Netflix - Era Uma Vez Um Sonho (Hillbilly Elegy)

12/09/2020 12:34:00 AM |

Sabe aquele drama familiar imenso que acabamos conversando com a tela e ficando bravos pelas coisas que acabam ocorrendo, mas que ao final acabamos nos emocionando com tudo e a essência real acaba falando mais alto do que todas as falhas possíveis e o filme acaba entregando tudo e mais um pouco? Pois bem, a trama da Netflix, "Era Uma Vez Um Sonho" é desses, e certamente torcerei muito para ver nas indicações de todas as premiações Amy Adams, Glenn Close e toda a equipe de maquiagem (pois ao ver no final os vídeos e fotos dos reais personagens é algo que praticamente clonaram eles para que os artistas fizessem o filme!). Ou seja, é um filme que cansa, afinal drama familiar é algo que incomoda tanto em casa, quanto em um filme, e aqui o diretor brincou com algo meio como de memórias do jovem, dele estar se perguntando por dentro o porquê de estar fazendo tudo isso, porém tudo acaba sendo tão envolvente e bem feito, que ao final já nem ligamos mais para qualquer coisa que possa ter dado de errado no miolo, pois já estamos completamente conectados com toda a trama e já estamos torcendo para algo bom rolar para a família (apesar que sendo uma história real, alguém sobrou para contar né!). E sendo assim, é daqueles que recomendamos muito por tudo o que passa, pelo ótimo envolvimento que traz, e claro pela famosa lição que tem aparecido cada vez mais nos filmes: família em primeiro plano, mesmo que a sua seja uma bagunça completa com mil problemas.

A trama nos conta que o jovem ex-fuzileiro naval e estudante de Direito, J.D. Vance vê seu sonho de conseguir o emprego ideal ser interrompido por uma crise familiar que o obriga a retornar para a cidade onde nasceu e encarar a complexa dinâmica de sua família apalache e a difícil relação com sua mãe. Com as memórias marcantes da avó que o criou, J.D. embarca em uma jornada de autoconhecimento e aceitação das influências de suas origens em sua vida.

O diretor Ron Howard sempre sabe desenvolver bem uma trama com situações difíceis, ao ponto que acabamos sentindo exatamente cada ponto que ele foi colocando, e para que ele colocou aquilo ali, de forma que mesmo parecendo um filme bem seco de emoções, afinal temos toda a problematização das drogas, do ambiente familiar hostil, dos diversos conflitos do interior, e claro da aceitação da forma que foi criado, ele acaba conseguindo trabalhar sentimentos fortes e situações imponentes para que quem goste de um bom drama familiar acabe entrando completamente no clima que deseja, de forma que vemos mais sentimentos e emoções sendo passadas pelos personagens do que realmente iremos sentir, e assim sendo vemos uma direção precisa com uma versatilidade única que talvez nem lembrem dele para qualquer indicação a prêmios de melhor diretor, afinal ele usa da básica e boa quebra da história em várias vertentes ocorrendo separadas para funcionar meio que memórias e entendimentos sobre tudo o que rola, mas a segurança que faz isso fez com que a história real de J.D. Vance roteirizada por Vanessa Taylor em cima do livro do próprio Vance, com o mesmo nome do filme, fosse algo tão bem feita e funcional que faz valer a conferida.

Sobre as atuações é fato, todos estão tão bem que chega a ser até difícil dizer quem é mais protagonista na trama, ao ponto que vemos brilho na essência de cada um com uma dinâmica tão incrível que acabamos pensando em aplaudir todos, ou seja, acabamos vendo quase um longa de atores que até acabam se sobressaindo à história contada, e assim dificilmente não veremos ao menos as duas protagonistas sentadas em muitas premiações como indicadas. Dito isso a forma que Amy Adams acaba entregando sua Bev é algo surreal, pois ao mesmo tempo que parece sã e limpa, no minuto seguinte está explosiva com os efeitos da droga, vivendo conforme pode se jogando a fundo na personalidade e agradando demais, ou seja, dá um show de expressão e envolvimento. Da mesma forma Glenn Close trouxe para sua avó algo tão contundente e forte de ver, mostrando não se prender a estilos nem a colocações, e principalmente ao final vemos a real avó de J.D. em vídeos e acaba parecendo que gravaram a artista em cenas fora da trama, de tão semelhante que a equipe de maquiagem conseguiu deixar ela, e claro, pela forma gestual, pelo olhar passado e tudo mais, ou seja, se antes já achávamos ela uma artista completa, aqui ela foi além e deu show também. Gabriel Basso foi bem coerente e soube dosar muito bem as emoções de um J.D. adulto, ao ponto que por ser uma trama contada por ele, acabamos não apenas vendo sua representação, mas praticamente sendo ele ali na trama, e o ator soube segurar a onda e agradar com um estilo sério, e muito bem feito, porém o grande destaque do personagem fica claro a cargo de Owen Asztalos com a versão infantil/adolescente de J.D., que sofreu muito por parte das loucuras da mãe, foi criado com uma avó forte, e claro que mudando de casa em casa não teve uma boa vivência de sua infância, sofrendo muito, ou seja, acabou dando muita personalidade para o papel, fez olhares incríveis passando muito sentimento, e acertou em tudo, merecendo ser lembrado pelo que fez. Quanto aos demais, tenho claro que destacar Haley Bennett por sua Lindsay adulta e cheia de intenções boas, mas já uma mulher com problemas demais para viver do que conseguir cuidar da mãe dependente, e claro, Freida Pinto por uma Usha bem colocada e parceira mesmo do futuro marido.

Visualmente o longa nos remete bem ao ar familiar que os protagonistas vivem, vemos bem tanto o ar estudantil do protagonista com sua busca por um estágio em um grande escritório de advocacia, com um jantar imponente com situações bem tensas, mas principalmente vemos as duas fases no interior, a de criança conhecendo aos poucos as drogas e tudo o que faz com as pessoas ao seu redor, com uma casa completamente bagunçada, cheia de elementos importantes para a construção de sua vida, vemos sua fase indo para a guerra, e claro vemos a sua volta já adulto, com a família já inexistente (ou melhor completamente quebrada), diversos ambientes fortes e muito bem representados, ou seja, é um filme aonde o clima pesa pela história, mas a equipe de arte foi coesa em saber como mostrar cada ato, cada vivência e tudo mais para que o filme fluísse e ficasse bonito visualmente, mesmo com todas as situações problemáticas que acabaram sendo mostradas, além claro de elementos cênicos importantes para cada ato como uma calculadora, seringas, e tudo mais.

Enfim, é um tremendo filme que vale muito por toda a dramaticidade passada, pela mensagem familiar, e claro pelas excelentes atuações, e mesmo parecendo longa se desenvolve com uma facilidade que quem gostar um bom drama irá amar cada momento, e sendo assim recomendo demais ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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