Netflix - Vozes (Voces) (Don't Listen)

12/05/2020 10:18:00 PM |

Pra quem gosta de terror com bons sustos e histórias interessantes é praticamente um martírio caçar algo novo nas plataformas de streaming, ao ponto que quando damos play em um longa que começa bem, geralmente o encerramento é uma bomba imensa, ou seja, são raros os exemplares que chegam e agradam. Porém hoje felizmente dei o play no longa espanhol da Netflix, "Vozes", e foi daqueles de arrepiar em cada momento da trama, brincando com imagens térmicas, vozes em rádios, e claro monstros estranhos que aparecem e desaparecem causando sensações bem estranhas nos protagonistas. Ou seja, é daqueles filmes que você vê esperando algo diferente, que traz uma proposta nova, e que ao brincar com o passado conseguiu ir além na situação, mas claro que como já disse outras vezes, só em filme que alguém entraria sozinho nos lugares, ou fica olhando algo lentamente, pois eu já correria no mesmo instante pra bem longe do lugar. Dito isso, o resultado do filme é bem bacana, intenso, e conseguiu o feito que poucas produções do gênero que estão na plataforma fizeram que é arrepiar do começo ao fim, e ainda ter gás suficiente para ter uma cena pós-crédito que dá trela para uma continuação, ou seja, vale bem a conferida.

A sinopse nos conta que Daniel, Sara e o filho Eric, de 9 anos, chegam à casa onde pretendem começar uma nova vida, sem saber que esta propriedade sempre foi conhecida nas redondezas como “a casa das vozes”. Eric é o primeiro a notar que sons estranhos estão escondidos atrás de cada porta e que vozes parecem estar tentando se comunicar com a família. O que eles culpam como uma invenção da imaginação de Eric rapidamente se torna uma realidade assustadora para seus pais também. Existem realmente vozes na casa? E se sim, de onde eles vêm? Quem são? O que eles querem?

Mais milagre que um longa de terror bom na Netflix, é um longa de terror bom vindo de um diretor estreante (a última vez que isso ocorreu foi em 2004 com "Jogos Mortais"), ou seja, o longa espanhol quebrou dois grandes tabus de uma vez só, pois Ángel Gómez Hernández foi muito certeiro nas cenas de tensão, soube ser bem criativo na ideia toda do roteiro, e principalmente não ficou tão preso a clichês do gênero, de modo que acabamos vendo um filme até mais interessante do que o esperado, causando bons arrepios do começo ao fim, e principalmente não sabendo o que esperar do fechamento, que ainda por cima chamou atenção para algo que não tínhamos imaginado. Ou seja, é algo que fez valer bem a conferida, e que certamente se o diretor seguir o mesmo molde na continuação, indo agora para um exorcismo, o resultado tende a ser bem bacana de conferir também.

Sobre as atuações costumo dizer que quando os personagens não acreditam no que está acontecendo em filmes de terror é a maneira mais fácil de falhar, e aqui todos foram coerentes demais com as situações, enfrentando todos os perigos e tudo mais, parecendo que nem estavam ouvindo as vozes ou vendo as coisas ocorrendo, sem ficar com nenhuma pontinha de medo, ou seja, poderiam ter se impressionado um pouco mais. Dito isso, o garotinho Lucas Blas foi bem com seu Eric no começo da trama, brincando, ficando com medo das sombras, e se assustando em alguns atos, mas certamente poderíamos esperar um pouco mais dele com ele em mais cenas. Rodolfo Sancho trabalhou bem seu Daniel, num misto de loucura e desespero por tudo o que está acontecendo ao seu redor, porém faltou o olhar mais acreditado no que estava rolando, e também se impôs uma coragem exagerada para ir entrando no que tinha embaixo de sua casa, ou seja, foi bem, mas poderia ser mais realista. Belén Fabra trouxe para sua Sara um certo exagero de loucura, de modo que acaba não soando coerente algumas de suas cenas, porém não atrapalhou tanto, e seu ato mais intenso foi bem forte. Ramón Barea trabalhou seu Germán de uma maneira bem forte e marcada, ao ponto que o personagem até chamaria mais atenção com um ar mais curioso do que algo mais seco, mas foi muito bem em cena, e talvez sua história pudesse ser mais desenvolvida (o que deve rolar na continuação!). A jovem Ana Fernández até foi coerente com o ar cético de sua Ruth, mas certamente poderia ter ido mais além com alguns olhares mais tensos quando as coisas realmente começaram a desandar, mas também nada que atrapalhasse o andar do filme. É até engraçado de ver os créditos, mas num filme de terror que o mais famoso ator de monstros atuais de Hollywood aparece como um homem normal numa livraria é algo para se pensar, e aqui a pontinha de Javier Botet foi algo que nem tem tanto a ver com o filme, mas acabou sendo interessante notar ele como alguém normal.

Visualmente o longa contou como sempre com um casarão gigante (já fizeram até meme disso que fantasma nenhum assombra casa de pobre, só mansões!), e além das cenas nos cômodos com câmeras térmicas para investigar a presença maligna, também tivemos no segundo ato algo a mais envolvendo Inquisição (algo também bem comum em longas espanhóis), ou seja, a equipe de arte teve de brincar bem com elementos cênicos de época, e foi bem acertada em praticamente tudo, fazendo com que o filme tivesse um algo a mais além de assustar, e o melhor é que nem foi necessário a equipe de fotografia entrar em ação com cenas escuras, pois praticamente tudo do primeiro ato é bem claro, enquanto no segundo já embaixo da casa deixaram tudo bem escuro para acontecer com lanternas piscando e funcionando.

Enfim, é um bom filme do gênero, que quem gosta de tomar uns bons sustos e se surpreender com algumas situações vai ficar bem intrigado com tudo, e claro com bons arrepios, e sendo assim vale a recomendação, afinal é rápido, funcional e interessante com tudo, que mesmo tendo alguns detalhes que poderiam ser melhores, nada atrapalha e acaba agrando mais do que errando. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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