O mais fora do normal é pensar como chegou a ideia na cabeça do diretor e roteirista Fabrício Bittar que é conhecido pelas comédias mais jogadas possíveis que tivemos, mas ele soube pegar com uma precisão cirúrgica o livro do escritor Phelipe Caldas e transformar em algo tão sincero, tão cheio de nuances e envolvimento, que praticamente muda completamente sua assinatura, e claro para muito melhor, pois com sutilezas bem marcantes, usando e abusando do estilo de não saber orar, de receber uma oração, ter uma força maior para tudo, e brincando de um modo bem sério com os personagens ao ponto de darem seus máximos também, o resultado aparece fácil na tela, comove e funciona, de tal maneira que certamente você irá ficar fã do trabalho dele, ao menos aqui. Ou seja, diria que era o estilo que faltava para que o Brasil entrasse numa estrutura de cadeia de filmes "milagre" como alguns chamam lá fora, pois já tem mais um com trailer saindo hoje, que chega aos cinemas em breve, mas depois falarei dele.
Quanto das atuações, sempre gostei do estilo que Letícia Spiller entrega para suas personagens, de modo que aqui sua Yanna é uma mulher forte, grávida e que tem muita fé, ao ponto de ser completamente o oposto do marido, tendo atos bem positivos, mas também sendo insegura quando a barra aperta, ou seja, se jogou muito, foi emotiva ao máximo, chorou ao máximo e não ficou no básico, agradando bastante. Agora Eriberto Leão foi centrado ao máximo com seu Marcus, explodindo nos atos mais intensos, não tendo crença nenhuma e se abalando quando tudo ia perdendo o rumo, fazendo uma entrega tão perfeita e tão expressiva, que não consigo lembrar de nenhum personagem que ele se doou tanto, ou seja, faz o pai na medida, e na cena que o senhor faz a comparação com o bebê se eu sou ele o velho não estaria vivo pra aparecer no filme. O garotinho Miguel Venerabile foi muito bem no que teve de fazer com seu Gabriel, precisando raspar o cabelo, fazendo as cenas quase que imóvel em diversos atos, sendo movimentado ao máximo e representando no que fez para agradar com um papel difícil para uma criança. Quanto aos médicos, nem tenho o que pontuar pois foram incríveis demais nas atitudes cênicas, de modo que André Ramiro que muitos lembram de seu primeiro papel em "Tropa de Elite" até hoje, vai ter um novo personagem para ser lembrado, pois seu Christian é imponente e bota a banca de um médico que briga por seus pacientes, e Victor Lamoglia que também é muito mais conhecido pelas comédias que faz deu um ar tão emocional, tão bem feito para o fisioterapeuta Neto que merecia o prêmio de carisma pelo que fez na tela, entre muitos outros bons atores que entregaram tudo e mais um pouco no longa.
Visualmente o longa mostrou bem uma família classe média alta, pois em momento algum vemos falar de trabalhos dos pais, apenas estando muito presentes com o garoto no hospital que certamente utilizaram alguma ala dos dois hospitais da trama para não precisar construir cenograficamente toda a boa representação na tela, os atos do carro ficaram um pouco exagerados por não ter quase ninguém no caminho nas ruas e avenidas, agora algo que pode ser que tenha acontecido realmente, mas que eu particularmente quis morrer é o garoto acabar de ter alta e mandar uma feijoada (batida) para dentro, aí foi forçar a amizade. Mas tirando esse detalhe, os ambientes foram muito bem representados, as cenas de reanimação ficaram bem intensas com os aparelhos, e até mesmo a cirurgia acabou bem na tela, todos os desenhos das crianças, figurinos, e até mesmo o ginásio com os jovens jogando e tudo mais.
O longa conta com a canção belíssima "Gratitude" de Brandon Lake tocada diversas vezes no filme e emociona, principalmente pela letra e claro pelo tom que coloca nos momentos em que entra, então foi um grande acerto da produção fechar com a escolha.
Enfim, é um estilo que particularmente gosto bastante quando conseguem acertar e me emocionar, ao ponto que como falei no começo, já tinha apostado que gostaria do longa desde o trailer, então fui conferir com as expectativas lá no alto e não me decepcionei com o que vi, e se eu tivesse notas quebradas daria um 9,5 por algumas cenas meio que desnecessárias (a da feijoada principalmente) e talvez por ficar um pouco alongado, mas isso não chega a incomodar o público. Então vá conferir, colabore com a campanha vendo nos cinemas para que a arrecadação seja boa para o GRAACC, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais dicas.
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