Marés

9/25/2019 12:43:00 AM |

É interessante pararmos para pensar sobre os efeitos do álcool, pois geralmente costuma trazer mais problemas para as pessoas ao nosso redor do que sequer imaginamos, e tentar resolver esse problema antes mesmo de perder tudo é o que o filme "Marés" tenta trabalhar, chego até a brincar com o fato duplo da linguagem que coloca a maré de sorte, ou a maré de festas se contrapondo com a maré ruim da perda da família, da carta de habilitação, entre outras mais que podem ocorrer e o longa transmite bem com cenas didáticas entre si, e com um desenrolar até bem convincente de estilos. Ou seja, o filme não apenas entrega os atos em si, mas mistura até mais dentro de uma proposta coerente e cheia de atitudes, brincando com coisa séria, e entregando o filme com um vértice aberto envolvendo bebidas, drogas, artes, política e muito mais, que funciona, mas que certamente poderia ter ido muito além, afinal ritmo bem cadenciado tinha para abranger tudo, era apenas questão de não se apressar.

O longa nos conta que Valdo é um fotógrafo muito talentoso que está se separando de esposa, Clara, com quem tem uma filha de três anos. Depois de anos negligenciando o alcoolismo em sua vida, ele se vê em uma situação muito arriscada e percebe que dar continuidade a essa condição significa perder a guarda da filha que tanto ama.

Como é de praxe dos longas que vem no Projeta as Sete, o diretor e roteirista estreante João Paulo Procópio mostra com uma abertura bem moldada para trabalhar não apenas a personalidade do protagonista com seu problema com bebidas, bem como trabalhar a arte com uma visão marginalizada, aonde vemos o estilo do personagem principal, vemos suas convicções, sua falta de enfrentamento com ele mesmo, e principalmente vamos na síndrome do amanhã eu paro, só hoje, isso não vai me derrubar, mas que no decorrer vemos que qualquer motivo vira um estorvo e o recomeço de todos os problemas voltam a atacar. Ou seja, o diretor soube utilizar bem seu tempo de tela, trabalhou bem as atuações, e principalmente deu efeito para o tema, mesmo que usando alguns atos até que levemente forçados para segurar seu estilo.

Sobre as atuações diria que Lourinelson Vladmir conseguiu captar toda a essência do roteiro e se entregar completamente para todos os atos que seu Valdo necessitava fazer algo mais elucidativo ou com ênfases mais fortes, e dessa forma ele acaba mostrando uma personalidade bem colocada, consegue chamar a atenção, e principalmente consegue dominar o filme, fazendo os atos inconsequentes terem força, mas também trabalhar seus desesperos de uma forma coerente e bem feita, ou seja, um ator que não conhecia, mas que vale a pena ficar de olho. Quanto aos demais, ou melhor as demais já que a maioria é feminina ao redor do protagonista, tendo até alguns amigos, mas nada que chamassem atenção, diria que todas foram simples demais perto de tudo o que o roteiro permitia, de modo que até Julieta Zarza recai para trejeitos fáceis com sua Clara, e com isso não consegue fluir muito mais do que poderia, deixando com que o protagonista tivesse quase um longa solo.

No conceito visual da trama, tivemos bons elementos moldados dentro da casa do protagonista, para mostrar a desenvoltura do fotógrafo, tendo até uma exposição sua na própria casa já que não consegue entrar em museus, mostra suas loucas festas regadas a bebidas e a sexo, e claro mostra os diversos problemas do protagonista com muita bebida ao redor dele, de modo que vemos cada ato bem marcado pelas situações, e o resultado funciona, porém nada é grandioso de essência visual, deixando que a trama funcionasse muito mais pelo roteiro e pela atuação do protagonista do que pelos símbolos presentes no visual do longa.

Enfim, é um filme simples, mas muito bem desenvolvido, que agrada por mostrar um resultado efetivo em cima do que se propôs, e resulta em algo que muitos até vão achar como algo cult ou propenso à desenvolturas não muito formadas, com alguns excessos e tudo mais, mas que passa bem a mensagem. Sendo assim, recomendo o filme, e torço para o diretor se manter dessa forma, pois se agradou no primeiro trabalho, a chance de fazer bons filmes é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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O Maior Presente (El Mayor Regalo) (The Greatest Gift)

9/24/2019 12:42:00 AM |

Chega ser até difícil falar de um documentário que trata de um tema tão abrangente como o perdão, mas que não se leva a sério na construção da trama, brincando com uma ficção bagunçada para mostrar que os bandidos e mocinhos de um faroeste não deveriam se matar, nem brigar, nem trair, nem enforcar, muito menos ter ideologias sociais, trabalhando isso com situações reais aonde pessoas, famílias e países sofreram atos violentos de alguma forma, e ao invés de desejarem o mal perdoaram os culpados para que sua vida seguisse em frente de uma forma melhor. Ou seja, "O Maior Presente" é um filme religioso, já que usa muito das palavras católicas envolvendo o perdão de Deus e tudo mais, mas que brinca muito com toda a dinâmica, e embora force com histórias prontas, a trama tem uma essência bacana de acompanhar (principalmente após o primeiro trecho que é meio arrastado demais!), que faz com que quem goste do estilo documental até se incomode um pouco com os exageros da parte fictícia, mas que de certa forma entrega o que se propôs que era mostrar os diversos tipos de perdão que já foram feitos nos últimos anos.

O longa nos mostra que no set de filmagem de um faroeste, todos estão prontos para gravar a última sequência do filme. Porém, em um piscar de olhos, o diretor muda de ideia e decide alterar o clássico final feliz, tendo em mente que vingança na verdade não traz felicidade ou solução alguma. Ele passa então a viajar pelo mundo a cavalo em busca de uma finalização melhor para guerras e conflitos.

Diria que o diretor Juan Manoel Cotelo é daqueles malucos que sabem o que querem fazer, mas que para isso gostam de experimentar possibilidades diferentes e estranhas em seus longas, e algumas vezes isso dá certo, em outras beira o absurdo. E aqui, a parte documental da trama é envolvente, emociona pelos atos, e até chega a ser forte por mostrar algumas pessoas junto dos assassinos de seus filhos, e parentes falando super de boa (tudo bem que acredito no perdão e tudo mais, mas não consigo ver a felicidade deles falando e convivendo juntos como é mostrado no filme!), em outros casos vemos situações mais normais e usuais de acontecer como o caso da garota que perdeu as pernas, do marido abandonado, entre outros, e a trama funciona bem nesse conceito, porém forçar a comicidade estranha na parte ficcional acabou quase desandando completamente o filme, e isso não é algo bom de ver. Ou seja, temos um documentário emocionante, forte e preciso de situações, mas que brinca demais com um viés forçado que não agrega praticamente nada para a trama, e assim sendo o resultado fica bem no meio do caminho também.

Não costumo falar muito sobre a essência dos documentários, pois acredito que uma trama bem contada funciona bem em qualquer estilo, e aqui vemos de uma forma até que bem envolvente os diversos entrevistados contando bem suas histórias sobre os diferentes tipos de perdão que são introduzidos no mote de acordo com a forma de vingança contrária que os personagens fictícios se propõem a fazer, e isso até é inteligente por parte do diretor/roteirista para não precisar ser explicativo com textos ou narrações, só poderia ter trabalhado melhor os personagens, e não ter jogado tanto para o eixo cômico, que aí sim, cada momento emocionaria muito e funcionaria perfeitamente dentro da proposta. Ou seja, temos um bom documentário sobre pessoas que perdoaram seus agressores, suas traições, os assassinos da sua família, que funciona bem dentro do formato escolhido, mas que passa longe de uma obra-prima do estilo, que até emocionará alguns com tudo o que é mostrado, mas que o diretor poderia ter pesquisado mais, ter desenvolvido mais as cenas, e aí certamente o resultado seria outro.

Enfim, é um filme que tem um estilo, que passa a mensagem, mas que falta muito para funcionar como deveria, pois inicia com um ritmo completamente fora do usual, cansa com as propostas bobinhas da parte fictícia, e ao exagerar na quantidade de temas diferentes de perdão acaba soando até repetitivo em muitos atos, ou seja, certamente vai tocar alguns e esses até dirão que o filme é perfeito, mas a maioria se irritará mais do que gostará do que verá na tela. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Divaldo - O Mensageiro da Paz

9/23/2019 01:00:00 AM |

Alguns filmes costumam nos tocar mais que outros, e certamente "Divaldo - O Mensageiro da Paz" possui uma daquelas essências marcantes que acabam entrando em nossa mente emocionando com diversos atos de caridade, de espírito emocional forte, e que com muita desenvoltura, um carisma próprio entre os protagonistas, e ótimas mensagens no conteúdo conseguem levar toda a ideia da trama para um ar mais alto do que é possível imaginar, de forma que vemos entramos na sessão de uma maneira, e saímos de outra completamente diferente, afinal o ar humano do protagonista passa muito mais do que apenas um simples filme. Já afirmei outras vezes que deveriam investir muito nos livros espíritas para o cinema nacional ir muito além, e aqui temos mais um bom exemplo de resultado dando certo, que não precisou nem usar de efeitos especiais exagerados, trabalhando bem os dois planos sem forçar nada, e ainda envolvendo demais em tudo.

O longa nos conta que convivendo com a mediunidade desde os quatro anos, Divaldo era rejeitado pelas outras crianças e reprimido pelo pai. Ao completar 17 anos, o jovem decide usar seu dom para ajudar as pessoas e se muda para Salvador, com o apoio da mãe. Sob a orientação de sua guia espiritual, Joanna de Ângelis, ele se torna um dos médiuns mais importantes de todos os tempos.

