TeleCine Play - O Sequestro de Daniel Rye (Ser Du Månen, Daniel) (Daniel)

7/13/2021 12:52:00 AM |

É bem interessante vermos filmes que mostrem as políticas de governos contra sequestros internacionais, pois muitas vezes achamos que as embaixadas ajudam em algo, ou então dão algum tipo de suporte, mas muitas das vezes até atrapalham criando recursos contrários à qualquer iniciativa privada para que a família recupere seu ente querido que está em posse de terroristas, e com o longa dinamarquês que estreou hoje no Telecine Play, "O Sequestro de Daniel Rye", vemos toda essa intensidade na corrida da família em tentar conseguir recursos para trazer de volta o jovem ex-ginasta que se arriscou como jornalista na Síria e acabou sequestrado por grupos terroristas sendo torturado por 13 meses. Ou seja, além de vermos os esforços da família em conseguir fazer tudo nas escuras, ainda vemos o jovem tentando sobreviver com muita violência, pouca comida e nenhuma condição de saúde, tudo sendo bem retratado com muita imponência e sem abertura para dinâmicas estranhas, de forma que vamos acompanhando seu sofrimento e também torcendo por ele. Não diria que seja um filme daqueles que tudo funciona bem, pois é levemente arrastado para tentar passar todo o sofrimento de ambos os lados (do jovem e da família), mas consegue envolver bem e agradar com tudo o que acaba sendo mostrado.

O longa conta a história real e angustiante do jovem fotógrafo de guerra Daniel. Durante uma viagem à Síria em 2013, ele foi sequestrado enquanto tentava documentar a crise dos refugiados em meio à guerra civil. Por mais de um ano, ele foi mantido refém pelo Estado Islâmico, enquanto sua família tentava de tudo para conseguir sua liberdade.

Diria que o diretor Niels Arden Oplev foi preciso em suas intenções, utilizando bem o livro de Puk Dansgaard Andersen, pois vemos nuances claras de cada capítulo, de cada sentimento, conseguimos quase sentir exatamente o folhear das páginas de alguém nos contando toda a vivência do protagonista que certamente num primeiro momento pensou "o que eu fui inventar de fazer com a minha vida", "irei morrer aqui", "prefiro morrer logo", e por aí vai, pois tudo é humilhante, degradante e que com muitos símbolos vamos entrando nos diversos conflitos passados, e o mais bacana da trama foi utilizarem a ideia de não retratar quem são os terroristas, seus afincos e tudo mais, afinal isso nem o personagem principal ficou sabendo, pois eles os chamavam de Beatles pelos portes, e os negociadores conversavam com sub negociadores, nunca chegando realmente ao grupo, e assim sendo vemos que são infinitos grupos terroristas, cada um na sua luta separada, na sua própria guerra, negociando reféns entre si, e tudo mais. Ou seja, o diretor conseguiu criar duas frentes igualmente tensas ao retratar a vida do refém nesses 13 meses, e toda a loucura da família em conseguir doações, empréstimos e tudo mais para pagar o resgate, algo impróprio para maioria dos países, e assim a intensidade de olhares, o desespero dos pais em não ter mais o que fazer é tão semelhante ao desespero do jovem em não saber o que mais fazer para sobreviver ali, tendo um ou outro alento quebrado em seguida. Ou seja, uma perfeição nítida de intensidades, e muito bem dirigida, que só não é melhor por querer quase que o público passasse também os 13 meses na tela, mas de resto é precisa e muito bem feita.

Sobre as atuações, a base recai sobre o jovem Esben Smed que fez muito bem o protagonista Daniel, sofrendo de todos os lados, fazendo trejeitos e expressões tanto de dor quanto de desespero, e se jogando completamente em tudo o que o filme pedia que seu papel fizesse, pois muitas vezes víamos em seu olhar a visão de que não iria sobreviver, e mesmo sem esperança nenhuma via algo indo além, ou seja, foi muito bem no que fez, e agradou bastante. Mas claro sabemos o desespero de uma mãe faz a diferença, e as cenas de Christiane Gjelleruph Koch com sua Susanne são de cortar o coração, ver ela não podendo falar nada se fazendo de tudo está bem, depois indo conversar com o dono da empresa que trabalha, ou seja, algo muito claro e perfeito de olhares. Ainda tivemos muita imponência nos atos de Sofie Torp com sua Anita em busca de empresas, se fazendo de intermediadora e indo muito bem em trejeitos fortes, e Anders W. Berthelsen entregando um Arthur misterioso, mas tremendo negociador entre as partes. E claro o mais conhecido do elenco Toby Kebbell vivendo de uma forma forte e bem colocada seu James Foley, que por um certo momento achei que nem apareceria na produção, pois só se falava dele nas negociações, e o ator fez atos bem claros e colocados para serem marcantes dentro da proposta toda. 

Visualmente o longa foi bem intenso ao trabalhar os diversos cativeiros por onde o protagonista passou, cada um com diferentes objetos cênicos bem presentes, desde algemas, correntes, lacres e tudo mais que lhe foi colocado, passando pelos diversos figurinos sujos e destruídos após diversos açoitamentos dos terroristas, além claro de mostrar do outro lado a família simples em busca de recursos, a cena junto do executivo com um contraponto incrível e simbólico pela mãe pagando as poucas coroas do café, e claro ainda toda a tensão de guerra que os EUA fizeram em cima dos locais, além de muitas cenas de execução fortes e bem colocadas. Ou seja, a equipe de arte fez um bom trabalho de pesquisa e soube criar todas as nuances clássicas do estilo sem precisar apelar muito.

Enfim, é um filme bem trabalhado, com um tema e uma montagem forte e muito bem feita, porém um pouco alongado para criar a tensão das duas frentes também nos espectadores, ao ponto que talvez alguns momentos poderiam ter sido mais sucintos para sobrar espaço para alguns atos eliminados, ou seja, é daqueles que vamos nos lembrar do tema e do caso, mas talvez não das cenas em si, pois faltou um pouco mais de dinâmica em tudo para a perfeição cair bem em tudo. Sendo assim recomendo com certeza o filme para todos, mas diria que ele cai quase para um lado mais artístico do que o comercial realmente que pegaria todo tipo de público. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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