A sinopse nos conta que em Bornéu, à beira da grande floresta tropical, Kéria acolhe um filhote de orangotango encontrado na plantação de dendê onde seu pai trabalha. Ao mesmo tempo, Selaï, seu jovem primo, se refugia na casa deles para escapar do conflito entre sua família nômade e as empresas madeireiras. Juntos, Kéria, Selaï e o macaquinho vão lutar contra a destruição da floresta ancestral, que está mais ameaçada do que nunca.
Diria que o diretor e roteirista Claude Barras, que foi indicado ao Oscar por "Minha Vida de Abobrinha", até tentou criar uma trama dinâmica e bonitinha de se ver, tendo todo um apego ambiental bem colocado na tela, ousando com personagens quase não muito falantes, mas tendo bem a discussão de quem tem direito ou não ao desmatamento, afinal hoje muitos madeireiros tem licenças ambientais do governo que nem ligam para tudo que vai sumir da frente deles, e assim sendo ele conseguiu desenvolver bem seus "bonequinhos" para contar essa história de um modo lúdico, porém bem colocado, ousando um pouco ali, segurando um pouco acolá, mas soando inteligente e bem colocado visualmente, o que mostra que ainda tem a pegada que lhe deu a indicação, mas sem todo o brilhantismo da época.
Quanto dos personagens não vou falar muito, afinal a cópia que chegou no cinema daqui infelizmente veio dublada, e as vozes não convenceram muito, mas a formatação de bonecos não tão regulares, meio que em um projeto torto e até esquisito é proposital do estilo que o diretor gosta de trabalhar, e a garotinha Kéria conseguiu segurar bem toda a responsabilidade da trama, junto com o macaquinho que acabam adotando por um tempo e seu primo Selaï, que já tem mais a pegada de povo originário da região, não querendo ir para a escola que irá cortar seus costumes, ou seja, tem toda uma discussão extra também na tela, e isso funcionou bem. Ainda tivemos outros animais bem colocados na trama, e alguns bons personagens secundários, mas tudo dando cortes e não indo muito além.
Visualmente as cores são bem puxadas para o verde, afinal a maior parte da trama se passa no meio de uma floresta, mas algo que ficou engraçado e incoerente ao mesmo tempo foi da garotinha sair da sua casa atrás do primo e do macaquinho, cair na floresta, perder o sinal do GPS do celular e tipo estar a quilômetros depois na vila do avô, do tipo que o pai precisou ir de moto buscar passando por vários dias, ou seja, uma falha meio que exagerada, mas que é possível ser vista, e como disse as massinhas do stop-motion foram bem variadas de cores e personagens, o que acaba chamando muita atenção.
Enfim, é uma animação bem simples e bonitinha, que até agrada dentro da proposta de uma consciência ambiental e tudo mais, mas com personagens de pouco carisma e um miolo meio que cansativo, o resultado final acabou sendo algo que não foi muito além na tela, então diria que recomendo com mais ressalvas do que qualidades como uma animação bem mediana. E é isso pessoal, amanhã ainda tenho mais filmes do Festival Varilux para conferir, nesse ano que foi mais alongado para mim do que o normal, mas seguimos firmes, então abraços e até logo mais.
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