Fui bem criterioso ao falar do primeiro filme do diretor Clovis Mello lá em 2015 ("Ninguém Ama Ninguém Por Mais de Dois Anos"), e posso dizer sem sombras de dúvida que ele melhorou consideravelmente seu estilo, trabalhando aqui algo muito mais seguro, com uma essência bem encontrada, sabendo onde e como chegar, de forma que vamos nos emocionando com cada momento, se divertindo com as cenas cômicas bem colocadas, e principalmente acreditando no que nos é dito, pois não apelando para músicas emotivas, nem efeitos forçados com luzes (como muitos costumam usar em filmes de espíritos), o resultado final acaba mostrando que o diretor não apenas fez a doutrina espírita ser bem vista no longa, como também soube homenagear bastante esse enorme difusor da doutrina, que ainda se encontra vivo, e que certamente se emocionou bastante ao ver sua vida contada tão bem por três ótimos atores. Ou seja, o diretor foi conciso no estilo, soube encaixar o roteiro com sinceridade e ritmo, e com o dever de casa bem feito, fez todos se emocionarem na sessão, o que é um grande acerto.

Sobre as interpretações, posso dizer logo de cara que o trio que faz o protagonista encontrou tanta personalidade para criar suas cenas que acabamos envolvidos desde o jovem garotinho que inicialmente tem muito medo dos espíritos, mas que depois se envolve e até faz piadas, vivido por João Bravo, depois passamos para o jovem bem encontrado, com uma desenvoltura perfeita de estilo, que sabe bem encaixar toda o carisma e envolvimento do personagem, de modo que ficamos muito próximo do que Ghilherme Lobo nos entrega, e por último, mas não menos importante, já vemos Divaldo com toda sua essência, sabendo bem o que quer de sua espiritualidade, e já com seus projetos em andamento sendo vivido por Bruno Garcia com muita força visual e imponência para agradar bastante, ou seja, um trio de luxo perfeito em tudo. Outro que certamente não apostaria de forma alguma era no comediante Marcos Veras como o espírito obsessor fortíssimo, cheio de olhares e trejeitos que acaba até sendo tenso de ver, mas que com boas sacadas acabou transformando o personagem e acertando em cheio em todas as cenas. Na outra ponta tivemos Regiane Alves também perfeita como Joanna de Ângelis, a guia espiritual do protagonista, que com um ar envolvente, uma forma de dizer tudo com muita firmeza, mas com leveza, acaba nos envolvendo demais. Além desses temos de dar destaque para Laila Garin como a mãe do jovem muito bem trabalhada, e Bruno Suzano e Osvaldo Mil também muito bem colocados como Nilson nas duas fases.

No conceito visual a trama soube nos envolver com uma boa recriação de época lá nos anos 30, trabalhando todo o charme das festas e viagens de trem que eram bem colocadas, bem como as reuniões espíritas em casas de famílias, até chegarmos no início do desenvolvimento da fundação que hoje cuida de diversos órfãos e necessitados criada pelo protagonista, ou seja, a equipe de arte foi coesa de detalhes, e volto a frisar, não abusou de efeitos especiais, soube trabalhar bem os figurinos e criou um filme simples de encaixes, mas que emociona pela boa essência passada nos detalhes, ou seja, funciona bem demais. A fotografia também não apelou muito para tons fortes, nem iluminações fora de contexto, criando um longa com determinação correta para emocionar, criar dramaticidades e ser funcional tanto para a doutrina, quanto para a homenagem em si.

Enfim, é um filme bem bonito de assistir, que emocionará muitos, e que mostra que o cinema de gênero (no caso religioso) é um dos mais poderosos no país, e que se bem desenvolvido pode alçar voos maiores do que pensam, e vamos torcer muito para isso. Aliás, o filme se vale não apenas para adeptos do espiritismo, mas com certeza envolverá a todos que acreditam na caridade e no ajudar ao próximo, e isso se faz valer para todas as religiões e pessoas do mundo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve, afinal ainda tenho muitos longas para conferir nessa semana, então abraços e até logo mais.

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Midsommar - O Mal Não Espera a Noite

9/22/2019 07:10:00 PM |

Chega a ser tenso pensar em tudo o que o longa "Midsommar - O Mal Não Espera a Noite" transmite para o público, pois diferente de outros longas do gênero terror que costumam assustar ou causar um horror mais forte por meios mais comuns, aqui a cultura de um povo acaba sendo a ideologia chocante, meio que quase um estudo antropológico que vemos de uma forma bizarra como espectadores, aonde vemos os protagonistas se doparem com drogas naturais, irem em rumos excêntricos, e principalmente se envolverem em situações tensas e fortes, que rumam para algo de certa forma inesperado, mas que envolve, causa algo intenso no público, e funciona, pelo menos para quem gosta de algo bem diferente. E assim sendo não posso dizer que seja o filme do gênero mais impressionante do ano, mas que certamente irei pensar muito ainda nas coisas estranhas que me foram mostradas na telona.

A sinopse nos conta que Dani e Christian formam um jovem casal americano com um relacionamento prestes a desmoronar. Mas depois que uma tragédia familiar os mantém juntos, Dani, que está de luto, convida-se para se juntar a Christian e seus amigos em uma viagem para um festival de verão único em uma remota vila sueca. O que começa como férias despreocupadas de verão em uma terra de luz eterna toma um rumo sinistro quando os moradores do vilarejo convidam o grupo a participar de festividades que tornam o paraíso pastoral cada vez mais preocupante e visceralmente perturbador.

O diretor e roteirista Ari Aster, que fez o controverso "Hereditário" no ano passado, agora nos permeia numa produção entre EUA, Suécia e Hungria que vai florear muito a imaginação daqueles que pensam já ter visto de tudo no gênero terror, pois aqui cada cena é básica para algo completamente diferente, cheio de propostas estranhas, mas que funcionam para perturbar o imaginário, de tal forma que mesmo não sendo pessoas que frequentem rituais, ou até mesmo raves estranhas, acabamos nos sentindo como personagens do rito que a trama nos impõe, e isso é algo que poucos diretores conseguem. Ou seja, não temos uma trama assustadora por aí própria, mas ao sentir todo o desenvolvimento estranho, toda a proposta de fazer com que os jovens façam parte do ritual, que através das drogas fortes e sinistras que tomam, o desenrolar acaba fluindo tanto que ficamos chocados com tudo, e isso como costumo dizer, é a outra forma correta de um longa de terror funcionar, por mais bizarro que possa ser ver cada ato do longa.

Sobre as atuações, diria que alguns foram meio que jogados na trama por algum motivo meio que sem nexo, e até nem necessitaria dos personagens meio que idiotas, que no final até serviram para algo, mas era só mudar o número místico de 9 para 6 que estaria tudo certo, mas como não sou eu quem decide o que está certo ou errado num roteiro, poderiam ter exigido ao menos umas caras melhores para alguns personagens, pois até os figurantes saíram bem no longa, então, porque não os secundários não foram melhores. Tirando esse detalhe, posso falar com certeza que a protagonista Florence Pugh com sua Dani nos entregou uma mulher apavorada com tudo, completamente desequilibrada, mas que com o andar da trama consegue segurar o andamento da personagem, e se entrega para que os atos funcionem bem, e isso é algo que vale muito no estilo, além de que não força suas emoções, e agrada também bastante com isso. Jack Reynor trabalhou seu Christian de modo a vermos um personagem meio que perdido de ideias, e que não liga de forma alguma para qualquer pessoa ao seu lado, seja um amigo ou qualquer outra coisa, e com isso ele aparentou levemente perdido de atitudes, sem muitas perspectivas, mas entregando um resultado ao menos, e isso faz valer seus momentos. Will Poulter com seu Mark foi um dos que falei que não sabemos o que estava fazendo na produção, pois já é um ator com um certo nome, e aqui fez nada mais do que o amigo bobo do grupo, que faz algumas cagadas desnecessárias, e isso não é bacana de ver. William Jackson Harper até teve alguns atos interessantes com seu Josh, mas nada que realmente impressionadas, de modo que paga pelo que faz, e ao menos se expressou bem. Quanto aos demais, temos de ser coerentes que praticamente todos da comunidade foram imponentes em suas atitudes, conseguiram chamar a atenção quando era necessário na sua cena, e só isso já faz terem um mérito de destaque, mas ainda assim vale pontuar tanto Julia Ragnarsson como Inga e Vilhelm Blomgren com seu Pelle, pois ambos tiveram mais participação nos atos marcados, e incorporaram bem os momentos que foram usados.

Diria que a equipe de arte está até agora querendo matar o diretor pela quantidade de detalhes pedidos para colocar na cenografia, mas que foram de uma precisão tão incrível de ver que faz toda a diferença, dando textura para as cenas, sendo forte de impacto nas mortes, mas principalmente sendo representativa para elucidar a curiosidade da do público antes mesmo das cenas acontecerem, e isso mostrou todo o trabalho bem feito pela direção de arte para que o resultado fosse até maior que os atos, trabalhando cada pedacinho de cena como algo de estudo antropológico funcional, que faz com que o público até acredite existir algum tipo de comunidade/seita da mesma forma que aparece no longa, e que talvez tivesse sido estudada pelo diretor para ser tão bem representada na telona da forma que acabou sendo. Quanto da fotografia, certamente tiveram muito trabalho no estudo das cores do longa, pois fazer um filme de terror funcionar quase que se passando 100% de dia é algo que poucos conseguiriam, e aqui tudo causa, e até mesmo com uma cena branca total, a tensão fica incrementada.

