Bloodshot (Bloodshot)

3/13/2020 08:24:00 PM |

Sabe aquela química imponente que os longas de heróis costumam ter? Que te prende na poltrona e após as reviravoltas você vibra com o que acontece! Pois bem, isso é exatamente o que acaba faltando para que "Bloodshot" funcione com propriedade, pois a ação descomedida funciona, as caras e bocas dos protagonistas estão bem colocadas, o estilo da trama é bom, e até mesmo a computação toda acaba sendo interessante de ver, porém não atinge um ápice bacana ao ponto de torcermos pelo protagonista, não ficamos com raiva dos vilões, e ao final não saímos da sala esperando um próximo filme (apesar de achar que um segundo filme funcionará mais por já conhecermos o personagem!). Ou seja, o resultado final é um longa mediano que até entretém, mas não chega muito longe como deveria acontecer.

O longa nos conta que Ray Garrison é um soldado recentemente morto em combate que foi trazido de volta à vida pela corporação RST como o super-humano Bloodshot. Com um exército nano-tecnológico correndo em suas veias, ele é uma força insuperável – mais forte do que nunca e com poder de cura instantâneo. Mas, ao controlar seu corpo, a corporação também toma controle de sua mente e memórias. Ray não sabe diferenciar o que é real do que não é; mas ele está em uma missão para descobrir a verdade.

O diretor Dave Wilson fez sua estreia na função após trabalhar com efeitos visuais em grandes produções, e isso é bem notável em toda tecnologia que acaba entregando em seu filme, porém faltou segurança para ele entregar algo que pegasse realmente, pois o estilo pedia algo a mais na trama, e talvez um diretor mais imponente entregaria uma trama com atitude e determinação. Claro que por ser baseado em uma HQ, já vamos esperando muito mais dele, e isso pesa um pouco, porém tanto o roteiro quanto a direção peçam pelo mesmo motivo: a falta de uma determinação maior do que a vingança em si, e mais sangue, afinal vemos tiros, pancadarias, socos pra todo lado, mas nem uma gotinha de sangue saindo praticamente, de forma que talvez se isso já fosse colocado ajudaria e muito no resultado final. Ou seja, não digo que o filme que o diretor entregou seja ruim, muito pelo contrário, a dinâmica em si tem uma boa pegada e segura o espectador, porém, falta um pouco de tudo para ser daqueles que vamos lembrar daqui alguns meses.

Sobre as atuações, diria que pegaram os atores certos para as personalidades que precisavam nós personagens, mas esqueceram de trabalhar melhor suas atuações, ou seja, uma falha de todo primeiro filme de um diretor, pois Vin Diesel até faz bons trejeitos com seu Ray, corre, bate, interage, faz mais cara brava, quebra tudo, porém quando precisa dialogar, aí desanima, e num filme de introdução de personagem isso é primordial, e acaba falhando. Eliza González trouxe uma certa latinidade para sua KT, de modo que até torcemos para algum romantismo rolar, mas faltou para ela algo mais imponente, ou melhorar sua história inicial para vermos funcionar o que faz, ou seja, falha também. Guy Pearce é um tremendo ator, e como um doutor sanguinário em busca de conseguir seus objetivos ele até entrega boas cenas com seu Emil, porém falta pra ele aquela vilania tradicional para chamar atenção, algum tipo de loucura, e tudo mais, de modo que não ficamos com tanta raiva dele. Quanto dos demais capangas, Sam Heughhan até faz umas boas cenas de ação com seu robótico Jimmy Dalton, mas falha muito nós atos de conversa, de modo que era melhor que seu personagem fosse mudo. Outro bom destaque ficou a cargo da comicidade entregue por Lamorne Morris com seu Wigans, de modo que poderiam ter utilizado mais ele, mas foi bem nos poucos atos, e se rolar uma sequência certamente será usado. E Toby Kebbell funcionária demais como um vilão cheio de sacadas e trejeitos com seu Martin Axe, mas não foi a escolha, então fazer o que.

No conceito visual, a trama até teve bons atos, cheios de explosões e cores, com tudo voando pelos ares nas brigas, muitos tiros, roupas tecnológicas, e claro muita computação aliada a primorosos efeitos especiais, mas isso só funciona bem quando o roteiro se encaixa, de modo que parece até algo solto demais na trama, aonde tudo acontece lindamente, mas nada envolve, e assim o trabalho do pessoal de CGI apenas foi feito sem nada a mais. Além disso, escolheram boas locações, criaram salas emblemáticas dentro do prédio da corporação, e aliado a toda tecnologia, vemos até a criação de um ambiente ao vivo, o que agrada bastante, mas como disse, solto na trama. A fotografia do longa exagerou em tons escuros (talvez para maquiar erros técnicos!), e ao final o vermelho domina pelos minirobos, mas também sem muito propósito.

Enfim, é um filme mediano pra bom, que até serve para passar um tempo, mas que poderia ter ido muito além mas mãos de um diretor melhor, e da forma que acabou resultando em algo simples demais, apenas recomendo para quem gostar muito do estilo, pois os demais irão se cansar com as diversas faltas de atitudes que a trama falha em passar. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com outro texto, então abraços e até logo mais.

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O Oficial E O Espião (J'Accuse) (An Officer And A Spy)

3/13/2020 01:43:00 AM |

Já vimos diversos longas envolvendo traições, espionagem, julgamentos, investigações e tudo mais de forma contemporânea ou até indo para algo nos anos mais próximos, mas não trabalhavam tanto com acontecimentos reais do passado, que mexeram tanto nesse estilo, até mostrando alguns atos mais fictícios, até que agora com "O Oficial e O Espião" tivemos algo bem intrigante envolvendo até mesmo o nome de um famoso escritor que acabou sendo julgado pelas atitudes que teve no caso, ou seja, a ideia do estilo investigativo foi bem colocada na trama pelo diretor, que claro usou muito do que costuma trabalhar com reviravoltas temporais, com personalidades marcantes, e com isso o filme tem tanto uma boa intensidade, quanto uma boa história, e assim o resultado funciona demais. Claro que poderiam ter dado uma melhorada no terceiro ato do filme, que de repente ficou meio lento de cadência para correr ao final, mas não chega a ser incômodo e acabamos nos envolvendo tanto com o protagonista que acaba sendo irrelevante esse detalhe.

O longa começa na França, em 5 de janeiro de 1895 quando Alfred Dreyfus, judeu capitão da artilharia, é condenado à prisão perpétua na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa, sob a acusação de repassar documentos para a Alemanha. Entre as testemunhas está o coronel Georges Picquart, encarregado de liderar a unidade de contrainteligência que descobriu o espião. Mas quando Picquart percebe que os segredos militares continuam sendo repassados aos alemães, descobre um esquema de mentiras e corrupção envolvendo as forças armadas. E mexer nesse labirinto coloca em risco sua honra e sua vida.

O estilo do diretor Roman Polanski é bem próprio, e logo de cara já vemos um plano aberto cheio de figurantes, uma amplitude cênica gigantesca, tudo muito bem coreografado, e ficamos pensando: para onde será que ele quer nos levar, daí depois temos diversas reviravoltas temporais para ficarmos conectando as pecinhas, até chegarmos ao final com os devidos julgamentos acontecendo tanto por parte da trama, quanto os nossos com tudo o que aconteceu, e é muito bacana de ver essa propriedade que o diretor sempre dá para seus filmes, pois sabemos bem como o formato investigativo funciona por outros filmes, sabemos o quanto um julgamento de exércitos funcionam pelo mesmo motivo, mas a junção de dois vértices, o trabalho cênico grandioso, os bons atores se entregando e desenvolvendo junto com a formatação escolhida são raras de ver, e aqui tudo funciona em tamanho maior que o esperado, tanto que é um filme artístico por ser de Polanski, mas tem ares de blockbuster, e assim sendo é garantia de que muitos gostem do que verão na telona.

Sobre os atores diria que todos tiveram seus bons momentos, e por incrível que pareça, o maior envolvido que foi o Dreyfus de Louis Garrel quase não aparece na trama, tendo uma cena no começo para se mostrar e outras ao final, que até se impõe, mas fica muito de lado, ou seja, esqueceram do papel dele e deixaram para os demais. E para compensar, Jean Dujardin se mostrou completamente conectado com o papel de Picquart, fazendo olhares densos, chamando a responsabilidade, se entregando completamente para cada cena, de modo que ficamos com nossos olhares também conectados nele, e quase esquecemos todos ao redor, ou seja, ficou perfeito para o papel. Quanto aos demais, tivemos muitas atuações fortes em pequenos papeis, de modo que cada um ao seu modo fez bons atos, chamou para si o momento, mas não conseguiram fazer com que o público se conectasse tanto, tendo somente um leve destaque para Grégory Gadebois com seu Henry, que sempre pareceu ser o atrapalhador de tudo, e que nas cenas finais foi forte e coeso nos atos, mostrando a que veio.

Agora sem dúvida alguma o luxo da produção é daquelas para aplaudir, com figurinos bem imponentes do exército francês da época, um gabinete de investigação cheio de detalhes parecendo quase uma masmorra, mas que funciona muito bem nos momentos chaves, com muitos objetos cênicos e cenas cadenciadas aonde são usados, um tribunal repleto de figurantes e personagens importantes para a trama se debatendo, e claro uma ilha que podemos dizer ser daquelas que ninguém desejaria ser abandonado (que até poderiam ter usado mais ela), ou seja, a equipe de arte foi bem coesa em cada uma das locações para entregar algo sólido, marcante de época, e que funcionasse bem dentro da trama escolhida.

