos estranhos bem colocados na personalidade de Anthony Carrigan com seu Oscar, além das imposições do chefe vivido por Paul Reiser, que se deram em bons momentos também de serem vistos.

Visualmente a trama foi bem elaborada por mostrar conceitos, trabalhar o ato de que muitos acabam nem entrando mais em um determinado lugar por algum motivo (no caso do protagonista em nem querer ir mais naquele hospital aonde sua amada morreu), vemos todo o ar de uma escola cristã que tem seus uniformes e regras exigentes demais, e que quando algo muda dá errado, vemos todo o ambiente de trabalho do protagonista bem colocado para mostrar o ar tecnológico de programação, e claro vemos o ambiente familiar diferente entre a casa do pai solteiro com jogos e a casa da avó cheia de detalhes do passado da mãe, ou seja, tudo bem colocado e bonito de ver, além claro de irmos conhecendo todo o crescimento da garotinha, os passeios nos parques, e toda a conexão para se introduzir alguém diferente no meio, que certamente foi algo muito bem pensado pela equipe de arte, que trabalhou ainda junto com a fotografia para termos iluminações mais densas nos momentos mais tensos e a fluidez de sombras ainda se deu para algo bem reflexivo e emocionante de ver.

Enfim, é um filme muito envolvente e cheio de boas propostas, que atinge realmente tudo o que foi proposto no roteiro original, só foram bem diferentes da ideia original no seguinte ato que seria o protagonista originalmente interpretado por Channing Tatum que é um dos produtores e que comprou a história de início sendo bem parecido com o verdadeiro Matt, mas isso não atrapalhou em nada, e o resultado final foi bem colocado, agradando a todos. Sendo assim recomendo o filme, e claro que quem for pai ou mãe veja com lencinhos, pois a chance de lavar a sala é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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