Enfim, é um filme bem diferente que funciona dentro do que se propôs a entregar, que certamente causará um estranhamento por parte de quem for esperando alguma coisa mais comum dentro do terror, mas que quem for preparado para um filme diferente certamente irá ficar tenso com tudo, e o resultado irá agradar bastante. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Dor e Glória (Dolor y Gloria) (Pain and Glory)

9/21/2019 06:55:00 PM |

Raramente vemos diretores contando suas próprias histórias em um filme, de modo que é muito mais usual vemos algum outro criar vértices em forma de homenagem, ou até mesmo transformar algum livro sobre determinado realizador (na maioria das vezes depois desse estar morto!) em longa, mas aqui em "Dor e Glória", Almodóvar resolveu mostrar de uma forma mais figurativa um pouco de sua vida, suas paranoias, alguns relacionamentos, sua forma de escrever, as drogas e claro os amores também (incluindo sua mãe!) de uma maneira suave e envolvente, que faz com que o público por vezes pense: será que realmente foi assim, ou será que isso é inventado. E com essa proposta o diretor permeia sua glória, ou melhor a do protagonista Salvador com as dores múltiplas, o cansaço da vida pós a morte da mãe, e claro como isso refletiu em tudo. Ou seja, um filme misto entre verdades e ficção que consegue soar muito gostoso de conferir e que acaba sendo interessante demais por todas as facetas de memória e sensibilidade que o diretor conseguiu transmitir, não ficando nem muito pesado como diversas de suas obras, nem floreado como outras, muito menos confuso como algumas, sendo seu filme de maior desenvoltura comercial, sendo que esse não era o seu objetivo.

O longa narra uma série de reencontros de Salvador Mallo, um diretor de cinema em declínio. Alguns físicos, outros de suas lembranças: sua infância nos anos 60, quando ele emigrou com os pais para Paterna, uma cidade de Valência em busca de prosperidade, o primeiro desejo, seu primeiro amor adulto e em Madrid, nos anos 80, a dor do fim desse amor, quando ele ainda estava vivo e pulsante, a escrita como a única terapia para esquecer o inesquecível, a descoberta precoce do cinema e do vazio, o vazio imensurável diante da impossibilidade de seguir. O filme fala da criação, da dificuldade de separá-la da própria vida e das paixões que lhe dão sentido e esperança. Na recuperação de seu passado, Salvador encontra a urgente necessidade de narrá-lo e, nessa necessidade, encontra também sua salvação.

Chega a ser até respeitoso a forma que Pedro Almodóvar se retrata na trama, pois geralmente olhar para dentro e se ver não é algo muito fácil, e aqui ele trabalha quase que como outro diretor lhe homenageando após ouvi-lo num confessionário ou num bar após uma longa sessão de desabafos e angústias, de modo que vemos em seu filme um retrato não apenas visual, afinal Antonio Banderas está a cara do diretor, como também um álbum de memórias, com referências a diversos filmes seus espalhados pela trama, alguns mais explícitos, outros mais em segundo plano, mas sempre trabalho o momento, não ficando como algo funcional para a vida do diretor, mas sim funcional para a trama, para que ela tivesse uma essência, ficasse doce e ao mesmo tempo melancólica, mas como ele nos diz em determinado momento do filme, bom ator não é aquele que mostra o choro, mas sim aquele que consegue mostrar que está segurando o choro, e aqui vemos isso em diversos atos como se ele não quisesse chorar suas mágoas e dores, mas sim segurar soltando tudo o que viveu e como gosta de ter vivido aquilo daquela forma, e isso acaba sendo lindo de ver.

Sobre as atuações, basicamente temos de aplaudir mais uma vez Antonio Banderas, que inclusive levou o prêmio de melhor ator em Cannes pelo longa, pois conseguiu dar vértices tão perfeitos para sua atuação de forma que vemos um Salvador cheio de histórias sendo refletidas, cheio de sentimentos, e principalmente passando exatamente a sensação que o diretor desejava mostrar em seu filme, transparecendo olhares e vivências de uma forma tão gostosa que se o filme tivesse mais duas horas assistiríamos com gosto cada interpretação sua, além de a equipe de maquiagem e caracterização o deixar a cara do diretor. Para ajudar o protagonista em seus encontros tivemos Asier Etxeandria como Alberto, um ator renegado no mundo pelas drogas, mas que consegue encontrar em um texto perfeito do diretor sua redenção e voltar aos palcos para interpretar e dar vida a uma de suas histórias, numa brincadeira mista de quase o conto do conto, que o ator soube criar olhares e momentos para ser bem preciso também. Tivemos boas participações de Penélope Cruz como a mãe do protagonista jovem, e depois Julieta Serrano como a mesma já na velhice, tivemos Leonardo Sbaraglia como Federico, um grande amor do personagem principal, que trabalhou olhares emocionados bem bonitos de se ver, e claro temos de ver o carinho que Nora Navas deu para Mercedes, que foi mais do que uma amiga para o protagonista, ajudando em tudo com muita vontade e precisão. Além claro de que temos de destacar o jovem garotinho Asier Flores que teve muita desenvoltura no papel do jovem protagonista, ensinando e tendo atitudes tão bem colocadas que acabaram agradando demais no teor do filme.

Quanto do conceito visual, a produção é singela, com poucas locações, mas com cada detalhe escolhido a dedo, desde a caverna aonde os protagonistas vão morar no começo, as lavadeiras cantando graciosamente enquanto colocavam suas roupas para secar, o teatro de um homem só emocionando a plateia, a diferença entre as casas do homem de sucesso e do renegado na profissão, mas ambos com suas paixões pelo grandioso filme sendo exposto na porta de entrada, e claro as montagens cênicas para mostrar as dores, ou seja, um filme cheio de pequenos detalhes que acabam sendo esmiuçados e facilmente daria para discutir cada momento só pelo visual, em mais um grande acerto do diretor. A trama possui muitas cores leves, diversos atos escuros para puxar a dramaticidade, mas principalmente funcionando de uma forma rápida e dinâmica dentro de todos os possíveis tons que o diretor quase pinta na tela, fazendo o filme ter fluidez e envolvimento.

Enfim, é um filme muito saboroso, com sínteses fáceis e gostosas de ver, e que funciona demais tanto para o estilo que conhecemos dos filmes do diretor, quanto para quem nunca viu nenhum outro longa dele, sendo um daqueles longas que podem ser recomendado para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Depois do Casamento (After The Wedding)

9/19/2019 11:53:00 PM |

Chega a ser engraçado como alguns filmes nos são tão bem vendidos pelo trailer que mesmo sem entender nada do que é mostrado naqueles míseros 3 minutos, ficamos tão curiosos ao ponto de querermos ver logo qual é a ideia por trás da história, e quando vamos conferir a cada nova reviravolta ficamos com aquela famosa cara de ué, depois vamos para o nossa, até chegarmos na última e falarmos putssss... ou seja, o longa "Depois do Casamento" é daqueles que poderiam até passar em branco se não víssemos o trailer, pois tenho certeza de que quem chegar na porta do cinema e ver somente o pôster e o nome irá optar por outro filme, mas que ao colocar duas grandes atrizes que conseguem permear tantos sentimentos nas suas expressões, e depois de cada reviravolta entregar ainda muita subjetividade, o resultado acaba sendo simples, efetivo e bem trabalhado, e digo mais, vou tentar escrever sem spoilers de tudo o que ocorre, pois assim como o trailer não revela nada, a surpresa de cada detalhe é o que faz valer a trama para ficarmos com as mesmas caras que cada um dos envolvidos na trama.

A trama conta a história de uma gerente de um orfanato em Calcutá, na Índia, que luta para manter o estabelecimento funcionando. Desesperada por dinheiro, ela acredita ter encontrado a benfeitora perfeita, dona de empresa multimilionária. Porém, para receber o dinheiro, ela precisa viajar até Nova York e conhecer a mulher por trás da riqueza, em meio a uma pomposa celebração matrimonial. Chegando ao local, a gerente não consegue disfarçar os segredos que a unem ao marido da empresária.

Não lembro bem de ter visto o filme norueguês de mesmo nome de 2006 que até concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo país, no qual o filme foi baseado e está saindo até como uma refilmagem dele, e principalmente por ter tantas reviravoltas seria algo que marcaria a memória, mas tudo bem, vamos focar somente no que foi visto aqui, e com isso posso dizer que o Bart Freundlich foi bem coerente no desenrolar da trama, soube pegar os pontos chaves com classe, e principalmente deu força para que as duas ótimas protagonistas desenvolvessem bem seus atos, pois chega a ser até um daqueles longas de ator, aonde cada uma entrega para a câmera personalidade e estilo com cada entonação, com cada síntese, fazendo com que o diretor somente tivesse de dizer o corta em cada ato, pois sozinhas ambas vão fluindo e nos amarrando junto com cada segredo seja ele do passado ou do presente, e isso só instiga mais o público de quais interesses cada uma tem, e o que cada uma pode atingir.

