O diretor Mike Leigh é daqueles que está sempre presente em todas as premiações, já colecionando 7 indicações ao Oscar, ainda não tendo levado nenhum, mas sempre entregou boas propostas em suas tramas, o que não foi diferente aqui, afinal daria facilmente para desenvolver uns dois ou três episódios bem montados com seu roteiro sobre esse massacre, pois temos tantos personagens, tantos desdobramentos, e em cada ato ele vai nos mostrando mais dinâmicas, e interligações, ao ponto que chego até a questionar quem seria o real protagonista da trama toda, já que o "líder" ou o orador máximo da manifestação aparece pouco com o tanto de situações rolando e ficou faltando aquele algo a mais para funcionar como um único filme. Ou seja, é daqueles longas que vemos tanta coisa acontecendo, que você até fica querendo mais, mas a minha maior crítica foi ele ter trabalhado tanto o antes do massacre, pouquíssimo do ato em si, e quase nada do depois, o que acaba pesando demais em diálogos, confundindo um pouco o público com a real intenção da trama, e assim não explodindo como poderia.
Quanto das atuações, se eu for falar de todos vou passar o resto do ano aqui, pois são tantos personagens bem encaixados que vão muito além, e claro o principal nome é o de Rory Kinnear com seu Henry Hunt imponente, com uma oratória marcante e bem direto nos olhares e intensidades, de tal forma que talvez merecesse trabalhar um pouco mais o personagem para chegar aonde chegou. David Moorst entregou um Joseph já quase morto em Waterloo, depois sofre para chegar em casa a pé, passa o filme quase todo morrendo sem conseguir emprego e na manifestação ainda leva uma espadada, de tal forma que seus trejeitos foram até engraçados, afinal como disse já estava quase morto desde o começo do filme. O papel de Alastair Mackenzie é até marcante como um herói de guerra ganha o poder de cuidar de um Estado todo, mas seu John acaba meio que sumindo de cena demais, o que é estranho, pois certamente teria algo a mais para mostrar. Johnny Byron fez de seu John Johnston um agitador político bem marcante, com ideias meio que explosivas demais, mas que acaba chamando atenção ao menos. Victor McGuire trabalhou o policial Nadin com muita imposição, olhando todos os movimentos de canto e agindo com força bruta quando precisou para marcar seus traços. Simona Bitmate trabalhou sua Esther como uma mãe que não sabe o que está fazendo ali no meio da confusão, mas que soube passar bem seus atos, criar trejeitos emocionais bem colocados e agradando em cena. E esses foram alguns que fui destacando durante o filme, mas tem muitos outros bons personagens.
Visualmente a trama mostrou bem as condições terríveis que muitos ingleses viveram pós-Waterloo, o começo das máquinas elétricas diminuindo os ganhos da população, e consequentemente seus gastos locais, com as feiras cada dia menos movimentadas, os ricos comendo do melhor e esbanjando gastos, e claro as várias reuniões algumas defendendo armas, outras mais de paz, tudo com ambientações grandiosas e bem marcantes, mostrando que a equipe de arte trabalhou bastante, mas sem dúvida a cena do massacre no final foi gigantesca com cavalos, pessoas de todos os tipos e figurinos, confusões e tudo mais, ou seja, a cenografia pesou e foi muito bem feita.
Enfim, é um filme que dava para ir muito mais além, e nem estou falando de duração, pois com 155 minutos daria para desenvolver muito mais coisas ao invés de ficar trabalhando as mil reuniões e junções que tiveram antes da grande manifestação, porém vale pelo contexto histórico, então fica a dica para dar play sem esperar muito dele. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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