A Chorona (La Llorona)

9/25/2021 11:59:00 PM |

Confesso que fui conferir "A Chorona" esperando outro filme, pois um longa que foi indicado à praticamente todas as grandes premiações do ano como melhor filme estrangeiro indicado pela Guatemala, que não tem nenhuma tradição nos cinemas, então certamente deveria ser um terror impactante, cheio de nuances políticas e intensas de um general genocida que é aterrorizado por uma de suas vítimas juntamente com todos os protestos na porta de sua casa, e juntamente já com sua velhice e paranoia incorporada poderiam certamente impactar o público. Mas não o filme não causa pesadelos como diz no cartaz, não é assustador, não passa nem perto de ser eletrizante, não tem exatamente nada que se espera de um filme de terror, ou seja, todas as frases do cartaz são extremamente falsas, sendo daqueles filmes tão cansativos tanto pela proposta quanto pela execução, ao ponto que me vi olhando as horas no celular duas vezes, ou seja, é um filme que até poderia ser mais intenso e chamativo com todo o processo do genocídio que mostram nas cenas finais do sonho da esposa do general, poderia causar mais sustos e tensões nas cenas que ocorrem com a empregada pela casa, mas não ficaram enrolando, criando ambiente, e tudo mais que não vai a lugar algum, sendo muito ruim tanto como arte dramática quanto como filme de terror.

O longa nos conta que Alma e seus filhos foram assassinados no conflito armado da Guatemala. Trinta anos depois, é instaurado um processo criminal contra Enrique, um general aposentado que supervisionou o genocídio. Mas ele é absolvido através de um julgamento e o espírito da Chorona é desencadeado para vagar pelo mundo como uma alma perdida entre os vivos. À noite, Enrique começa a ouvi-la lamentar. Sua esposa e filha acreditam que ele está tendo crises de demência relacionada ao Alzheimer. Mal poderiam suspeitar que sua nova empregada, Alma, está lá para cumprir a vingança que o julgamento não foi capaz de fazer.

Sinceramente gostaria de saber o que o diretor Jayro Bustamante, e claro muitos "especialistas" viram para gostar tanto do filme, pois é algo que até tem uma proposta chamativa, mas nada é desenvolvido, nenhum ato causa tensão ou terror, ficamos os 97 minutos do longa esperando algo acontecer (minto, os 90 minutos, pois nos 7 finais vemos ainda a esposa do general tendo alguns sonhos que mostram como a empregada morreu) e nada acontece. Ou seja, é daquelas tramas que até poderiam gerar um algo a mais, mas tudo é tão subjetivo, tudo é tão cansativo, tudo é tão massante, que até mesmo as musiquinhas dos protestos fora da casa acabam sendo mais interessantes de acompanhar do que o que rola dentro da casa, mostrando que embora ele não tenha sido condenado à prisão, sua família toda acabou ficando presa em casa e sofrendo algumas consequências, mas nada além disso.

Sobre as atuações é algo até pior ainda de falar, pois María Mercedez Coroy até teve algumas cenas marcantes com sua Alma, mas não vai além em nada, e ainda se analisarmos a fundo sua personagem vemos uma falha imensa da trama, pois se a jovem já estava morta pelo general, não poderia estar tomando banho, lavando paredes, jogando joguinhos com a garotinha, e sim apenas uma assombração, mas tudo no filme é tão estranho que é melhor nem discutir isso, e apenas falar que a jovem fez caras e bocas demais sem ir a fundo em nada. María Telon até trabalhou bem com sua Valeriana, sendo daquelas governantas que fazem de tudo, que mesmo não concordando com alguns atos está do lado dos patrões, e assim ela entrega algumas nuances marcantes nos diálogos, mas também sem fluir muito. Sabrina De La Hoz até foi bem usada com sua Natalia, fazendo indagações sobre a família em si, se preocupando com a saúde de todos na casa, e até tendo várias dúvidas para fluir, mas não quiseram usar tanto ela, e acabou ficando estranho de ver ela em segundo plano. Agora os dois que deveriam ser os protagonistas ficaram com trejeitos e intensidades tão ruins que é decepcionante ver eles em cena, e tanto Julio Diaz com seu Enrique semi-sonâmbulo, tendo cenas mal usadas, com pitadas discutíveis como a cena da ereção, e tudo mais, quanto Margarita Kenéfic com sua Carmen que apenas consentiu tudo que o marido fez no passado, foram muito fracos e não marcaram nada além. Quanto dos demais então melhor nem entrar em detalhes, pois foram meros figurantes, tendo a garotinha Ayla-Elea Hurtado tentado aparecer um pouco mais com sua Sara, mas nada demais.

Visualmente o longa tem algumas boas nuances com uma casa bem antiga, todo o processo do julgamento, todas as cenas dos protestos com músicas, batuques, flautas e muito mais que transformaram a casa dos protagonistas numa prisão, tem toda a energia estranha dos sapos, a ideologia de não respirar embaixo da água que é explicada no final, e até algumas nuances cênicas com o protagonista andando pela casa, mas nada é usado com o propósito de causar tensão, e isso é o que acabou faltando para ser realmente um filme de terror.

Enfim, é daqueles filmes que certamente muitos acabarão indo conferir pela proposta de um terror politizado, com uma intensidade esperada de arrepiar até os pelos dos dedinhos, mas infelizmente nada ocorre, e o desânimo é imenso ao sair da sala. Ou seja, não dá para recomendar para ninguém, e certamente muitos que não lerem a crítica e forem para o cinema vão se arrepender. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando os filmes do cinema, mas amanhã começo com os do streaming que tem bastante coisa nova chegando, então abraços e até logo mais.


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