Já que comecei a falar delas, posso dizer com toda certeza que o longa só funciona pelas protagonistas terem estilos completamente opostos de modo a fazer cada ato mais instigante que o outro, e com muita simplicidade de técnicas expressivas nos convencerem do que estão fazendo, e dessa forma vemos uma Michelle Williams entregando uma Isabel misteriosa e muito desconfiada, que usa da meditação para refletir, mas que teve um passado complicado, além de se moldar muito para cada momento e ter até uma barreira forte para com os demais personagens, o que acaba agradando bastante. Pelo outro lado, Julianne Moore é daquelas atrizes que sabe criar dinâmicas, e aqui usando tão pouca maquiagem conseguiu entregar sensações diferentes para cada ato seu, de modo que acabamos indo a favor dela, depois contra, depois ficamos com pena, entre outros sentimentos, o que acabou dando para sua Theresa uma personalidade maior ainda do que o filme desejava. Billy Crudup foi bem coeso na personalidade que escolheu dar para seu Oscar, de modo que não o vemos falar quase nada nas cenas, mas com os olhares sabemos ver seus pensamentos, além de entregar muitas emoções nas cenas fortes e agradar mesmo com simplicidade. Agora não sei o que pediram para Abby Quinn fazer com sua Grace, pois ao mesmo tempo que soou boba e ingênua, também entregou atos exagerados meio que jogados, e isso não funciona numa personagem que tecnicamente tem uma importância considerável, ou seja, poderiam ter dosado mais seus momentos para que agradasse bem mais. Quanto aos demais, diria que todos foram quase objetos cênicos bem importantes, que se ligaram aos protagonistas por algum ato, mas sem ter muita desenvoltura, tendo um leve destaque para o expressivo garotinho Vir Pachisia.

No conceito cênico a trama teve escolhas bem elaboradas para mostrar tanto o orfanato simples com poucos recursos em contraponto ao luxuoso hotel em que a protagonista vai ficar, além de uma mansão imensa que só aparece em poucos cômodos, mas que ficou cheia de detalhes para o casamento, ou seja, um filme que trabalhou pouco os cenários, mas que utilizou cada momento para ter seus vértices e funcionando bem de pano de fundo para cada momento da trama, brincando bem com as iluminações dos ambientes para dosar tudo de forma bem igual.

Enfim, é um filme interessante com ótimas reviravoltas, que mesmo sendo lento consegue envolver e trabalhar bem no ritmo sem cansar, e que passa bem algumas mensagens fortes sobre a vida. Ou seja, diria que vai agradar bastante quem gosta de dramas, e que mesmo com um final não tão impactante como poderia ter ido mais além, resolve todos os problemas de uma forma coerente. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Rambo: Até o Fim (Rambo: Last Blood)

9/19/2019 01:53:00 AM |

Diria que quem assistiu qualquer um dos filmes do Rambo sabe exatamente o que vai acontecer em cada momento dos demais filmes da série, e isso não é ruim, pois acaba sendo uma marca, que mesmo forçando a amizade com ideias bobas demais (motes sempre bem inspiradores para que o protagonista se vingue de alguém, ou saia em busca de salvar algum tipo de prisioneiro), o resultado sempre acaba fluindo de forma tão divertida e marcante que acabamos nos empolgando e quase até aplaudindo as múltiplas facadas e armadilhas que acaba aprontando nos encerramentos. Ou seja, se você esperava qualquer outra coisa de "Rambo: Até o Fim" certamente irá se decepcionar, mas felizmente o público fã da saga irá conferir cada momento lento e cheio de diálogos (que sabemos serem completamente desnecessários para tudo na trama, afinal o que vai valer será a pancadaria final) esperando friamente para o grande desenrolar final aonde cada detalhe extremamente violento irá fazer com que qualquer vilão pense duas vezes antes de mexer com o grandalhão, mas não terá nem tempo de pensar mesmo, pois antes disso sua cabeça estará picada ou explodida no chão.

O filme nos mostra que o tempo passou para Rambo, que agora vive recluso em um rancho na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Sua vida marcada por lutas violentas ficou para trás, mas deixou marcas irreparáveis. No entanto, quando uma jovem amiga da família é sequestrada, Rambo precisará confrontar seu passado e reviver suas habilidades de combate para enfrentar um dos mais perigosos cartéis mexicanos. A busca logo se transforma em uma violenta caçada por justiça, onde nenhum criminoso será perdoado.

Chega a ser engraçado o que o diretor Adrian Grunberg tentou fazer com o longa, criando vértices dramatizados no início, trabalhando diálogos cheios de sentimentos, e até vários planos e contraplanos mostrando a "desenvoltura interpretativa" de Stallone, mas a todo momento já fica bem claro o que veremos na sequência: a tradicional burrada que alguém faz para morrer ou ser capturado ou qualquer outra coisa do tipo, para que o grandalhão com problemas mentais de guerra saia fazendo sua vingança com as próprias mãos, que aqui até usa alguns tiros explosivos fortes, mas que cria tantas armadilhas brutais que em alguns momentos me senti vendo os bastidores de "Jogos Mortais" mostrando como as armadilhas foram criadas. Ou seja, o diretor brincou um pouco com o estilo, mas deixou levar pela essência da série que era o que realmente o público queria ver, só faltando colocar o personagem com a tradicional faixa vermelha na cabeça, e um corte de cabelo mais revoltado, que aí seria completo. E dessa forma o filme demora um pouco para engrenar, mas quando começa vai pra cima e com muitos efeitos práticos (quando não se usa tanto a computação gráfica), o resultado visual impressiona bem e diverte bastante quem gosta de um longa bem sanguinolento.

Sobre as atuações, diria que a saga inteira é muito barata nesse quesito, pois exige somente de Stallone, que entrega sempre os olhares ao vento, os trejeitos marcados pela sua raiva, muito suor e sangue para seu Rambo que até apanha bem (aliás após apanhar por alguns chutes parece que foi pego por algo de uns 2 dias batendo pelo inchaço!), mas quando bate, vai com tudo, e é isso o que queríamos ver dele. E quanto aos demais, aparecem, entregam uma ou outra fala desnecessária, algum olhar jogado, e sai de cena, como acontece com a garota Yvette Monreal com sua Gabrielle bem fraquinha de expressões, que até torcemos para apanhar pela burrice estampada na cara. Vemos também a personalidade jogada de Paz Vega com sua Carmen que poderia nem existir na trama, mas que fez o que pode de uma maneira quase absurda. E quanto os vilões, diria que Óscar Jaenada e Sergio Perís-Mencheta fizeram quase esquetes cartunescas exageradas de líderes mafiosos bem bobos e jogados, que até tentam fazer cara de mal, impõem suas atitudes, e acabam tendo cenas bem fracas para nem lembrarmos deles, ou seja, estavam ali apenas para apanhar mesmo.

No conceito visual o longa é simples, cheio de efeitos práticos em muitos momentos, mas também usando muita computação para algumas cenas absurdas (e outras que nem precisaria estar no longa - como a abertura!), mas de certa forma o rancho aonde vive Rambo é bem tramado, os túneis funcionaram muito bem para as cenas finais, as cenas no México acabaram exageradas e sem muita imponência, mostrando que a equipe de arte foi contratada realmente para as cenas com as armadilhas, que aí vemos quase uma mistura de "Jogos Mortais" com os brutalities do jogo "Mortal Kombat", que acabaram dando ritmo e bons elos para o fechamento do longa, e assim sendo, o resultado aparece. A fotografia, assim como os demais longas da série, ficou quase todo o tempo entre o sépia bem amarelado e o mais puxado para o verde para dar o ar de combate de guerra, e assim a dinâmica funciona encaixando algo mais próximo do que os fãs gostariam de ver.

Enfim, o longa passa muito longe de ser perfeito, demora um certo tempo até engrenar, mas fecha de maneira honrosa a franquia (que agora sim acredito que não virão com um sexto longa!), e sendo assim quem gostava dos longas antigos acabará se divertindo bem, mesmo que o filme não seja uma grandiosa obra do cinema mundial. Ou seja, recomendo o filme para aqueles que sempre foram fãs dos filmes de Rambo, do contrário, certamente achará mil coisas para reclamar, principalmente nos diversos momentos com furos e erros de continuidade que são incontáveis. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, agradecendo claro o pessoal da Difusora FM pela super pré-estreia lotada de ouvintes, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Abigail e a Cidade Proibida (Abigail)

9/17/2019 10:30:00 PM |

É bem interessante vermos a quantidade de filmes fantasiosos que tem saído da Rússia e vindo para o Brasil estrear, pois geralmente de países sem ser os EUA vinham apenas dramas e raras comédias, ou seja, fica a dica para que o Brasil passe a investir também em outros gêneros para exportação. Só não digo que o filme "Abigail e a Cidade Proibida" tenha funcionado mais por exagerar tanto em histórias sem muitos fechamentos, de modo que acabamos achando até que o longa seria algo em vários capítulos ou livros, pois tirando isso, os efeitos são bacanas, os personagens bem colocados, e o resultado até funciona, mesmo que cansando um pouco demais. Ou seja, uma fantasia bem moldada com estilo de videogame que faltou desenvolver personagens e montar uma história mais concentrada para que o filme funcionasse melhor.

O longa nos conta que Abigail é uma garota de oito anos que vive em uma pequena cidade que foi isolada por causa da epidemia de uma misteriosa doença mortal. Seu pai, um famoso engenheiro e inventor, foi levado junto com outras pessoas infectadas para fora da cidade. Dez anos se passaram. Abby agora tem 18 anos e a cidade continua a mesma: fronteiras fechadas, pessoas infectadas e autoridades fiscalizando a população o tempo todo. Uma agência especial de monitoramento anda pela cidade com máscaras misteriosas, que impedem a infecção, e também preservam a identidade de cada agente. Em uma brincadeira, ela esbarra por acaso em um dos mascarados e descobre ser um amigo de seu pai, que sumiu no mesmo dia que ele. Abby encontra então uma fagulha de esperança de reencontrar seu pai com vida e desvendar de uma vez por todas o que acontece na cidade. Junte-se à rebelião.

