Netflix - Rua Do Medo: 1666 - Parte 3 (Fear Street: 1666)

7/17/2021 02:07:00 AM |

É até engraçado pensar que o estilo que trabalharam com a trilogia "Rua do Medo", baseada nos livros de R.L. Shine se pareça bem mais com uma série do que com um filme, porém felizmente cada filme teve seu começo/meio/fim bem determinados e embora suas dinâmicas se conectem entre si para entendermos tudo com o grandioso final escolhido como uma quarta parte já no final do de hoje, todos podem ser assistidos individualmente e bem entendidos, mesmo dando muita vontade de procurar os demais para querer saber mais. E dito isso, hoje com a última parte, "1666", conhecemos uma trama de bruxaria e poderes, de mitos e quebras de paradigmas numa cultura antiquada, e claro descobrimos tudo o que rolou ali através de um olhar diferente que faz mudar tudo o que vimos nos outros dois filmes, e assim claro, necessitaram voltar para o primeiro filme, fazendo um "1994 - Parte 2" para claro acabar com o mal que começou a franquia. Ou seja, fizeram uma saga tão bem feitinha, com um primeiro filme tenso e ousado, porém bem juvenil, um segundo violentíssimo e clássico com o estilo de terror de acampamentos, porém muito amarrado nos efeitos do primeiro longa, e um terceiro filme solto contando bem como a desgraça da cidade começou com um ritual de bruxaria armado que fez todo sentido com tudo o que ninguém sequer tinha pensado nos outros dois filmes, e assim com boas sacadas nerds e toda uma desenvoltura bem montada puxaram uma rápida conexão com o primeiro filme para finalizar ele em algo bem feito e funcional, que faz valer a saga por completo. Sendo assim, poderia recomendar facilmente apenas esse último para conhecer um longa de ritos, de camponeses que não aceitam mudanças, e claro da busca por poder de uma pessoa que desanda toda a sociedade, e como é mostrado um pouco do que aconteceu nos demais rapidamente no começo já se faz valer por completo, mas se estiver com tempo veja os três, e curta algo que é bem raro acontecer: três bons filmes de terror na plataforma da Netflix.

O filme nos conta que um grupo de pessoas de um pequeno vilarejo colonial é vítima de uma brutal perseguição religiosa durante o século XVII, o que causa efeitos desastrosos por séculos jogando uma maldição assustadora em todos os moradores daquele lugar.

Certamente o nome da diretora Leigh Janiak ficará marcado tanto no grupo dos diretores do gênero terror quanto da Netflix, pois encaixar três tramas boas de terror na plataforma é um feitio gigantesco, ainda mais envolvendo uma temática mais adolescente, e ainda incorporando ares bem violentos, pois outros livros de R.L. Shine foram lançados para o cinema, porém com um ar tão mais voltado para a comicidade que muitos nem imaginavam que seus livros eram feitos para assustar e causar as pessoas, ou seja, a diretora botou o eixo na violência, mandou a direção de arte comprar litros e mais litros de sangue falso, e mãos a obra, acertando em cheio no contexto, trabalhando um desenvolvimento bem carismático e envolvente com bons personagens, e aqui mais especificamente, acertando um trabalho de época muito bem colocado, pois a era colonial é cheia de misticismo de bruxarias, de festivais, e claro de religião culpando tudo e todos que fossem diferente de seus princípios. Ou seja, é um filme intenso dentro da proposta e que marca bem as atitudes dos colonos com suas tochas e desesperos em cima do casal protagonista. Agora se tenho algo para reclamar completamente da franquia completa é a economia de elenco, pois usar os mesmos atores nos três filmes serviu mais para confundir o público do que tudo, pois até podemos dizer que as pessoas vivem para sempre numa comunidade e seus genes se passam de época em época, mas 300 anos é demais para as mesmas famílias com mesmas caras ficarem em duas cidades, e poderiam ter trabalhado um pouco diferente nesse quesito.

