Netflix - O Homem Sem Gravidade (L'uomo Senza Gravitá) (The Man Without Gravity)

11/12/2019 10:34:00 PM |

Sinceramente não sei o que me atraiu para conferir hoje na Netflix um longa denominado "O Homem Sem Gravidade", pois não tinha uma sinopse intrigante, o pôster não era nada cativante, mas falei em minha mente: "faz tempo que não vejo um filme italiano, vamos ver no que dá!", e cá fui ver o filme, que até é relativamente curto com 107 minutos, mas conforme foi passando o tempo lembrei o motivo que reclamei quase todas as vezes que vi dramas italianos, pois possuem um tema interessante, mas ao desenvolver a história acabam se perdendo e entregando algo meio que sem muito nexo. E aqui infelizmente não foi diferente, pois temos quase 40 minutos do personagem como criança, sem muito desenvolvimento mostrando os perrengues da família em não deixar ele aparecer para as demais crianças, que até funcionam como uma apresentação bem trabalhada com rigores familiares, depois vamos para mais uns 30 minutos com o jovem já crescido como uma aberração circense usada por um empresário, mas que nada chega a fluir, para aí termos os últimos 37 minutos que poderiam fluir algo sobre o relacionamento dele, ou até mesmo algum tipo de reviravolta explicativa de sua doença, ou qualquer outra coisa melhor, mas não terminam com algo mais bobo e fraco possível. Ou seja, se a trama já vinha desandando no miolo, ao final conseguiu jogar tudo para os ares e não cativar como merecia, pois sim até tem a emoção romantizada e tudo mais, mas não atinge nenhum ápice, nenhuma explicação funcional, nada que fizesse por valer a trama, e assim, quem sabe algum dia a história caia nas mãos de algum americano ou inglês mais esperto e faça algo muito melhor, pois é uma trama que dá para ir além.

A sinopse é tão simples quanto o filme, e nos conta que uma criança que desafia a força da gravidade, e é criada isoladamente, torna-se um homem extraordinário e uma celebridade internacional, mas gostaria apenas de uma vida normal.

Em parte temos a explicação do filme não ir muito além, pois esse é o primeiro longa de ficção do diretor Marco Bonfanti após vários documentários, então fica claro que ele não soube ir muito além do desenrolar que seu filme necessitava, pois funcionaria muito bem se descobríssemos de onde veio "seu poder", se junto com sua paixão saíssem em busca de respostas, se fosse sim mais abusado talvez pelo empresário, mas não tudo soa vago de situações, apenas mostrando ele como uma aberração que foi escondida pela família, que não teve a infância nem a juventude como desejava, e que ao virar um anônimo completo reencontra o amor de uma forma inusitada, ou seja, daria para contar a história rapidamente em um curta de 20 minutos, o que também foi algo que o diretor fez muito antes de cair para um longa, ou seja, a famosa frase de encheu linguiça com algo que poderia ter ido muito além. Ou seja, não digo que seja um filme chato, que não convença da proposta, mas que por não ir além fica morno demais para agradar, e como costumo dizer, isso numa plataforma que você pode mudar de filme a hora que desejar é um prato cheio para o público não terminar de ver seu filme, ou seja, poderiam ter ido muito além.

Sobre as atuações, o filme possui um momento bem gracioso com as duas crianças no começo vividas por Pietro Pescara e Jennifer Brokshi, aonde os olhares e sentidos fazem belas harmonias, e até tendo bons momentos com a mãe e a avó vividas por Michela Cescon e Elena Cotta, porém no segundo ato, Michela já não entrega mais tantos olhares, e fica bem segundo plano, com aí entrando o protagonismo de Elio Germano como Oscar já adulto, e ele soube dominar bem os momentos, fazer bons trejeitos levemente apáticos e desanimados em relação ao que estava vivendo com seu agente David, vivido por Vincent Scarito, que também deu muita vivência para o seu personagem, e ao chegarmos no terceiro ato, a trama já estava levemente desconexa, mas parecia ter um rumo melhor com o novo visual do personagem, seus ensejos graciosos já com outro apelido, mas o ator não deslanchou, de modo que ao vermos Silvia D'Amico já temos a certeza do ato que iria desenrolar, e a atriz até trouxe algo mais trabalhado para a trama, porém o resultado desanda novamente, e assim sendo, não posso dizer que nenhum ator conseguiu chamar a responsabilidade cênica ou surpreender com algo na tela.

No conceito visual a trama foi singela, com a casa simples da família bem trabalhada para mostrar as facetas que a mãe e a avó arrumaram para o garotinho não se machucar ou voar demais pelas ruas, depois no segundo ato temos os shows com amarras e tudo mais que pudesse representar o uso do personagem como uma aberração, e já no terceiro ato vemos o uso de pequenos hotéis na Itália para a prostituição, com símbolos próprios bem moldados para que tudo fosse bem feito sem apelações, ou seja, nada que chamasse muita atenção sem ser claro os cabos para fazer o protagonista voar, aliás em determinada cena vemos o jovem usar um tipo de cadeirinha que ficou meio falso com a roupa, de modo que não se preocuparam muito, afinal é um longa de baixo orçamento, e isso é bem sentido no geral do filme.

Enfim, a ideia geral da trama é boa, seu desenvolvimento não foi muito além, mas também não é uma bomba imensa, de modo que dá para curtir alguns momentos sem muita reclamação, porém o fechamento desanda de tal forma que desanima demais, e assim sendo, certamente diria que tem muita coisa melhor na Netflix para conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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