Não digo que a ideia do diretor Aleksandr Boguslavskiy seja algo ruim, pois seu filme tinha muito potencial para decolar e quem sabe até virar uma franquia maior de aventura/ação russa, afinal o estilo de videogames, poderes, magias, personagens dinâmicos e tudo mais tinha proporções para ganhar muito dinheiro e capturar bem os adolescentes, porém excesso costuma dar muito errado quando não se sabe o rumo que deseja entregar, e aqui temos tantos personagens que aparecem do nada e somem da mesma forma, temos histórias que acabam sendo contadas picadas sem um rumo próprio, e principalmente acabamos tendo uma desenvoltura largada demais para pegar o público e fazer com que torcêssemos pela protagonista ou por alguém da trama, o que acaba ficando algo desencaixado de atitudes sem muitos rumos, o que resulta em filme cheio de dinâmicas, efeitos, personagens, que acabam enrolando tanto no começo para depois acelerar imensamente para conseguir terminar o longa. Ou seja, um filme que teve cortes demais para resultar em algo, mas que não conseguiu chegar a lugar algum.

Não vou me alongar muito nas interpretações por ver que nenhum personagem conseguiu chamar para si o envolvimento do longa, de tal forma que chega a ser mais envolvente ver a jovem Abigail, interpretada por Marta Timofeeva aparecendo a todo momento para desenvolver a trama do que propriamente a meio sem sal Tinatin Dalakishvili que fez a mesma cara em todos os atos, ou seja, se a protagonista já falha, como vamos defender o restante? O pai da garota interpretado Eddie Marsan até teve alguns atos interessantes, mas é praticamente uma memória que fica aparecendo e desaparecendo, que não chega a envolver, mas faz um pouco a mais pelo menos. O jovem guerreiro Bale interpretado por Gleb Bochkov entrega uma desenvoltura até que mais chamativa, mas não vemos muito em seus atos, e isso é algo que acaba sendo até exagerado demais para o fechamento que vemos na tela (e todos sabíamos bem que aconteceria, mesmo sem nada puxar para isso!).

O ponto mais forte do filme podemos dizer que ficou a cargo da cenografia cheia de elementos computacionais, locações bem cheias de objetos cênicos, e muitos efeitos especiais que deram um show visual para a trama misturando estilos de filmes de época com algo mais futurista abusando bastante do tom marrom criando algo bem bacana de ser visto ao menos, parecendo em diversos momentos até um grande episódio daquelas mini histórias que vemos nos jogos de videogame.

Enfim, é um filme que não vai conseguir chamar tanta atenção do público, que peca muito pela falta de ritmo (o que faz cansar demais!), mas que talvez se cair nas mãos de algum produtor americano a história, talvez consigam fazer algo bem interessante em cima do que foi mostrado aqui, pois nessa versão russa, acabo nem recomendando o que está em cartaz. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Adeus à Noite (L'Adieu à La Nuit) (Farewell to the Night)

9/13/2019 12:12:00 AM |

É interessante que o mercado cinematográfico anda quase que no mesmo fluxo de temas que os jornais, e com os grandes conflitos mundiais com extremistas islâmicos tem aparecido tantos filmes falando de jovens que entram para o mundo da guerra, seus vértices, motivações, conflitos, e tudo mais, e com "Adeus à Noite" ficamos envolvidos com o drama de uma avó (que digamos poderia ser mais emotiva com seu neto em conceitos expressivos ao menos) que não sabe o que fazer para tentar salvar seu neto de embarcar nessa vida, e também vemos o outro lado com o romance do jovem e seus anseios nesse meio que é a vida de alguém que defende o profeta islâmico e suas leis. Não diria que é um filme que tenha uma cadência gostosa de ser conferida, tanto que ele se alonga de uma forma não muito condizente que faz parecer até ser maior do que apenas 103 minutos, e com isso o resultado embora seja fluido, com um final bacana de se ver ao menos (pois jurava que não teria um fim!) não entrega uma perspectiva mais direcionada para nenhum dos rumos, seja ele pró-islã ou pró-França (colocando em discussão até a forma de votação). Ou seja, um filme que merecia uma refinada melhor para chamar mais atenção de todos os pontos colocados nas entrelinhas, que até envolve, porém, não agrada como poderia.

A sinopse nos conta que Muriel é uma mulher idosa que viveu na Argélia durante muitos anos, e hoje comanda uma fazenda na França, onde diversos jovens de talento são treinados para a equitação. Ela possui um carinho especial pelo neto Alex, com quem não se encontra há anos. Quando o neto enfim decide visitá-la, Muriel se surpreende ao descobrir que ele se converteu ao islamismo, e possui ideias bastante radicais. Suspeitando que Alex esteja por trás de algum plano criminoso, ela precisa decidir entre proteger o neto da perseguição da polícia ou proteger o resto da sociedade das possíveis ações do jovem.

O diretor André Téchiné até trabalhou com um envolvimento bem desenvolvido para que seu filme tivesse algo a mais, colocando bons momentos e situações fortes para serem desenvolvidos como o islamismo, a discussão política dos refugiados, o envolvimento familiar seco, e até o ar mais imponente da elite com a equitação como pano de fundo em uma grande lavoura de cerejas, e dentro desse âmbito colocou pontos soltos para criar elementos simbólicos como um javali a noite, discussões na chuva, a tecnologia versus o campo, a economia, e muito mais, mas com tantos temas e símbolos ele acabou não desenvolvendo bem nenhum deles, e isso é algo muito ruim de acontecer, pois ficamos a todo momento esperando algo mais forte (do que o que já era esperado nas duas cenas finais) e acaba que não acontece. Ou seja, o diretor poderia ter pego um roteiro cheio de situações floreadas e criar algo muito maior e mais dinâmico, mas acaba entregando o básico, que nesse estilo de filme não funciona ser básico.

Quanto das atuações, já gostei muito de ver o trabalho de Catherine Deneuve no passado, mas acredito que está faltando mais expressividade nos seus últimos trabalhos, de modo que colocar ela como protagonista não está sendo um grande acerto dos diretores, e aqui sua Muriel é bem simples, não entrega muito do passado nem do presente, e faz cada ato com simplicidade demais sem empolgar em nada, tirando claro os momentos finais mais fortes, e isso acabou amarrando um pouco o filme, de modo que talvez uma atriz com mais atitude chamaria o filme para si e agradaria bem mais. Kacey Mottet Klein fez bem seu Alex, divagando bem entre os momentos que demonstrava um pouco de medo do que estava fazendo, mas também acreditando muito na religião, e isso fez com que seu personagem tivesse algo a mais para nos interessarmos por ele, e isso é bacana de ver, mas ainda assim poderia ter ido mais a fundo nos seus atos. A jovem Oulaya Amamra trouxe algo meio que enigmático para sua Lila, que ficamos curiosos pelo que pode fazer com seu envolvimento no lar de idosos, com o padrasto estranho, e até mesmo com seus atos religiosos, mas sempre em segundo plano no filme acaba que não se entrega para agradar. Um personagem que apareceu em momentos chaves ao final e merecia um pouco mais de atenção foi Kamel Labroudi com seu Fouad, pois o ator mostrou ensejo para as situações e conseguiu expressar algo a mais do que a trama pedia, mas não foi muito além, o que é uma pena, afinal todo esse movimento de refugiados daria para trabalhar bem com ele.

No conceito artístico, a equipe de arte encontrou um haras muito bem localizado no meio de uma plantação maravilhosa de cerejas, que tanto na época de apenas flores (primavera) quanto ao final que já mostram os pés carregados de frutos (com um mote da famosa frase de quem planta o bem, colhe algo bom!) acabou dando um visual muito bem agradável, e nas cenas mais tensas a trama trabalhou muito com tons marrons como o estábulo e um lago sujo para dar uma representatividade das atitudes não tão boas também o que sou interessante pela perspectiva que tentaram trabalhar. Ou seja, a equipe de arte incluiu muitos símbolos subliminares na trama e com muitos outros objetos como uma carta, alguns cheques, a casa de repouso, a ideia do jogo para ganhar dinheiro, e tudo mais que acaba sendo bem encaixado e que pode ser usado para muita discussão.

Enfim, é um longa que traz muito mais conteúdo do que apresenta realmente na tela, mas que não flui bem como deveria, e sendo assim é daqueles que acabamos saindo da sessão com aquela famosa dúvida de se gostamos realmente, ou se vamos esquecer dele logo no dia seguinte. Ou seja, talvez seja melhor ver ele em grupo para ter mais discussões do que apenas conferir o longa como um filme qualquer, pois não dá para recomendar ele como algo imprescindível. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Corgi - Top Dog (The Queen's Corgi)

9/06/2019 01:07:00 AM |

Sabemos bem que se um filme tem cachorro, o pessoal já fica com vontade de ver, e certamente irá rir das situações que os animais costumam fazer, então por que não fazer um filme dos famosos cachorrinhos da rainha, colocar Donald Trump na parada, e claro, ainda fazer referências a outros filmes famosos? Certamente essa foi a indagação que veio na cabeça do roteirista de "Corgi - Top Dog" que até consegue entreter, e ainda colocar alguns ensejos mais complexos na trama, mas faltou para ele trabalhar um pouco mais o carisma dos personagens para que a dinâmica ficasse mais coesa, pois embora seja um filme bem curto (apenas 85 minutos), o ritmo demora a engrenar, e tudo parece bem preso, ou seja, quase cansa o público mesmo com personagens bonitinhos e levemente engraçados. Ou seja, tentaram muita coisa para uma animação que deveria ser singela e divertida, mas que por pontuar exageradamente alguns temas mais adultos acabou quase que se desconectando, ainda que divirta mais próximo do final.

