Amazon Prime Video - O Amor de Sylvie (Sylvie's Love)

12/31/2020 01:56:00 AM |

Confesso que hoje ao mesmo tempo que estava sem ânimo algum para ver um filme, também queria ver algo diferente do usual, pois vendo a maioria dos filmes nesse ano em casa acabei vendo um pouco de tudo, mas certamente o que menos dei play foram os romances (não digo comédias românticas, mas sim os tradicionais e apaixonados romances com pitadas de dramaticidade para ter um bom clima), e ao abrir o aplicativo da Amazon Prime Video estava lá a sugestão do lançamento "O Amor de Sylvie", então resolvi conferir, e acabei bem cativado pela proposta, sendo ao mesmo tempo um bom longa de época e uma história envolvente, que chega a raspar a trave de virar algo novelesco, mas que encaixou bem no estilo, mostrou bem a tradicional vida de músico que sonha em crescer musicalmente, mas raramente consegue, e principalmente trabalhou bem o carisma do verdadeiro amor quando ambos se conectam por algo comum, além claro de trabalhar bem as dinâmicas racistas dos anos 50/60 meio que em segundo plano. Ou seja, não diria que seja daqueles filmes que os olhos brilham de tanta doçura na tela, mas é um filme bem bonito, muito bem atuado, e que acaba envolvendo tanto pela história bem executada, quanto pela ótima trilha sonora que acompanha ele do começo ao fim, valendo bem a conferida.

O longa nos mostra que o jazz é suave e o ar abafado no quente verão da Nova York de 1957. Robert, um saxofonista, passa altas noites tocando atrás de um líder de banda menos talentoso, mas conhecido, como membro de um quarteto de jazz. Sylvie, que sonha em fazer carreira na televisão, passa os dias de verão ajudando na loja de discos do pai, enquanto espera o retorno do noivo da guerra. Quando Robert aceita um emprego de meio período na loja de discos, os dois começam uma amizade que desperta em cada um deles uma paixão diferente de tudo que eles já sentiram antes. À medida que o verão chega ao fim, a vida os leva em diferentes direções, encerrando seu relacionamento. Os anos passam, a carreira de Sylvie como produtora de TV floresce, enquanto Robert tem que entender o que a era da Motown está fazendo com a popularidade do jazz. Em um encontro casual, Sylvie e Robert se cruzam novamente, apenas para descobrir que, embora suas vidas tenham mudado, seus sentimentos um pelo outro permanecem os mesmos. 

O diretor e roteirista Eugene Ashe conseguiu brincar bastante combinando romance e música em sua história, além de desenvolver bem as mudanças de tempo que rolaram nesses anos da História, e assim soube trabalhar de forma que seu filme ficasse além de interessante bem coerente e gostoso, pois tinha tudo para ser uma trama extremamente cansativa e arrastada, mas ao colocar toda a dramaticidade em cima das mudanças musicais, e das combinações preconceituosas que existiam na época, seu filme teve algo a mais além do simples romance, e não que isso tenha ficado em segundo plano, mas o amor aqui transcreveu formatos e acabou sendo envolvente em cima do verdadeiro preço do amor, e contando com boas dinâmicas em cima dos protagonistas cada ato soou bonito sem precisar ficar meloso, ou seja, um grande acerto nas mãos do jovem diretor que escolheu não focar tanto em paradigmas, não seguiu tanto a linha clichê que o estilo pede, e assim trabalhou bem demais com tudo.

Sobre as atuações, mais uma vez Tessa Thompson mostrou estilo e carisma para uma personagem, e o melhor, sem precisar sensualizar como anda acontecendo com muitas artistas, ao ponto que sua Sylvie é a clássica jovem da época que acabava se comprometendo com algum homem endinheirado, e que depois acabava se apaixonando por alguém que suas ideias amorosas batiam, e com muita doçura no olhar, mas muita vontade de tudo a atriz deu o tom para belas cenas, se mostrou direta ao se portar como uma boa assistente de produção na TV da época e agradou bastante com tudo o que fez. Nnamdi Asomugha não é muito conhecido como ator, porém já produziu diversos dramas de época envolvendo a cultura negra, e aqui ele foi sutil com olhares bem envolventes para seu Robert, e sem oscilar na personalidade deu um bom tom para seus atos, sendo simples e bem coerente para agradar sem forçar. O mais engraçado é que tivemos boas atuações nos papeis secundários da trama, ao ponto que raspou a trave do filme virar uma novela se acabassem desenvolvendo mais eles, pois foram tipos clássicos bem interessantes de ver, ou seja, se quiserem dá para brincar com uma série fácil da época usando a base do filme, e assim veríamos um pouco mais de Wendy McLendon-Covey mostrando as mulheres apresentadoras de programas culinários que eram completamente engessadas pela censura, mas que tinham muitas facetas para que os programas agradassem, veríamos mais das bandas e seus empresários malucos que mudaram o rumo de muitas carreiras como foi o caso da ricaça condessa vivida por Jemima Kirke, além claro da convivência dos membros das bandas com líderes que nem eram tão talentosos como acabou sendo vivido aqui por Tone Bell com seu Dickie, sem esquecer dos negros que ignoravam tudo o que sofriam por bons contratos com brancos para enganar as empresas anti-racismo como vemos aqui com Alano Miller e seu Lacy, mas tirando esses detalhes, os destaques do filme ficaram para as poucas cenas de Lance Reddick com seu Jay, e claro, Aja Naomi King com sua carismática Mona.

Visualmente o diretor e a equipe foram espertos demais, pois usaram muito material de arquivo nas cenas externas para não precisar ficar recriando cidades, tendo ambientes prontos para cada momento chave ser bem simples com alguns carros da época nas ruas, e assim ganhando estilo e economizando, mas foram ainda muito bem coerentes com figurinos clássicos, objetos cênicos para todos os lados, e muita classe nos shows e bailes para tudo ter um envolvimento e ainda assim agradar bastante, ou seja, é um filme de época cheio de pompa que agrada e funciona demais.

Como disse no começo um grande ponto positivo do filme ficou a cargo da escolha de trilha sonora, que envolve demais, dá ritmo para a trama, e ainda contextualiza bem a época, ou seja, vale demais ouvir ela seja durante o filme, ou depois apenas para curtir, e claro que deixo aqui o link.

Enfim, não é uma obra de arte brilhante, como disse teve muitas possibilidades de acabar saindo pela tangente e virar uma série/novela, porém funcionou com muita classe e o resultado é um bom romance agradável e leve que envolve bastante e não força tanto para os lados cômicos ou dramáticos que tanto anda acontecendo com a maioria dos filmes, ou seja, vale a recomendação para conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com uma rápida retrospectiva desse ano maluco, então abraços e até logo mais.


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