Netflix - Mosul (City of a Million Soldiers)

12/10/2020 12:46:00 AM |

Uma coisa que sempre me intriga nos filmes da Guerra do Iraque é que mesmo tendo diversos pontos de vista, diversos motes sendo trabalhados, praticamente todos entregam algo muito semelhante, ao ponto que vemos situações de correria, muitos tiros sem sabermos realmente quem é o inimigo e por aí vai, mas de certa forma geralmente temos bons resultados intensos e tradicionais de longas de guerra. Porém hoje com o filme da Netflix, "Mosul", vemos algo meio que de uma guerra dentro de outra guerra, com uma missão praticamente suicida de uma equipe da SWAT do país, que não é contada em momento algum durante toda a trama, e que acaba funcionando como algo que ficamos esperando realmente até o final para saber, mas quando é mostrada, de cara veio a ideia de "O Resgate do Soldado Ryan", aonde fazem tantas besteiras por uma bobeira tão simples, que chega a broxar completamente. Ou seja, os famosos Irmãos Russo ("Vingadores") botaram sua grana numa produção que até faz um pouco sentido dentro do que a sinopse fala, mas que desanima demais o fechamento da forma que foi feita.

A sinopse nos conta que entre 2014 e 2017, o ISIS ocupou a cidade iraquiana de Mosul. Durante aqueles anos, o único grupo a lutar continuamente contra os ocupantes foi a unidade SWAT da província de Nínive, composta por homens locais que haviam sido feridos ou tiveram algum membro da família morto pelo ISIS. Somos apresentados a Kawa, um policial de 21 anos, que quase não sobrevive a um tiroteio, porém quando a fumaça se dissipou, ele encontrou os homens que salvaram sua vida, o Nineveh SWAT, liderado por Jasem. O próprio tio de Kawa havia sido recentemente morto pelo ISIS. Ele se junta ao grupo, embora eles tenham sido reduzidos a apenas uma dúzia de homens com três Humvees e um excedente de cigarros. Antes de seu primeiro dia com a Nineveh SWAT terminar, Kawa testemunhará o resgate de uma criança e a morte de vários colegas, se vingará de um homem que o traiu e participará da emboscada de uma fortaleza do ISIS. 

Depois de escrever diversos filmes bem intensos, Matthew Michael Carnahan resolveu que era chegada a hora de dirigir seu primeiro filme, e aqui temos a famosa falha tanto de estreantes que querem mostrar muito serviço, quanto a de roteiristas famosos que quando pegam para dirigir não querem mudar a ideia que pensaram logo de cara, pois certamente esse roteiro nas mãos de qualquer outro diretor até manteria a ideia do final, porém no miolo, dando uma desenvoltura maior para o fechamento, pois acabar da forma que acabou mostra algo que é bonito e interessante, mas não em uma guerra, muito menos em uma missão suicida insana. Ou seja, até temos um filme intenso, cheio de batalhas bem travadas, muitos tiros, muitos mortos, muitas explosões e tudo mais, afinal é uma produção dos irmãos Anthony e Joe Russo, que adoram sair explodindo e destruindo tudo a sua frente, mas talvez faltou alguém chegar no diretor após ler o roteiro e falar que ele precisava de algo a mais para que seu filme ficasse primoroso, mas como não rolou, apenas veja sem esperar muito do fim, pois quem sabe a chance da surpresa seja positiva para você, o que não foi para mim.

Sobre as atuações, vale destacar a mudança completa de personalidade de Adam Bessa com seu Kawa desde as cenas iniciais até a final, parecendo que o filme não rolou apenas em alguns dias, mas sim anos, pois o jovem ator é quase outro no fim, e mostrou uma boa desenvoltura em tudo, embora tenha faltado um pouco mais de personalidade nas cenas iniciais, virando claro quando pega sua machadinha, ou seja, foi bom, mas demorou para explodir. Suhail Dabbach trouxe para seu Jasem toda a imponência de uma boa liderança, chamou a responsabilidade para si em diversos momentos, e conseguiu ter um bom carisma para um líder de guerra, coisa que raramente ocorre, pois geralmente são grandes matadores, e aqui ele foi bem com olhares e bons trejeitos do começo ao fim. E claro temos de falar de Is'haq Elias com seu Walled desesperado com tudo, cheio de intensidade, e que aparentemente não esperávamos nada dele, até chegar no final, e aí entendemos tudo. Quanto aos demais, todos são encaixes, mas foram bem em estilos variados, e agradam em cada cena sua, sem atrapalhar os protagonistas.

Visualmente já estou quase certo que Hollywood montou um Iraque próprio em algum estúdio, pois com tantos filmes se passando em meio a ruínas do país, com grandes amplitudes, tiros e explosões para todos os lados, ir filmar lá realmente deve ficar muito caro e complicado, então acreditaria plenamente se assim como a Globo monta cidades inteiras nos estúdios, lá fizeram algo do tipo, e todos os filmes com tanques, humvees e tudo mais estão prontinhos para serem filmados, e acabam funcionando bem, com ataques para todos os lados, e bons momentos, embora os inimigos nem sejam mostrados direito em cena.

Enfim, é um filme interessante que até tem bons momentos, que tem uma história imponente, porém um final ruim demais, que mereceria estar na trama, porém no miolo, com algo mais forte fechando tudo. Ou seja, até recomendo o longa com uma ressalva imensa do fechamento, então quem gosta de filmes de guerra pode até ser que curta o desenvolvimento, mas certamente irá reclamar ao final. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...