Amazon Prime Video - Jurado Nº 2 (Juror #2)

12/10/2024 01:18:00 AM |

Quando achamos que Clint Eastwood vai parar de dirigir eis que surge algo marcante para chegar se impondo na tela, só que dessa vez ao invés de ir para a telona chegou direto para locação nas telinhas da Amazon Prime Video, e contando com seu estilo sempre denso e conflitivo nos entregou com seu "Jurado Nº 2" uma trama intensa e marcante, no famoso estilo de tribunal aonde você se vê no papel do protagonista pensando se salva a sua vida ou julga alguém inocente, tentando encontrar um meio termo que salve os dois. Claro que o filme tem uma pegada densa, mas também tem boas aberturas, ao ponto que você fica esperando um desfecho mais impactante, porém o diretor foi muito sacana com o público e largou parcialmente aberto o final para que decidamos o que aconteceu ali, e isso é algo brilhante ao mesmo tempo que revolta, então se prepare para algo digamos intenso nos atos finais, que vai tomar alguns rumos interessantes.

O longa é um thriller jurídico que acompanha o drama de Justin Kemp, que está servindo em "jury duty", o serviço obrigatório dos Estados Unidos que escala os membros do júri de casos criminais. Ele é um homem de família que está passando por severas dificuldades financeiras em casa e acaba sendo confrontado com um grande dilema ético e moral. Ele é posto para fazer parte do júri de um caso de alto escalão de homicídio e, enquanto acompanha o julgamento, sente todo o peso de contribuir com o destino do réu como inocente ou culpado.

Não tem quem não conheça o estilo de Clint Eastwood, pois sempre nos instiga com algo em suas tramas, e seja através de um soco ou de uma reflexão do que é certo ou errado, ele acaba colocando em seus textos temas fortes e pontuais, e aqui ele brinca com a ideia do certo e errado, da justiça versus acidente, de culpa e acaso e muitos outros floreios possíveis, pois sua trama permite ousadias sem precisar ir além, usa e abusa das mesmas cenas repetidas vezes para que junto do protagonista mudássemos nossa opinião pela dele, ou convencêssemos de que a ideia era possível de ambos ficarem impunes, e assim mesmo sem ser criativo ou ir para rumos desconhecidos, ele usa os poucos ambientes ao seu favor e envolve o público com a história, ao ponto que no final você será o jurado, e aí qual veredito você dará para o protagonista, para a promotora e para o réu?

Quanto das atuações, o jogo psicológico que Nicholas Hoult entrega tanto para ele próprio quanto para os demais jurados é algo digno de se conectar e ficar esperando aonde irá chegar, pois vemos no olhar de seus grandes olhos azuis brilhantes toda a dúvida do que ele fez, ao mesmo tempo que pensa como conseguirá inocentar o réu e convencer os demais ali presentes, sem fazer com que seu Justin acabe preso e acabe com sua família, ou seja, ele entrega toda a personalidade para jogo em algo tão preciso que mesmo incomodando, funciona na tela. Da mesma forma é brilhante ver todo o estilo que Toni Collette e Chris Messina fazem o jogo de acusação e defesa com seus Faith Killebrew e Erick Resnick no melhor estilo possível de cortes aonde vemos ambos fazendo seus levantamentos, trabalhando olhares e se impondo para que o júri siga suas instruções, ao ponto que sabiamente uma é mais política e direta enquanto o outro mais esguio e amplo, para o resultado ir bem além. Ainda tivemos J.K. Simmons bem encaixado como um ex-investigador no meio dos jurados, e até mesmo uma rápida participação de Kieffer Sutherland como o pastor e advogado amigo do protagonista, mas entre os coadjuvantes, mesmo aparecendo pouco, os atos de dúvida da esposa grávida vivida por Zoey Deutch foram bem encaixados na tela.

Visualmente, como falei no começo, a trama é bem simples, tendo como boa parte da base o tribunal bem tradicional e a sala de discussão dos jurados, bem como várias apresentações das provas, das testemunhas de acusação no tradicional banco, e claro toda a encenação da briga num bar bem movimentado tradicional com suas mesas, balcões e mesas de sinuca, o conflito também do lado de fora debaixo de uma grande tempestade, o acidente, e também a ponte sendo usada várias vezes para mostrar um pouco de tudo, sendo bem detalhista nos elementos e cenários para que tudo pudesse ser usado várias vezes, ou seja, um trabalho só da equipe de arte e vários elos acontecendo usando deles, além claro da casa do protagonista sendo preparada para a chegada de seu bebê.

Enfim, está longe de ser uma obra prima do estilo e também dentro da filmografia do diretor não fica entre os seus maiores feitios, mas é uma trama que dá para refletir estando tanto do lado do protagonista quanto do lado do réu, e também da promotora, pois as análises são bem preparadas para isso, e o diretor deixa que o público brinque com tudo o que ele entrega, além de deixar o final aberto para e aí, o que vai rolar, e assim sendo o resultado funciona bem. Ou seja, se você curte o estilo é um bom exemplar para locar dentro da Amazon Prime Video, ou aguardar até o dia 20/12 que estará livre para ver dentro da Max, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais textos.


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