Enfim, é um filme bem intrigante, cheio de nuances, que como disse no começo acabou ficando levemente cansativo no miolo, e depois precisaram correr para fechar, colocando alguns letreiros no meio do caminho para explicar alguns atos, e que poderia ser melhor resolvido, mas é o jeitão Polanski de entregar seus filmes, e quem gosta tanto do estilo investigativo, quanto do diretor certamente não sairá decepcionado da sessão. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica em 3D (Onward)

3/08/2020 02:34:00 AM |

É inegável a qualidade técnica e criativa da Pixar, de modo que quando vamos conferir um filme deles já vamos preparados para se emocionar, se encantar, e principalmente babar em tudo o que conseguem criar ao redor de uma trama, de modo que "Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica" faz bem jus ao subtítulo nacional que acabaram criando, pois o que vemos na tela nada mais é do que uma jornada incrível dos irmãos não só em busca de conseguir o restante do corpo do pai, como também se conhecer, e fazer muito mais do que fizeram em toda vida juntos. Ou seja, é daqueles filmes que vamos vendo de forma bem bobinha, se divertindo com o que vai acontecendo, para no final a moral temática vir como uma flechada monstruosa para derrubar todos, pois é envolvente demais, e entrega tudo de uma forma tão deliciosa que esquecemos completamente de tudo e só vamos curtindo, pois é muito bem feito, e certamente devem aproveitar mais desse ambiente todo criado para mais longas, pois a ideia de seres místicos é bem válida e agora é só aproveitar.

O longa nos mostra que em um local onde as coisas fantásticas parecem ficar cada vez mais distantes de tudo, dois irmãos elfos adolescentes embarcam em uma extraordinária jornada para tentar redescobrir a magia do mundo ao seu redor.

Se formos analisar só a sinopse veremos que a ideia em si é bem simples, e o filme consegue transmitir essa simplicidade também no conteúdo, porém tudo é bem mais amplo se olharmos o ambiente dos personagens, suas texturas, todas as cores envolvidas na paleta, todo o ambiente de jogos de RPG, a sagacidade dos personagens, e tudo mais que a Pixar sempre desenvolve, de modo que o diretor e roteirista Dan Scanlon ("Universidade Monstros") soube pegar toda a dinâmica de seu último filme e criar algo mágico envolvendo criaturas místicas, muita magia e claro emoções para vivenciarmos, de modo que confesso que os trailers não tinham me cativado ao longa, e parecia que seria apenas mais uma bela animação do estúdio, mas a cada novo ato da trama lá íamos nos envolvendo, íamos entrando no conceito todo da história, e ao final já lemos as anotações do protagonista com aquele olhar emocionado de tudo o que foi brilhantemente passado, pois essa era a ideia e o resultado funcionou demais, mostrando que o diretor voltou bem após 7 anos desenvolvendo tudo.

Sobre os personagens e suas dublagens, podemos dizer que encontraram trejeitos bem gostosos para as vozes de cada um, e a composição cênica juntamente com o carisma de cada um, inclusive dos coadjuvantes e figurantes de cena deram um tom tão bem colocado na produção que chega a ser difícil esquecer cada um, desde os amigos da escola cheios meio que jogados, passando pelas fadas motoqueiras, indo pela Manticora, tendo o policial padrasto minotauro Colt, até chegarmos realmente nos elfos protagonistas Ian magrelo, mas com um olhar amoroso, cheio de nuances desejáveis, e Barley, mais parrudo, com vontades pelo passado por ser historiador, adora jogos de RPG sobre o passado, e conhece tudo de magia dos livros, e claro a mãe desesperada pela segurança dos filhos indo enfrentar tudo e todos para salvar eles. Ou seja, o filme em si tem muitos detalhes nos personagens, brinca com os elementos mitológicos a todo momento, e que com boas texturas acaba envolvendo ainda mais juntamente com cores fortes bem colocadas.

No conceito visual a trama também é cheia de detalhes, com pedras em formatos diferenciados, objetos cênicos montados para mostrar a evolução da vida, e claro muitos elementos também para brincar com a ideia de magias próprias para cada ato, de forma que vamos incorporando cada uma, aprendendo elas, para ao final estarmos conscientes de todas que o protagonista vai usar em sua grande luta, ou seja, tudo faz muito sentido desde motos correndo, carros, objetos dos carros, e tudo mais para o final. Quanto do 3D, acredito que o exagero de cores fortes (que são bem luxuosas e interessantes) acabou diminuindo um pouco a profundidade cênica, de modo que não vemos quase nada saindo da tela, nenhum ambiente com algo muito ao fundo servindo de camadas, e tudo até tinha como dar certo com os seres místicos voando, os ambientes diferentes e tudo mais, mas não acontece, e dessa forma recomendo o filme em 2D tradicional, pois não vai fazer diferença.

Enfim, não é um longa com muitas canções marcantes também, mas não faz a mínima diferença, pois o emocional do roteiro, junto com os bons personagens suprem qualquer necessidade de envolvimento mais amplo, e assim o resultado flui lindamente, e quem tiver irmãos certamente irá muito além nos pensamentos, pois a mensagem final é perfeita, o filme é bonitinho demais, e tudo acaba agradando bastante. Sendo assim recomendo muito o filme, e encerro aqui a semana nos cinemas, mas volto em breve com mais textos do streaming, então abraços e até logo mais.

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Jexi - Um Celular Sem Filtro (Jexi)

3/07/2020 08:18:00 PM |

Se você espera de um filme com Adam Devine uma comédia sem exageros você está indo ver o filme errado, e já digo isso pois com certeza muitos irão ao cinema conferir "Jexi - Um Celular Sem Filtro" esperando uma versão cômica de "Her", e de forma alguma o longa chega perto disso, pois ele até tem muitos diálogos com o celular, mas a proposta aqui é tentar mostrar o lado ruim de ser um solitário que vive no celular e não vive a vida real, ou ao menos essa era a proposta dentro do conflito todo, porém forçando um pouco para mostrar um sistema operacional maluco que passa a dominar o usuário que não vive sem ele. Não diria que é um filme ruim, mas também passa bem longe de ser algo incrível, e que você precise sair correndo para ver, mas ao menos tem bons momentos divertidos e boas sacadas com outros filmes do ator, mas poderiam ter ido por um vértice diferente para agradar mais.

O longa nos conta que Phil é um rapaz que não tem amigos e sua vida amorosa é inexistente. Ele se depara com os serviços de inteligência artificial de Jexi quando é forçado a atualizar seu telefone. Com Jexi, ele tem companhia e orientação em tudo o que faz. Porém, quando o rapaz perde gradativamente a dependência em usar o celular, Jexi se transforma em um pesadelo ao tentar trazê-lo de volta para ela, mesmo que isso signifique arruinar suas chances de obter sucesso na vida.

Ao ser dirigido e roteirizado por Jon Lucas e Scott Moore ("Perfeita é a Mãe", "Finalmente 18"), já vamos sabendo o estilo que iremos ver, e a trama tem bem a pegada deles, ousando de escracho e cenas mais forçadas, porém falta aquele ato que faça o público rir realmente ao invés de segurar a onda em exageros. Claro que por ser algo próprio do estilo dos diretores e do ator, a trama até se desenrola bem, mas senti que ficaram presos demais na tentativa de criar um romance de segundo plano, que se esqueceram da comédia em si, o que pesou um pouco.

Sobre as atuações diria que Adam Devine até soube se segurar bem como protagonista, pois seu Phil tem a pegada característica que vemos em todos os filmes que atua, e a grande sacada dele aqui foi não ser tão contido com as expressões, e forçar dentro do possível para não ficar ridículo, ou seja, foi bem, mas não foi além. Agora Alexandra Shipp pareceu bem incomodada com seu papel, de modo que vemos uma Cate simples de atos, que se segura sempre nas atitudes, e que mesmo aparecendo pouco, não chama para si suas cenas, ou seja, não vai além também. E sem dúvida, mesmo sem aparecer, as melhores cenas são de Rose Byrne com sua voz para Jexi, de modo que o humor ácido funciona bem dentro do roteiro, e talvez mais piadinhas incômodas para o protagonista funcionasse ainda mais, mas foi bem ao menos. Quanto aos demais, diria que tentaram aparecer e não conseguiram, de modo que vale destacar apenas os atos ridículos de Michael Pena com seu Kai exageradíssimo, que aliás, o ator anda se superando em papéis ruins forçados, ou seja, melhor já dizer que ele está aceitando tudo.

No conceito visual a trama brincou com as belezas e ousadias comuns de São Francisco, tirou sarro de setores ridículos de alguns jornais, e até foi bem colocado dentro da simplicidade de mostrar a evolução e dependência que muitos tem com os smartphones atualmente, mesmo que não ficassem tanto nos detalhes em si, ou seja, a arte da trama tentou mostrar um esporte diferente, atividades ao ar livre, shows e tudo mais para que o público viva mais sem depender do celular, mas não conseguiu atingir tanto.

A parte sonora do longa também foi muito bem executada, de modo que algumas canções até passam a funcionar como parte do roteiro, colocaram um cantor no meio do filme, e assim o resultado evoluiu bem. Não colocaram a trilha completa no Spotify, mas aqui tem as músicas separadas, então só pegar os nomes e ouvir lá.

