Netflix - O Homem Água (The Water Man)

7/11/2021 07:21:00 PM |

Um estilo que gosto muito de conferir são filmes que valorizam o imaginário das pessoas e principalmente das crianças, pois o mundo real já é algo tão ruim de ver, porque o fictício também tem de ser não é mesmo? E com o longa que estreou esse fim de semana na Netflix, "O Homem Água", vi exatamente essa essência gostosa, toda a aventura casual característica que via nos longas da saudosa Sessão da Tarde, e que com muita desenvoltura e boas mensagens consegue funcionar dentro do que se propõe, mostrando ainda que o ator David Oyelowo que tanto tem crescido com bons papeis também tem potencial para grandes trabalhos dirigindo. Ou seja, é uma trama bem elaborada, cheia de nuances gostosas, e que só não é melhor devido o diretor ter afobado um pouco no fechamento, pois daria para ir além na sensação de busca, e até talvez no passar de bastão que emocionaria ainda mais, mas com certeza é um filme para ver e sentir.

A sinopse nos conta que desesperado para salvar sua mãe doente, Gunner de 11 anos foge de casa em uma busca para encontrar uma figura mítica que dizem ter o poder de enganar a morte.

É até estranho ver uma primeira direção tão eficiente quanto a que David Oyelowo fez aqui, ainda mais atuando também no longa, pois ele soube segurar a dramaticidade envolvida, soube passar o carisma dos personagens, e principalmente soube manter a aura infantil que a trama da roteirista Emma Needell também pedia em seu primeiro roteiro para longas. Ou seja, é daqueles filmes que o trabalho completo de texto, direção e atuações funcionam muito bem, emocionam o público, e fazem a mente trabalhar todo o imaginário que era necessário para se envolver com o que passa na tela, sendo algo que mais para frente podemos até ir além em tudo o que foi passado, pensar mais nas mensagens e até ter o carisma certo pelos desenhos do protagonista, pois tudo tem sentido dentro do que ele pensa sobre a morte, sobre seu ar investigativo, e claro por tudo o que está ocorrendo com ele, e assim é até perdoável o errar do diretor em desejar fechar o longa sem algo mais contundente (que até pedia como uma lição extra), mas aí a magia bonita talvez cairia por terra, e o resultado do clima não seria o mesmo. Sendo assim, até o errar funciona bem, e assim vale a conferida mostrando que são raros os primeiros filmes serem bem feitos, mas aqui foi algo bem gracioso e funcional.

Sobre as atuações, o jovem Loonie Chavis faz um papel de um jovem até mais novo do que o ator realmente é, mas seu Gunner passa um carisma tão gostoso de acompanhar, botando as nuances nos seus olhares, abrindo seu imaginário para o público através dos ótimos desenhos que faz, e brincando com o ar investigativo de sua busca pela cura da mãe, mesmo que para isso precisasse acreditar mais nas pessoas e até nele mesmo, ou seja, precisaram dar algo muito forte para o jovem explorar o personagem, e ele acertou muito no que fez em cena. Da mesma forma, logo de cara sabemos que a jovem Jo nunca viu o Homem Água realmente, mas a convicção passada pela jovem Amiah Miller é tão imponente que nos convence e envolve bastante, mostrando ser uma atriz marcante e bem colocada que tem potencial para futuros protagonismos. Agora falando do ator David Oyelowo, e deixando o lado diretor de lado, aqui ele foi um pouco duro demais de expressões, não mostrando seu lado envolvente característico para mostrar um pai mais rígido, porém disposto a tudo para não perder o filho, de modo que seu Amos é seco demais, mas ao final caiu bem a personalidade que o papel pedia. Rosario Dawson ficou mais em segundo plano com sua Mary, de forma que passou bem o tom de doença, conseguiu se emocionar ao falar desesperada pelo filho, e teve alguns atos cativantes bem colocados que acabaram agradando bem. Ainda tivemos momentos bem lúdicos com Alfred Molina passando toda a emoção e conhecimento do personagem fictício para o garoto com seu Jim, tivemos a esposa do diretor Jessica Oyelowo dando toda a vontade literária para o protagonista como a dona da livraria Bakemeyer, e até a xerife vivida por Maria Bello teve algumas boas nuances mostrando que o diretor deu voz para todos em sua produção.

Visualmente a trama foi muito bem desenvolvida, brincando com muitos desenhos do protagonista, alguns com uma boa dinâmica de movimentos, dando grandes nuances para o ar imaginário, além disso tivemos toda a grandiosa aventura dos protagonistas no meio da floresta em chamas, com representações lúdicas de animais e claro até vendo a neve que depois ligamos ser as fuligens da queimada, tivemos ainda boas representações da casa familiar do protagonista com um bom clima versus o clima tenso dentro do pequeno trailer que a garota vivia e tinha de criar seu imaginário de fuga, ou seja, a equipe de arte brincou também com tudo, e possibilitou todo o envolvimento que a produção necessitava para ser criativa e funcional.

Enfim, é daqueles longas que irei lembrar mais vezes quando me pedirem uma boa indicação, pois ele trabalha tão bem a essência do imaginário e da busca pela cura de algo que acaba sendo emocionante mesmo com pequenas falhas que tem durante o percurso, valendo bastante a conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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