O longa nos conta que o corgi Rex foi escolhido como "Top Dog", o cachorro preferido da Rainha. Ele vive cercado de outros cachorros no Palácio de Buckingham, repleto de alimentos finos e outras mordomias. Quando uma visita do presidente Donald Trump à Inglaterra tem desdobramentos negativos graças a Rex, o cachorro abandona o Palácio e se aventura por Londres. No caminho, faz novos amigos no canil e se apaixona por Wanda, uma cadela prometida ao cão mais valente do local. Rex precisará reunir todos os esforços necessários para conquistar o amor da sua vida e voltar aos braços da Rainha.

O longa da Bélgica foi trabalhado por dois diretores que já entregaram filmes excelentes por aqui, de modo que esperava ao menos um pouco mais de Vincent Kesteloot e Ben Stassen, que para quem não conhece seus filmes anteriores ("As Aventuras de Robinson Crusoé", "As Aventuras de Sammy", "Sammy - A Grande Fuga") posso dizer que procurem conferir pois são excelentes para os pequeninos, para os pais, e para quem ama tecnologia 3D, ainda afirmo ser os melhores nesse conceito, mas aqui pecaram em excessos, pois tentaram dar vértices mais adultos em piadas de duplo sentido para tentar causar um pouco, ou quem sabe fazer algum tipo de denúncia por raiva de algo dos países trabalhados na trama (EUA e Inglaterra), e dessa forma a trama não desenrola como poderia, ficando presa demais em situações, e brincando de menos com o visual, que é onde os caras sempre mandam bem, além de que por aqui o filme não veio em 3D, e aparentemente temos boas cenas que usaram a tecnologia, ou seja, não quiseram aproveitar tanto para ganhar mais dinheiro, e o resultado embora divirta acabou ficando bem abaixo de qualquer coisa que se esperasse do longa.

Diria que os personagens foram bem trabalhados visualmente, com muitas características comuns de vermos realmente nos tamanhos e texturas dos cachorros, na fisionomia de Trump e Elizabeth, e até nos trejeitos conseguiram criar um tipo de carisma para cada um dos bichinhos, de modo que tanto Rex quanto Charlie entregam características meio que egocêntricas demais, mas destoam pelo estilo que escolhem trabalhar essa "virtude", e o protagonista ainda teve mais tempo para brincar em outros rumos como no canil, aonde temos as diversas outras raças de cachorros que cada um no seu tradicional jeito. Ou seja, poderiam entregar muitas possibilidades com cada um dos personagens bem feitos, envolver mais com o lance do Clube da Luta no canil, brincar com os vértices dos demais personagens no castelo, mas tudo ficou subjetivo demais, que até agrada, mas não vai muito além.

O visual é bem colorido para agradar os pequenos, e as texturas são bem interessantes trabalhando mesmo que sem a tecnologia 3D com ambientes e personagens modelados de forma a convencer com algo mais próximo a realidade, e isso é bem bacana de ver, além de entregarem muitos momentos próprios para divertir sem pensar na história, quase como uma quebra da parede muito usado em peças de teatro, e assim sendo ao menos no conceito produtivo o longa avançou bem.

Enfim, é um filme razoável que diverte mais para o final, e que trabalha alguns temas digamos polêmicos, que consegue ser interessante pela essência e que vai servir para passar o tempo no cinema, mas que fica certamente bem longe de tudo que os diretores já fizeram, e poderiam ter ido muito além. Sendo assim, não digo que recomendo ele, mas também passa bem longe de ser algo ruim, ou seja, ficamos com algo bem mediano. Bem é isso, encerro a semana das estreias aqui, mas volto em breve com textos do streaming, então abraços e até logo mais.

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It - Capítulo 2 (It Chapter Two)

9/04/2019 02:58:00 AM |

Se você for conferir o novo "It - Capítulo 2" esperando muitos sustos e cenas tensas como no primeiro filme, talvez você saia um pouco decepcionado após as duas horas e quarenta e nove minutos de projeção! Mas de forma alguma é um filme ruim, muito pelo contrário, trabalhando de forma mais fantasiosa, tentando contar mais histórias dos personagens principais e claro da alegoria da Coisa, o filme acaba deslanchando bastante durante todo o tempo que ficamos na poltrona, de forma que vamos quase que ficando íntimos de cada um dos ótimos personagens, que trabalham seus medos, suas desenvolturas de vida, e principalmente suas emoções, de tal maneira que ao final já estamos emocionados com as mortes, tensos de algumas cenas bem fortes, e de certa forma felizes com o encerramento da franquia, que poderia ter sido moldada de inúmeras maneiras, mas que optou por essa (que é razoavelmente diferente do livro pelo que muitos estão falando por aí!). Ou seja, é um filme com muitas nuances, diversos momentos bem colocados, e que vai agradar quem for sem muitas expectativas, pois do contrário é capaz que alguns saiam da sessão bem tristes de não terem pulado nem gritado durante a exibição.

O longa nos conta que vinte e sete anos depois do Clube dos Otários derrotar Pennywise, ele volta a aterrorizar a cidade de Derry mais uma vez. Agora adultos, os Otários há muito tempo seguiram caminhos separados. No entanto, as crianças estão desaparecendo novamente, então Mike, o único do grupo a permanecer em sua cidade natal, chama os outros de volta para casa. Traumatizados pelas experiências de seu passado, eles devem dominar seus medos mais profundos para destruir Pennywise de uma vez por todas... colocando-se diretamente no caminho do palhaço, que se tornou mais mortal do que nunca.

O diretor Andy Muschietti foi bem certeiro no que desejava fazer, saindo quase que 100% do terror de sustos e indo para o vértice mais trabalhado com várias histórias para contar, de modo que quem for conferir o longa irá conhecer mais sobre a mitologia da Coisa, conhecer um pouco mais do palhaço Pennywise, e principalmente saber tudo e mais um pouco da vida de cada um dos protagonistas, seja agora como adultos vivendo suas vidas comuns longe da cidade de Derry, ou o que acabou acontecendo logo após o fechamento do primeiro longa (inclusive mostrando algumas das várias cenas gravadas e não utilizadas no primeiro filme, que acabaram saindo na internet logo após o lançamento!), ou seja, temos um filme que acaba sendo bem longo realmente, mas que usa desse artifício temporal para aproveitar tudo o que poderia usar, de tal maneira que até diversos atos poderiam ser cortados que não fariam muita falta de um modo geral, mas que sendo exibidos deram um ganho visual bem bacana para a trama, e que ao final toda a fantasia juntamente com a emoção de intimidade que acabamos criando com os personagens passa a nos envolver para um resultado maior. Ou seja, o diretor foi sábio em não querer entregar um longa de terror tradicional, desenvolvendo o roteiro de Gary Dauberman ao máximo para que a história de Stephen King (que faz sua primeira participação como ator em um longa metragem, aqui como o dono de uma loja de antiguidades!) fosse bem contada, e agradasse com um conteúdo maior com a busca dos protagonistas em curar seus traumas do passado, e quem for esperando ver isso na telona certamente sairá bem feliz.

Quanto das atuações diria que foram muito coerentes nas escolhas de todos para que as versões adultas não só parecessem as crianças, mas que soubessem passar a essência que cada um tinha, e dessa forma, todos deram show no estilo que fizeram de forma representativa algo muito bom para cada um de seus momentos. Jessica Chastain vivenciou os diversos medos sexuais que a jovem Sophia Lillis trabalhou com sua Beverly, de modo que vemos em ambos os olhares sentimentos, expressões e muita força de espírito, o que agrada demais. O homem de mil faces James McAvoy encontrou mais uma vez ótimas entonações na sua voz para que ficasse gago com a mesma perfeição de Jaeden Martell, de tal maneira que acabamos sofrendo com seus atos e acreditando demais nos medos de seu Bill. O comediante Bill Hader entregou a comicidade como uma válvula de escape para todos os segredos que Finn Wolfhard guardou de seu Richie, que aliás o longa trabalhou muito o tema desde a primeira cena até o final. James Ransone entregou para seu Eddie todas as mesmas características desesperadas de doenças que o ótimo Jack Dylan Grazer fez com o personagem pequeno, trabalhando ambos com olhares de asco e nojo com uma facilidade que realmente pareciam ser a mesma pessoa. O que mais mudou visualmente foi o carismático Ben, que quando jovem era o gordinho interpretado por Jeremy Ray Taylor e que agora na versão adulta voltou como o galã Jay Ryan, mas em essência víamos os mesmos olhares apaixonados por Bev, e todo o ensejo de vontade de fazer acontecer, o que agradou demais em ambos. Isaiah Mustafa entregou uma participação maior para seu Mike, que por ser o único que não saiu da cidade, acabaram dando mais textos e dinâmicas que quando o jovem Chosen Jacobs fez, mas ainda assim o jovem nas aparições foi bem usado. Andy Bean apareceu bem pouco com seu Stanley, de modo que acabaram usando também pouco o jovem Wyatt Oleff (inclusive usando uma cena sua já gravada no primeiro filme), mas souberam usar um recurso incrível seu, que comoveu da mesma maneira que a cena não usada do primeiro filme. E claro, não podíamos ficar sem falar de Bill Skarsgård, que voltou com um Pennywise ainda mais cheio de desenvoltura, aparecendo até sem a maquiagem pesada, e que pelas entrevistas já até assumiu para si esse sorriso forte do palhaço, ou seja, irá ficar marcado pela boa atuação que fez. Quanto aos demais, tivemos umas participações bem estranhas com alguns bons momentos de Teach Grant como Bowers que junto de um zumbi praticamente sai as ruas, tivemos uma velhinha muito doida vivida por Joan Gregson, e muitos outros que foram bem em seus devidos momentos, mas nada de grandes destaques.

