A Herança

11/24/2024 02:19:00 AM |

Atualmente tem aparecido bastante longas de terror nacionais, mostrando que essa nova geração de diretores finalmente tem pensado fora da caixa e vem deixando de lado as tradicionais comédias e dramas novelescos para quem gosta de fazer, e faz bem que são os diretores mais antigos. Claro que ainda estamos engatinhando no estilo de projetos, tendo alguns bem bons e outros que falham em detalhes mais bagunçados do que em tramas forçadas, mas acredito que logo mais teremos filmes imponentes do estilo funcionando e servindo para exportar também para outros países. Dito isso, o longa "A Herança" teve uma pegada inicial bem trabalhada, com nuances marcantes, mas que de cara já dava para ver que tinha algo de muito errado ali, porém ao chegar no ato de fechamento acabaram apelando demais, fazendo situações estranhas e até bizarras que não convenceram tanto, ou seja, precisava de um refino melhor, e outro detalhe é que mesmo sendo um filme curto de apenas 80 minutos, tiveram um capricho cenográfico tão grande que acaba parecendo ter bem mais tempo de tela. Ou seja, é um filme que tinha um belo potencial para ir bem mais além, mas que não foi tão bem desenvolvido, e acabou forçando a amizade nos atos finais, de tal forma que vinha calmo e de repente acelerou para chegar ao fim.

O longa apresenta o jovem Thomas, que mora na Alemanha com o namorado, Beni. Mas quando descobre que a mãe, com quem não tinha contato, faleceu no Brasil, ele decide voltar para o país natal junto com Beni e descobre que há uma herança deixada para ele: uma casa no interior que pertenceu a avó que nunca conheceu. Ansioso em saber tudo sobre sua família, ele decide visitar a nova casa, onde foi recebido com amor e carinho por duas tias que o tratam como um menino desaparecido que voltou. A partir daí, Thomas encara os mistérios que envolvem a sua família - uma aproximação que por algum motivo a sua mãe nunca quis. Assim, Thomas vê a chance de se conectar com suas origens e descobrir mais sobre seu misterioso passado. Agora, talvez, ele descubra porque cresceu fugindo de cidade em cidade, e cercado de estranhos cuidados da mãe. Enquanto Thomas se encanta com o lugar e com a sua história antes desconhecida, Beni começa a suspeitar que existe algo muito maior embaixo de toda aquela cordialidade e comoção.

Diria que o diretor e roteirista João Cândido Zacharias chegou para seu primeiro longa metragem de uma forma até que ousada, pois seu filme tem tudo o que uma trama de terror gosta de ter, romance homossexual, gringos indo para o interior do Brasil, tias que nunca conhecemos, e uma casa que só de olhar de longe já tinha tudo para ser muito assombrada, ainda mais se for vasculhar, fora o bolo com um recheio meio azulado suspeito, ou seja, assinou vai dar errado com letras garrafais para os personagens, mas o rapaz segue de boa aceitando a família que nunca viu. Ou seja, o diretor fez toda a base tradicional de um terror familiar com seitas e tudo mais, aonde a presença cênica funciona muito bem, mas o envolvimento acaba falhando em situações tão simples no final, aonde ele se jogou para algo tão exagerado e desnecessário, que talvez num segundo filme não caia nessa ideia, mas aqui precisava de numa primeira sessão teste alguém ter falado para ele.

Quanto das atuações, Diego Montez soube ter presença, e fazer com que seu Thomas tivesse um ar meio introspectivo, porém curioso com a entrega da família que nunca teve, de modo que também passou um pouco de carência na tela, e assim seu personagem acabou soando como uma fácil presa que independente do bolo estar com algo a mais, cairia fácil na conversa das tias. Já Yohan Levy fez o famoso desconfiado de tudo com seu Beni, de modo que poderia ter um pouco mais de atitude em alguns atos, mas fez bem o que tinha de entregar, e seu final foi digno de alguém corajoso, pois eu com certeza já estaria na Alemanha na primeira tocha passando lá fora. Analú Prestes e Cristina Pereira trabalharam muito bem a essência daquelas tias que grudam quando você some muito tempo, que ficam paparicando e perguntando mil coisas, mostrando tudo e mais um pouco, porém nos atos que ficam recitando palavras sabe-se lá em que língua, ficaram meio artificiais na tela, parecendo algo decorado e que até cansou a cabeça delas, mas como toda boa atriz, souberam segurar a onda e entregaram o que precisavam fazer na tela. Diria que os demais não foram tanto utilizados na trama, de modo que nem vale destacar, mas Luiza Kosovski botou o corpo para jogo e fez bem seus atos mais quentes, e Gilda Nomacce deve estar perguntando o motivo de ter aceito o papel, pois apelaram na maquiagem dela.

Visualmente o longa arrumou uma casa de fazenda bem isolada, com móveis antigos e ambientes escuros, passando bem um ar de mal-assombrada, além de muitos detalhes com fotos estranhas, tochas andando pelo meio do mato, uma cripta embaixo da casa, muitas velas e elementos cenográficos bem alocados para chamar atenção, mostrando que a equipe de arte trabalhou muito bem. 

Enfim, é um longa simples e bem feito, que falhou nos atos corridos do final e em algumas maquiagens e coisas bizarra do fechamento, mas que funcionou como um terror interessante de ver, que com poucos detalhes teria ido bem mais além. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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