Enfim, é um filme que até acerta em muitos momentos, mas erra bastante também, e dessa forma o resultado geral do longa é mais forçado do que gostoso e com moral para ser lembrado daqui a alguns anos, e assim só valerá mesmo como uma descontração de final de semana. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Aqueles Que Ficaram (Akik Maradtak) (Those Who Remain)

3/06/2020 01:47:00 AM |

Sabe quando você entra no clima do filme, vai se conectando com tudo, sente a dor e o sentimento dos personagens, mas de repente tudo começa a cansar e você já nem sabe mais para qual rumo o diretor queria que você seguisse com os protagonistas? Esse pode ser bem um resumo do que sentimos conferindo "Aqueles Que Ficaram", que foi o indicado da Hungria para o Oscar 2020, que não chegou entre os cinco indicados, mas é notável toda sua qualidade técnica, e o envolvimento que a trama passa ao demonstrar a falta de algo na vida dos protagonistas, o medo de ser mais um que o Partido iria dar sumiço, do laço afetivo ser forte num consenso maior, e tudo mais, porém conforme vamos indo a fundo na trama, já não conseguimos ver para onde ela poderia fluir melhor, e o resultado desanima, até chegarmos nas últimas cenas, que voltam a ser belas, e muito bem feitas. Ou seja, acabaram arrastando demais o miolo, e aí acaba sendo a falha, pois temos um belo começo e um ótimo final, mas o recheio desandou um pouco. Claro que passa bem longe de ser uma bomba e esse risco ter atrapalhado tudo de bom do filme, mas poderia ser ainda menor que funcionaria mais ainda.

O longa nos situa na Hungria, Budapeste, 1948. O médico Aldo, 42, recebe Klara, 16, para exames ginecológicos para saber porque a sua puberdade chegou tardia. Ambos são sobreviventes e trazem marcas da guerra. Ele perdeu a mulher e os 2 filhos e ela, em turras com a avó, sonha com o retorno – improvável – de seus pais. É o encontro de 2 solitários que tentam recuperar as suas vidas. Embora Aldo siga rigorosamente as regras de decoro, compartilham o que podem: o álbum de fotos dele; ela confidencia sobre os seus pais, a irmã que não conseguiu salvar da morte e sobre Deus. Mas a convivência de um homem de 40 anos e uma adolescente, suscita desconfianças. E o terror não findou: o império soviético acaba de chegar.

O diretor Barnabás Tóth soube dominar bem o ambiente, tanto que todo o filme tem uma coerência, tem sentimento e acerta no estilo, de modo que algumas cenas são marcantes pelo lado forte, como a dos homens do Partido entrando no apartamento ao lado, a do amigo falando que poderia denunciar ele, e outras acabam doces e envolventes como a da garota mudando de cama e o cara indo buscar a coberta para ela. Ou seja, é um filme que trabalha bem toda a amplitude cênica, tem uma certa cadência, e mesmo sendo curto, apenas 83 minutos, parece ainda maior pelo miolo sem muitos problemas acontecendo, de forma que faltou para o diretor resumir alguns atos, e acertar o ritmo de outros, que aí com certeza teríamos o filme entre os cinco candidatos ao Oscar Internacional, mas nem sempre dá para acertar, e assim alguns podem se cansar e odiar o filme, ou outros se emocionar mais com tudo, vai depender do dia.

Sobre as atuações, é algo bem raro vermos em filmes mais artísticos uma química tão imponente como a dos dois protagonistas aqui, e Károly Hajduk entregou um Aldo/Aladár tão cheio de sensibilidade, o olhar triste de quem perdeu tudo inclusive a vontade de viver, e que quando estava acostumando com sua solidão, uma mudança brusca acaba entrando em seu mundinho fazendo tudo girar, ou seja, ele acaba se entregando mesmo ao personagem, e o resultado embora soe calmo demais, funciona com envolvimento e boa dinâmica. Da mesma forma Abigél Szöke trouxe para sua Klára uma garota sem muito fluxo, que chega a ser até irritante pela pegada cênica incômoda, mas que trabalha seu vértice de uma forma bem coesa e funcional, o que dá envolvimento também em quase todas suas cenas, ou seja, funciona bem também. Quanto aos demais, a maioria quase nem é usada, aparecendo em cenas espalhadas, se entregando com olhares para os protagonistas, e com isso quase esquecemos deles, como a tia da garota, ou o jovem que aparece mais para o fim, e principalmente da enfermeira do hospital, que volta na cena final quase que como jogada na trama, ou seja, poderiam até ter eliminado esses personagens, que não fariam falta para a trama.

A densidade visual da trama também é bem imponente pela simplicidade em si, pois vemos alguns atos quase que minimalistas para mostrar que já não tem quase mercado para que eles comprem mantimentos, e ainda mais coisas simples para usarem, de modo que tomam chá com sabor de limão por não ter limão, e no café isso é bem mostrado pelo ar de riqueza funcional naquele lugar. Ou seja, a equipe de arte precisou pesquisar e muito para fazer o filme ser simples, e principalmente para representar tudo o que desejavam com pouco, pois em momento algum a trama pedia sequer uma caneta a mais no set, e isso funcionou muito bem.

Enfim, é um filme que tem um bom estilo, e que volto a frisar que empolga bastante pelo começo e pelo fechamento, mas que se arrasta no miolo, parecendo ser bem maior do que realmente é, mas que vale uma boa conferida para ver a época retratada, e o sentimento das pessoas que tiveram seus familiares levados pelo Holocausto, ou seja, é problemático, mas funciona bem. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - A Última Coisa Que Ele Queria (The Last Thing He Wanted)

3/01/2020 11:18:00 PM |

Pense em um filme lento e cansativo... garanto que não chegará nem perto do que foi entregue pelo lançamento da Netflix, "A Última Coisa Que Ele Queria", pois o filme até tem grandes atuações, mas o roteiro é tão fraco de ideias que não conseguimos sequer pensar aonde queriam chegar ao mostrar a vida da jornalista que ficou no meio de um conflito entre os EUA e países da América Central, de modo que vemos o filme indo num fluxo tão lento, tão sem bases fortes, que o resultado desanima mais do que empolga. Claro que temos cenas intensas no miolo, que acaba parecendo que vai engrenar, mas volta a ficar frio, e o fechamento então é de nível mais fraco ainda, ou seja, é daqueles que com certeza amanhã já nem lembraremos de ter visto, e que os atores também desejarão ser esquecidos de ter participado, pois não fluíram como poderiam de forma alguma.

O longa nos mostra que ao visitar o pai doente, uma jornalista de Washington acaba perdendo o controle da própria história e se torna um dos personagens da matéria que está tentando escrever.

Sabemos que a pegada do diretor Dee Rees é daquelas mais lentas pelos filmes que já fez, mas geralmente ele procurou nos anteriores segurar um pouco mais a tensão, criando personalidades intensas através dos personagens principais, o que não ocorreu aqui, pois optaram por deixar tudo nas mãos da protagonista, e sua personagem não é das melhores para agradar, ou seja, ele quis que tudo fosse resolvido pela protagonista, e o longa tinha muito mais para abrir os caminhos com outros personagens, e dessa forma não foi agradável ver a falta de atitudes nas resoluções da trama, e o longa acabou bem enroscado tanto na parte de direção, quanto na trama, não empolgando em momento algum, e muito pelo contrário, a cena mais intensa do filme ocorre algo que é revoltante, pois ver um pobre cachorrinho ser explodido é maldade demais.

Agora nem sempre podemos culpar os diretores por uma trama não funcionar, pois as vezes são colocados atores inexperientes ou grandes nomes sem muita vontade, e foi exatamente o que acabou ocorrendo, pois o elenco é bem estrelado e em momento algum vimos ninguém puxar a responsabilidade para si, ou seja, todos pareceram fazer suas cenas soltas e jogadas. Claro que Anne Hathaway sozinha não poderia fazer muita coisa para que um filme baseado em fatos reais funcionasse, e dessa forma sua Elena até tenta ser imponente em algumas cenas, mas não consegue chamar a atenção, e isso é muito estranho de ver, pois ela sempre teve filmes solos bem fortes, ou seja, podemos dizer que a trama não a empolgou também. Ben Affleck é quase um enfeite cênico, aparecendo em 3 a 4 cenas com seu Morrison, e sempre enigmático de atitudes, ou seja, não diz a que veio, e falha consideravelmente com isso. Willem Dafoe entrega sua tradicional loucura como Dick, e até podemos dizer que seu personagem de uma forma enigmática acaba acertando, mas não vai muito além com isso, pois o filme se volta completamente para sua filha, e com isso ele acaba apagado. Edi Gathegi trouxe uma boa dinâmica com seu Jones, e com isso nas cenas que aparece o filme tem um certo gás para nos manter acordados, ou seja, ele até encaixa bem seus atos e poderia ter sido melhor usado. Quanto aos demais, alguns até apareceram mais vezes em cena, mas nenhum chega a chamar algo para si, e com isso tanto Rosie Perez como uma jornalista imponente, quanto Toby Jones como um empresário que mantém coisas ocultas no país, fizeram muito para o filme.

No conceito visual a trama até teve algumas cenas bem trabalhadas, mostrando o tráfico de armas, a guerra civil pegando fogo, e alguns atos heroicos acontecendo em festas, e em locais mais afastados da civilização, mas nada que você parasse e falasse algo brilhante da produção em si, ou seja, um filme fraco de tudo também, com uma fotografia seca de cores, sem muito brilho, sem nada para contextualizar bem a época, tirando claro os telefones, fax, e tudo mais para se passar a notícia adiante, e assim sendo poderia ser algo mais bem trabalhado.

Enfim, é um filme bem fraco, cansativo, com um ritmo extremamente lento, e que não tenho nem como recomendar ver em qualquer momento, pois se eu que "tenho" de ver os filmes quase dormi e fiquei com extrema vontade de parar e mudar para outro filme, qualquer outra pessoa com muito menos tempo já teria pego o controle e visto qualquer outro, então o que digo é que economizem essas duas horas e vejam qualquer outra coisa, pois certamente será bem melhor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até lá.

