O diretor e roteirista Roger Ross Williams soube pegar bem a história de Saúl Amendáriz e desenvolver bem a sua trama para que tivesse um bom envolvimento com o público, de tal maneira que claro sob a supervisão do verdadeiro Saúl trabalhou a mudança de estilo de luta do jovem, afinal sendo bem mirrado era colocado nas lutas apenas para apanhar dos grandalhões, e quando uma lutadora aceita treinar ele, vê que ele tem mais potencial para lutar como exótico (lutadores que incorporam estilos mais de drag na luta), e só essa mudança já fez dele um personagem de entretenimento, já que as regras da luta livre mexicana é bem mais de entreter o público do que lutar mesmo, e claro também de espelho para outros jovens gays, de tal forma que o diretor soube usar todos esses artifícios da história do jovem e não permeou tanto o relacionamento em si do real Saúl, o que foi uma grande sacada, pois vemos toda a imponência acontecendo dessa forma. Ou seja, o filme em si ficou muito mais próximo de algo de entretenimento do que um drama sobre a vida do rapaz, o que acaba chamando mais atenção e até mesmo um público maior.
Sobre as atuações basicamente Gael García Bernal pegou tudo o que poderia entregar em um personagem e se jogou por completo na dupla personalidade de Saúl fora dos ringues, treinando ou passeando com sua mãe, tendo seus relacionamentos, bebidas, drogas e tudo mais, e de Cassandro dentro dos ringues, aonde trabalha bem o elo drag, faz trejeitos fortes e sensuais e praticamente brinca lutando, de tal forma que mesmo contracenando com grandes nomes da Lucha Libre não deixou quase que aparecessem, e isso mostra o brilho e a técnica do ator. Ainda é claro que temos de valorizar algumas cenas de Roberta Colindrez com sua Sabrina, fazendo bem uma amiga e treinadora, se jogando junto em algumas lutas e dando bons conselhos, mas não se desenvolveu tanto e ficou um pouco em segundo plano demais. Já Perla de la Rosa fez a mãe do protagonista com muito envolvimento, trabalhou o sentimental e emocionou bem com algumas dinâmicas, de forma que poderiam até ter trabalhado um pouco mais a relação deles, mas não era o foco do longa. Outros que apareceram bem, mas fizeram atos secundários demais foram Joaquín Cosio como o produtor de lutas Lorenzo, o cantor Bad Bunny fazendo um traficante bem colocado em cena, mas sem dúvida quem conseguiu chamar um pouco mais de atenção foi Raúl Castillo com seu Gerardo por ter tido relações mais íntimas com o protagonista, e assim pode desenvolver-se melhor em cena com olhares e nuances.
Visualmente a trama mostrou bem algumas lutas, mostrou um pouco da vida do jovem e de sua mãe numa casa simples, o sonho de uma casa mais requintada, as idas até o estacionamento dos jogos de beisebol para ver de longe o pai que abandonou a família, vai um pouco no passado para mostrar como o jovem foi introduzido nas lutas, mas principalmente mostrou o trabalho da equipe de arte no desenvolvimento dos figurinos do lutador, que foram todos bem irreverentes e marcantes, ou seja, a equipe trabalhou com algo mais amplo e conseguiu um belo resultado.
Enfim, acredito que o longa vá ser citado pela bela interpretação do protagonista nas premiações, mas talvez fique em segundo plano pela história e pelo desenvolvimento, pois diria que faltou um pouco mais de explosão dramática nos atos, ficando um pouco corrido com tudo na tela, mas ainda assim é uma obra bem interessante para quem não conhecia o lutador, e ver um pouco dessa modalidade maluca de lutas, ou seja, vale o play. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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