O filme acompanha os conflitos no casamento de Katherine Parr, a sexta e última esposa do rei Henrique VIII. Na ausência do rei - que parte para o exterior em uma batalha -, Katherine é nomeada rainha regente, e se preocupa em desempenhar o melhor papel de acordo com suas crenças. Porém, quando o rei retorna doente e tomado por paranoia, ele acaba assassinando a melhor amiga de Katherine. Agora, para proteger sua própria vida, ela deve esconder seu medo e lutar para sobreviver.
Como falei o diretor Karim Aïnouz tem um estilo bem diferenciado de sintetizar tudo na tela sem precisar perder espaços, e aqui ele pode brincar com um robusto orçamento de épico medieval bem trabalhado e representado na tela, porém bem diferente de tudo o que já fez, de modo que vemos uma boa base para contar a história de uma mulher fora de seu tempo, mas que sendo esposa do rei tinha de se conter para não ser queimada na fogueira por suas ideias. Ou seja, o estilo mais contido de Aïnouz até teve bons floreios na tela, porém essa segurança em ver tudo bem comum deixou que seu brilho ficasse em segundo plano, não sobrando espaço para ousar nem ir muito além. Claro que o filme é corretíssimo, tem uma boa pegada histórica, mas facilmente não ficará marcado por nada demais, o que é uma pena, pois contando com dois atores que adoram ousar também, o resultado dava para ser insano na tela.
E já que comecei a falar dos atores, Alicia Vikander foi bem contida com sua Katherine Parr, trabalhando trejeitos mais sérios, bem empostados, sem criar muitas dinâmicas, porém dando o famoso ar da realeza bem encaixado, aonde o clima não sai tanto do eixo, nem seus olhares, e assim segurou bem na tela a intensidade cênica de uma mulher revolucionária na época que acabou influenciando muitas das rainhas que viriam depois no país. Agora posso dizer que tive uma grande surpresa ao ver o nome de Jude Law nos créditos do filme, pois fiquei pensando um certo tempo que personagem ele teria feito que não peguei na tela, e a equipe de maquiagem deixou ele a cara completa de Henrique VIII, de tal forma que ficou irreconhecível como o sempre vimos em outros filmes, mas deu traquejos fortes e chamou muitas cenas para si, ganhando um bom destaque na trama. Ainda tivemos outros bons nomes tendo leves destaques, com Erin Doherty bem expressiva com as pregações revolucionárias de sua Anne, Sam Riley com uma barba imensa entregando um Thomas Seymour cheio de charme e jogadas para cima da rainha (que viria a ser o marido de Katherine após o que acontece nos atos do filme), e um Simon Russell Beale bem cheio das artimanhas como o bispo Gardiner.
Não foi divulgado o orçamento do longa, mas a contar com a belíssima cenografia de época, as festas e banquetes, os grandiosos quartos e figurinos, e toda a maquiagem para deixar Law com as feridas horrendas na perna do rei, posso dizer que gastaram muito, sendo algo imponente como todo bom filme envolvendo a monarquia inglesa, e diria que só faltou mostrar um pouco mais das insanidades do rei (cortes de cabeça, fogueiras e tudo mais), mas aí o orçamento iria para a estratosfera.
Enfim, fui conferir com muita expectativa por ser um longa do diretor aonde esperava ver mais ousadia, e com isso fiquei um pouco decepcionado, porém é uma bela obra de época que funciona para contar um pouco da História da monarquia inglesa do século XV, então fica a dica de play na plataforma da Amazon. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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