Amazon Prime Video - O Jogo da Rainha (Firebrand)

12/13/2024 12:12:00 AM |

Uma coisa que acho muito engraçado que vejo em algumas imagens cômicas da internet é o fator se apresentar para alguém na sua casa e se apresentar para alguém na casa de outra pessoa, aonde em casa você está de chinelo, bermuda, sem camisa, nem ligando para o que vão achar de você, afinal está na sua casa, já na casa de outra pessoa você está educado, com uma roupa bacana, tentando causar uma boa impressão e tudo mais para ser convidado mais vezes para aquele lugar, e fazendo essa mesma analogia com os diretores nacionais que vão se arriscar lá fora, é que fazem filmes ousadíssimos por aqui, nem ligando se alguém vai achar funcional, e quando chegam para dirigir grandes atores em Hollywood ou na Europa ficam calminhos, tudo dentro das quatro linhas de jogo, bem tradicionais, que chega até soar estranho de ver. E claro que tinha de começar dessa forma o texto do lançamento da semana da Amazon Prime Video, "O Jogo da Rainha",  pois logo que comecei a escrever de "Motel Destino" vi que um dos longas anteriores do brasileiro Karim Aïnouz não tinha nem data para ser lançado aqui no Brasil, mas que tinha um tremendo elenco de peso, e com isso a minha curiosidade pelo filme já ficou bem aguçada, afinal ele sempre fez tramas densas, cheias de personalidade, e com isso ganhou muita fama tanto no país quanto fora em festivais, porém aqui ele foi muito contido com uma história bem tradicional, sem grandes firulas ou situações que impactassem na tela, contando um pouco da vida da última esposa que o rei Henrique VIII teve, e toda a relação que ela teve com ideias mais centradas na religião da Bíblia ao invés da centralização de Deus na monarquia, ou seja, uma heresia na época que dava fogueira direta para os condenados, mas que com sua grande imposição sobre o rei, foi a única que sobreviveu dentre todas as esposas dele.

O filme acompanha os conflitos no casamento de Katherine Parr, a sexta e última esposa do rei Henrique VIII. Na ausência do rei - que parte para o exterior em uma batalha -, Katherine é nomeada rainha regente, e se preocupa em desempenhar o melhor papel de acordo com suas crenças. Porém, quando o rei retorna doente e tomado por paranoia, ele acaba assassinando a melhor amiga de Katherine. Agora, para proteger sua própria vida, ela deve esconder seu medo e lutar para sobreviver.

Como falei o diretor Karim Aïnouz tem um estilo bem diferenciado de sintetizar tudo na tela sem precisar perder espaços, e aqui ele pode brincar com um robusto orçamento de épico medieval bem trabalhado e representado na tela, porém bem diferente de tudo o que já fez, de modo que vemos uma boa base para contar a história de uma mulher fora de seu tempo, mas que sendo esposa do rei tinha de se conter para não ser queimada na fogueira por suas ideias. Ou seja, o estilo mais contido de Aïnouz até teve bons floreios na tela, porém essa segurança em ver tudo bem comum deixou que seu brilho ficasse em segundo plano, não sobrando espaço para ousar nem ir muito além. Claro que o filme é corretíssimo, tem uma boa pegada histórica, mas facilmente não ficará marcado por nada demais, o que é uma pena, pois contando com dois atores que adoram ousar também, o resultado dava para ser insano na tela.

E já que comecei a falar dos atores, Alicia Vikander foi bem contida com sua Katherine Parr, trabalhando trejeitos mais sérios, bem empostados, sem criar muitas dinâmicas, porém dando o famoso ar da realeza bem encaixado, aonde o clima não sai tanto do eixo, nem seus olhares, e assim segurou bem na tela a intensidade cênica de uma mulher revolucionária na época que acabou influenciando muitas das rainhas que viriam depois no país. Agora posso dizer que tive uma grande surpresa ao ver o nome de Jude Law nos créditos do filme, pois fiquei pensando um certo tempo que personagem ele teria feito que não peguei na tela, e a equipe de maquiagem deixou ele a cara completa de Henrique VIII, de tal forma que ficou irreconhecível como o sempre vimos em outros filmes, mas deu traquejos fortes e chamou muitas cenas para si, ganhando um bom destaque na trama. Ainda tivemos outros bons nomes tendo leves destaques, com Erin Doherty bem expressiva com as pregações revolucionárias de sua Anne, Sam Riley com uma barba imensa entregando um Thomas Seymour cheio de charme e jogadas para cima da rainha (que viria a ser o marido de Katherine após o que acontece nos atos do filme), e um Simon Russell Beale bem cheio das artimanhas como o bispo Gardiner.

Não foi divulgado o orçamento do longa, mas a contar com a belíssima cenografia de época, as festas e banquetes, os grandiosos quartos e figurinos, e toda a maquiagem para deixar Law com as feridas horrendas na perna do rei, posso dizer que gastaram muito, sendo algo imponente como todo bom filme envolvendo a monarquia inglesa, e diria que só faltou mostrar um pouco mais das insanidades do rei (cortes de cabeça, fogueiras e tudo mais), mas aí o orçamento iria para a estratosfera.

Enfim, fui conferir com muita expectativa por ser um longa do diretor aonde esperava ver mais ousadia, e com isso fiquei um pouco decepcionado, porém é uma bela obra de época que funciona para contar um pouco da História da monarquia inglesa do século XV, então fica a dica de play na plataforma da Amazon. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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