Amazon Prime Video - Hóspede Indesejado (The Intruder)

6/03/2021 01:46:00 AM |

Já disse isso algumas vezes, mas sempre é bom frisar, que o gênero terror tem tantas subdivisões que muitas vezes vemos um filme classificado como sendo do gênero e nem achamos algo tão aterrorizador assim, mas que passam a essência do gênero e assim funcionam botando alguma banca, e digo isso do filme "Hóspede Indesejado" que conferi hoje na Amazon Prime Video, que nem é um lançamento mas que a plataforma me sugeriu hoje, e tem seus méritos de causar uma certa tensão, levar alguns sustos com as aparições do antagonista do nada, porém é tão abarrotado de clichês do gênero que nem chega a empolgar com tudo, tendo um casal burro demais, com uma mulher ingênua que chega a dar raiva, e um marido que só sabe gritar sem grandes atitudes, e claro uma mansão remota no meio do nada. Ou seja, não é um filme ruim, mas passa também bem longe de ser algo impressionante de ver, sendo daqueles que ficamos mais revoltados com as burrices que vemos na tela pelos protagonistas do que assustados ou intrigados com toda a reação aterrorizante de psicopatia que o antagonista nos presenteia, e sendo assim a trama fica levemente presa nos clichês.

A trama nos conta que Scott e Annie Russell são um jovem casal que acaba de comprar sua casa dos sonhos em Napa Valley, na Califórnia. Porém, quando Charlie (Dennis Quaid), o solitário viúvo que os vendeu o imóvel, começa a interferir em suas vidas, o casal se vê vítima do comportamento obsessivo e violento de um homem capaz de destruir tudo que eles amam.

Diria que o diretor Deon Taylor queria algo a mais da trama, porém não tinha tantas saídas, e com isso acabou sufocando o roteiro em um círculo vicioso, pois todas as cenas finais bem intensas, todos os momentos de aparição do antagonista, e até mesmo alguns envolvimentos da trama são bem trabalhados, mas as nuances de intermédio entre elas são tão jogadas e desnecessárias que se talvez se as removesse teríamos um média-metragem bem tenso e forte, ou talvez trabalhar mais todas as boas cenas para que o filme crescesse em volume e densidade cênica, pois tudo parece sempre precisar de algo a mais, o que é ruim. Ou seja, é daqueles filmes que nós como espectadores já notamos tudo na primeira cena, e ficamos xingando os protagonistas de burros por não enxergarem rapidamente tudo, pois está mais do que óbvio tudo, e assim o resultado parece não fluir como poderia.

Sobre as atuações, é bem interessante ver o estilo escolhido por Michael Ealy para entregar seu Scott, pois nos é falado a base dele ser um defensor de não ter armas, e principalmente vemos seu ar mais pacato diante de vários momentos só mudando um pouco com a bebida, porém o jovem se fechou demais na personalidade que fez, pois logo na segunda entrada do antagonista qualquer homem mandaria porrada ou chamaria a polícia de cara para resolver, e ele só na fala, ou seja, pode até ser que isso estivesse no roteiro, mas na construção do personagem ele se imporia mais e entregaria algo bem maior. Agora Meagan Good ganhou todas as premiações possíveis de mulher ingênua com sua Annie, pois o tanto de brecha que dá para o antagonista nem em sonho alguém faria isso, e a atriz fez caras de sonsa, jogou olhares para todos os lados, e do nada surta, ou seja, faltou um pouco de imposição também e o roteirista ter visto que ninguém é dessa forma na vida real. Dennis Quaid anda com um problema do mesmo porte que Nicolas Cage sofreu há alguns anos, fazer vários filmes seguidos e entregar praticamente os mesmos trejeitos e nuances, de forma que do mesmo jeito que entregou um marinheiro bêbado no longa da Netflix que vi semana passada, aqui ele entrega uma pessoa obsessiva e maluca, o que certamente não é de sua praxe, então precisa começar a escolher melhor ou fazer trejeitos diferenciados para não acabar estragando a carreira sólida que sempre teve. Quanto aos demais a maioria foi mero enfeite cênico, alguns tão jogados que nem vale o tempo de pesquisar o nome, mas Joseph Sikora acabou levando o que pediu com seu Mike, e diria que foi até pouco por seus exageros, mas é o papel, e assim fica valendo.

Visualmente a trama encontrou uma mansão bem cheia de objetos cênicos precisos, com uma floresta bem grudada na casa para dar um ambiente calmo, mas ao mesmo tempo sombrio com a possibilidade de pessoas estarem rodeando a casa sem serem convidadas, mas principalmente faltou trabalhar um pouco mais com o porão da casa, que é mostrado tão rapidamente e valeria ver os furos e tudo mais que ali se encontrasse para vermos tudo o que o antagonista conseguia enxergar, e de certa forma faltou um pouco mais de pegada do diretor para valorizar todos os ambientes da casa, ficando quase que somente na cozinha e no quarto, o que mostra talvez ser um filme que nem foi filmado no ambiente real, mas não acredito nessa hipótese.

Enfim, é um filme mediano que até tem bons momentos, mas que como disse poderia ter sido mais enxuto de cenas desnecessárias, ou então ter valorizado mais o ambiente escondido, ter trabalhado mais momentos tensos, e assim talvez conseguiriam sair dos clichês tradicionais que foram jogados na tela, mas ainda assim não é algo totalmente ruim de ser ignorado, pois ao menos o envolvimento das cenas é passado. Bem é isso pessoal, recomendo ele com muitas ressalvas, mas fico por aqui hoje, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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