A Casa Sombria (The Night House)

9/24/2021 12:59:00 AM |

Se tem um gênero que gosta de bagunçar nossa cabeça é o tal do suspense/terror psicológico, que quando sabe brincar bem com a trama faz com que até entendêssemos tudo o que se passa, mas saímos com uma bela dor de cabeça das sessões com tudo o que nos é entregue. Digo isso do lançamento da semana "A Casa Sombria", que nos faz pensar em tantas possibilidades que chega a dar um belo nó na cabeça, mas se juntarmos o que o vizinho fala sobre a floresta juntamente com o fechamento entregue chegamos em uma conclusão bem séria sobre um dos maiores problemas da humanidade atual, e que é certamente algo que precisa ser muito bem pautado para que não ocorra coisas piores. Claro que dá para entrar em nuances de fantasmas, de espíritos, e principalmente com tudo o que rola dá pra levar grandiosos sustos durante toda a exibição, mas a essência em si é bem mais forte, e o resultado impacta bastante em quem curtir o estilo.

A sinopse nos conta que lutando por conta da morte inesperada de seu marido, Beth (Rebecca Hall) vive sozinha em sua casa à beira do lago. Ela tenta o melhor que pode para se manter bem, mas possui dificuldades por conta de seus sonhos. Visões perturbadoras de uma presença na casa a chamam, acenando com um fascínio fantasmagórico. Indo contra o conselho de seus amigos, ela começa a vasculhar os pertences do falecido, ansiando por respostas. O que ela descobre são segredos terríveis e um mistério que está determinada a resolver.

Diria que o diretor David Bruckner soube brincar bem com toda a ideia, e sem usar de clichês clássicos trabalhou a essência aterrorizadora juntamente com o ambiente em si, ao ponto que alguns momentos soaram como duplos, outros como imaginários, e até aqueles com ares mais saudosistas, ou seja, ele funciona tanto para assustar quanto para refletir, e facilmente muitos ainda vão ficar pensando o que em cada momento era real ou fruto da imaginação fragilizada da protagonista. Sendo assim, não posso dizer que o longa seja totalmente original, afinal temos muitos exemplares que usam dos artifícios da mente dos protagonistas para aflorar sentimentos e tudo mais, porém a técnica escolhida pelo diretor, junto de uma precisão quase que cirúrgica da atuação da protagonista acabou resultando num filme tenso e bem impactante, aonde a maioria sairá com dor de cabeça por tudo o que acontece, e muitos ficarão na dúvida se realmente entenderam tudo o que acabou acontecendo na trama, mas certamente todos falarão em consenso que é daqueles que vamos lembrar bem.

Sobre as atuações chega a ser daqueles pontos gritantes que a trama só funciona pela protagonista Rebecca Hall acreditar no que está acontecendo com sua Beth, e principalmente conseguir passar isso para os espectadores, pois facilmente poderíamos assimilar que ela está maluca, poderíamos dizer que realmente tem algo ali, poderíamos não acreditar em nada, mas ela passa uma verdade tão segura nos atos que se não fosse pelos dois atos que citei no começo apostaria todas as minhas fichas em espíritos obsessores na casa da mulher quebrando tudo, pois ela é muito convincente em todos os momentos, e aí que está a sacada de suas bebedeiras, de suas necessidades em cima do luto, e claro do isolamento monstruoso no meio do nada que começa a fazer a mente trabalhar, e assim sendo ela nos mostra que é uma tremenda atriz e sabe ser marcante para nos fazer questionar tudo o que é mostrado. E claro que o filme depende muito da protagonista, pois os demais personagens sequer são desenvolvidos, e assim  nem Sarah Goldenberg com sua Claire sempre disponível, mas com trejeitos bem estranhos, nem o vizinho Mel vivido por Vondie Curtis-Hall que sempre escondeu muitas coisas da vizinha, conseguiram ir além em nenhuma cena mais chamativa, sobrando um pouco mais de destaque para Evan Jonigkeit com seu Owen pelos momentos de falas com a protagonista, e claro pelos atos finais estranhos, mas bem conectados com a ideia toda, que funciona bem ao menos.

O visual da trama é bem trabalhado também, pois com uma casa isolada no meio de uma floresta (um dos maiores clichês de filmes de terror), mas não abandonada, toda requintada de vários andares, cheia de elementos simbólicos do relacionamento, muitas garrafas de conhaque, e claro toda a representatividade do lago e o barco aonde o marido da protagonista se matou, com muitas boas sacadas de olhares e sombras, aonde cada um vê o que quer, e passa a enxergar cada ambiente de uma forma dupla, além claro das várias mulheres muito parecidas com a protagonista, além disso tivemos cenas numa escola, cenas numa livraria, mas a base toda fica na casa, que acaba fluindo bem e tendo todas as devidas nuances, afinal é lá que temos todo o ambiente da personagem, todo o estudo de labirintos do marido, e uma essência forte de cada ato.

Enfim, é um filme bem interessante de proposta, que funciona bem tanto como um bom terror (afinal me vi assustado e pulando em diversos atos), como para refletirmos nas peças que nossa mente nos dá em momentos de luto, depressão e isolamento, fazendo ouvir vozes, ver coisas e tudo mais, ao ponto que muitos verão um filme, outros enxergarão algo completamente diferente, mas o resultado final será único de algo que é bem interessante e vale a conferida. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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