Visualmente o longa tem cenas bem elaboradas, com muito sangue, muitos elementos bizarros em movimento, cheios de locações interessantes para que cada cena de tensão fosse bem desenvolvida, e claro muitas mortes fortes visualmente sendo mostradas, de modo que o filme ganha um contexto bem cheio de detalhes que o primeiro até teve acontecendo, mas que aqui tudo é aumentado, e até mesmo o grande momento final que lá vimos como uma luz e coisas/pessoas flutuando, aqui vamos para algo mais conceitual e envolvente, ou seja, a equipe de arte quis valorizar muito o seu serviço e conseguiu, pois com mais tempo de tela puderam aproveitar mais cada cenário. A fotografia usou muitos tons escuros, várias cenas puxando para um verde musgo, e claro também muitas cenas com o vermelho sangue, mas não quiseram forçar tanto a tensão, deixando sempre num tom mais médio, o que é interessante de ver em um longa de terror.

Enfim, gostei muito do que vi, embora também estivesse esperando algo mais tenso e com mais sustos (não de minha parte, mas do público em si, que no primeiro filme pulava a cada aparição do palhaço), mas que por entregar um filme de fantasia, aonde o protagonista são os medos e traumas da infância, juntamente com um palhaço assassino, e não fadas, bruxas, entre outros entes comuns do estilo, acaba agradando bastante quem gostar desse vértice. Ou seja, recomendo o filme principalmente para esse público, pois quem for esperando um filme de sustos e tensões certamente irá se desapontar, mas quem for esperando história sairá muito feliz com o resultado final. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje agradecendo a rádio Difusora FM pela ótima pré-estreia que até contou com um Pennywise muito perfeito, que assistiu o longa ao meu lado dando as tradicionais risadas do personagem durante o longa todo, ou seja, foi bom demais. Então abraços e até logo mais.

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O Filho do Homem

9/03/2019 01:11:00 AM |

Diria que souberam aproveitar ao máximo tudo o que já foi feito dos longas sobre a vida de Cristo e colocaram um pouco a mais de algumas passagens no longa nacional, "O Filho do Homem", e isso é bacana para podermos ver que não só de grandiosas produções saíram filmes do estilo, e que muitos até já viram passagens gloriosas da história no teatro a céu aberto como acontece geralmente na semana santa, mas além de pegarem essa proposta e trabalharem bem num formato de cinema, o que o filme consegue mostrar é uma sintonia entre os personagens bem colocada, que mesmo a história sendo praticamente uma leitura bíblica (sim, você ouvirá atores falando exatamente como você ouvia nas leituras da missa, com todas as letras e pontuações, quase como uma leitura mesmo!), o resultado acaba agradando pela produção em si, que não teve medo de errar, e trabalhou cada elo como deveria ser contado. Ou seja, não é um filme que vamos sair impressionados pela essência entregue, que provavelmente deverá atingir até mais quem for religioso, mas ao vermos um trabalho nacional tão bem feito, iremos notar o quanto o nosso cinema tem crescido ao ponto de sairmos da sessão pensando que foram até dublados os personagens com uma produção estrangeira, e não é 100% nacional, e muito bem construído, apenas não inovando tanto, ou talvez errando na data de lançamento, pois certamente na semana santa os cinemas lotariam para ver a produção.

Nem precisaria colocar a sinopse, afinal praticamente todo mundo conhece a história de quando Maria (Júlia Cotta) recebe a visita do Anjo Gabriel, que traz a mensagem de sua gravidez do Espírito Santo. Mesmo relutante, José casa-se com ela e assume a criança para criar como sua. Em um humilde estábulo de Belém, nasce Jesus (Allan Ralph), que passa os próximos 33 anos pregando, até ser perseguido pelas autoridades do Império Romano que dominam a Judéia e ser condenado à cruz.

Volto a frisar que a história não é nada nova, e praticamente todos os atos já foram encenados em diversos outros filmes, mas na estreia do diretor Alexandre Machafer em longas-metragens ele optou por trabalhar inicialmente toda a parte da concepção de Maria, que poucas vezes foi mostrada em longas do estilo, e depois já ir para coisas mais casuais como a Santa Ceia, a traição, o julgamento, a crucificação e a ressurreição, de modo que vamos acompanhando os atos bem separados quase como capítulos bíblicos realmente com leves paradas para reflexão interior. Mas aí vem a pergunta, por que refazer essa história? E é fácil saber isso, pois é uma trama que vemos interpretada praticamente todos os anos por diferentes atores, com diferentes estilos de direção, e ele resolveu entregar o seu, que foi muito bem produzido e resultou em um trabalho de nível internacional até, só pecando em leves exageros de alguns atores, e com a finalização exagerada no sotaque carioca do garotinho completamente desnecessária, mas de resto podemos parabenizar o diretor pelo sucesso que fez o filme, e quem sabe ele relançando em uma outra data (no Natal ou na Páscoa) certamente terá muita bilheteria.

Não vou ficar falando muito das atuações, pois o longa possui personagens demais, e todos praticamente possuem alguma participação efetiva bem colocada, e dessa forma posso dizer que se envolveram, fizeram olhares bem colocados, e interpretaram bem seus textos de maneira expressiva, claro que como disse entoando algo quase que como uma leitura bíblica, mas isso veio do roteiro então o resultado é dessa forma. Agora como destaque é claro que temos Allan Ralph como Jesus, de uma maneira bem serena e com uma desenvoltura forte para com o personagem que tanto já vimos ser interpretado por diversos atores, e ele soube ser bem centrado, o que agrada bastante. Outro que foi muito bem principalmente pelo jeito de se portar foi André Rayol Jorge como Pilatos, colocando bem o estilo romano que tanto vemos em outros filmes, e que de uma maneira imponente acabou chamando muita atenção. Sidney Guedes apareceu muito como Zamir, e o personagem não é daqueles que tanto ouvimos falar nos outros longas, e aqui apareceu quase mais que o protagonista, e o ator pareceu engessado demais para o papel.

Agora um dos pontos altos do longa ficou a cargo da equipe de arte, que conseguiu gravar tudo em locações físicas do Rio de Janeiro, de modo que tudo ficasse parecendo realmente os lugares por onde Jesus pisou, e o resultado ficou incrível, num nível profissional muito bom, que juntamente de bons figurinos acabamos vendo a trama com um envolvimento bem simples, mas com tamanha ampliação cênica que parecemos ver um longa de orçamento gigantesco, o que não é o caso. A fotografia trabalhou muito com cenas escuras, e muitas velas, o que deu um ar meio alaranjado para a trama, mas isso deu um ar de tensão bonito de ver, e o resultado agrada bastante.

No conceito musical, como é de praxe em longas religiosos, exageraram um pouco na trilha de fundo, abusando de elementos para tentar emocionar, e não digo que seja errado, mas poderiam forçar um pouco menos.

Enfim, é um longa simples, que entrega basicamente uma história que já vimos diversas outras vezes, mas com uma pegada um pouco diferente da usual por mostrar alguns momentos a mais, e que quem for religioso certamente irá gostar do que verá na telona. Diria que passa bem longe da perfeição pelo roteiro rebuscado demais que parece estar sendo lido de uma Bíblia, mas no conceito de produção agrada demais, e dessa forma acabo recomendando ele. Bem é isso pessoal, encerro aqui as estreias dessa semana, mas amanhã mesmo já começo a próxima com uma pré-estreia, então abraços e até logo mais.

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Verão de 84 (Summer Of '84)

9/02/2019 12:30:00 AM |

Quando um filme consegue criar uma tensão adequada para o tema, e trabalhar em cima disso para que o efeito seja mantido durante todo o longa, acabamos nem percebendo a hora passar, e o mais engraçado disso é quando vamos conferir um filme que sequer passou trailer para imaginarmos qual seria a pegada dele, ou seja, fui conferir "Verão de 84" sem saber praticamente nada dele, e confesso que gostei bastante de tudo o que o filme construiu na telona, trabalhando bem a juventude investigativa de um grupo de amigos, as famosas brincadeiras da época, e claro também os desesperos de crianças sumindo, famílias se separando, e claro, os medos dos jovens. Diria que o filme não é algo perfeito por seguir uma linha quase que de seriado, mas souberam desenvolver tanto a proposta dentro do tempo de tela que acabamos nos envolvendo com os garotos, ficando tensos quando vão realmente invadir a casa, e apavorados com a situação ficando ruim para o lado deles, mas tudo recai da melhor forma, e certamente se fizerem uma continuação, o resultado ainda será bem trabalhado.

A sinopse nos conta que quando chega o período de férias, Davey e os amigos pré-adolescentes do bairro começam a suspeitar que as crianças estão desaparecendo no local. Um dia, ele tem a impressão de ver um garoto sumir dentro da casa de Mackey, um policial conhecido e estimado pelos habitantes. Os quatro amigos passam a reunir provas de que estão morando perto de um assassino em série, embora os adultos não acreditem nestas teorias mirabolantes. Quanto mais eles investigam a vida do vizinho misterioso, mais se expõem a um possível perigo mortal.

Já tinha visto filmes de atores com dupla de direção, mas trio acho que só em animações mesmo, então hoje posso dizer que o time de diretores RKSS (Roadkill Superstar) composto por François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karll Whissell, criaram algo bem desenvolvido com nuances próprias bem colocadas, fazendo com que o envolvimento do público se encaixasse nas atitudes dos personagens, pois acabamos nos vendo como os garotos brincando de pique-esconde, curiosos com situações estranhas, e claro no auge dos hormônios querendo ver revistas e garotas, de forma que o longa acaba funcionando como uma passagem, pois mostra os pais não acreditando nos jovens e tudo mais, ou seja, eles pegaram realmente a essência das situações comuns de ver com adolescentes, e trabalhou isso para o mistério da trama com os sumiços de jovens, e isso ficou muito bom de ver na telona, pois certamente poderiam ter fechado o ciclo com algo simples e conclusivo, mas optaram pelo vértice mais psicológico e tenso, o que além de dar um charme imponente, fez com que o filme tenha força para uma continuação, ou seja, quem sabe veremos Verão de 88 ou 90, que será a data que o protagonista já estará na maioridade e pode funcionar a proposta.

