Invocação do Mal 3 - A Ordem do Demônio (The Conjuring - The Devil Made Me Do It)

6/08/2021 01:42:00 AM |

Se podemos colocar uma franquia que deu certo pela essência e que fez muitas pessoas passarem a gostar do gênero terror é "Invocação do Mal", e isso se deve muito claro ao estilo James Wan de dar dinâmicas e estilos para o gênero, pois todo mundo sabe que vai se assustar em determinada cena, vai ficar tenso com um ou mais momentos, mas ao escolher contar as melhores e mais tensas histórias do casal Warren ele determinou o estilo e criou uma franquia poderosa do gênero que só tem lucrado cada vez mais, porém ele resolveu que agora quer apenas ganhar dinheiro, e com isso passou a ceder suas ideias para que outros diretores mais jovens passem a aparecer e crescer dentro da franquia também, e como Michael Chaves foi bem com "A Maldição da Chorona", eis que caiu em suas mão esse novo episódio dos Warren, "Invocação do Mal 3 - A Ordem do Demônio", e ele até que soube desenvolver bem o estilo da franquia, jogando aqui para um lado mais de suspense policial do que de terror realmente, claro com as devidas proporções de exorcismos, satanismos, cultos e tudo mais, mas sem forçar a barra para sustos gratuitos, a trama trabalhou bem o envolvimento e conseguiu agradar bem. Claro que como todo amante de um terrorzão mesmo com todas as letras, e sabendo do potencial da franquia que Wan criou, esperava ver algo muito mais tenso, mas o resultado geral até que surpreendeu bem e agradou de certa forma.

O longa revela uma história assustadora de terror, assassinato e um desconhecido mal que chocou até os experientes investigadores de atividades paranormais Ed e Lorraine Warren. Um dos casos mais sensacionais de seus arquivos, começa com uma luta pela alma de um garoto, depois os leva para além de tudo o que já haviam visto antes, para marcar a primeira vez na história dos Estados Unidos que um suspeito de assassinato alega ter tido uma possessão demoníaca como defesa.

Como já disse o estilo de Michael Chaves é bem diferente de James Wan, e aqui ele foi esperto em abrir o gênero para algo mais calmo que conseguisse envolver, trabalhando mais o suspense, incorporando um lado até romântico com toda a história dos Warren (fica a dica para o final de semana dos namorados!), trabalhou bem as nuances policiais com alguns casos mais fechados incluindo até um julgamento, e ao invés de focar tanto na incorporação de um demônio vindo sabe lá de onde trabalhou com o objeto de seitas satânicas e a ideia de jogar uma maldição em alguém, colocando em pauta ordem dos Discípulos do Carneiro que já havíamos ouvido falar um pouco lá nos longas da Annabelle, e que provavelmente agora devam ir até mais a fundo nessa ideia em outros longas (não falaram ainda quais são os próximos projetos da franquia, mas o ambiente de maldições sempre funciona bem!). Ou seja, o que vimos aqui é um bom roteiro, que foi bem articulado e que mostrou o diretor até bem mais seguro do que em seu primeiro projeto, ao ponto que gastou bastante com muitos elementos práticos (vemos pouquíssimas nuances de efeitos computacionais, brincando bastante com luzes, com objetos caindo, muita maquiagem e toda a simbologia dos cultos), e assim sendo mesmo que não nos tenha sido entregue algo para sair arrepiado da sessão, o filme acaba tendo um bom envolvimento e chama a atenção dentro do que se propõe.