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O Homem Invisível (The Invisible Man)

3/01/2020 02:02:00 AM |

Sei que tem uma galera que é completamente contra remakes, mas como costumo dizer, se os roteiristas andam meio sem ideias novas, talvez uma requentada de marmita com novas tecnologias e pegadas funcione, e aqui no novo "O Homem Invisível", só tem o nome e alguém invisível para dizer que é parecido com o que marcou época lá em 1933, pois toda a ideia foi mudada para algo bem mais tecnológico (afinal não tínhamos super micro câmeras no passado como é o caso aqui!), e até que o suspense é bem montado, de modo que acabamos nos envolvendo bem de leve, porém o uso da ideia poderia ter ido mais além, pois focaram bem mais na loucura da jovem, do que na violência, no assédio e tudo mais que poderia acontecer com alguém invisível, ou talvez até algo além como roubos, mas o exagero acabou pegando e não funcionando como deveria. Ou seja, é um filme interessante, que causa uma certa tensão por não conseguirmos ver detalhes, e ficarmos procurando pelo ambiente da mesma forma que a protagonista na caça do seu ex-marido, mas nada que impressione realmente ao ponto de querermos rever, ou até querer uma sequência quem sabe, pois se antes a ideia era colocar os Monstros da Universal dentro de um Dark Universe conectado, aqui como uma obra solta, o filme também focou demais em um lado e ficou solto demais para agradar ao final.

O longa nos conta que presa a um relacionamento violento e controlador com um rico e brilhante cientista, Cecilia Kass escapa na calada da noite e desaparece, para se esconder, com a ajuda de sua irmã, de seu amigo de infância e de sua filha adolescente. Mas quando o ex abusivo de Cecilia comete suicídio e deixa para ela uma porção generosa de sua vasta fortuna, Cecilia suspeita que sua morte tenha sido uma farsa. À medida que uma série de coincidências sinistras se torna letal, ameaçando a vida de quem ela ama, a sanidade de Cecilia começa a se desfazer quando ela tenta desesperadamente provar que está sendo caçada por alguém que ninguém pode ver.

Sempre é bem interessante ver como alguns diretores/roteiristas do gênero terror acabam se saindo com suspenses de ação, pois eles têm tino para algo mais centrado sempre, e quando pegam um filme tecnológico ou que precise algo a mais geralmente entregam pouco, e até acabam se atrapalhando na essência de tensão. Claro que Leigh Whannel acabou muito mais famoso pelas franquias "Jogos Mortais" e "Sobrenatural", e em ambos ele deu seu tom sombrio com algo mais cheio de sangue, de tensão e tudo mais, porém aqui ele surpreendeu bem pouco, tendo um ou outro momento que desse alguns arrepios, mas principalmente ele conseguiu adequar a ideia tecnológica de um ambiente simulado pela visão através de composições fotográficas, ou seja, indo bem nos rumos que foram descobertos pelos cientistas como criar uma invisibilidade de forma "real" para algo ou alguém, e assim a trama tem ao menos um leve realismo, porém como disse no começo o diretor/roteirista ficou com um pé no meio do caminho e outro em cima do muro com o que iria fazer, pois a história ficou muito amarrada na sacada de vingança, e pouco nas possibilidades que a roupa poderia fazer por ele, de modo que teriam tantos vértices para ele seguir que ao optar pelo exagero total em cima da moça e dos amigos dela, o filme ficou frouxo, e isso é ruim até para a trama. Claro que como um terror/suspense algumas cenas ficaram boas de ver, mas nada que impressionasse a fundo, e assim sendo o longa só vale mesmo pela boa sacada de fechamento, nas três últimas cenas intensas e que abrem o caminho para uma continuação, pois de resto faltou tudo.

Um segundo problema da trama ficou a cargo das atuações, pois ninguém chamou a responsabilidade para fazer atos incríveis, de modo que a protagonista Elisabeth Moss até tem personalidade, fez caras dramáticas cheias de imponência para tentar se defender, mas sua Cecília é exagerada demais, o que não costuma funcionar, e assim, temos alguns momentos que até torcemos para que o homem invisível mate ela logo e parta para outros rumos. Falando no homem do título, acho que alguns atores famosos estão ficando caros demais para algumas produções, e aqui optaram por pegar atores de séries famosas e ver o que dava, de modo que Oliver Jackson-Cohen até tentou nas cenas que apareceu com seu Adrian, mas foi cínico demais, com sorrisos forçados e olhares jogados, e isso é muito bizarro de ver na tela, ou seja, poderia ter ido melhor. Aldis Hodge deu um estilo até que bem colocado para seu policial James, mas exagerou em olhares desconfiados demais, de forma que não vemos uma personalidade chamativa para ele, mas sim um vértice que ficou parecendo que nem ele sabia o que devia fazer em cena, mas ao menos não se atrapalhou tanto quanto a protagonista. Storm Reid deu um bom tom para sua Sidney, mas na cena que leva um belo dum tapa, exagerou tanto em cena que parecia ter sido rebatida por um taco de beisebol em ameaça, fora todo o teatro que virou com ela e seu pai, ou seja, exageradíssimos atos que poderiam ser mais sutis. E dentre os enfeites cênicos bem trabalhados, tivemos tanto Harriet Dyer com sua Emily forçada, quanto Michael Dorman com seu Tom que foi usado apenas para preencher cena, ou seja, eles tentaram aparecer, mas ao serem colocados não conseguiram ir adiante, ou seja, o elenco inteiro foi problemático.

Visualmente o longa foi bem trabalhado, com locações digamos bem imponentes, como uma mansão enorme cheia de tecnologia (que poderia ser muito melhor trabalhada), uma casa simples que vive em obras, com um porão estrategicamente cheio de detalhes, e muitos ambientes prontos para as cenas serem abertas o suficiente para que olhássemos ao redor tentando encontrar o ser invisível, além de um hospital/prisão bem montado, com uma tonelada de carros no estacionamento, e claro muitas cenas com pouca luz para criar a tensão, ou seja, uma boa sacada montada em cima do visual, que não é algo que seja luxuoso ao máximo, mas valeu pelas cenas de sangue que foram bem feitas.

Enfim, é um filme que até causa um certo sufoco em algumas cenas, que foi bem dirigido, mas que a falta de atores melhores, e um trabalho maior de desenvolvimento de tudo, acabou deixando ele um pouco abaixo do que poderia ser, e que mesmo tendo ambientes incríveis acaba arrepiando menos do que deveria. Não digo que seja um filme ruim, mas também passa bem longe de ser daqueles terrores marcantes, de modo que o filme funciona dentro do que se propõe, porém como disse poderia ter ido muito além, pois tinha tudo para isso. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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A Hora Da Sua Morte (Countdown)

2/28/2020 02:26:00 AM |

Vem aqui no cantinho que vou confessar que sempre gostei da franquia "Premonição", não pelas mortes violentas, mas sim pelo medinho que você acaba ficando de algumas coisas (vê um caminhão cheio de toras de madeira = muda de faixa na rodovia; falam que acupuntura é excelente, mas não passa nem perto de uma clínica, e por aí vai), e quando vi o trailer do filme "A Hora Da Sua Morte", fiquei na cabeça que seria algo bem semelhante com a franquia, e eis que hoje ao conferir a trama, senti muito o mesmo teor, fiquei ressabiado com algumas coisas (nem vou procurar saber se existe o aplicativo, vai que né!!! Quem quiser que procure por sua conta!), e isso que é legal de ver em um bom filme de terror, pois você acaba se divertindo com os sustos dos outros em alguns filmes, em outros senti nojo e tudo mais, mas vai para casa e fica de boa, mas esses não, esses você sai pensando, nem olha no retrovisor/câmera do carro, e tudo mais, de forma que a trama acaba funcionando mesmo sendo bem simples, e tendo pedacinhos de diversos outros. E sendo assim, um filme que certamente muitos nem darão bola, outros críticos irão só chutar ele falando ser bizarro as diversas coisas que acontecem, outros irão procurar mil erros e bobeiras, mas o Coelho aqui só tem uma coisa pra falar do longa: que achei super bacana e que recomendo demais a loucura toda como um bom filme de terror deve funcionar, e já quero a continuação na mesa dos produtores pra ontem!

O longa mostra que um novo aplicativo que promete prever o momento exato da morte de cada pessoa está virando uma febre. Mesmo sem acreditar, a enfermeira Quinn resolve baixá-lo, mas tem uma surpresa: ela tem apenas dois dias de vida. Quando a contagem regressiva começa, coisas sombrias passam a acontecer e ela precisará lutar contra o tempo para sobreviver.

Com toda certeza muita gente irá falar que o diretor e roteirista Justin Dec copiou e colou diversos atos de outros filmes do gênero para montar seu longa completo, mas depois de anos como assistente de diversas produções, o jovem contou com um orçamento bem modesto e fez um filme intrigante, cheio de atos fortes e interessantes, e que acaba assustando quem estiver desprevenido, que acaba dando um certo arrepio de tensão em outros, mas que principalmente consegue funcionar como um todo, que mesmo tendo sacadas cômicas incríveis (as cenas com o padre nerd é de tirar o chapéu!) e outras cenas de diálogos idiotas, não vai incomodar aqueles que amam terrores clássicos, e com isso o resultado do filme acabará indo muito além do que um simples filme, mas sim o início de uma franquia que talvez funcione tão bem quanto outras que já estão rolando, e algumas que já desapareceram, e certamente iremos torcer a favor disso, pois sim, o filme tem muitos erros técnicos, mas tem a pegada certa para causar, e isso já vale a conferida.

