Netflix - Quanto Vale? (Worth)

9/07/2021 01:03:00 AM |

Chega a ser bem complicado pensar quanto vale uma vida, como elaborar um processo em cima de um acidente, pois a pessoa já morreu, mas para seus entes o valor da vida dela é gigantesco ou nem tanto, alguns não querem o dinheiro, mas sim a justiça ou a homenagem, e por incrível que pareça existem pessoas que fazem esses cálculos matemáticos para determinar tudo num caso jurídico. E se pensar em um acidente envolvendo uma pessoa já é algo traumático, o que dizer do processo completo do 11/09 nos EUA que teve várias pessoas envolvidas, e claro o governo tentando conseguir que um processo menos traumático por não ter salvaguardado as pessoas disso! Pois bem, essa é a história do lançamento da Netflix dessa semana, "Quanto Vale?", que quem não for fã de dramas mais amarrados, estruturados nos diálogos e cheios de intenções, vai acabar odiando tudo, mas quem entrar no clima e se envolver como os protagonistas, certamente irá refletir muito, irá ver um processo duríssimo de análises, e principalmente vai entender um pouco mais do processo, pois não é algo nenhum pouco fácil, e dessa forma o longa tem um valor até maior do que parece. Então vale!

A sinopse nos conta que após os terríveis ataques de 2001 ao World Trade Center e ao Pentágono, o Congresso nomeou o advogado e renomado mediador Kenneth Feinberg para liderar o Fundo de Compensação às Vítimas de 11 de setembro. Encarregados de destinar recursos financeiros às vítimas da tragédia, Feinberg e a chefe de operações de sua empresa, Camille Biros (Amy Ryan), enfrentam a impossível tarefa de determinar o valor de uma vida para ajudar as famílias que sofreram perdas incalculáveis. Quando Feinberg se une a Charles Wolf, um organizador comunitário que lamenta a morte de sua esposa, seu cinismo inicial se transforma em compaixão quando ele começa a aprender os verdadeiros custos humanos da tragédia

É até engraçado imaginar a junção que deu nas primeiras leituras do roteiro, pois a diretora Sara Colangelo tem a característica de filmes mais leves em seu currículo, com nuances claras e bem trilhadas, enquanto o roteirista Max Borenstein já é daqueles que entrega filmes com muitos efeitos, explosões, dinâmicas rápidas e tudo mais, e juntos entregaram um filme dramático com um certo ar simples, porém de uma precisão no tema com muito impacto, ou seja, algo completamente diferente de ver nas mãos de ambos, e felizmente deu certo, pois acabamos conhecendo um pouco mais dessa formação de fundos de compensação, vemos claro uma pessoa cética e que sempre olhou apenas para um lado começar a pensar em algo mais amplo, e claro vemos todo o lobby dos gigantes querendo aproveitar para ganhar algo no fim das contas, e a grande sacada tanto do roteiro, quanto da direção, foi de não ocultar isso, mostrando nomes e personificações, pois isso ocorre direto, mas nem sempre é mostrado. Sendo assim, posso dizer que o resultado do filme no quesito histórico, por sem embasado em fatos reais, conseguiu ir até além do que é proposto, e isso é muito bom de ver.

Sobre as atuações, é fato que o filme é de Michael Keaton, pois ele fez de seu Ken alguém que inicialmente é tão fechado para as ideias, pensa muito no ar político e matemático, com um ar jurista tão sem bases que não olha ao redor de nada, mas vai aprendendo com as entrevistas, vai conhecendo um pouco mais cada base, e até relembrando discursos seus de outras épocas para se conhecer um pouco mais, e com isso seu ar muda, suas nuances mudam, e o personagem acaba sendo ainda maior do que o papel em si, sendo uma grata surpresa de trejeitos e empatia para ser conferido. E claro que tivemos ainda um Stanley Tucci (sem a sua careca tradicional), fazendo um Charles tão preciso de estilos, sabendo exatamente aonde cutucar no vespeiro, fazendo com que seu luto fosse além de apenas alguém que não sabe o que quer para si, mas sim dar uma amplitude para os demais com cenas fortes, bem expressas e que funcionam como um algo a mais. Dentre as mulheres, vale o destaque para Amy Rian com sua Camille Biros e Shunori Ramanathan com sua Pryia, pois a primeira passou a ficar desesperada com os casos que foram lhe trazendo, e trabalhando olhares acabou indo fundo nas resoluções, enquanto a segunda chegou a perder até a crença nela mesma que poderia ter morrido se tivesse começado um dia antes no seu emprego que ficava no WTC, mas que ao conhecer mais sobre tudo ao redor das entrevistas acaba ajudando até mais os demais a perceberem um pouco de tudo. E sobre os familiares enlutados, é claro que o destaque fica para Laura Benanti com sua Karen Donato, ao mostrar com envolvimento tudo o que era o marido bombeiro num primeiro ato, e já no último se expressar ao saber mais das coisas do marido, mostrando olhares e envolvimentos precisos e muito bem encaixados, entre outros bons atores que foram usados também.

O visual do longa se formos olhar a fundo é até simples, pois temos claro o advogado já bem rico, construindo sua casa dos sonhos na praia, influente por frequentar todos os ambientes presidenciais, e com isso vemos reuniões imponentes, embora sem grandes cenários representativos, mas principalmente vemos as diversas reuniões, cheias de figurantes e atores secundários todos desmantelados pelo ocorrido, então com choros, alguns machucados por terem estado no evento, e claro o grandioso escritório do protagonista, com todos os seus funcionários bem preparados para as reuniões secundárias com cada pessoa envolvida, as diversas cartas e formulários voltando com as documentações, e claro alguns momentos nas casas dos personagens secundários para conhecer um pouco mais, mas nada que mostrasse algum envolvimento extra, pois como disse o fluxo está nos diálogos, e além disso tivemos uma reunião comunitária, e várias imagens dos ataques vindas de TV, porém a maior simbologia em cima do protagonista está na sua coleção de óperas que escuta no seu diskman com fone, aonde vemos seu gosto particular que também é mostrado numa ópera moderna mais estranha.

Enfim, é um longa bem dialogado, com um tema forte para se refletir, que inclusive começa com a cenografia de uma escola de direito aonde nos é melhor exemplificado como alguém dá o valor da vida de outra pessoa num julgamento ou melhor numa negociação de julgamento, e assim usando essa base vamos fluindo para todo o resto do filme que acaba valendo muito a conferida, mesmo que sendo sem um ritmo cadenciado que melhoraria bem mais todo o longa. Sendo assim, recomendo ele para todos, mas se você não é acostumado com dramas mais dialogados, é melhor ver com mais calma, pois pode cansar um pouco. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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