Sobre as atuações, chega a ser até engraçado que Patrick Wilson e Vera Farmiga já se colocar tão bem nas personalidades de seus Ed e Lorraine Warren que parecem completamente soltos dentro dos filmes, fazendo belas nuances, ele agora com quase um infarto bem marcado correndo e morrendo como qualquer pessoa que tem problemas cardíacos, mostrando que o ator estudou bem o estilo de pessoas assim e fez muito bem, e ela com toda sua maluquice de ir sempre nos lugares errados, dar a mão para os mortos para ir em busca dos sinais, e sem forçar trejeitos se jogar completamente na personalidade, ou seja, ambos perfeitos, e o melhor, conseguem manter a essência dos personagens, e ao fazer outros filmes sair completamente diferente do papel, ao ponto que não vamos falando olha os caras do Invocação do Mal, e sim os chamando pelos nomes, pois são muito bons no que fazem, e claro um leve destaque para Mitchell Hoog e Megan Ashley Brown que fizeram os dois personagens jovens em alto clima romântico. Os jovens Ruairi O'Connor com seu Arne e Julian Hilliard com seu David se entregaram por completo com todas as possessões, e claro que com seus dublês circenses se dobrando por inteiro fizeram expressões faciais poderosas e muito bem encaixadas, chamando muita atenção tanto pelos atos em si, quanto pelas dinâmicas bem expressivas que conseguiram dominar, ou seja, mostraram potencial nos atos que precisaram. Eugenie Bondurant fez boas aparições com sua Isla, criando nuances intensas e fortes, e com semblantes fortes conseguiu chamar atenção mesmo que em poucas cenas, e talvez até pudessem ter trabalhado um pouco mais do passado da personagem. Quanto aos demais, tivemos ainda bons momentos da jovem Sarah Catherine Hook com sua Debbie apaixonada pelo protagonista e desesperada para salvar tanto o seu amor quanto seu irmãozinho, e claro John Noble com seu Padre Kastner misterioso e intrigante nas cenas que foi colocado.

Visualmente toda produção de James Wan é imensa, ao ponto que o produtor não sabe economizar em nada, fazendo ambientes gigantescos mas completamente bem fechados, cheios de objetos cênicos para todos os lados como o porão da casa do Padre, o altar satânico recheado de elementos, a prisão explodindo por completo durante a possessão, um canil insano com muitos cachorros e com um dono maluco com um som nas alturas (felizmente nenhum animal foi maltratado ou morto, nem os diversos ratos!), a casa dos jovens aonde ocorre a possessão também muito bem representada com símbolos e nuances em vários locais, e claro a já famosa casa dos Warren com seu quartinho dos objetos do mal aparecendo perfeitamente preparado para tudo ocorrer, isso sem esquecer as ótimas cenas no meio da floresta, de um necrotério e tudo mais para poder criar as devidas tensões. Como todo bom longa de terror tivemos ainda muitas cenas bem escuras, que até achei que iam apelar para sustos gratuitos, mas apenas usaram elas para dar as devidas referências de quebras para os efeitos práticos, não trabalhando tanto com flashes fortes, além claro da famosa e tradicional foto clássica do exorcista chegando na casa à meia-noite que já ficou marcada em tantos filmes e começou claramente lá com "O Exorcista" clássico total, e aqui o diretor quis fazer a devida homenagem usando até o mesmo ângulo.

Enfim, está longe de ser daqueles filmes que vamos sair apavorados da sala, e até será difícil ver o público exageradamente tenso durante toda a exibição (coisa que sempre ocorreu nos dois longas anteriores da franquia, tirando claro todos os derivados!), mas que passou a trabalhar com um lado mais realista que realmente vemos muito ocorrer, de cultos e maldições jogadas acontecendo com uma certa fluidez (que alguns até acreditam mais do que outros), e assim indo para algo que acerta de certa maneira. Claro que já disse isso que esperava bem mais do filme, mas o resultado final me agradou bastante, e deu um tom bem intrigante do jeito que a franquia pode seguir, e agora é esperar o que o dono dela, no caso James Wan, diga para aonde vai com tudo, pois os demais casos dos Warren foram bem menores para criar toda uma trama em cima de um apenas, mas vamos aguardar, e quanto a esse volto a falar que recomendo com certeza para todos, inclusive para aqueles que não são tão fãs de filmes de terror. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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