O longa-metragem nos leva a um futuro próximo onde a humanidade constrói um paraíso quadrado e artificial na superfície da Lua, que só pode ser alcançado quando corpos e mentes adquirem formatos quadrados. Para isso, lançam mão de engrenagens, ferramentas, dispositivos corretivos e até cirurgias, que moldam seus corpos como cubos. Entre estas pessoas, há um cidadão, que guarda internamente questionamentos de sua individualidade e o que poderia dar errado, na verdade, alavanca uma jornada particular e única.
Diria que o diretor e roteirista Diego Felipe Guzman foi bem corajoso em sua estreia de longas, pois já entrar de cara no mundo abstrato, com uma trama filosófica e ainda numa animação, é querer correr todos os riscos possíveis, mas que acertou em cheio principalmente pelo fator linguagem, já que sua trama não tem diálogos, e assim sendo acaba sendo algo universal, aonde todos que entrarem no clima irão perceber o mundo quadrado, a tentativa dos personagens em se enquadrarem nessa ideologia, o conflito com o tradicional, e muitos outros elos, que vão permeando e acontecendo na tela conforme vamos acompanhando. Ou seja, não feliz apenas com algo diferente de tudo, os traços não comuns, as cores densas e todo o elo acaba fluindo na tela com muita centralidade e cheio de nuances, aonde tudo flui, e mesmo dando uma fervida na cabeça com toda a loucura de algo abstrato, diria que o resultado funciona bem.
Como é um filme sem diálogos e os personagens nem tem tantos nomes, os principais são Pedro Prensa, Cuadrochica e Carlos Cajuela, aonde o primeiro vivendo a vida toda com sua cabeça sendo apertada para reduzir e caber no formato escolhido chega a dar até dor na nossa cabeça vendo tudo sendo ajustado, a garota brincou bem com a vaidade e com o ser chamativa, querendo até formas mais difíceis do que os padrões, e o terceiro jovem vivendo dentro de uma caixa para não mostrar que não mudou tanto, mas ainda assim tem seu ar quadrado, brinca com as nuances do desenhar, do imaginar e até tem toda a dificuldade de sair da caixa, que no caso seria não ser quadrado, e essa brincadeira acaba levando tudo para rumos bem diferenciados.
Visualmente a trama tem formas completamente malucas, mas sempre próximas de quadrados, lembrando até um pouco o jogo Tetris, mas com uma pegada cheia de cores, e traçados bem abstratos e estranhos, que no conjunto acabam dando nuances bem marcantes e interessantes, brincando com olhares, dinâmicas, intensidades e claro toda a dinâmica de procedimentos estéticos para se encaixar no comum e correto, e com isso a equipe de arte usou de técnicas para ter uma profundidade chamativa, mesmo sem transformar seu filme em 3D, e isso ficou bacana de ver com as sombras e dimensões, o que acabou chamando atenção para traços irregulares e diferentes do padrão.
Enfim, é uma trama bem diferenciada que você tem de assistir em um dia inspirado, pois como falei no começo você necessitará interpretar tudo o que acontece na tela já que não há diálogos, mas tudo está bem estampado, então não é algo difícil, e sendo assim vale pela reflexão e claro pela técnica fora dos padrões que certamente muitos irão estranhar, mas que ao final já estamos até pensando em não ser tão quadrados como os personagens. Então fica a dica para conferirem (se claro o longa chegar até sua cidade, ou quando aparecer para locação nos streamings da vida), e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da M2 Comunicação e do Estúdio Giz que mandou a cabine para conferir, então abraços e até amanhã com mais textos.
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