Meu Nome É Sara (My Name Is Sara)

2/21/2020 01:55:00 AM |

Chega a ser até interessante o tanto de filme envolvendo o nazismo, as guerras e a segregação judaica que estamos tendo no último ano, de forma que até parece quando alguém dá um tema para a turma e cada um desenvolve de sua forma, e com "Meu Nome É Sara" fomos conhecer um pouco do que rolou na Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial, mostrando uma história real de uma jovem judia que acabou aprendendo muito sobre o Cristianismo com uma amiga (não é mostrado, mas apenas falado) e que usou disso para se passar por uma jovem não-judia que precisava de emprego na casa de uma família de camponeses, vivenciando todos os problemas da região na época, passando medo, e vendo coisas ruins acontecendo ao seu redor também. De certa forma o longa funciona bem, tem impacto suficiente para entregar tudo para o público, mas parece ser até mais alongado do que já é, e com isso acabamos cansando um pouco, mas posso afirmar que as cenas chaves foram bem colocadas, chamam bem a atenção e o resultado se faz valer suprindo as falhas, e assim a força e o envolvimento agrada bastante.

O longa nos mostra que Sara Guralnick é uma judia polonesa de 13 anos de idade, que teve sua família assassinada por nazistas em setembro de 1942. Após fugir para o interior da Ucrânia, Sara usa a identidade de sua melhor amiga para se refugiar em uma vila, onde é acolhida por um casal de fazendeiros. Tudo parece correr bem para o recomeço de Sara, mas ela descobre que seus novos amigos possuem segredos sombrios e, para manter seu disfarce e sobreviver, ela terá que lidar com toda a tensão da situação.

O mais interessante de tudo é que tem surgido versões de diversos países, e a maioria tem tentado falar na língua local do país em que a trama se passa, porém, aqui por ser um longa americano, tivemos muitas cenas faladas em inglês, o que não é ruim, mas acredito que na época o inglês ainda não dominava tanto a região. Dito isso, posso falar que o diretor Steven Oritt em seu primeiro longa-metragem foi bem coerente com cenas densas bem fechadas, trabalhando bem sua opinião sobre cada um dos atos, e não deixando tão aberto para o público, o que sempre julgo ser algo mais certo de se fazer, mas com isso ele segurou demais o filme que tinha possibilidades de aberturas maiores com toda a dramaticidade familiar aonde a jovem foi se esconder, poderia ter trabalhado mais a vida da jovem antes da fuga ao invés de apenas duas míseras cenas, e claro poderia ter instigado mais o público com a pegada tensa entre o quarteto, mas aí não seria algo tão mais real que fora contado pela protagonista, e assim sendo, vamos deixar que o clima mais ameno ficasse como dominante, mesmo que o teor seja bem pesado na totalidade. Sendo assim, o jovem diretor foi bem em seu primeiro filme, e certamente poderá ir mais além no próximo se corrigir esses detalhes de segurança.

Sobre as atuações, acredito que o fato dos atores necessitarem falar mais em inglês tenha sido uma barreira tremenda para não incorporarem tantos trejeitos, pois todos pareceram bem secos em cada uma das situações não transparecendo tanto o envolvimento com seus personagens, mas ainda assim passaram boas ênfases e criaram bons momentos com seus atos, funcionando para o trabalho completo, e dessa forma podemos dizer que a estreia da jovem Zuzanna Surowy foi bem moldada ao ponto de sua Sara ter imponência cênica, conseguir dominar os atos e principalmente não ficar tão dependente dos atores mais experientes, acertando até mais do que errando, o que é bacana de ver. Eryk Lubos também conseguiu ter cenas fortes com seu Pavlo, e sempre procurou direcionar o filme ao seu redor, o que é interessante de ver, mas não deslancha fácil, e poderia ter sido mais ríspido pelo estilão escolhido, mas ainda assim funciona. Michalina Olszanska trabalhou sua Nadya com tantas aberturas que o filme se fosse focado nela teria muitos vértices para tratar, desde a infidelidade, do casamento jovem demais, do matriarcado, e claro do ciúme de uma jovem na casa, além de outros pontos fortes para se discutir, mas como esse não era o objetivo do filme, ela quase rouba a cena, e isso soa como falha para a trama. Quanto dos demais, tivemos bons personagens secundários, mas que sem muito desenvolvimento acabaram apenas apresentados dentro do filme, como o padre, o judeu caolho da resistência, a amiga de feira, os generais, e por aí vai, mas tudo indo por um rumo simples demais de estilos, que até agradam, mas não fluem.

No contexto visual, a equipe de arte foi singela de locações, mas trabalhou bem o envolvimento do campo, criou as tensões familiares, brincou com a cultura ucraniana de ano novo, retratou bem as diversas estações, envolveu todos com bons figurinos e cenas fortes, e mesmo sem ter muitos símbolos acabou passando muito sentimento nos atos representados ao ponto de tudo envolver o público, até chegarmos nas cenas finais aonde a guerra é um pouco mais exibida, e acabaram apelando um pouco demais para a computação, o que não foi ruim de ver.

Enfim, é um filme bem interessante, que peca sim um pouco no ritmo, mas que passa um outro lado da guerra que não foi tão trabalhado em filmes, que foi a vivência dos colonos/fazendeiros durante o período, e sendo assim o resultado agrada bastante e faz valer a conferida para quem gosta de dramas de época. Bem é isso pessoal, fica então minha recomendação e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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