Amazon Prime Video - Pimpinero: Sangue e Gasolina (Pimpinero: Sangre y Gasolina) (Pimpinero - Blood and Oil)

11/28/2024 01:12:00 AM |

Costumo dizer que o cinema latino, tirando filmes argentinos, gosta demais de entregar tramas puxadas para um lado mais novelesco, e não é ruim isso, pois eles sabem que o público que gosta de novelas vai acabar sendo atraído para as tramas, torcerá para os "mocinhos", ficará bravo com os "vilões", e claro vai querer que tudo de muito certo na tela. E me chamou a atenção o tanto de marketing feito pelo longa da Amazon Prime Video, "Pimpinero: Sangue e Gasolina", vindo e-mails de todos os lados, propagandas e tudo mais, pois aparentava ser uma trama simples sem grandes facetas, mas claro como já estava em minha lista, eis que fui conferir, e digo que tirando essa essência novelesca de mil personagens, suas conexões e afins, o resultado final acaba sendo interessante, de modo que a protagonista poderia ser mais imponente no caos, e até mesmo o rapaz que sobrevive poderia ter feito bem antes toda a treta do ato final para aí todo o restante se desenvolver, mas aí o longa ficaria quase um média-metragem.

O longa se passa no deserto que faz fronteira com a Colômbia e a Venezuela, onde os contrabandistas de gasolina conhecidos como "pimpineros" arriscam suas vidas transportando combustível ilegal de um país para outro. Quando Juan, o caçula de um clã de três irmãos envolvidos nesse perigoso comércio, é forçado a trabalhar para um rival, o lado obscuro do negócio é revelado com consequências trágicas. Determinada a descobrir os segredos que envolvem essa terra de ninguém, a namorada de Juan, Diana, embarca em uma busca pela verdade.

Com toda certeza a ideia do longa veio para o diretor Andrés Baiz enquanto dirigia a série "Narcos", pois o filme tem essa pegada árida, tem toda a junção de contrabandistas que vão mudando seus produtos conforme vão ficando mais ricos, e claro como já comparei outras vezes novelas e séries, aqui ele desenvolveu bem sua trama ao ponto que facilmente daria para capitular em episódios de uma série curta, mas brincando com as nuances da tela, o resultado funciona, mesmo que falte um teor mais vingativo para a protagonista, pois ela não nos convence do que foi colocado para ela, porém como não é a única, o resultado acabou dependendo mais da história em si do que das atuações, e nisso o diretor que também é o roteirista poderia ter ido muito mais além.

Quanto das atuações, a estreante Hillary Vergara começou um pouco tímida demais sua Diana, de modo que tentou passar um pouco de personalidade na forma de condução do carro do namorado, mas só, pois depois seus atos, mesmo que tendo algumas pontas fortes, ficou morno para algo que precisava ser explosivo, ou seja, o diretor arriscou muito em colocar uma jovem nessa pegada, mas como é bonita, acabou ganhando o papel. Como o fluxo do filme focou muito nos traquejos de Alberto Guerra com seu Ulisses, ele trabalhou sempre aparecendo por demais, de modo que num primeiro momento você fica se perguntando o motivo de tanto focarem nele, mas com a quebra do outro personagem, ficou evidente que ele sendo meio surtado entregaria algo a mais, e isso ele faz no ato final, ou seja, como disse acima, se o diretor coloca isso no meio do filme, veríamos algo muito mais intenso e bacana na tela. E falando do personagem que é meio protagonista, e não vou estragar contando o motivo disso, Alejandro Speitzer trabalhou seu Juan até que de uma forma bem convincente, tendo trejeitos de todos os tipos, tendo presença cênica, mas não teve tantas chances de ir mais além, ou seja, poderia ter feito mais na tela. Quanto da turma dos vilões, tanto David Noreña com seu Don Carmelo quanto Juan Sebastián Calero com seu Miguel tiveram traquejos bem sacados, com pinta de malvados mesmo, com o segundo sendo mais rústico na entrega e o primeiro mais sacana, acabaram bem característicos do estilo fazendo bem o que precisavam para marcar. Agora o produtor do filme, o cantor Juanes, está tão diferente visualmente com seu Moisés, que tive de dar pausa umas três vezes (na Amazon felizmente quando pausamos dá para ver o nome do ator em cena) para ter certeza que era ele ali nas cenas, mas como seu personagem é bem recatado dentro da trama, não se jogou para muito além.

Visualmente o longa vale bastante, pois mostrou bem essa dimensão de travessias de deserto, toda a sacada do contrabando ilegal contra o contrabando "legalizado" (ou aquele que tem padrinhos políticos), ainda tendo boas cenas com os piratas que entra no grupo de roubar ambos os contrabandos, as vendas de gasolina em garrafinhas, os abastecimentos em lugares meio estranhos, muitos tanques, tiros, explosões, e claro o clube de prostituição do chefão, ou seja, a equipe de arte brincou com o ambiente rústico, contando com carros e picapes mais antigonas, e o resultado bem árido funcionou.

Enfim, é um filme que dava para ser mais curto, e também dava para manter a duração desenvolvendo melhor ele sem precisar ter tantos personagens soltos, de modo que faltou uma montagem menos novelesca para agradar mais, e assim o resultado vai agradar bem mais quem gosta desse estilo. Claro que passa bem longe de ser algo ruim, e assim vale a indicação. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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