Netflix - Mank

12/13/2020 02:33:00 AM |

Diria que "Mank" é daquelas obras clássicas que as premiações pedem para surgir, que acaba contando uma história envolvente sobre determinada obra ou época do cinema, que consegue servir tanto como entretenimento quanto uma aula de história do período, ou seja, certamente veremos muito o nome do projeto nas premiações, veremos talvez bons prêmios saindo, mas muito mais do que isso, quem nunca estudou sobre essa época do cinema deve pegar o longa e vasculhar muito mais, pois foi uma tremenda época, cheia de grandes nomes e grandes projetos, e muitos fracassos também, mas que principalmente funciona bem como filme, ao ponto que o diretor soube criar uma trama bem cadenciada, cheia de situações bem colocadas, que muitos nem irão entender por nem saber o que foi o filme "Cidadão Kane", mas que de uma forma bem trabalhada, com excelentes atuações e uma desenvoltura de montagem bem picada fez com que o filme fluísse bem e agradasse demais. Ou seja, é uma obra que certamente alguns vão estranhar, por ser em preto e branco, por ter personagens demais, por não ir direto ao ponto, mas que quem for amante de cinema realmente vai curtir cada detalhe da trama, e assim sendo valendo demais a conferida.

O longa nos situa em 1940 quando o estúdio cinematográfico RKO contrata o prodígio Orson Welles, de 24 anos, sob um contrato que lhe dá total controle criativo de seus filmes. Para seu primeiro filme, ele chama o alcoólatra Herman J. Mankiewicz para escrever o roteiro. Esse filme é "Cidadão Kane" e esta é a história de como o filme foi escrito, todas as turbulências que passou, e claro flashbacks do passado de Mank.

Sabemos bem o estilo do diretor David Fincher, e dificilmente ele erra quando pega um bom projeto, e aqui é daqueles projetos que certamente um diretor de cinema tem orgulho de ter feito, pois ele além de contar a história de como foi feito um dos maiores filmes do cinema mundial, ele soube escolher técnicas tão incríveis que mostra tão bem a época, trabalha bem uma fotografia lindíssima filmada em preto e branco (ou seja, não temos um filme rodado colorido que depois é convertido para preto e branco, ao ponto que cada detalhe de luzes fez toda a diferença), e que com um carisma próprio acabou sendo daqueles filmes que envolvem e vemos todo um trabalho preciso e incrivelmente dirigido, que representa demais todo o processo e a vivência do período, sendo quase uma aula que o diretor soube mostrar e agradar. Ou seja, é daqueles filmes que envolvem não com uma simplicidade cênica, mas sim com aquele algo a mais que traz cinema para dentro do cinema, que acabou não sendo lançado numa telona, mas que ainda passa muito bem a mensagem histórica da sétima arte, e que agrada bastante mesmo sendo um filme mais lento, mostrando que o diretor ainda tem muita bagagem para queimar, e que vai chamar atenção.

Sobre as atuações, um ponto que chama muita atenção é que o filme tem tantos personagens bem colocados, e praticamente todos são importantes para o momento, que seria até exagerado ficar falando de cada um, tanto que recomendo o texto do AdoroCinema para que quem não conhece os personagens fique mais inteirado de tudo, e até saiba um pouco mais antes de conferir o filme. Dito isso, como é de praxe em todos os seus filmes, Gary Oldman simplesmente dá um show com seu Mank completamente maquiado com próteses e tudo mais, ao ponto que nem mais conhecemos o ator sem maquiagem, pois cada filme seu é alguém completamente diferente e inusitado, e claro sempre com muita imponência nos trejeitos e nos diálogos, agradando demais com tudo, e sendo preciso com a personalidade que Mank tinha, ou seja, grandes chances nas premiações novamente. Diria que o diretor fez um milagre gigantesco com sua produção, transformando a inexpressiva Amanda Seyfried em uma personagem bem colocada, cheia de dinâmicas, e belíssima ainda por cima como foi Marion Davies, de forma que finalmente vimos a atriz ter desenvoltura num papel e conseguir chamar a atenção para si, ou seja, a atriz caiu muito bem na personalidade do papel e agradou muito com o que fez. Lily Collins também foi bem precisa com sua Rita Alexander, sendo mais do que uma ajudante do roteirista, mas sim aquela pronta para ouvir e ajudar a escrever todo o pensamento do artista, além de dar bronca nos momentos precisos, e dar o famoso apoio de presença, e a atriz além de singela foi bem colocada na trama. Tom Burke trabalhou bem seu Orson Wells nas poucas cenas que apareceu, afinal o longa é meio contra as atitudes do jovem diretor, mas aqui foi bem lúcido e direto, embora todos sempre falassem que ele era completamente maluco. Todos os demais tiveram boas participações, umas mais imponentes que as outras, mas de um modo geral bem colocados e chamativos, com destaques claros para Arliss Howard com seu Mayer imponente, Tuppence Middleton como a esposa do protagonista Sara, entre outros, pois cada um a sua maneira procurou chamar atenção agradando bem no conceito do longa.

Visualmente o longa é algo a parte, pois filmado inteiramente em preto e branco, com figurinos clássicos da época, carros, e uma ambientação incrível dos estúdios da MGM, além claro de festas nas mansões dos executivos, em sets de filmagens, e do quarto isolado aonde o protagonista escreveu um dos filmes mais incríveis da época estando acidentado, ou seja, tudo trabalhado em minúcias para ter muita representação cênica e claro muito envolvimento com cada detalhe da trama, sendo realmente um luxo tanto artístico quanto fotográfico, ao ponto que conhecendo a Academia vão facilmente escolher esse por cada sombreamento perfeito que a direção de fotografia escolheu para que tudo tivesse volume e envolvimento.

Enfim, um filme muitíssimo interessante pela história, e belíssimo de visual, sendo daqueles quase perfeitos para tudo, que só diria faltar um pouco mais de ritmo e talvez eliminar uns 15-20 minutos, pois começa a cansar em determinado momento, mas nada que atrapalhe o resultado final, e sendo assim recomendo muito ele tanto para quem é da área (para conhecer um pouco mais dos bastidores da época), quanto para quem apenas procura um bom filme, pois tem conteúdo e visual de sobra para entreter a todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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