Amazon Prime Video - Peterloo

9/03/2023 11:49:00 PM |

Acho que desde o primeiro dia que assinei a Amazon Prime Video que estou com o longa "Peterloo" na lista para assistir, mas sempre arrumava algum outro para ver e o longa de 155 minutos acabava ficando por lá, não sei dizer os motivos, mas aparentava que não iria mostrar bem o conflito e o desenvolvimento do que acabou acontecendo, e foi dito e feito, pois a trama é muito mais amarrada no pré-massacre do que realmente no conflito e o que gerou depois, sendo quase uma trama política, aonde vemos opiniões de diversos "líderes" regionais em busca de mudanças no Parlamento para que as pessoas tivessem melhores condições de vida, não pagassem tantos impostos, e principalmente tivesse alguém lá de sua região para defender seus interesses. E como bem sabemos, quando um protesto tem várias lideranças, muito acaba sendo disperso, e dessa forma o filme pontua tantos diálogos politizados, tantas articulações, que ao final quando ocorre a gigantesca manifestação já fica iminente que não daria muito certo, e passados mais de 200 anos do que ocorreu, ainda hoje vemos que muitas manifestações acabam sempre da mesma forma: com os poderosos comendo melhor e descendo a porrada nos manifestantes!

O longa nos mostra um retrato épico dos eventos que cercaram o infame Massacre de Peterloo em 1819, no qual um comício pacífico pró-democracia no St Peter's Field, em Manchester, se transformou em um dos episódios mais sangrentos e notórios da história britânica. O massacre viu as forças do governo britânico atacarem uma multidão de mais de 60.000 pessoas que se reuniram para exigir reformas políticas e protestar contra os níveis crescentes de pobreza. Muitos manifestantes foram mortos e centenas de outros ficaram feridos, provocando protestos em todo o país, mas também mais repressão governamental. O Massacre de Peterloo foi um momento decisivo na democracia britânica que também desempenhou um papel significativo na fundação do jornal “The Guardian”.

O diretor Mike Leigh é daqueles que está sempre presente em todas as premiações, já colecionando 7 indicações ao Oscar, ainda não tendo levado nenhum, mas sempre entregou boas propostas em suas tramas, o que não foi diferente aqui, afinal daria facilmente para desenvolver uns dois ou três episódios bem montados com seu roteiro sobre esse massacre, pois temos tantos personagens, tantos desdobramentos, e em cada ato ele vai nos mostrando mais dinâmicas, e interligações, ao ponto que chego até a questionar quem seria o real protagonista da trama toda, já que o "líder" ou o orador máximo da manifestação aparece pouco com o tanto de situações rolando e ficou faltando aquele algo a mais para funcionar como um único filme. Ou seja, é daqueles longas que vemos tanta coisa acontecendo, que você até fica querendo mais, mas a minha maior crítica foi ele ter trabalhado tanto o antes do massacre, pouquíssimo do ato em si, e quase nada do depois, o que acaba pesando demais em diálogos, confundindo um pouco o público com a real intenção da trama, e assim não explodindo como poderia.

Quanto das atuações, se eu for falar de todos vou passar o resto do ano aqui, pois são tantos personagens bem encaixados que vão muito além, e claro o principal nome é o de Rory Kinnear com seu Henry Hunt imponente, com uma oratória marcante e bem direto nos olhares e intensidades, de tal forma que talvez merecesse trabalhar um pouco mais o personagem para chegar aonde chegou. David Moorst entregou um Joseph já quase morto em Waterloo, depois sofre para chegar em casa a pé, passa o filme quase todo morrendo sem conseguir emprego e na manifestação ainda leva uma espadada, de tal forma que seus trejeitos foram até engraçados, afinal como disse já estava quase morto desde o começo do filme. O papel de Alastair Mackenzie é até marcante como um herói de guerra ganha o poder de cuidar de um Estado todo, mas seu John acaba meio que sumindo de cena demais, o que é estranho, pois certamente teria algo a mais para mostrar. Johnny Byron fez de seu John Johnston um agitador político bem marcante, com ideias meio que explosivas demais, mas que acaba chamando atenção ao menos. Victor McGuire trabalhou o policial Nadin com muita imposição, olhando todos os movimentos de canto e agindo com força bruta quando precisou para marcar seus traços. Simona Bitmate trabalhou sua Esther como uma mãe que não sabe o que está fazendo ali no meio da confusão, mas que soube passar bem seus atos, criar trejeitos emocionais bem colocados e agradando em cena. E esses foram alguns que fui destacando durante o filme, mas tem muitos outros bons personagens.

Visualmente a trama mostrou bem as condições terríveis que muitos ingleses viveram pós-Waterloo, o começo das máquinas elétricas diminuindo os ganhos da população, e consequentemente seus gastos locais, com as feiras cada dia menos movimentadas, os ricos comendo do melhor e esbanjando gastos, e claro as várias reuniões algumas defendendo armas, outras mais de paz, tudo com ambientações grandiosas e bem marcantes, mostrando que a equipe de arte trabalhou bastante, mas sem dúvida a cena do massacre no final foi gigantesca com cavalos, pessoas de todos os tipos e figurinos, confusões e tudo mais, ou seja, a cenografia pesou e foi muito bem feita.

Enfim, é um filme que dava para ir muito mais além, e nem estou falando de duração, pois com 155 minutos daria para desenvolver muito mais coisas ao invés de ficar trabalhando as mil reuniões e junções que tiveram antes da grande manifestação, porém vale pelo contexto histórico, então fica a dica para dar play sem esperar muito dele. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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