Sobre as atuações, diria que a jovem Elizabeth Lail tem estilo, mas falta saber pegar seu texto e causar com ele, de modo que em alguns momentos sua Quinn vai com tudo, e parece estar com medo, em outros ela se desliga de forma tão forte que acaba sendo estranho de ver, ou seja, ela oscila demais em cena, e poderia ter ido muito além, afinal nas séries que fez todos são apaixonados por ela. Já Jordan Calloway foi preciso com seu Matt, entregando o medo de cara, enfrentando tudo com um temor forte e não ligando para nada, de forma que seu resultado funciona bastante, e até chegamos a torcer por ele. Agora se tem alguém que dá um show na tela é P.J. Byrne com seu Padre John, pois nunca tinha visto um padre nerd em um longa, e o nível de sacadas, de ideias, de envolvimento que o cara conseguiu fazer é algo para ver, rir e aplaudir, pois deu um show com tudo. Quanto aos demais, tivemos alguns exageros de caras e bocas da jovem Talitha Eliana Bateman com sua Jordan, um certo exagero de galanteio de Peter Facinelli com seu Sullivan, e algumas rápidas cenas bem sacadas de Tom Segura com seu Derek, mas nada que seja forçado demais, e com isso eles acabam se destacando dos demais figurantes, e funcionam ao menos.

Visualmente o longa segue bem a linha de terrores escuros, para tentar pegar o espectador desprevenido, tendo como base uma área fechada de um hospital e outros ambientes do mesmo, uma igreja meio diferente pela quantidade de livros, uma loja de informática/celulares, e algumas casas dos protagonistas, mas não necessitando muito do ambiente, pois a sacada toda funciona pelo celular com uma contagem regressiva, e as sombras/vultos/demônios que aparecem do nada para assombrar as pessoas, com maquiagens fortes e bem determinados, ou seja, são cenas tensas de mortes, e que vão causar até um leve desconforto, mas esse era o objetivo da equipe de arte, e acabou funcionando nesse quesito. Mesmo com uma fotografia escura, o resultado da trama não fica apagado demais, pelo bom uso das luzes dos celulares, e com isso o filme tem uma densidade cênica bem intrigante e funciona bastante.

Enfim, é um filme simples, que entrega um nicho que poucos gostam, mas que agrada bastante pelas cenas bobas bem funcionais, e com isso quem for mais medroso sairá da sessão pensando um pouco, olhando para os lados, e que com certeza nem pensará em olhar para os aplicativos do celular para ver se existe mesmo tal aplicativo (nos comentários do trailer a galera até dá o nome real do brinquedinho, mas não irei testar, deixo isso ao cargo de quem quiser!), e sendo assim recomendo ele demais para quem gosta do estilo, que nem notará tantos defeitos, mas sendo crítico não posso dar uma nota gigante para a trama, afinal tenho de falar também que com as falhas eles podem fazer igual aconteceu com "A Morte Te Dá Parabéns", que o segundo foi imensamente melhor que o primeiro, e quem sabe aqui voltem com algo ainda mais surpreendente, mas que afirmo, vai valer a conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com o texto do outro terror da semana, então abraços e até logo mais.

PS: como público eu daria nota 8 ou 9, mas relevando as diversas falhas espalhadas, vamos ficar com 7 num olhar mais crítico, o que ainda é bem bom!

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Dolittle em Imax 3D (Dolittle)

2/25/2020 11:17:00 PM |

Já disse isso algumas vezes e sempre é bom repetir: vá sempre sem nenhuma expectativa, ou pensando até no pior para ver um filme, que a chance de gostar mais do que verá é bem alta, e isso foi o que aconteceu com a nova versão de "Dolittle", pois já tinha ouvido falar tão mal da produção, que tinha se queimado tanto nos EUA, que estavam até pensando em nem lançar nos cinemas do restante do mundo, mas eis que veio, e posso dizer sem dúvida alguma que é um longa divertidíssimo, bem encaixado dentro da proposta de algo inusitado, que até tem muitas falhas técnicas, mas que surpreende bastante por entregar os personagens de uma forma bem carismática e conseguir ter um começo/meio/fim definido, com a saga do protagonista sendo estranha de ver em sua busca por algo, mas que passa bem em cena, e que felizmente por vir somente cópias dubladas para o interior, acabou surpreendendo bem tanto nas vozes dos animais, quanto nas piadas. Ou seja, é o tradicional filme que víamos bastante nas sessões da tarde na TV, que tem um tom infantil, tem algumas bobeiras desnecessárias, mas que você acaba rindo, e o resultado funciona.

O longa nos conta que depois de perder a esposa, sete anos antes, o excêntrico Dr. John Dolittle, famoso médico e veterinário na Inglaterra da Rainha Victoria, se isola atrás em sua mansão, com a companhia apenas de sua coleção de animais exóticos. Mas quando a jovem rainha fica gravemente doente, Dolittle é forçado a partir em uma aventura épica para uma ilha mítica em busca de uma cura, recuperando suas habilidades e sua coragem enquanto cruza velhos oponentes e descobre criaturas maravilhosas.

O diretor Stephen Gaghan foi bem coeso no estilo que os produtores fantasiosos desejaram para reinventar uma trama que foi bem usada no passado, e embora tenha feito algo deveras infantil, ele soube usar de técnicas de animação bem feitas para se aproveitar do visual, criar todo um sentimento bem colocado, e principalmente desenhar tudo em cima de um conceito, pois o filme tem aberturas tanto para ser único e ficar só nisso, ou ir para outros rumos com continuações, e a grande sacada ficou pelo elo fantasioso não soar bizarro demais, de modo que acabamos nos acostumando com os animais, vendo a forma de tratamento e estudo do personagem principal, e que quem conferir o começo bem explicadinho em forma de desenho vai sair satisfeito com o que o diretor/roteirista fez, de modo que o filme se encaixa sozinho seja qualquer parte vista. Claro que por termos um filme que vem aparecer tão pouco tempo após a saga que muitos gostaram com Eddie Murphy fazendo o mesmo personagem, a maioria está reclamando horrores, outros estão incomodados com o estilo meio jogado do protagonista, e alguns até estão reclamando das loucuras dos animais, mas a sacada também está em tudo isso que falei vir a favor da trama, e sendo assim, ao menos para esse Coelho aqui, a diversão foi bem graciosa.

Não vou ir a fundo no quesito atuações, pois como falei o longa só veio dublado para o interior, mas posso dizer que Robert Downey Jr tem estilo para o formato escolhido para Dolittle, e até caberia bem nas mãos de Johnny Depp caso quisessem, pois tem um visual malucão, umas jogadas meio que de lado hippie, e boas cenas de ação e correria, de modo que o ator acabou se doando bastante para o personagem, trabalhou bem com a computação, e o resultado final funcionou. O garoto Harry Collett foi bem coerente nos olhares apaixonados pelos animais, e soube dosar bem seus atos para convencer de ser um bom aprendiz com seu Stubbins, e isso é legal de ver. Antonio Banderas mostrou estilo para com seu Rassouli, mas também faltou um pouco mais de tempo para desenvolver mais o personagem, e com isso apenas vemos e entendemos de forma subjetiva tudo o que aconteceu em seu passado. Quanto as mulheres da produção, a jovem Carmel Laniado até deu um ar sereno bonitinho para a produção, e talvez caso tenha continuações funcione bem para o filme, enquanto Jessie Buckley fez uma Rainha Victoria que só dormiu, mas não atrapalhou. Agora quanto dos animais, todos foram divertidíssimos, bem colocados, cheios de detalhes visuais que pareceram bem reais, e as vozes nacionais foram colocadas na medida certa, não incomodando de forma alguma como algumas dublagens sem sincronismo acabam sendo feitas, ou seja, perfeito nesse quesito.

Visualmente a trama é bem bonita mesmo, com ambientes coloridos, muitos elementos cênicos, animais cheios de detalhes bem reais, parecendo que filmaram junto em cena com os protagonistas, e com isso o resultado acaba chamando atenção, claro que por termos muita computação em cena, também temos alguns atos estranhos, mas não chega a ser um desastre, pois com um 3D bem trabalhado para segurar os detalhes, colocando boas sombras, mas sem grandes efeitos visuais, o resultado acaba se encaixando, e assim sendo o filme ficou bonito sem soar falso demais, afinal é notável cada ato computacional nos detalhes.

Enfim, está longe de ser um filme perfeito, daquelas obras de arte que vamos lembrar eternamente, mas é um filme gostoso de ver, totalmente família, totalmente daqueles que passarão muito nas sessões da tarde das TVs, e que como disse, quem for preparado para um filme simples vai se divertir bastante, e como de praxe, para fechar o filme tem uma música nova da Sia, que já virou costume de todos os filmes dos últimos anos, então vá sem esperar muito e ria bastante com as desenvolturas dos animais, com as bizarrices do protagonista, e seja feliz. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Chamado da Floresta (The Call of the Wild)

2/25/2020 01:17:00 AM |

Diria que há filmes que conseguem envolver pela história, outros pelo visual, e tem aqueles que conseguem cativar pelos personagens, e "O Chamado da Floresta" se encaixa nesse último exemplar, pois mesmo feito por computação digital, o cachorro Buck é carismático, e mesmo sofrendo muito em sua vida acaba tendo cenas daquelas capazes de você ouvir alguém na sala do cinema soltando um uhuu na hora que o cachorro dá show em cena. Ou seja, é um filme que envolve e até entrega momentos bem interessantes e tensos, porém faltou um algo a mais, que você fica esperando alcançar e o final não entrega, e sendo assim posso afirmar que é um filme bem família, que vai envolver a todos, mas que muitos acabarão esperando por alguma reviravolta, e mesmo o filme não entregando isso, o resultado agrada bastante, e é bem bonito tanto de visual quanto de interpretações (aliás, o cachorro dá show em alguns momentos!).

O longa conta a história de Buck, um cão de grande coração cuja feliz vida doméstica é virada de cabeça para baixo quando, subitamente, é tirado de sua casa na Califórnia e levado para o exótico e selvagem rio Yukon, no Alasca, durante a corrida do ouro em 1890. Como novato na equipe de cães puxadores de trenós - se tornando mais tarde o líder da matilha - Buck vive a aventura de sua vida, encontrando seu verdadeiro lugar no mundo e se tornando seu próprio mestre.

