TeleCine Play - O Protótipo (Archive)

7/12/2021 01:04:00 AM |

Filmes de ficção científica geralmente entregam coisas bem confusas para o público, mas como é de praxe entramos no clima e vamos tentando entender toda a loucura que o diretor tenta nos passar, mas quando um final vira tudo de cabeça para baixo e tudo o que achávamos que estávamos entendendo muda é quase como dar um apagão e acordar sem saber o que viu, pois tudo é novo, todo o processo que havíamos definido em nossa mente vai embora e temos de redesenhar tudo para se surpreender. E foi exatamente isso o que ocorreu ao conferir o longa "O Protótipo", que entrou em cartaz no Telecine Play, e entrega algo muito maluco envolvendo robôs, morte no futuro e muita elaboração tecnológica em cima de tudo o que gira nesses meios. Ou seja, é um filme muito interessante e que surpreende demais com o final entregue, ao ponto de nem entendermos muito do que está rolando no miolo, mas quando vira o jogo, o resultado abre a mente e tudo faz muito sentido, agradando por demais o contexto completo.

A trama nos conta que George Almor (Theo James) se dedica integralmente ao desenvolvimento de uma IA sofisticada. Seu desejo é produzir uma androide similar à sua esposa falecida (Stacy Martin), com memórias implantadas e sentimentos. Com a versão final pronta, rapidamente a situação sai do controle. Almor agora precisará lidar com a consciência dos protótipos criados por ele e as frustrações que impedem sua reconexão com a amada.

Uma das sacadas mais comuns que muitos diretores estreantes gostam de fazer é o ponto de virada explosivo de mentes, pois podem surpreender completamente o público com algo tão impactante que mesmo que seu filme todo tenha sido ruim, tenha tido mil falhas, será lembrado pela reviravolta, e todo o resto será esquecido, ao ponto que muitos acertam com isso e outros erram monstruosamente, mas aqui Gavin Rothery acertou e muito ao utilizar esse molde, pois vou confessar que até a metade da trama já estava xingando completamente o ritmo meio lento em demasia, as conversas abstratas e jogadas com a robô J2, não entendendo nada quando apareceram os demais personagens, mas aí começou a ficar interessante com toda a formatação da J3, tudo passou a ser intrigante e bem colocado, aí surgiu o telefonema, e pronto, o mundo todo foi por água abaixo, e passei a refletir tudo o que aconteceu, mostrando uma sacada tão perfeita que tudo fez muito sentido. Ou seja, é mais um caso de primeira direção bem acertada, mesmo que tenha errado muito no começo, mas que provavelmente já havia pensado em tudo quando escreveu o roteiro.

Sobre as atuações é até engraçado ver Theo James tentando ser mais sério e centrado em um personagem como é o caso de George Almor, ao ponto que certamente caberia aqui um ator mais denso de estilo, pois acostumamos a ver ele explosivo, cheio de ação e tudo mais, e aqui não era esse estilo de papel, mas conseguiu se manter bem presente, trabalhou os envolvimentos de cada momento, e deu até boas nuances, não sendo algo tão chamativo, mas foi bem no que fez. Já Stacy Martin trabalhou de uma maneira mais seca em seus atos e vozes, pois fazendo a voz das duas robôs e ainda a personificação do último modelo poderia ir além, mas claro que robôs não tem muita entonação então preferiram dar quebras mais duras, e isso embora funcione para o personagem em si, ficou estranho, mas com o final escolhido o resultado surpreende e mostra que a jovem foi bem em tudo, e ainda passou horas com uma maquiagem bem intensa para a última androide, agradando bem. Já os demais atores e personagens é melhor nem falar nada, pois diria que foram estranhos num primeiro momento, e apareceram bem pouco, mas com o fechamento tudo funcionou bem para todos.

Visualmente o longa tem uma formatação artificial demais com todo o ambiente interno bem técnico, com galpões, portas que abrem e fecham, todo o lance dos robôs andando, e algo bem pequeno como sendo um lar mesmo, pois somente temos uma sala aonde o protagonista faz as ligações e uma cama em um quarto, não tendo nada de muito chamativo, e lá fora neve e muito frio o tempo inteiro com coisas quebrando aos poucos sem muitas explicações, mostrando que a equipe de arte foi bem fria em detalhes, mas condicional com o roteiro ao ponto de tudo funcionar. Porém essa artificialidade mostra que talvez tenham exagerado um pouco na computação gráfica, coisa que o protagonista já vivenciou bastante em seus filmes, mas aqui poderiam ter trabalhado algo menor e mais compacto para não ficar tão evidente algumas falhas técnicas, que alguns vão ver, mas que passam batido e não estragam o resultado final.

Enfim, diria que é daqueles filmes que num primeiro olhar avaliamos como algo bem mediano, quase beirando a nota 5, mas com a reviravolta tão imponente de derrubar o queixo no chão e mudar toda a visão completa do que era cada detalhe, de vermos tudo sob uma ótica completamente diferente, a nota já sobe bem, e certamente quem conferir o longa por uma segunda vez nem se surpreenderá com mais nada notando cada detalhe em cada momento (não irei fazer isso, pois não gosto de ver nada 2x, mas valeria a pena). Sendo assim recomendo o longa para todos, e esperem até o final para serem surpreendidos, pois vai bater a vontade de desistir no meio. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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