Quanto das atuações, os jovens foram muito bem em cena, brincando com as situações, encontrando olhares apreensivos, mas também transparecendo curiosidade e muita vontade para cada momento, de modo que a amizade reflete no clima e entrega bons atos com todos. Graham Verchere entregou para seu Davey um carisma bem bacana de ver, de modo que suas situações se encaixam bem dosadas, seus olhares funcionaram bem para representar cada momento, e dessa forma ele acabou conseguindo acertar o que o filme pedia, agradando bastante. Caleb Emery também fez boas cenas com seu Woody, demonstrando medo do desconhecido, mas principalmente passando a essência de uma boa amizade estando disposto a tudo para estar junto do amigo, até mesmo quando os problemas ficam bem tensos. Judah Lewis e Cory Gruter-Andrew fizeram bem seus papeis como Eats e Farraday, mas não chamaram tanta atenção, se encaixando mais nos elos do que nas atitudes, e isso acaba ficando um pouco abaixo do que poderiam fazer, mas ao menos não decepcionaram. Tiera Skovbye fez o clássico papel de ex-babá desejada pelos garotos adolescentes, e souberam criar boas dinâmicas para ela não ficar somente nisso com sua Nikki, de forma que agrada bem também nos diálogos com o protagonista. Quanto dos adultos, é claro que o destaque fica para Rich Sommer por ser o suspeito dos garotos com seu policial Mackey que soube trabalhar suas dinâmicas, fazer olhares diferenciados, e principalmente encaixar ritmo nas interpretações para que tudo funcionasse bem, ou seja, colocou o personagem para destaque e agradou muito, agora quando dos pais do protagonista, foram meros enfeites cênicos.

Falando em enfeites cênicos, a equipe de arte conseguiu retratar muito bem a época dos anos 80, com muitas referências em brinquedos, quadrinhos, e trabalhando bem com os figurinos e carros da época, a trama acaba nos envolvendo e mostrando muitas qualidades visuais, criando o ambiente perfeito para cada ato, que junto com uma fotografia escura, mas cheia de desenvolturas para passar o clima correto de tensão, resultaram em um filme dinâmico e com bons elos e arquétipos coerentes para o momento.

Enfim, é um longa bem bacana que consegue transmitir tensão e ainda trabalhar bem o contexto dos anos 80 dentro da visão curiosa dos jovens da época, de modo que quem viveu essa época conseguirá se enxergar dentro da trama e ficar bem feliz com o resultado, embora o final seja algo que não desejávamos tanto que acontecesse, mas que pensando de uma forma mais real, seria completamente mais plausível do que o que vemos nos filmes, e sendo assim, recomendo muito a conferida para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Yesterday

9/01/2019 02:42:00 AM |

O que seria do mundo se não existissem as canções dos Beatles? Olha, chega a dar desespero só de pensar na falta da qualidade musical que seria, pois não só foram uma marca, como inspiraram tantos outros com suas canções, e a ideia do longa "Yesterday" é tão bem trabalhada, envolvente e gostosa tanto pelas canções quanto pelo estilo escolhido pelo diretor para desenvolver a trama com pegadas cômicas e também românticas, que acabamos nos envolvendo tanto que praticamente esquecemos dos diversos defeitos que o filme possui, principalmente na dúvida de que rumos seguiriam para fechar a trama. Ou seja, temos um filme delicioso de curtir, cheio de ótimas canções, uma ideia completamente incrível, bons atores, mas faltou aquela pegada que o diretor tem, mas que não quis utilizar, pois eram tantas as possibilidades do filme terminar incrível e não foram utilizadas, indo para o vértice mais comum, o que não é ruim, mas também não faz com que saiamos vibrando da sala (mas ao menos todos saíram cantando "Hey, Jude!").

O longa nos mostra que após sofrer um acidente, o fracassado cantor e compositor Jack (Himesh Patel) cai em uma realidade distinta, na qual ele é o único que lembra da existência dos Beatles. Utilizando a música de seus ídolos, o jovem se torna um sucesso e o compositor mais famoso do mundo, mas a fama tem seu preço.

O estilo do diretor Danny Boyle é daqueles que sempre tem boas pegadas, que não liga de usar efeitos de montagem de outras épocas, e que vai procurar sempre deixar um filme que até funcionaria de maneira calma em algo cheio de dinâmicas e funcionalidades para que o público embarque na mesma proposta que a sua, e aqui vemos muito esse estilo funcionar, pois vemos o diretor procurando a todo momento jogar na nossa cara de onde veio as inspirações musicais dos Beatles, e colocar para o jovem que apenas conhece e é apaixonado pelas canções (e lembra um pouco das letras) de onde poderia vir a inspiração musical para cada momento, e nessa sagacidade ele acaba brincando com a trama de Jack Barth e Richard Curtis de maneira a irmos cantando, relevando um ou outro detalhe, e claro se encantando com as vivências escolhidas para cada ato, o que acaba funcionando muito bem, e resulta em um filme que certamente teria muitos outros finais melhores (o meu preferido é ainda a ideia de um multiverso já que tanto se anda falando sobre isso, mas creio que não seja a pegada preferida do roteirista), mas que acabou sendo gostoso demais de conferir pela forma de Boyle e principalmente por ele saber dirigir bem atores, fazendo um jovem estreante ficar tão estrelado que em breve o veremos com mais dois grandes diretores nas telonas.

E já que comecei a falar das atuações, o estreante nas telonas Himesh Patel parece ter encontrado o brilho que poucos atores conseguem numa leva só, pois aqui foi muito bem encarnado com seu Jack, criando diversas cenas engraçadas sem precisar forçar o riso, o que é ótimo, e ainda soube dosar a emoção quando o filme também necessitou, acertando em cheio com muito estilo e bons movimentos, além claro de cantar mais ou menos bem nos momentos mais bem colocados, sem forçar demais, e com isso não bastando estar num filme de Danny Boyle, irá aparecer também no filme de Tom Harper no final do ano, e ainda no novo de Christopher Nolan no ano que vem, ou seja, já virou o queridinho de grandes diretores, e veremos como sairá por lá. Lily James pareceu levemente sonsa demais com sua Ellie, de forma que por vezes até ficamos bravo com a falta de atitude da moça para com seu amor, mas ao ver que ela deseja o melhor para ele, que pode não inclui-la, o resultado de seus atos acabam ficando mais convincentes e interessantes de ver, mas ainda assim poderiam ter dado mais fluxo para a jovem atacar que agradaria mais, e a atriz é muito boa para ficar meio que de escanteio. Joel Fry caiu como uma luva para ser o alívio cômico da trama com seu Rocky, fazendo um papel desajeitado, cheio de virtudes malucas, mas sua cena de apresentação no terraço foi linda demais de ver, e juntando tudo o que fez foi perfeito. Kate McKinnon também soube envolver bem como a empresária Debra, trabalhando de uma forma imponente, cheia de estilos, e principalmente em busca do dinheiro com muita astúcia e encaixando tudo com boas sacadas, o que acabou agradando bastante. Quanto aos demais, o filme possui boas pegadas com diversos figurantes de luxo que entregam cenas bem bacanas junto dos protagonistas e agradam bastante, mas sem dúvida o destaque entre todos é o cantor Ed Sheeran interpretando ele mesmo com muita desenvoltura e cheio de boas nuances, sendo realmente um bom ator além de bom cantor. E tenho de dar os parabéns para a equipe de caracterização por fazer com que Robert Carlyle algo espantoso, que é melhor nem falar para não dar spoiler.

Visualmente o longa brinca bastante com o contraste entre a pacata cidade de Norfolk aonde os protagonistas vivem, e a vida de rockstar em Los Angeles, além claro de passagens por diversos pontos turísticos das canções dos Beatles em Liverpool, trabalhando bem os shows com inserções diferenciadas de letreiros com os nomes das canções por entre os personagens, usando de efeitos simples, porém bem bacanas e interessantes de formato tridimensional. Além disso a equipe trabalhou bem os figurinos clássicos juntamente de muitas cenas impactantes em shows, o que deu uma dinâmica bem recheada. A fotografia jogou muitas cores, mas sempre puxando para um tom mais escuro, brincando com chuvas e densidades mais neutras para que o filme tivesse ao mesmo tempo que é cômico, algo mais tenso e dramático.

Claro que por ser um longa musical, o filme contém diversas canções excelentes dos Beatles, que com uma boa interpretação (meio que gritada) de Himesh Patel resultou em algo até divertido de escutar, que vou colocar o link aqui, mas quem preferir, ouça as canções originais nessa outra playlist aqui.

Enfim, é um filme bem gostoso de conferir, que vai divertir bastante tanto os fãs da banda (que ainda desejamos muito ver um filme sobre a formação da banda!) quanto os que gostam de longas musicais bem trabalhados, aonde a desenvoltura funciona e o resultado acaba agradando pelo estilo desenvolvido. Ou seja, um filme recomendável para todos, que vai emocionar e envolver com tudo na medida, e que mesmo tendo leves falhas durante quase toda a exibição, consegue limpar nossa mente delas com as boas canções. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, afinal ainda faltam algumas estreias para conferir nessa semana, então abraços e até logo mais.

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