Netflix - O Pai Que Move Montanhas (Tata Mută Munții) (The Father Who Moves Mountains)

9/18/2021 06:41:00 PM |

Alguns filmes nos levam a pensar em situações que dificilmente viveríamos, e até aonde iríamos nas nossas atitudes para salvar um ente querido, mesmo que não estivéssemos mais tanto em contato com a pessoa, e claro também o que pensamos ser nossa culpa ou não dentro de um processo de separação. E com o longa romeno da Netflix, "O Pai Que Move Montanhas", temos uma síntese intensa que mostra um pai separado que o filho desapareceu no meio das montanhas com a namorada, e o que nos é entregue são cenas desesperadoras, o homem gastando mundo e fundos, fazendo operações ilegais com a uma equipe de investigação especial e tudo mais para tentar uma localização, mas nem sempre tudo é da forma que queremos, e esse processo pode desandar amizades, famílias e tudo mais, com textos duros e fortes de dizer e de serem ouvidos, e assim tudo é bem marcante na trama, toda a essência funciona bem, e quem gosta de dramas mais fechados certamente irá entrar no clima. Ou seja, está longe de ser um filme impactante, mas serve bem para tirar reflexões, tem uma boa dinâmica mesmo sendo um pouco lento, e principalmente é um cinema diferente do usual, pois não me lembro do último longa romeno que vi, e assim podemos imaginar o estilo que trabalham por lá, que é bem marcante também.

A trama nos conta que Mircea é um policial ambiental aposentado que recebe a notícia que seu filho desapareceu nas montanhas e vai procurá-lo. Depois de dias de busca sem sorte, Mircea monta seu próprio time e volta para as buscas, provocando um confronto com o time de buscas local, mas que não vai impedi-lo de parar a busca.

O diretor Daniel Sandu fez um filme bem forte e todo trabalhado em cima de dilemas porém com um roteiro levemente travado de essências, ao ponto que a todo momento parece faltar alguma explosão seja ela de um desabamento ou de uma briga mais intensa entre os personagens, pois somente com olhares não fica sendo transmitido realmente a dor, o desespero, ou até mesmo a raiva por alguém não ir além nas buscas. E assim sendo o filme até funciona bem, tem suas qualidades expressadas, mas não chega a causar a tensão clássica que um filme do estilo causaria, não sendo algo que vai marcar a vida de quem conferir ele, mas que envolve de certa forma e agrada um pouco, mostrando até que foi uma direção segura, sem grandes nuances, mas efetiva no que desejava mostrar. 

Sobre as atuações, temos de falar das diferentes formas de desespero e como cada um entrega em seu semblante ou atos o que realmente está sentindo, pois cada personagem foi escolhido para demonstrar isso e foi bem no que fez, ao ponto que Adrian Titieni entregou um Mircea bem seco e desesperado pelos erros do passado e tentando corrigir alguns para conseguir o perdão da antiga família, mas o ator foi meio sem explosões, o que acaba soando um pouco falso tudo, não sendo algo ruim, mas talvez um pouco mais de intensidade o marcasse mais. Elena Purea trouxe já aquele estilo de pessoa que sai gritando com sua Paula, e depois passa a acusar as pessoas tanto com olhares quanto com frases fortes e duras de ouvir, de forma que tudo seu soa intenso, mas não foi tão usada quanto poderia, ficando mais no hotel, e talvez alguns momentos na guarda de salvamento chamaria mais atenção. Tudor Smoleanu trabalhou o seu Filip com uma boa dinâmica, sendo daqueles agentes marcantes e claros na forma de entregar as dinâmicas de busca, e sendo seco como qualquer militar envolvendo bem sua maneira e sendo bem feito. Valeriu Andriuta trabalhou o socorrista chefe Cristian com estilo clássico de que estou fazendo o trabalho que dá, não vou matar meus funcionários por um capricho, e assim conseguiu chamar atenção e agradar com as devidas nuances necessárias. Quanto aos demais vale apenas a citação da família da garota, que num primeiro momento estava bem crente de tudo, usando de videntes e sensações, mas depois desligou bem, até ao ponto de levar as devidas bordoadas por parte da mãe do garoto e do pai em certas atitudes, mas nada que tenha sido impactante demais, e até mesmo a atual esposa do protagonista é usada apenas para dar os devidos sentimentos de culpa e desespero, não sendo algo de atuação forte e necessária.

Visualmente temos que falar do ambiente em si, pois a neve é linda, porém muito perigosa, e a natureza não tem como brigarmos ou processarmos, como o pai fez quando uns valentões bateram no filho numa das histórias contada pela mãe, ou seja, a equipe de arte foi bem representativa da cidadezinha pequena na beirada das montanhas, com um hotel luxuoso todo preparado para as festas de fim de ano, uma cabana de socorristas cheia de quadros e diplomas pelos salvamentos feitos, um teleférico antigo e simples que demora eternidades até chegar ao ponto máximo, e toda a montanha com seus percursos de difíceis acessos, as avalanches e muita neve, sendo algo intenso e belo de ver na mesma proporção.

Enfim, é um bom filme, longe de ser algo impressionante, que ficará marcado pela essência da culpa/desespero dos personagens, mas que como história acabou não indo muito além. Vale por ser algo diferente do usual tanto pela história mostrada, quanto por ser um filme de um país que raramente surge algo por aqui, mas faltou aquele ato espantoso e marcante que faria o longa ser comentado por todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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