Sobre as atuações, se antes tinha reclamado de Kiana Madeira no primeiro filme, aqui ela se jogou completamente no papel de Sarah Fier no longa colonial, fazendo boas expressões e indo a fundo em tudo o que cabia na sua personalidade, e ao voltar para 1994 botou para correr com tudo o que não tinha feito nas suas cenas iniciais, ou seja, é quase como se tivesse aparecido outra Deena na trama, pois caiu com muito estilo em tudo. O jovem Benjamin Flores Junior continuou bem o seu Josh no elo de 1994, mas no colonial com seu Henry já ficou bem contido sem muitas facetas, mostrando que o estilo dele era o mais descolado como um nerd do que apenas um jovem camponês. Se no segundo filme McCabe Slye botou para quebrar literalmente com o machado de seu Tommy, mas fazendo poucas expressões fortes, aqui como o camponês bêbado maluco Thomas fez grandes facetas e incorporou nuances bem intensas e marcantes para o personagem. Outro que também tinha ficado bem em segundo plano no primeiro filme foi Ashley Zukerman como o policial Goode, mas aqui tanto com seu Solomon na era colonial bem imponente, quanto na volta em 94 como policial botou trejeitos para fora e se incumbiu de mostrar a que veio. No primeiro filme embora tenha o lado do romance e do surto de sua Sam, Olivia Scott Welch não tinha se mostrado tanto, mas aqui com sua Hannah e claro completamente doida com sua Sam possuída, deu boas nuances e mostrou um bom serviço completo. Dentre os demais, um destaque positivo ficou a cargo de Darrell Britt-Gibson com seu Martin bem doidão, e um negativo que poderia ter ido bem além para Michael Chandler como o Pastor Cyrus Miller, que deveria ter se imposto mais nos atos religiosos da trama, não apenas com sua cena forte no culto com as crianças, mas de certa forma posso dizer que o elenco todo trabalhou bem e muito para fazer três filmes.

Visualmente o longa foi muito bem elaborado, mostrando a vila colonial com muitos elementos clássicos do estilo, usando desde a sala de reuniões aonde exerciam cultos e claro as discussões sobre tudo da vila, o poço de onde saía toda a água de uso comum, as criações de animais, os personagens que moram mais isolados com suas devidas situações desde medicinais/curandeiras até os menos afortunados, e claro mostrando muitas situações das famosas pragas estragando alimentos, colocando animais fazendo canibalismo, muitas cenas com pedaços de corpos e mutilações violentíssimas, e claro figurinos clássicos da época, trabalhando todo o conceito de longas de terror em vilas, impondo tudo com muito acerto e desenvoltura, e ao voltar para 1994 tivemos ainda uso de luminescências incríveis com sangue e cores no shopping, e toda uma preparação de captura bem moldada com praticamente todos os vilões dos três filmes, agradando bastante tanto nas montagens cênicas, quanto na quantidade de violência que o filme exigia, mostrando que a equipe não economizou em serviço.

Claro que novamente tivemos boas canções, mais precisamente na volta para 94, mas usando de temas orquestrados bem desenvolvidos, o ritmo musical deu um bom tom de época no filme, valendo claro deixar o link para conferirem após ver o longa.

Enfim, foi um ótimo desfecho para a trama toda, sendo algo que vai marcar uma época, e facilmente irá agradar tanto uma galera mais nova que não está acostumada com produções violentas, quanto aqueles que já viram muito terror sujo nos anos 80/90 e sentiam falta disso, mas claro sem tirar o ar juvenil que marcou toda a franquia e assim resultando em algo forte e gostoso de ver. Claro que muitos irão chamar de uma minissérie, outros vão falar que o Coelho entrou pra esse mundo das séries, mas volto a frisar que aqui vi cada um de um modo separado, e que em conjunto funcionou bem também, sendo assim, fico como sendo uma trilogia de três bons filmes (um ótimo "3", um bom "1" e um razoável "2" pelas histórias, mas invertendo os dois últimos pela violência 3,2,1) que juntos ficaram bem bons de indicar, e assim recomendo a trilogia toda para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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