Netflix - A Última Carta De Amor (The Last Letter From Your Lover)

7/25/2021 03:37:00 PM |

Romances geralmente puxam sintonias tão ambientadas que muitos nem gostam de entrar para conferir, seja por achar que nunca isso aconteceria na vida real ou até mesmo por não gostar de um estilo mais meloso, porém quando uma história do estilo é bem feita o resultado surpreende a todos e nos vemos envolvidos de uma forma tão gostosa que tudo passa a ser bonito, tudo faz um sentido, e mesmo que o ficcional vá além acabamos agraciados com o estilo e torcemos por algo que vá além do que parece acontecer, e nem reclamamos tanto dos clichês que são colocados. Comecei o texto de "A Última Carta de Amor" dessa forma pois lembro que quando me indicaram o trailer do longa lá no começo de maio achei bonitinho, mas não esperava que fosse me envolver tanto com a trama, porém hoje comecei vendo ele sem nenhuma pretensão, e quando reparei já estava no meio da investigação das cartas junto com a protagonista, querendo saber mais do passado, mais do romance, querendo detalhes se continuaram juntos ou não, e por aí vai, sendo algo que funcionou tão bem, de uma forma leve e clássica, mas sem jogar nada forçado, que o resultado final é iminente de situações bonitinhas e gostosas de ver, mesmo com os diversos clichês do gênero.

O longa acompanha entre o passado e o presente, a jovem Jennifer Stirling após acordar sem memória, nos anos 60 em Londres. Com isso, ela descobre que escreveu várias cartas de amor para um amante chamado Anthony O’Hare, com o qual estava disposta a arriscar seu casamento. Quarenta anos depois, a jornalista Ellie Haworth encontra as mesmas correspondências e decide investigar o que aconteceu no passado, enquanto tenta lidar com os problemas de seu próprio relacionamento.

Diria que talvez a diretora Augustine Frizzell tenha exagerado um pouco na bagunça temporal do livro de Jojo Moyes, pois o filme mesmo sendo bonito, prendendo a atenção, tendo todo o classicismo de época acabou indo e vindo demais, trabalhando a essência dentro de um contexto amplo e deixando aberto muitos eixos para que os clichês dominassem, lembrando até um pouco o longa "Cartas Para Julieta", porém ela foi bem segura de criar as situações de uma maneira leve e interessante, pois como a época mostrada trabalhava um elo meio que burguês exagerado poderia ter criado um clima mais pesado e forte com tudo. Ou seja, ela soube desenvolver sua história sem precisar recorrer ao estilo literário mais clássico que o livro certamente desponta, pois diferente da maioria das obras literárias que sentimos até o passar das páginas, aqui vemos uma investigação mais rápida, com mais linhas escritas pela mente do que pelo papel realmente, e usando de artifício apenas de leitura nas cartas vemos a trama depender mais das duas protagonistas do que realmente da história, o que não é ruim, mas que certamente os fãs do livro irão reclamar. Sendo assim talvez algo menos simples chamasse mais a atenção, e algo mais cru emocionasse até um pouco mais, porém não vejo o que reclamar como obra romântica, pois acabamos bem envolvidos e o resultado funciona, mostrando atitude e agradando nos pontos certos para darmos os tradicionais suspiros que o gênero pede.

Sobre as atuações como já falei acima o longa dependeu completamente do feitio de Shailene Woodley e Felicity Jones, e ambas conseguiram criar o carisma necessário para que a trama se desenvolvesse bem, ao ponto que Felicity trouxe para sua Ellie a síntese das mulheres que hoje não estão dispostas a nenhum compromisso, seja por algo que tenha dado errado no passado ou até mesmo pelo excesso de confiança em si, e que ao ir trabalhando numa história mais romantizada despertou um outro lado seu que passa a gostar do que vê no rapaz, puxando um romance simples, mas bonitinho pela desenvoltura, enquanto Shailene deu para sua Jennifer o famoso caso dos casamentos arranjados das antigas, aonde uma simples conversa acabava indo para um matrimônio arrastado, aonde não tinha amor entre as partes, mas sim quase que um acordo de vivência conjunta, e que ao encontrar o amor fora dali se envolve por completo numa tórrida paixão que acende outros caminhos em sua vida, e claro que ambas mostraram isso com olhares, com gestuais, e principalmente nas atitudes, quase que uma completando a outra em diferentes épocas, mas com uma sintonia gostosa e bem clássica que conseguiram demonstrar e cativar ao ponto de nos conectarmos a elas. Quanto dos homens, tanto Callum Turner quanto Nabhaan Rizwan não possuem estilos de galã, daqueles que uma mulher tradicionalmente se apaixonaria de cara pelo envolvimento de ambos, porém seus Anthony e Rory mantinham acesas histórias cativantes, que entreteriam as garotas com aquele algo a mais, no caso Callum fazendo de seu Anthony ou Bolt alguém próximo, ouvinte e cheio de gás ao invés de estar sempre viajando como o marido, e Nabhaan trouxe para seu Rory aqueles famosos chatos por detalhes que instigou a protagonista aos erros e curiosidades pelo mundo do arquivo fazendo a conexão, ou seja, assim como as mulheres tinham muito em comum, os homens também foram pela mesma linhagem e o resultado funcionou bem para ambos. Quanto aos demais, Joe Alwyn foi clássico e até chato demais com seu Lawrence, ao ponto que é até difícil ver a jovem protagonista o chamar de Larry, mas encaixou o que o personagem pedia, e fez bem, só poderia ter talvez feito trejeitos mais fortes, pois pareceu até jovem demais. E quanto aos protagonistas já velhos, foi bem encontrado as suas poucas nuances, mas nada que tivesse ido muito além, sendo engraçado ver Shailene virar Diane Keaton (diria até que um envelhecimento luxuoso demais!), e Callum envelhecido virar Ben Cross (que o longa acabou como uma homenagem por sua morte no ano passado) o qual chega a ser até impressionante a semelhança e postura ao ponto de que até achei que tivessem apenas envelhecido o protagonista e não colocado outro ator.

Visualmente o longa é extremamente luxuoso e clássico, mostrando uns anos 60 tão ricos que nem parece que havia o lado hippie rolando mundo afora, com atores sempre com figurinos imponentes, tanto de cabelo quanto de roupas, cheios de envolvimento em locações riquíssimas como rivieras, barcos, restaurantes de luxo, com uma classe sempre marcante e bem trabalhada, e já nos anos 2000 já caímos para dentro de um jornal com seus arquivos amontoados, jovens vivendo em quartinhos minúsculos, mas bem arrumados (afinal o jovem é um arquivista e organização é seu sobrenome), mas claro que tudo tendo um charme bem marcante que a equipe de arte quis trabalhar, usando letras belíssimas nas cartas e claro fazendo o encontro na praça ser de uma beleza marcante com folhas de outono caindo e tudo mais, além de um reencontro natalino no meio da neve. Ou seja, um trabalho impecável da equipe de arte, misturando clássico com envolvimento moderno, mostrando que hoje não teríamos a mesma história com a tecnologia dos smartphones, e assim futuramente não teremos mais esses romances clássicos.

Enfim, posso dizer com toda certeza que é um filme que muitos reclamarão dos clichês, outros acusarão de ser exageradamente parecido com outros longas, mas que certamente quem se deixar levar pelo bom clima acabará se envolvendo bastante, e o resultado final agradará demais, pois é bem leve e gostoso valendo a recomendação para todos os românticos do mundo. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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