O longa apresenta o jovem Thomas, que mora na Alemanha com o namorado, Beni. Mas quando descobre que a mãe, com quem não tinha contato, faleceu no Brasil, ele decide voltar para o país natal junto com Beni e descobre que há uma herança deixada para ele: uma casa no interior que pertenceu a avó que nunca conheceu. Ansioso em saber tudo sobre sua família, ele decide visitar a nova casa, onde foi recebido com amor e carinho por duas tias que o tratam como um menino desaparecido que voltou. A partir daí, Thomas encara os mistérios que envolvem a sua família - uma aproximação que por algum motivo a sua mãe nunca quis. Assim, Thomas vê a chance de se conectar com suas origens e descobrir mais sobre seu misterioso passado. Agora, talvez, ele descubra porque cresceu fugindo de cidade em cidade, e cercado de estranhos cuidados da mãe. Enquanto Thomas se encanta com o lugar e com a sua história antes desconhecida, Beni começa a suspeitar que existe algo muito maior embaixo de toda aquela cordialidade e comoção.
Diria que o diretor e roteirista João Cândido Zacharias chegou para seu primeiro longa metragem de uma forma até que ousada, pois seu filme tem tudo o que uma trama de terror gosta de ter, romance homossexual, gringos indo para o interior do Brasil, tias que nunca conhecemos, e uma casa que só de olhar de longe já tinha tudo para ser muito assombrada, ainda mais se for vasculhar, fora o bolo com um recheio meio azulado suspeito, ou seja, assinou vai dar errado com letras garrafais para os personagens, mas o rapaz segue de boa aceitando a família que nunca viu. Ou seja, o diretor fez toda a base tradicional de um terror familiar com seitas e tudo mais, aonde a presença cênica funciona muito bem, mas o envolvimento acaba falhando em situações tão simples no final, aonde ele se jogou para algo tão exagerado e desnecessário, que talvez num segundo filme não caia nessa ideia, mas aqui precisava de numa primeira sessão teste alguém ter falado para ele.
Quanto das atuações, Diego Montez soube ter presença, e fazer com que seu Thomas tivesse um ar meio introspectivo, porém curioso com a entrega da família que nunca teve, de modo que também passou um pouco de carência na tela, e assim seu personagem acabou soando como uma fácil presa que independente do bolo estar com algo a mais, cairia fácil na conversa das tias. Já Yohan Levy fez o famoso desconfiado de tudo com seu Beni, de modo que poderia ter um pouco mais de atitude em alguns atos, mas fez bem o que tinha de entregar, e seu final foi digno de alguém corajoso, pois eu com certeza já estaria na Alemanha na primeira tocha passando lá fora. Analú Prestes e Cristina Pereira trabalharam muito bem a essência daquelas tias que grudam quando você some muito tempo, que ficam paparicando e perguntando mil coisas, mostrando tudo e mais um pouco, porém nos atos que ficam recitando palavras sabe-se lá em que língua, ficaram meio artificiais na tela, parecendo algo decorado e que até cansou a cabeça delas, mas como toda boa atriz, souberam segurar a onda e entregaram o que precisavam fazer na tela. Diria que os demais não foram tanto utilizados na trama, de modo que nem vale destacar, mas Luiza Kosovski botou o corpo para jogo e fez bem seus atos mais quentes, e Gilda Nomacce deve estar perguntando o motivo de ter aceito o papel, pois apelaram na maquiagem dela.
Visualmente o longa arrumou uma casa de fazenda bem isolada, com móveis antigos e ambientes escuros, passando bem um ar de mal-assombrada, além de muitos detalhes com fotos estranhas, tochas andando pelo meio do mato, uma cripta embaixo da casa, muitas velas e elementos cenográficos bem alocados para chamar atenção, mostrando que a equipe de arte trabalhou muito bem.
Enfim, é um longa simples e bem feito, que falhou nos atos corridos do final e em algumas maquiagens e coisas bizarra do fechamento, mas que funcionou como um terror interessante de ver, que com poucos detalhes teria ido bem mais além. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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