Amazon Prime Video - O Menino Que Matou Meus Pais / A Menina Que Matou Os Pais

9/26/2021 08:40:00 PM |

É até engraçado a discussão que deu na internet quando foi dito que estavam fazendo um filme sobre o caso Richtofen, mas vemos tantos filmes de casos semelhantes nos EUA e na Europa que acabou sendo apenas preconceito mesmo de brasileiro com algo que ocorreu em nossas terras, então nem vou entrar muito nessa briga e vou direto ao ponto de uma forma diferente. Primeiro tenho de falar que não irei fazer dois textos, pois incrivelmente conseguiram fazer dois filmes bem diferentes, cada um com uma visão do caso, e que cada pessoa irá tirar as devidas conclusões se acredita na história dela ("O Menino Que Matou Meus Pais") ou na dele ("A Menina Que Matou Os Pais"), e até daria para fazer um filme só com uma boa edição impressionante mostrando as duas versões juntas, mas como não ocorreu isso, veja se possível as duas na sequência, veja dois filmes incríveis e acredite em toda a ideia que levou ao crime, pois a mente humana é algo que não dá para analisar, mas as atitudes sim. Em segundo lugar preciso dizer que foram muito a fundo em tudo, pois quando fiquei sabendo que seriam dois longas, meu maior medo era ver as mesmas cenas repetidas e cansativas em sequência, mas não foram bem sacados em ter quase que duas estruturas diferenciadas, cheias de nuances bem colocadas que o resultado acaba chamando muita atenção e se completando. Ou seja, é daquelas obras que podem ser marcadas no cinema nacional e o resultado geral agrada bastante, pois só o filme com a versão dela não dá o impacto necessário, e quando vi a dele, o resultado se complementou e funcionou demais.

O longa se passa em 2002, quando um crime cometido em São Paulo chocou o Brasil. A jovem Suzane von Richthofen, junto ao seu namorado Daniel Cravinhos e seu irmão Cristian, assassinaram seu pai Manfred von Richthofen e sua mãe Marísia. Dezoito anos depois, o caso é revisitado em A Menina que Matou os Pais sob o ponto de vista de Daniel, que revela seus motivos para participar do assassinato.

Diria que o diretor Mauricio Eça teve uma evolução gigantesca depois de fazer filmes da novela "Carrossel" e ir agora para algo mais adulto e certeiro, trabalhando uma essência mais forte até, e sendo algo completamente diferente de tudo o que já fez, pois trabalhou uma história real, que foi montada em cima dos depoimentos dados no julgamento e sem contato com os reais personagens, ou seja, vemos as versões deles contadas para a justiça e elaborado a ficção em cima disso. Ou seja, é daquelas tramas que podem nem ter acontecido tudo bonitinho ou estranho da forma que vemos, mas o desenvolvimento em cima de tudo é tão forte e bem feito que impacta, e mostra que o diretor teve uma equipe brilhante ao seu lado para que a criatividade pudesse ir além e buscar um realismo preciso e bem marcado. Claro que tem alguns excessos, claro que o editor poderia ter chego no diretor e falado que conseguiria criar um único filme bem feito, mas felizmente ambos os filmes funcionam sozinhos, veríamos eles tranquilamente e acreditaríamos na loucura total dos dois lados, mas ao se complementarem o resultado é ainda mais diferente e dá para colocar aquela opinião certeira de quem influenciou quem, ou quem mentiu melhor para quem.

Sobre as atuações tenho de parabenizar sem dúvida alguma todo o elenco por completo pelo que fizeram nas cenas que certamente foram filmadas várias vezes para que o diretor pudesse ter dois cortes diferentes pelo menos, mas muito mais Carla Diaz, Leonardo Bittencourt e Allan Souza Lima, pois os três conseguiram ser outros atores em cada momento, em um filme vemos Carla fazendo uma meiga, toda inocente e virginal Suzane, que foi corrompida pelo namorado que só desejava o dinheiro dela e da família, com nuances sempre sóbrias e diretas, enquanto no outro longa a vemos como uma mulher determinada, que sim também estava apaixonada pelo namorado, mas que o influencia para tudo, e mudando completamente olhares, trejeitos e interpretações conseguiu dar dois estilos de impacto bem chamativos do começo ao fim nos dois longas. Já Leonardo em um filme está com um estilo mais puxado e forte para seu Daniel, com as nuances clássicas de um influenciador, enquanto no outro já faz o bom moço, que está apaixonado pela namorada e faz tudo por ela, mesmo que não queira, mas com tudo o que lhe é contado fica desesperado, e vemos as tensões corporais em ambos os casos muito determinadas e marcantes, o que mostrou um trabalho de preparação muito bom, e claro uma atuação primorosa. E até mesmo Allan que aparece em algumas cenas apenas de uso com seu Cristian soube ser diferenciado em cada filme, trabalhando ainda como alguém que até faz coisas erradas, mas em um parece ser daqueles picaretas completos, enquanto no outro apenas ajuda o irmão numa enrascada, ou seja, fez também olhares e intensões bem diferentes e impactantes que funcionaram muito bem. Ainda tivemos bons momentos de Leonardo Medeiros com um Manfred bem rigoroso e cheio de intenções para com a filha, uma Vera Zimmerman fazendo sua Marisia como uma madame de classe alta que tem problemas, mas está sempre em ação nas situações, tivemos Augusto Medeiros fazendo um Astrogildo marcante de nuances e visto bem diferente em cada um dos olhares do filme, e até mesmo Debora Duboc trabalhou bem sua Nadja em cada um dos filmes, sempre como uma boa dona de casa, com intensidades familiares envolventes e bem colocadas, e somente o garoto Kauan Ceglio foi o mesmo  Andreas nos dois filmes, como um garoto que apoiava tanto a irmã quanto o namorado, era alegre e estava sempre pronto para jogar na lan-house (aliás como está a vida desse rapaz após o crime?).

Visualmente a produção também foi impecável, mostrando cenas de diversos ângulos, com muita representatividade de ambientes, de nuances, e colocando bem em contraponto as duas famílias, uma riquíssima e outra de classe média-trabalhadora, com uma mansão praticamente, uma casa mais simples, jantares chiques contra almoço tradicional bem regado, ainda tivemos festas, praias, cenas em motéis, todas as nuances de um parque diversões, e claro em um filme vemos como foi a cena da morte pelas pessoas que estavam lá, e no outro já vemos mais como foi imaginado. Ou seja, a equipe de arte teve um trabalho bem feito daqueles para impor respeito realmente em grandes dramas mundo afora, mostrando precisão de detalhes e criando algo bem marcante.

Enfim, são dois filmes muito bem feitos, que chamam atenção na essência do crime e em toda a desenvoltura, e que como disse acima, recomendo ver os dois em sequência para tirar as devidas conclusões do caso, mas que dá para ver um ou outro somente e ficar com a impressão passada diretamente. Claro que tem defeitos, tem exageros, faltou um pouco de concisão na montagem para conseguir entregar dois filmes, mas ainda assim é algo que vale a pena, pois mostra algo diferente do que já foi feito mundo afora, e o resultado foi bem bom de ser visto, e sendo assim fica a dica para todos verem na Amazon Prime Video que comprou os direitos de exibição de ambos os filmes, já que os cinemas ainda estão andando de forma mais calma pós-pandemia. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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