Amazon Prime Video - Viver (Living)

12/26/2024 01:35:00 AM |

Se você acha que hoje existe muita burocracia quando vai na prefeitura pedir algo que lhe mandam de um setor para o outro, e que nada parece ter andamento, o longa "Viver" pode lhe dar alguns gatilhos emocionais, possíveis de você desejar socar a TV, mas como isso é um mero detalhe desse longa que quase deu um Oscar para Bill Nighy, mas que não tinha sido lançado no interior e agora chegou na plataforma da Amazon Prime Video, vemos bem toda a síntese de um homem que ao saber que em breve irá partir por uma doença crônica, resolve mudar suas atitudes e viver realmente tudo o que um dia pensou ser, sem se grudar no mundo burocrático de papeis aonde ninguém (ou quase ninguém) consegue fazer algo bom. Ou seja, num dia como hoje aonde as pessoas desejam um amor ao próximo, o longa traz um quentinho para o coração com uma atuação belíssima e muito envolvimento com pano de fundo os anos 50 numa Londres clássica e bem cheia de contrapontos, aonde muitos vão se envolver e o resultado embora simples, agrada bastante.

O longa nos mostra que funcionário público veterano de uma repartição burocrática na reconstrução da Grã-Bretanha após a Segunda Guerra Mundial, Williams empurra papelada em um escritório do governo, quando é diagnosticado com uma doença fatal. Viúvo, ele esconde a condição de seu filho adulto, passa uma noite de devassidão na companhia de um escritor boêmio e estranhamente evita seu escritório. Mas depois que uma ex-colega de trabalho animada, Margaret, o inspira a encontrar significado em seus dias restantes, Williams tenta salvar um projeto de reconfiguração modesta do purgatório burocrático.

Posso dizer que facilmente o diretor Oliver Hermanus soube brincar bem em adaptar a história do filme "Ikiru" (1952) de Akira Kurosawa para algo mais próximo do mundo que conhecemos, afinal a burocracia japonesa é daquelas que muitos não conseguem compreender, e aqui vemos algo que casualmente muitos já conviveram no dia a dia, e fazendo uma versão simples, porém bem alocada, o resultado acabou surpreendendo tanto pela cativante atuação quanto pela desenvoltura de entrega na tela, pois muitos sonham em serem melhores, mas não veem que podem fazer isso de uma maneira simples no seu próprio ambiente, e claro bem antes de começar a preparação para partir. Ou seja, é um filme que tem pegada, e que talvez se fosse mais direto e menos quebrado, o resultado seria ainda melhor, mas da forma feita ainda vai pegar muitos pelo emocional.

Outro ponto muito satisfatório do longa é um elenco afiadíssimo e cheio de bons atores, porém com personagens tão secundários que apenas o protagonista e mais um ou outro consegue se destacar, o que é uma pena, pois valeria ter trabalhado mais alguns nomes da trama. Claro que o destaque máximo que conseguiu sua primeira indicação ao Oscar pelo personagem vai para Bill Nighy com seu Williams cheio de nuances, expressivo na medida para cada ato ser de uma forma mais diferenciada que o outro, e que ousando de traquejos bem colocados acabou envolvendo bastante do começo ao fim. Aimee Lou Wood também foi muito bem com a entrega de sua Margaret Harris direta e com olhares tão bem alocados para cada ato seu que acaba se desenvolvendo até mais do que precisaria na tela, o que é sempre bom de ver também. Alex Sharp trabalhou seu Peter Wakeling meio que em segundo plano, mas funcionou dentro do que o filme pedia, e talvez se o diretor ousasse uma entrega maior do personagem o resultado acabaria indo para rumos bem interessantes. Ainda tivemos outros bons nomes na tela, mas como ficaram mais presos não tivemos tanta explosão na tela, valendo um leve destaque para Tom Burke que levou o senhorzinho para uma boemia bem bacana de ver na tela.

Visualmente a trama mostra muito do processo burocrático dentro de um órgão do governo, fazendo as pessoas mudarem de andares, salas, papeladas e mais papeladas e ninguém querendo resolver casos simples, vemos a casa simples da família do senhorzinho, alguns ambientes boêmios bem marcantes, restaurantes, e claro a reconstrução da cidade pós-guerra, com figurinos na medida e todo um envolvimento cheio de símbolos bem encaixados.

Enfim, é um filme simples, porém bem efetivo que talvez emocionasse mais com poucos ajustes, mas que ainda assim vale o play, afinal muitos assim como eu não viram na época que ele concorreu ao Oscar, por ser de uma distribuidora que não leva tantos filmes para os cinemas do interior, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com um dos filmes mais esperados pelos brasileiros há muito tempo, então abraços e até logo mais.


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