O longa faz uma viagem ao tumultuado rastro de Bruno Sulak, um verdadeiro Arsène Lupin do século XX. Sendo um ladrão extravagante, amigo fiel e ícone da liberdade, Bruno Sulak deixou sua marca na história do mundo do crime com seus assaltos não a diversas joalherias e conseguiu ganhar sua fama na França entre os anos de 1970 e 1980, devido a todo seu charme e carisma. Além de ganhar muito dinheiro, Sulak ganhou também o povo, por conta de seu histórico de assaltos sem nunca ter disparado um único tiro e nem ter cometido nenhum tipo de violência, virando, assim, o seu modus operandi. Embora ativamente procurado por George Moréas, um comissário de polícia inconformado e tão durão quanto perspicaz, Sulak conseguiu escapar diversas vezes da prisão para encontrar Annie, sua amante e cúmplice, tornando-se assim o inimigo público número 1 da década de 80.
O estilo da diretora e roteirista Mélanie Laurent é daqueles que conhecemos bem tanto por já ter visto obras na função, quanto atuando bastante em diversos longas franceses, e o mais bacana é que ela sempre projeta desenvolturas rápidas na tela, brinca com os personagens, e dificilmente vemos algo muito preso na tela, ao ponto que essa fluidez acaba funcionando e agradando quem procura um longa com mais facetas. Claro que sendo dessa forma, muitas vezes algo que teria um tom mais dramático acaba recaindo para sacadas mais cômicas ou menos elegantes, mas ainda assim faz fluir bem o que pega para chamar e consegue soar marcante com seus meios, ao ponto que aqui dava para fazer diversos tipos de filme, mas sua escolha foi bem alocada na tela e o resultado agradou, pois deu tanto as nuances de uma trama de gato e rato com a perseguição do policial, mas também mostrou um ladrão com uma desenvoltura clássica e sem ser bruto.
Quanto das atuações, Lucas Bravo entregou muita personalidade e charme para seu Bruno Sulak, ao ponto que as caixas dos mercados ficavam até bem apaixonadas pelo assaltante, e claro que brincando com bons trejeitos e dinâmicas conseguiu ter estilo e não soar falso na tela, ousando com sacadas e traquejos funcionais para que o personagem fosse marcante. Yvan Attal foi bem simples de trejeitos, mas fez com que seu George Moréas tivesse como meta de vida prender o assaltante famoso independentemente de como fosse feito isso, mas não sendo bruto com ele, e sim dialogando e até tendo uma certa empatia com a fama do ladrão, algo que um bom ator conseguiu demonstrar quase como um lorde. Léa Luce Busato foi também bem graciosa e apaixonada pelo protagonista com sua Annie, tendo atos sensuais e dinâmicas até bem amorosas convincentes de fazer o personagem se entregar para ela também. Ainda tivemos outros bons personagens e atores, de modo que Steve Tientcheu fosse marcante com seu Drago, e Radivoje Bukvic ficasse tão bem encaixado e carismático com seu Steve que ficássemos magoados com o final que lhe foi dado.
Visualmente a equipe de arte trabalhou aos montes, e não apenas nas locações envolvendo grandes joalherias, hotéis marcantes e supermercados bem amplos, mas sim por fazer tudo isso com um conteúdo de época, figurinos, carros, e mesmo a decoração dos ambientes ao ponto de que tudo ficasse bem crível, e quem pensa que a diretora facilitou a vida deles, que nada, tudo com planos bem abertos para valorizar tudo o que fizeram e mostrar um trabalho preciso e interessante na tela.
Enfim, é um filme que já tinha colocado há algum tempo na minha lista (afinal foi lançado no final de Outubro), mas que não tinha botado muita fé nele, mas que acabei gostando até mais do que esperava e valendo como um bom fechamento do ano de 2024. Então fica a recomendação, e eu fico por aqui hoje, voltando mais tarde apenas com uma retrospectiva do que foi melhor e pior nesse ano complexo, porém interessante, e é isso meus amigos, deixo vocês por enquanto com meus abraços e até logo mais.
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