O diretor Jean-Stéphane Sauvaire até trabalhou muito bem todas as cenas das ocorrências, fazendo com que seu filme ficasse com uma característica bem realista e forte na tela, porém faltou para ele entender um pouco mais do livro de Shannon Burke para que fizesse uma história mais densa em cima de tudo o que é trabalhado ali, de como o serviço altera a personalidade do protagonista, e da vivência completa de tudo, pois ele fez algo imponente, com personalidade, mas sem trabalhar uma história maior, ao ponto que você acaba de conferir e fica pensando: "ok, a vida maluca de um socorrista, como diz a ex-mulher do outro protagonista, é apenas salvar o mundo esquecendo de salvar a vida pessoal, mas e aí, cadê o restante". Ou seja, faltou o principal, desenvolver a história, fosse a do protagonista, ou do parceiro, ou qualquer algo a mais, como fez ao final, mas gastou 100 minutos de ocorrências para 25 de história, isso é fazer um curta-metragem, então falhou nesse sentido.
Quanto das atuações, Tye Sheridan é daqueles que sabem segurar a personalidade de seu papel sem expressar muito o teor dela na tela, e aqui seu Ollie Cross é daqueles paramédicos inseguros e sonhadores, que se acham anjos na Terra, mas que conforme vai trabalhando realmente com o serviço vai surtando aos poucos, e isso não fica claro até sua explosão, ou seja, segurou demais tudo e conseguiu ao menos não soar falso com sua entrega. Agora quem se jogou por completo em cena foi Sean Penn com seu Rut, de modo que mostrou ser daqueles que não chega alisando na hora de socorrer, partindo pro ataque, já vai rasgando a roupa do acidentado, fazendo torniquete e tudo mais em segundos o cara já está pronto para ir para a ambulância, e claro demonstrando também na personalidade tudo o que já passou ali nas conversas com o novato, ou seja, foi um parceiro-mestre bem colocado que chamou atenção e agradou com o que fez. Ainda tivemos outros personagens mais jogados na trama, como a namorada do protagonista e a ex-esposa do outro paramédico mais experiente, mas ambas apenas serviram para dar algumas leves conexões, então ficando a cargo de Michael Pitt ser um contraponto forte e até exagerado como um paramédico que não está nem aí com as vidas que joga, fazendo tudo da pior forma possível e deixando o protagonista ainda mais maluco com seu Lafontaine.
Visualmente como já disse acima o diretor criou ocorrências bem imponentes e realmente parecidas com muito do que os socorristas reais fazem diariamente, com tiroteios, pessoas drogadas, moribundos dormindo em locais que não podem, mortos já perecendo a dias, brigas e tudo mais com muita desenvoltura e realismo, ao ponto que em alguns momentos cheguei até pensar que o diretor colocou os atores realmente para trabalhar em uma ambulância por alguns dias e saiu filmando, mas aí seria um abuso exagerado, vemos também muitas cenas tórridas entre o protagonista e sua namorada, mas que não funcionaram muito para a essência da trama, e assim sendo faltou um algo a mais para mostrar a vida do jovem, apenas indo dormir um pouco no seu apartamento coletivo com alguns chineses.
Enfim, é um filme intenso, bem realista visualmente, mas que faltou um pouco mais de história para ir mais além, sendo interessante para quem sabe alguns jovens médicos estudarem a vida dos paramédicos das ambulâncias e ver se essa é uma vida que sonham em exercer, mas para quem for conferir esperando um algo a mais, a trama irá ficar devendo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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