Por ser uma história baseada em um livro de 1903 que Jack London contou o início da exploração da era do Ouro no Alaska, a trama poderia ter fluído melhor, pois o diretor Chris Sanders é daqueles que tem uma boa presença em animações, algumas literárias, e certamente saberia dosar o estilo para que o público tivesse uma felicidade maior ao final, mas ele optou por ir apresentando tudo e não criar um filme com um clímax mais propício de fechamentos, e assim, vemos algo quase que capitular que acontece, mostra, e termina, e que diferentemente de um filme mais fechado não causa a emoção final costumeira. Ou seja, quem for esperando ver uma história casual até vai gostar mais do resultado, mas quem estiver esperando aquele algo a mais que o cinema sempre nos propõe, talvez saia da sala levemente desapontado, embora o filme seja bem gostoso e divertido de acompanhar (claro, tirando os perrengues que o pobre cachorro sofre em sua jornada!). Ou seja, simples e eficaz, mas sem muita desenvoltura.

Quanto das atuações, diria que faltou um pouco de pegada para Harrison Ford que já está tão acostumado a contracenar com computações, e aqui foi singelo demais com seu John Thornton, pois até vemos ele colocando um ar de idoso desapontado com a vida após a perca do filho, mas faltou um pouco mais de carisma para conseguirmos nos afeiçoar com ele, e assim desanima um pouco, mas nada de surpreendente, e assim o seu resultado final é bacana ao menos. Já por outro lado vemos um Omar Sy carismático ao extremo com seu Perrault, de modo que se o filme ficasse mais com ele do que com Ford, o resultado do filme seria bem melhor. Dan Stevens fez daqueles vilões que acabamos odiando muito com seu Hal, e com olhares até fortes ele chama atenção, mas ainda poderia ter ido além não fazendo cenas tão jogadas, e principalmente faltou para ele uma forma melhor de olhar para a computação. Dentre os demais, a maioria foi apenas participativo na trama, de modo que aparecem pouco demais, mas Cara Gee foi ao menos bem colocada com sua Françoise, e teve algumas cenas mais chamativas para conseguir agradar.

No conceito visual a trama foi bem bonita, cheia de cenas com muita neve, muita vegetação, cheia de simbolismos com os animais, e mesmo nos momentos mais estranhos da computação (sim, são muitos!), o resultado acaba aparecendo bem e funciona tanto em quesito de ambiente como de representação, e assim sendo, vemos locações bem interessantes que agradam e chamam atenção.

Enfim, é um filme simples de essência que envolve bem o público, que diverte e empolga, mas que poderia ter ido muito além com um final melhor desenvolvido, e principalmente melhorar ainda mais a computação, pois o trailer estava assustador, e o resultado final ficou bem melhor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, recomendando bem de leve o filme, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Luta Por Justiça (Just Mercy)

2/22/2020 03:03:00 AM |

Não tem como não se emocionar com a maioria das cenas de "Luta Por Justiça", o que faz dele mais um longa obrigatório no conceito de obras com temáticas envolvendo racismo e o que foi feito em cima da obra baseada no livro do verdadeiro Bryan Stevenson foi algo para ser aplaudido por muitos em cada um dos festivais que concorrer, pois tudo foi bem trabalhado, a história conseguiu soar interessante e comovente, e principalmente tivemos atuações dignas de atores aclamados, que conseguiram trabalhar trejeitos, emoções e vivências na tela passando tudo e mais um pouco de cada um dos momentos dos condenados a pena de morte que foram defendidos pelo brilhante e jovem advogado. Ou seja, é daqueles filmes que alguns vão odiar e falar mal, mas a grande maioria que sabe das injustiças que ocorrem em muitos julgamentos, principalmente no que diz respeito à países/cidades racistas, vai se envolver muito e adorar cada ato do longa, valendo assistir com tanto afinco que nem verá passar os longos 136 minutos.

O longa acompanha o jovem advogado Bryan Stevenson e sua luta célebre por justiça. Após se formar em Harvard, Bryan poderia ter optado por um emprego com um bom salário. Ao invés disso, ele vai ao Alabama para defender pessoas que foram condenadas injustamente sem contar com representação adequada, onde terá o apoio da advogada local Eva Ansley. Um de seus primeiros – e mais polêmicos – casos é o de Walter McMillian que, em 1987, foi condenado à morte pelo assassinato chocante de uma jovem de 18 anos, apesar das evidências que apontavam sua inocência e o fato de que o único depoimento contra ele veio de um criminoso com motivos para mentir. Nos anos que se seguem, Bryan se envolve em um labirinto de manobras legais e políticas, além de racismo, à medida que luta por Walter e outros como ele, contra todas as adversidades – e o sistema.

É bem interessante conhecermos um pouco mais do diretor havaiano Destin Daniel Cretton, pois fazendo longas mais direcionados, com temáticas fortes acabou vindo pelas beiradas, e aqui ele já entrega um filme tão envolvente, aonde conseguiu adaptar o livro biográfico do advogado juntamente com diversos outros depoimentos filmados e com isso fazer algo brilhante para nos envolver de tal forma que certamente iremos querer ver mais dele, e em breve ainda virá com um dos filmes mais diferentes da Marvel, ou seja, não só já mostrou serviço aqui, como pode se tornar ainda mais famoso com o que apresentar lá para frente, mas como ainda não sabemos o que vai fazer por lá, posso garantir que o estilo entregue pelo jovem diretor é algo que poucas vezes vimos na telona, afinal ele segura a dramaticidade em enquadramentos diretos, e põe seus atores para forçar a emoção, e o resultado funciona demais.

Dito isso sobre o diretor, temos de ir direto falar das atuações, pois é um show a cada nova cena, e desde os personagens mais simples até os grandes protagonistas cada momento é vivido cheios de emoções e funcionam demais. E antes de falar dos dois principais, tenho de pontuar a emoção incrível que foi não só a cena de execução de Herb vivido maravilhosamente por Rob Morgan, como todas as cenas envolvendo o ator conseguiram ser fortes e bem direcionadas ao ponto de nos apaixonarmos pelo personagem, ou seja, deu show. Ainda falando de um secundário, tivemos praticamente quatro cenas incríveis de Tim Blake Nelson com seu Ralph Myers, e ele simplesmente segurou a onda com trejeitos fortes, com envolvimento e caiu muito bem para o personagem. E claro falando do protagonista, tivemos Michael B. Jordan trabalhando seu Bryan Stevenson com uma vivência forte, segurando a emoção em cada ato mais envolvente, e mostrando uma força fora dos padrões para um advogado, emocionando sem se esforçar e agradando demais quem gosta de um bom longa de tribunais. Outro que foi preciso demais é claro Jamie Foxx, que acabou entregando seu Michael de forma serena, com atos calmos, mas com uma imponência no olhar única de se ver, o que acaba ficando em nossa mente sem precisar de muito, ou seja, também deu show. Além de muitos outros que acabaram acertando a mão em cada detalhe, e daria para falar muito mais, mas vale o destaque para Brie Larson com sua Eva, Rafe Spall com seu Chapman e O'Shea Jackson Jr. com seu Ray.

Visualmente o longa entregou bem os anos 80 com carros, casas e locações características de filmes do estilo, mostrando prisões, as famosas execuções nas cadeiras elétricas (inclusive em uma cena fortíssima mostrando tanto a preparação como o ato sem precisar focar na descarga!), e claro com todas as polêmicas envolvendo diversos estados do Sul dos EUA, trabalhando bem figurinos, cabelos, e criando diversas perspectivas com bem pouco, o que acaba nos envolvendo até mais do que se fosse uma grande produção, e com isso o resultado funciona bem mostrando as diversas diferenças entre as pessoas negras e brancas no condado americano.

Enfim, é um filme incrível, que já pelo trailer imaginei que fosse ser muito bom, mas que foi muito além, e que mesmo tendo alguns defeitos, e algumas oscilações de desenvolvimento, acaba agradando demais, e vale muito a recomendação para que todos vejam o que rolava na época e que se formos a fundo ainda ocorre bastante pelo mundo afora. Então vá aos cinemas, confira e se emocione com tudo o que o longa proporciona, pois vai valer a pena. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Hexitei em dar nota 10 para o longa, mas faltou um pouco mais de atitude por parte dos personagens brancos, ficando um pouco bobos demais em alguns atos, e assim sendo vou tirar um ponto do longa, mas vale muito o filme.


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Maria e João - O Conto das Bruxas (Gretel And Hansel)

2/21/2020 09:06:00 PM |

Vou começar o texto dizendo que não sou contra reformulações de filmes, mudando o teor, criando outros vértices, ou até mesmo indo para outros rumos, mas seja criativo ao menos para que o filme mude completamente o tom e vire outra coisa, não ficando em cima do muro, pois o longa "Maria e João - O Conto Das Bruxas" acabou ficando tão fora de eixo da história original, colocando para jogo um estilo mais sombrio que até se parece com o livro, mas que narrado de uma forma empoderada da protagonista descobrindo seus poderes em contraponto ao seus medos acabou me remetendo mais para os filmes da saga "Crepúsculo" do que para um filme de terror fantasioso que era a ideia original da trama. Ou seja, não digo que foi um filme ruim, pois a fotografia e algumas cenas tensas fazem valer uma rápida conferida, mas certamente esperava ver uma outra coisa na telona, mais tensa e intensa, afinal só faltou lobos e vampiros aqui para vermos a Bela ficar na dúvida com quem ficaria!

