Magnatas do Crime (The Gentlemen)

10/24/2020 01:35:00 AM |

É até engraçado falar que conhecemos alguns filmes pela assinatura do diretor, pois alguns nomes entregam tramas feitas de uma maneira tão semelhante com outros filmes seus que já sabemos sem nem precisar aparecer seu nome na tela, e um que tem isso muito marcado é Guy Ritchie, pois geralmente traz filmes bem verborrágicos de diálogos, muitos tiroteios, cenas com sangue pra todo lado, e até alguns absurdos claros de estilo, porém o diretor andou trabalhando em alguns projetos encomendados e não andava atingindo seu ápice. Mas hoje posso falar que com o filme "Magnatas do Crime" ele voltou aos seus tempos áureos, com um filme cheio de situações fortes, com reviravoltas incríveis, e principalmente com uma montagem e uma história tão bem trabalhada de cinema dentro do cinema, que acabamos nos divertindo demais nos últimos atos e torcendo demais por cada situação ser melhor que a outra, ao ponto que se não tivesse estreado tão cedo perante o calendário de premiações, certamente veríamos seu nome cotado à muitos prêmios. 

O longa acompanha um traficante graduado em Oxford que usa suas habilidades para criar um império de maconha. Porém, quando ele tenta vendê-lo para um colega americano bilionário, uma série de eventos passa a se desenrolar, envolvendo assassinato, chantagens, oligarcas russos, gangsters da Tríade e jornalistas corruptos.

Diria que o diretor e roteirista Guy Ritchie quis desenvolver sua história totalmente em cima de um suborno, e quando viu que toda a amarração daria quebras tão fantásticas foi incorporando cada vez mais os momentos ao ponto de seu filme estar determinado do começo ao fim em cima de uma desenvoltura que vai se abrindo e criando mais propostas, ou seja, ele fez algo que até já fez em outros filmes seus, mas aqui a abertura foi tão boa, com reviravoltas tão surpreendentes de acontecer, que ficamos abismados conforme vai acontecendo. Ou seja, ele não apenas criou uma boa trama de gangsteres, máfias e afins que caberia em qualquer outra produção, ele fez um filme desenvolvido com tanta criatividade, usando a sua tradicional forma de bolo para não ter erro, que vamos curtindo cada ato com algo a mais até termos um grandioso fechamento, inclusive com sua participação nele. Confesso que o começo é um pouco enroscado demais, e até demora um pouco para pegar um bom ritmo, mas quando deslancha, não temos tempo para mais nada, e é só ir conectando tudo e ficando feliz com o resultado mais insano possível.

Agora sem dúvida algo que poderia dar muito errado era o filme com tantos diálogos precisos cair na mão de atores sem muita dinâmica expressiva no tom de voz, pois é daqueles filmes que o ator precisa se entregar para convencer o público, mas com um elenco estrelado desse era difícil isso acontecer. E para começar temos Hugh Grant como o aproveitador Fletcher, que dominou todo tipo de trejeitos necessários para tentar subornar os mafiosos, brincando com todas as situações possíveis, determinando os atos com estilo, e principalmente se encaixando em todos os vértices para tentar ganhar algum dinheiro, e é brilhante as jogadas que faz, agradando demais. Claro que temos de valorizar o passe de Charlie Hunnam com seu Ray perfeito, sério, quase que estático, mas preparado para mandar bala e ser certeiro em cada um dos atos, ao ponto que faz tão boas jogadas com tudo que acabamos até rindo de coisas que normalmente não iríamos rir com qualquer outro personagem, ou seja, o ator foi preciso demais do começo ao fim. Matthew McConaughey ultimamente não tem errado com personagem nenhum seu, ao ponto que aqui com seu Michael não seria diferente, e que com dinâmicas precisas, olhares certeiros, e misturando tanto força quanto maturidade para um personagem de classe acabou chamando muita atenção, trabalhando num nível muito acima de tudo e todos, para fazer valer a responsabilidade dada em cada ato seu. Poderia dar destaque para todos os demais, mas o texto ficaria imenso, mas sem dúvida alguma cada um acertou a mão em seus atos chamando tanta atenção que o filme é aberto para todos os lados possíveis, brincando demais de forma que nem sabemos para onde olhamos mais, e desde uma brilhante Michelle Dockery com sua Rosalind, passando por um genial Colin Farrell com seu Treinador, tendo um Jeremy Strong simples e direto com seu Michael, e até o trio oriental caiu bem com Henry Golding como Olho Seco, Tom Wu como Lorde George e Jason Wong como Phuc, ou seja, um elenco perfeito.

A trama também foi muito bem produzida visualmente, ao ponto que desde as fazendas subterrâneas do protagonista, passando pela sua casa imponente, pela casa de seu assistente grandiosa com elementos cênicos bem marcantes como uma churrasqueira bem diferente, mostrando uma oficina da esposa cheia de aparatos, um café bem montado, várias cenas em trânsito, um frigorífico bem detalhado, uma academia de lutas, e muito mais, até chegar nos escritórios de cinema da Miramax, ou seja, a equipe de arte brincou bastante, trabalhou diversos elementos cênicos precisos e detalhados para cada ato, muitas armas, e claro bons figurinos para representar o luxo de cada um dos riquíssimos personagens, sendo um grande acerto para o filme.

Enfim, é daqueles filmes memoráveis, que mostram tanto a precisão do diretor/roteirista em querer entregar uma história envolvente muito bem feita, quanto do elenco que acaba se entregando muito e fazendo cenas brilhantes para serem lembradas, ou seja, vale demais a conferida, e com certeza recomendo para todos que gostem do estilo crime na telona. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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