Midsommar - O Mal Não Espera a Noite

9/22/2019 07:10:00 PM |

Chega a ser tenso pensar em tudo o que o longa "Midsommar - O Mal Não Espera a Noite" transmite para o público, pois diferente de outros longas do gênero terror que costumam assustar ou causar um horror mais forte por meios mais comuns, aqui a cultura de um povo acaba sendo a ideologia chocante, meio que quase um estudo antropológico que vemos de uma forma bizarra como espectadores, aonde vemos os protagonistas se doparem com drogas naturais, irem em rumos excêntricos, e principalmente se envolverem em situações tensas e fortes, que rumam para algo de certa forma inesperado, mas que envolve, causa algo intenso no público, e funciona, pelo menos para quem gosta de algo bem diferente. E assim sendo não posso dizer que seja o filme do gênero mais impressionante do ano, mas que certamente irei pensar muito ainda nas coisas estranhas que me foram mostradas na telona.

A sinopse nos conta que Dani e Christian formam um jovem casal americano com um relacionamento prestes a desmoronar. Mas depois que uma tragédia familiar os mantém juntos, Dani, que está de luto, convida-se para se juntar a Christian e seus amigos em uma viagem para um festival de verão único em uma remota vila sueca. O que começa como férias despreocupadas de verão em uma terra de luz eterna toma um rumo sinistro quando os moradores do vilarejo convidam o grupo a participar de festividades que tornam o paraíso pastoral cada vez mais preocupante e visceralmente perturbador.

O diretor e roteirista Ari Aster, que fez o controverso "Hereditário" no ano passado, agora nos permeia numa produção entre EUA, Suécia e Hungria que vai florear muito a imaginação daqueles que pensam já ter visto de tudo no gênero terror, pois aqui cada cena é básica para algo completamente diferente, cheio de propostas estranhas, mas que funcionam para perturbar o imaginário, de tal forma que mesmo não sendo pessoas que frequentem rituais, ou até mesmo raves estranhas, acabamos nos sentindo como personagens do rito que a trama nos impõe, e isso é algo que poucos diretores conseguem. Ou seja, não temos uma trama assustadora por aí própria, mas ao sentir todo o desenvolvimento estranho, toda a proposta de fazer com que os jovens façam parte do ritual, que através das drogas fortes e sinistras que tomam, o desenrolar acaba fluindo tanto que ficamos chocados com tudo, e isso como costumo dizer, é a outra forma correta de um longa de terror funcionar, por mais bizarro que possa ser ver cada ato do longa.

Sobre as atuações, diria que alguns foram meio que jogados na trama por algum motivo meio que sem nexo, e até nem necessitaria dos personagens meio que idiotas, que no final até serviram para algo, mas era só mudar o número místico de 9 para 6 que estaria tudo certo, mas como não sou eu quem decide o que está certo ou errado num roteiro, poderiam ter exigido ao menos umas caras melhores para alguns personagens, pois até os figurantes saíram bem no longa, então, porque não os secundários não foram melhores. Tirando esse detalhe, posso falar com certeza que a protagonista Florence Pugh com sua Dani nos entregou uma mulher apavorada com tudo, completamente desequilibrada, mas que com o andar da trama consegue segurar o andamento da personagem, e se entrega para que os atos funcionem bem, e isso é algo que vale muito no estilo, além de que não força suas emoções, e agrada também bastante com isso. Jack Reynor trabalhou seu Christian de modo a vermos um personagem meio que perdido de ideias, e que não liga de forma alguma para qualquer pessoa ao seu lado, seja um amigo ou qualquer outra coisa, e com isso ele aparentou levemente perdido de atitudes, sem muitas perspectivas, mas entregando um resultado ao menos, e isso faz valer seus momentos. Will Poulter com seu Mark foi um dos que falei que não sabemos o que estava fazendo na produção, pois já é um ator com um certo nome, e aqui fez nada mais do que o amigo bobo do grupo, que faz algumas cagadas desnecessárias, e isso não é bacana de ver. William Jackson Harper até teve alguns atos interessantes com seu Josh, mas nada que realmente impressionadas, de modo que paga pelo que faz, e ao menos se expressou bem. Quanto aos demais, temos de ser coerentes que praticamente todos da comunidade foram imponentes em suas atitudes, conseguiram chamar a atenção quando era necessário na sua cena, e só isso já faz terem um mérito de destaque, mas ainda assim vale pontuar tanto Julia Ragnarsson como Inga e Vilhelm Blomgren com seu Pelle, pois ambos tiveram mais participação nos atos marcados, e incorporaram bem os momentos que foram usados.

Diria que a equipe de arte está até agora querendo matar o diretor pela quantidade de detalhes pedidos para colocar na cenografia, mas que foram de uma precisão tão incrível de ver que faz toda a diferença, dando textura para as cenas, sendo forte de impacto nas mortes, mas principalmente sendo representativa para elucidar a curiosidade da do público antes mesmo das cenas acontecerem, e isso mostrou todo o trabalho bem feito pela direção de arte para que o resultado fosse até maior que os atos, trabalhando cada pedacinho de cena como algo de estudo antropológico funcional, que faz com que o público até acredite existir algum tipo de comunidade/seita da mesma forma que aparece no longa, e que talvez tivesse sido estudada pelo diretor para ser tão bem representada na telona da forma que acabou sendo. Quanto da fotografia, certamente tiveram muito trabalho no estudo das cores do longa, pois fazer um filme de terror funcionar quase que se passando 100% de dia é algo que poucos conseguiriam, e aqui tudo causa, e até mesmo com uma cena branca total, a tensão fica incrementada.

Enfim, é um filme bem diferente que funciona dentro do que se propôs a entregar, que certamente causará um estranhamento por parte de quem for esperando alguma coisa mais comum dentro do terror, mas que quem for preparado para um filme diferente certamente irá ficar tenso com tudo, e o resultado irá agradar bastante. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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