A sinopse nos diz que dessa vez, as migalhas nos guiarão por um caminho muito mais sombrio e perturbador. Durante um período de escassez, Maria e seu irmão mais novo, João, saem de casa e partem para a floresta em busca de comida e sobrevivência. É quando encontram uma senhora, cujas intenções podem não ser tão inocentes quanto parecem, que eles descobrem que nem todo conto de fadas tem final feliz.

Diria que o diretor Oz Perkins até tentou ser criativo em cima do roteiro que Rob Hayes fez, mas faltou para ambos uma definição maior de terror para encaixar na trama e convencer o público do que desejavam, pois o que vemos na tela falta amarração, falta determinação, e sobra narração, o que mostra uma falta de símbolos, afinal precisamos ficar ouvindo os pensamentos da protagonista ao invés dela agir, e isso até serviria se fossemos pensar num início de franquia, aonde nós próximos tudo saísse para a quebradeira geral, mas não, é apenas um jeito falho de entregar o roteiro sem precisar gastar muito, e assim o filme cansa mesmo com uma cenografia envolvente e dinâmicas de terror que chamariam bem a atenção, mas fazer o que se foi isso o feitio. Sendo assim, vamos esperar pra ver, pois se ousarem com uma continuação, talvez funcione tudo, mas do contrário, apenas lembrarei dele como "Crepúsculo" versão teen sem romance.

Quanto das atuações, podemos dizer que Sophia Lillis não fez nem 10% do que fez em "It" e precisa muito de uma melhora na sua forma expressiva, pois todas as cenas de sua Maria (Gretel) foram secas demais, com olhares estranhos, ares fracos e atitudes mornas, ou seja, já que estou falando de "Crepúsculo", ela foi quase uma Kristen Stewart no longa, e isso sabemos que não é um elogio. O jovem Samuel Leakey nos entregou João (Hansel) simples e bem preparado para o papel, mas como não faz muito em cena, ele acaba quase que desaparecendo da trama, e talvez tivesse sido melhor usar mais ele. Charles Babaloa apareceu quase que em um flash como Caçador, e não disse ao que veio fazer em cena, e acaba ficando mais estranho o resultado com ele do que funcionando. Agora uma que se entregou tanto para a equipe de maquiagem, quanto para cenas mais intensas foi Alice Krige com sua Holda, pois vemos ela com tantos trejeitos que até podemos ficar receosos de tomarmos algum susto com ela, mas o filme fica tão amarrado na protagonista que esqueceram de usar os demais, e muitos mereciam bem mais detalhes, pois salvariam o filme.

Agora quanto do conceito visual da trama podemos dizer facilmente que o filme foi bem cheio de detalhes, uma floresta concebida com cores intensas de árvores retorcidas, folhas laranjadas, muitas sombras, uma casa cheia de ambientes escuros, comidas fartas e estranhas, e rituais esquisitos, o que acaba até fazendo com que o tom do filme seja bem chamativo e interessante de ver, que aliado a uma fotografia escura, mas cheia de detalhes resultasse em algo bem intenso e funcional, mas como costumo dizer, sem história uma produção imensa acaba falhando, e é o que ocorre aqui.

Enfim, não vou dizer que é uma tremenda bomba, pois até dá para perder um tempo conferindo o longa, e alguns até podem gostar mais do que eu, além de que pode ser que seja o início de uma franquia diferente, mas confesso que esperava bem mais dele, e que iria ver outros rumos para a história, e a forma que acabou sendo narrado demais me desapontou bastante, de forma que acabou nem recomendando ele, mas fazer o que? Vamos então para outra sessão, e torcer para que o próximo filme seja melhor, então abraços e até logo mais.

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Meu Nome É Sara (My Name Is Sara)

2/21/2020 01:55:00 AM |

Chega a ser até interessante o tanto de filme envolvendo o nazismo, as guerras e a segregação judaica que estamos tendo no último ano, de forma que até parece quando alguém dá um tema para a turma e cada um desenvolve de sua forma, e com "Meu Nome É Sara" fomos conhecer um pouco do que rolou na Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial, mostrando uma história real de uma jovem judia que acabou aprendendo muito sobre o Cristianismo com uma amiga (não é mostrado, mas apenas falado) e que usou disso para se passar por uma jovem não-judia que precisava de emprego na casa de uma família de camponeses, vivenciando todos os problemas da região na época, passando medo, e vendo coisas ruins acontecendo ao seu redor também. De certa forma o longa funciona bem, tem impacto suficiente para entregar tudo para o público, mas parece ser até mais alongado do que já é, e com isso acabamos cansando um pouco, mas posso afirmar que as cenas chaves foram bem colocadas, chamam bem a atenção e o resultado se faz valer suprindo as falhas, e assim a força e o envolvimento agrada bastante.

O longa nos mostra que Sara Guralnick é uma judia polonesa de 13 anos de idade, que teve sua família assassinada por nazistas em setembro de 1942. Após fugir para o interior da Ucrânia, Sara usa a identidade de sua melhor amiga para se refugiar em uma vila, onde é acolhida por um casal de fazendeiros. Tudo parece correr bem para o recomeço de Sara, mas ela descobre que seus novos amigos possuem segredos sombrios e, para manter seu disfarce e sobreviver, ela terá que lidar com toda a tensão da situação.

O mais interessante de tudo é que tem surgido versões de diversos países, e a maioria tem tentado falar na língua local do país em que a trama se passa, porém, aqui por ser um longa americano, tivemos muitas cenas faladas em inglês, o que não é ruim, mas acredito que na época o inglês ainda não dominava tanto a região. Dito isso, posso falar que o diretor Steven Oritt em seu primeiro longa-metragem foi bem coerente com cenas densas bem fechadas, trabalhando bem sua opinião sobre cada um dos atos, e não deixando tão aberto para o público, o que sempre julgo ser algo mais certo de se fazer, mas com isso ele segurou demais o filme que tinha possibilidades de aberturas maiores com toda a dramaticidade familiar aonde a jovem foi se esconder, poderia ter trabalhado mais a vida da jovem antes da fuga ao invés de apenas duas míseras cenas, e claro poderia ter instigado mais o público com a pegada tensa entre o quarteto, mas aí não seria algo tão mais real que fora contado pela protagonista, e assim sendo, vamos deixar que o clima mais ameno ficasse como dominante, mesmo que o teor seja bem pesado na totalidade. Sendo assim, o jovem diretor foi bem em seu primeiro filme, e certamente poderá ir mais além no próximo se corrigir esses detalhes de segurança.

Sobre as atuações, acredito que o fato dos atores necessitarem falar mais em inglês tenha sido uma barreira tremenda para não incorporarem tantos trejeitos, pois todos pareceram bem secos em cada uma das situações não transparecendo tanto o envolvimento com seus personagens, mas ainda assim passaram boas ênfases e criaram bons momentos com seus atos, funcionando para o trabalho completo, e dessa forma podemos dizer que a estreia da jovem Zuzanna Surowy foi bem moldada ao ponto de sua Sara ter imponência cênica, conseguir dominar os atos e principalmente não ficar tão dependente dos atores mais experientes, acertando até mais do que errando, o que é bacana de ver. Eryk Lubos também conseguiu ter cenas fortes com seu Pavlo, e sempre procurou direcionar o filme ao seu redor, o que é interessante de ver, mas não deslancha fácil, e poderia ter sido mais ríspido pelo estilão escolhido, mas ainda assim funciona. Michalina Olszanska trabalhou sua Nadya com tantas aberturas que o filme se fosse focado nela teria muitos vértices para tratar, desde a infidelidade, do casamento jovem demais, do matriarcado, e claro do ciúme de uma jovem na casa, além de outros pontos fortes para se discutir, mas como esse não era o objetivo do filme, ela quase rouba a cena, e isso soa como falha para a trama. Quanto dos demais, tivemos bons personagens secundários, mas que sem muito desenvolvimento acabaram apenas apresentados dentro do filme, como o padre, o judeu caolho da resistência, a amiga de feira, os generais, e por aí vai, mas tudo indo por um rumo simples demais de estilos, que até agradam, mas não fluem.

No contexto visual, a equipe de arte foi singela de locações, mas trabalhou bem o envolvimento do campo, criou as tensões familiares, brincou com a cultura ucraniana de ano novo, retratou bem as diversas estações, envolveu todos com bons figurinos e cenas fortes, e mesmo sem ter muitos símbolos acabou passando muito sentimento nos atos representados ao ponto de tudo envolver o público, até chegarmos nas cenas finais aonde a guerra é um pouco mais exibida, e acabaram apelando um pouco demais para a computação, o que não foi ruim de ver.

Enfim, é um filme bem interessante, que peca sim um pouco no ritmo, mas que passa um outro lado da guerra que não foi tão trabalhado em filmes, que foi a vivência dos colonos/fazendeiros durante o período, e sendo assim o resultado agrada bastante e faz valer a conferida para quem gosta de dramas de época. Bem é isso pessoal, fica então minha recomendação e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Partida Fria (The Coldest Game)

2/16/2020 11:18:00 PM |

É sempre bem interessante ver um bom jogo estratégico retratado na forma de filme, e tanto o xadrez quanto a guerra são modalidades em que um erro na estratégia toda pode ser fatal, então o que pode acontecer se juntarmos os dois em um único filme? Certamente essa deve ter sido a pergunta que o roteirista de "Partida Fria" teve, e que acabou resultando em um longa bem intenso de atos, com situações amarradas na medida, que conseguem fazer com que o público se envolva bastante com o protagonista, e claro com tudo o que está rolando ao fundo, afinal sabemos bem o desenrolar da Guerra Fria na época, e que ultimamente voltou a ser falado nos bastidores de ambos os protagonistas (EUA e Rússia) sobre equipamentos nucleares. Ou seja, é um filme de época, mas com uma temática bem atual de quebras de sigilos, de personagens infiltrados, e que através de uma mera partida de xadrez diplomática acaba sendo tema para muitas outras situações. Diria que o filme tem uma fluidez um pouco lenta, e algumas dinâmicas abertas e jogadas demais, mas que de um certo modo fica interessante de acompanhar e o resultado final agrada.

