Em sua estreia na direção, o ator libanês Fares Fares, conseguiu trabalhar bem o ambiente, e desenvolver uma história quase que de uma peça teatral, pois mesmo passando por vários lugares, os acontecimentos rolam mesmo nos diálogos dentro do carro, e mais do que uma direção precisa, o que ele nos mostrou de bom foi o potencial de seu roteiro, pois a trama tem 94 minutos, e não nos cansa, afinal entramos na discussão do rapaz e sua ex-esposa, tentamos entender o que aconteceu ali, vemos todo o conflito que o policial/diretor está tendo de ouvir e conter, já que o homem está armado e ele não pode deixar as coisas saírem do controle, e assim sendo o roteiro acaba nos prendendo, e que mesmo sendo algo baseado numa história real, o longa poderia ter ido um pouco mais além, mas para isso teria de ser um diretor talvez mais experiente que conseguisse virar para algo mais intenso e dramático, o que correria riscos de soar falso, então diria que ele acertou em iniciar com algo tenso, mas bem calmo de estilo.
Agora falando de Fares Fares como ator, posso dizer que seu Lukas foi tão bom ouvinte que soube segurar bem todas as dinâmicas dentro do carro, foi criativo no estilo sem precisar se impôr e passou boas emoções na estrutura da trama, de tal forma que seu personagem acaba sendo interessante e bem emocional, até demais para um policial, mas que agrada. O jovem Alexej Manvelov deu para seu Artan um ar explosivo, mas também preocupado com o que estava fazendo, pois aparentemente não tinha um plano pronto para ser seguido e foi desenvolvendo conforme os rumos que tudo foi tomando, e o ator soube conduzir bem dessa forma do personagem, sempre suando e afoito, fazendo olhares para todos os lados, mas também se emocionando bastante. Já Alma Pöysti trabalhou sua Louise de uma maneira mais emocionada e explosiva, de tal forma que vemos que ela já teve problemas no passado, entendemos os motivos da separação, e claro a vemos também com medo de tomar um tiro ali no carro, de tal forma que não soou falsa em momento algum, o que acaba agradando bastante. Quanto aos demais, a maioria apenas deu conexões para a trama, sendo meio forçado os atos dos pais da garota vividos por Bengt C.W. Carlsson e Stina Ekblad, pois ali estouraram um pouco no meio de algo conflitivo, mas deram o tom da trama ao menos.
Visualmente a trama começa dentro de uma clínica médica, aonde ali já dava para o protagonista surtar com as chamadas de senha, mas tudo bem simples, sem grandes chamarizes, e depois já vamos para dentro de um carro aonde tudo se desenrola pelas rodovias e ali dentro, com outros carros policiais seguindo e apenas comunicações por rádio, vemos entregas por motos de alimentos, e basicamente o único elemento cênico fora do comum foram alguns ovos jogados por jovens, mas tirando isso é o básico de uma arma e as pessoas ali sentadas dentro do carro, de forma que a equipe de arte praticamente nem trabalhou, tirando claro a garagem dos pais da protagonista que precisaram deixar mais suja e cheia de peças, mas nada que tenha ido muito além.
Enfim, é um filme interessante, que não chegou a ser cansativo mesmo ficando apenas dentro de um mesmo ambiente durante quase toda a exibição, pois os diálogos foram bem trabalhados, e assim sendo quem curte essa pegada vai conferir e curtir, mas não espere muito dele, afinal não vai muito além. E dessa forma deixo a recomendação com algumas ressalvas, mas que vale o play pelo menos. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir mais um hoje, então abraços e até logo mais.
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