Uma sacada que o diretor espanhol Albert Pintó teve foi um começo tenso mostrando um regime totalitário na Espanha aonde o exército mata mulheres e crianças, e mesmo que pouco usado deu um tom já bem colocado para uma possível história paralela ainda mais interessante, mas isso fica apenas para a ideia dos roteiristas, pois falando do que ele fez aqui foi algo bem marcado, cheio de grandes nuances, e acredito que não foram gravar claro no meio do mar, mas usaram um container bem colocado dentro de alguma piscina e conseguiram passar muita sensibilidade para cada momento da trama, além de que a equipe de arte soube utilizar bem os elementos alegóricos da trama para que a protagonista encarnasse o MacGyver e fizesse de tudo com o pouco que tinha ali. Ou seja, souberam escolher bons ângulos para as filmagens, todos os momentos da trama são marcantes e tensos, só exageraram um pouco na duração, pois se tirasse uns 15-20 minutos ficaria incrível e ainda mais intenso, resultando em algo que chamaria ainda mais atenção, mas mostrou uma grandiosa evolução na carreira do diretor, pois seu longa anterior "O 3° Andar - Terror na Rua Malasaña" foi bem ruim.
Quanto das atuações, Anna Castillo fez o filme ser totalmente de sua Mia, pois até temos alguns personagens que aparecem no começo e no final, temos o marido vivido por Tamar Novas que aparece em um sonho e nas cenas iniciais, mas não entregaram muito mais do que olhares e envolvimentos, deixando que a jovem pulasse, se cortasse, parisse, sentisse fome, fizesse tudo e mais um pouco dentro daquele ambiente praticamente vazio que poderia afundar a qualquer momento, ou seja, souberam escolher bem uma atriz que dominasse muitas coisas, que tivesse imposição, força e ainda soubesse fazer todo tipo de trejeito possível e imaginário, e o acerto certamente mostra que Castillo dominou tudo e muito mais, ao ponto que mesmo o filme sendo simples, a jovem mereceria umas citações em algumas premiações, pois se doou no melhor estilo de náufrago possível.
Visualmente já falei praticamente tudo o que a equipe de arte colocou nos caixotes que foram dentro do container com a protagonista, potes plásticos, bebidas, fones de ouvido, alguns abrigos bem úteis, e claro um container gigante como único ambiente, tendo claro um trabalho bem imponente nas cenas iniciais mostrando as crianças e as mães sendo enjauladas e mortas, todo o desespero rolando nas ruas das cidades, e depois um rápido tiroteio a queima roupa bem marcante. Ou seja, tivemos duas equipes para dois filmes quase que isolados, que volto a frisar que ainda deveriam fazer outro filme só com a ideia do regime matador, e a equipe que fez vários apetrechos usando apenas esses elementos para que a jovem sobrevivesse e usasse tudo ali de mil maneiras, o que certamente foram bem criativos e deram ideias para caso alguém fique nessa situação em alguma vez na vida (viu, filmes também são ensinamentos!).
Enfim, o longa entrega bastante o que promete tanto o pôster quanto o trailer, consegue prender do começo ao fim, e mesmo cansando um pouco pela duração nem tão grandiosa, mas que para o que o filme pedia deveria ser menor, acabamos nos envolvendo bastante com tudo o que acontece, valendo a recomendação com certeza. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com outras dicas, então abraços e até logo mais.
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