A sinopse nos conta que jogando uma grande partida de xadrez em Varsóvia contra o campeão russo, um brilhante, mas esquecido ex-campeão dos EUA e alcoólatra, Josh Mansky é sugado para o mundo da espionagem e do conflito entre as superpotências do mundo. À medida que a crise militar aumenta, o jogo de xadrez assume uma importância inimaginável. Os americanos correm o risco de perder os dois jogos - o xadrez e o domínio do mundo.

Acredito que o maior problema do filme tenha sido a falta de uma direção mais consistente, pois sempre deixando buracos na trama, o diretor estreante em longas Lukasz Kosmicki acabou fazendo com que sua trama tivesse sim um fluxo bem trabalhado de ideias, mas em momento algum ele fecha o elo mais fraco do momento e tudo se solta, ou seja, ele dependeu mais das atuações e dos materiais de arquivo para amarrar o filme do que o seu próprio roteiro em si, mas longe disso se tornar um grande problema, conseguiram na edição moldar todo o resultado e segurar essas pontas para que nem o filme ficasse cansativo, nem o resultado final desanimasse. Sendo assim podemos afirmar facilmente que é um filme denso, com um tema forte, mas que precisou muito cuidado para não falhar em elementos simples, o que é ruim de ver, porém felizmente acabamos fechando o longa gostando do que é mostrado e esquecendo os erros de lado.

Sobre as atuações, diria que Bill Pullman soube segurar bem seu personagem, fazendo com que seu Mansky tivesse tanto os olhares de um alcoólatra quanto de um gênio, e fazendo boas facetas expressivas, dominando o ambiente e até segurando a trama para outros personagens mais fracos ele acabou fazendo com que o filme fluísse ao seu favor, o que é bacana de ver na tela, mostrando que ainda sabe dar show. Lotte Verbeek entregou uma agente Stone sensual com uma pegada mais simples de olhares, fazendo seus atos sem muita desenvoltura, mas também não pecando pela força, e com isso resulta em boas cenas, mas nada que nos impressione. O adversário vivido por Evgeniy Sidikhin foi fraco demais de expressividade, e se o lado russo dependesse da atuação dele seria uma guerra completamente perdida, mas por sorte tivemos Aleksey Serebryakov como General Krutov, que se impôs bastante e chamou a responsabilidade de vilania para si, dando um ar tenso nas suas cenas de tortura física e psicológica de maneira interessante de ver. Robert Wieckiewicz entregou muita personalidade para seu diretor de cultura da Polônia, e com cenas divertidas pela bebedeira ou pelas atitudes em si que faz, o resultado acaba chamando bastante atenção.

Quanto da parte cênica, por ser um filme polonês, arrumaram locações intrigantes, bem características de paisagens de guerra, mostrando ambientes destruídos, passagens secretas, teatros lotados de pessoas uniformizadas militarmente, dando um contexto até diferente do usual de longas de jogos, e que com uma amplitude simples da direção de arte, mas com características bem centradas o resultado até passa como algo a mais, mas certamente poderiam ter ido além nas cenas de briga, nos momentos de tensão de guerra sem precisar de imagens de arquivo, e assim o resultado visual seria mais completo. A fotografia ficou bem marcada por tons escuros para criar tensão, tendo um ou outro momento com poucos tons abaixo, mas nada que amenizasse a densidade do longa.

Enfim, é um filme que quem gosta do estilo irá assistir e curtir, mas que quem procurar falhas irá achar até mais do que o normal, pois falta um pouco de tudo para um resultado maior. Ou seja, é um bom filme, mas nada surpreendente demais, que até dá para conferir em casa tranquilo num momento mais relaxado, afinal como está no streaming da Netflix, podemos ver na melhor hora possível, e assim acaba sendo a minha recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Preço da Verdade (Dark Waters)

2/16/2020 02:45:00 AM |

Pois bem meus amigos, que somos envenenados involuntariamente todos os dias isso eu já sabia, mas que praticamente tudo começou com o lançamento das panelas de teflon pela grandiosa empresa química descobridora do produto é mais um conhecimento que levo para o túmulo após conferir um filme!!! E certamente muitos irão ficar extremamente bravos durante a exibição de "O Preço da Verdade", tanto que no final a sessão já estava quase parecendo uma sala de debates com cada casal nas suas poltronas discutindo toda a revolta do protagonista, e quem estava sozinho discutindo com sua mente como foi meu caso, pois a trama é daquelas revoltantes, que revelam coisas duras, que mostram que organizações gigantes dominam o mundo e nada se pode fazer a não ser ficar dando murro em ponta de faca até o sangue jorrar, mas com toda certeza acabamos aprendendo muito com o longa, e o resultado de ótimas atuações, de um texto forte, e de uma recriação de quase 15 anos na tela foram precisas e imponentes ao ponto de criar discussões e reflexões, e isso sem dúvida faz valer a conferida.

O longa conta a história chocante e heroica de um advogado que arrisca sua carreira e família para descobrir um sombrio segredo escondido por uma das maiores empresas do mundo e levar justiça a uma comunidade perigosamente exposta por décadas a produtos químicos mortais. O advogado de defesa ambiental corporativo Rob Bilott acaba de firmar uma parceria em seu prestigiado escritório de advocacia em Cincinnati, em grande parte pelo seu trabalho por defender grandes empresas do setor químico. Ele se vê em conflito depois de ter sido contatado por dois agricultores da Virgínia Ocidental que acreditam que a fábrica local da DuPont está despejando lixo tóxico no aterro que está destruindo seus campos e matando seu gado. Na esperança de descobrir a verdade sobre o que está acontecendo, Bilott, com a ajuda de seu parceiro na empresa, Tom Terp, registra uma queixa que marca o início de uma luta épica de 15 anos - que não apenas testará seu relacionamento com sua esposa, Sarah, mas também sua reputação, sua saúde e seu sustento.

É interessante demais ver o peso que o diretor Todd Haynes colocou em cima dos ombros do protagonista com o texto forte e bem pegado que o filme tinha, pois ele trabalhou toda a trama ao redor da densidade que poderia envolver o público e isso funcionou muito, afinal longas que usam argumentos jurídicos, trabalhos de advogados, processos e tudo mais costuma prender demais a atenção de todos, e o filme consegue esse feito na medida certa, sem precisar correr com a trama, nem cansar o público com informações demais, de modo que mesmo entrando sempre na tela datas, isso só serve para relevar toda a burocracia de tempo que um grande processo leva, mas o filme deslancha fácil, e isso era tudo o que Haynes precisava para agradar. Claro que quem não é fã de dramas, de advogados, ou até mesmo tem raiva de saber que tudo no ar está nos matando e não quer crer que essa seja uma verdade, irá reclamar demais do filme, mas a reflexão passada tanto pelo texto jornalístico no qual o filme é baseado, quanto pelo ótimo roteiro criado para que a direção brilhasse é daqueles momentos que vamos certamente lembrar, e digo mais, alguns vão chegar em suas casas e jogar fora tudo que tiver teflon, pois volto a frisar que nunca tinha imaginado do perigo dessa tecnologia maravilhosa que não faz nada grudar, mas que no fundo ajuda a nos matar um pouquinho a cada dia.

Sobre as atuações temos de voltar a um ponto que sempre falo, Mark Ruffalo é o famoso ator completo que quando achamos que algum elemento está prestes a dar errado, ele tira algo de seus olhares, faz um movimento corporal incrível e brilha em cena, de modo que seu Rob é perfeito cenicamente, cheio de vontade, preciso em cada detalhe, e é até engraçado que no final mostram a cena de uma festa aonde o verdadeiro Rob apareceu, e até o estilo dos olhares batem, ou seja, deu show na telona. Outro que deu um belo show na telona foi Bill Camp que veio com tudo com seu Wilbur Tennant, fazendo trejeitos nervosos, incorporando momentos enfáticos e sabendo dramatizar cada cena sua na telona, ou seja, foi muito bem em cena. Anne Hathaway ficou meio que de lado a trama quase inteira, mas sua cena no hospital foi daquelas memoráveis que certamente ganharia uma indicação por ela, pois foi densa e direta. Tim Robbins conseguiu fazer quase todas suas cenas sentadas, colocando um Tom meio que disperso, mas enfático no que tinha de pontuar, e chamou a atenção dessa forma. E para fechar temos de pontuar o quão cínico conseguiram deixar Victor Garber com seu Phil, trabalhando bem no estilo de grandes empresários que pouco estão se lixando para tudo, mas ainda enganando sem pesar na consciência, ou seja, também foi bem colocado.

Visualmente o longa quis brincar com as diversas épocas em que o longa se passa e trabalhou bem penteados, roupas, elementos cênicos, carros, e usou também muito do recurso da fotografia granulada que acabou dando um certo charme para a trama, mas poderiam também ter ido mais além para mostrar as doenças dos animais, pois só as partes infectadas na cena com a granulação acabou não ficando muito bem demonstrada, ou seja, a equipe de arte foi bem coerente com os diversos atos, mas poderia ter ido muito além se não fosse um filme de baixo orçamento.

Enfim, é um filme bem tenso, que nos envolve, faz refletir, e que com boas atuações ainda faz o público ficar bravo com certas situações, ou seja, é daqueles que mesmo não sendo uma produção memorável, certamente iremos lembrar daqui a alguns anos, principalmente quando ouvirmos falar algo de teflon, C8 ou PFOA, e assim sendo vale a recomendação de conferida tanto pela história, quanto pela informação passada. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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