De Volta Para Casa (Home Again)

10/17/2017 01:53:00 AM |

Gostamos de ver muitos filmes tensos e que contenham roteiros com mil reviravoltas, que deem nós no nosso cérebro e que nos faça pensar bastante, mas com toda certeza também gostamos de ver um filme leve apenas para relaxar, que trabalhe ideias simples e consiga cativar por mostrar que nem sempre o mundo do cinema é tão simples como muitos imaginam, juntando a isso a ideia de que seus planos jamais podem ter data para ser fechados, e que amizades podem acontecer a qualquer momento. Com essa ideia em mente, conferir o longa "De Volta Para Casa" pode ser uma experiência bem prazerosa, que até podemos reclamar de ser piegas demais, com reviravoltas simples e clichês demais, mas que com toda certeza fará muitos da área de cinema lembrar o quanto é difícil criar uma ideia, e ir mostrar para um financiador/produtor, e pensando dessa forma, por bem pouco esse Coelho quase esqueceu o romance/filme que ocorre no primeiro plano e focou somente na história dos três jovens secundários, pois não digo que a história/relacionamento do grupo todo com o ar maternal/incorporador da protagonista seja algo subjetivo, mas o longa certamente acabará sendo visto de duas formas, uma por quem for querendo o romance mesmo, e outro como esse que vos digita sempre acabou vendo, e sendo assim, vou tentar falar mais dos dois vértices mais para baixo, mas garanto que quem gosta de filmes leves, com uma pegada quase europeia vai curtir esse roteiro bem simples e bacana aqui.

A sinopse nos conta que recém-separada do marido, Alice Kinney decide recomeçar a sua vida se mudando para sua cidade natal, Los Angeles, com as duas filhas. Durante uma comemoração do seu aniversário de 40 anos, ela conhece três cineastas que precisam de um lugar para morar e acaba deixando os rapazes permanecerem em seu quarto de hóspede temporariamente, mas o acordo gera situações inesperadas.

O estilo encontrado pela diretora e roteirista estreante Hallie Meyers-Shyer basicamente é algo que bebeu muito na fonte de sua mãe Nancy Meyers, que aqui atacou de produtora, pois basicamente o que vimos em "Um Senhor Estagiário", "Simplesmente Complicado", vemos novamente aqui com uma roupagem diferente, mas usando os mesmos artifícios e pontuais evoluções, o que mostra a seguinte frase que "filho de peixe, peixinho é", e com isso, não temos nada que surpreenda o espectador, aliás não se deve esperar nada de um filme desse estilo, pois as reviravoltas são sempre as mesmas, os fechamentos os mesmos, e só acabamos errando em detalhes (por exemplo apostei que o que acontece na penúltima cena, aconteceria 3 minutos antes, na cena anterior!). Ou seja, a diretora entrega o que conhece, de um modo simples, mas que acaba se tornando gostoso de assistir, pois não força nossa amizade (colocando clichês sim, e de forma correta, pois quando alguém tenta usar um clichê e falha inventando, o resultado soa péssimo), nem ousa querer que o público se emocione com o que é mostrado, apenas faz relaxar e mostra com serenidade cada ato seja ele visto pelo pessoal da área de cinema como a vida nessa área nem sempre é favorável e que temos de fazer algumas escolhas para ajudar os amigos, ou na área mais comum de público, que podemos optar por todos os lados gerando uma harmonia com nossas escolhas para ficarmos felizes e quem sabe até agradar a todos.

Sobre as atuações, temos de ser factíveis que a estrela de Reese Witherspoon já não lhe sorri mais tanto como quando era mais jovem, e mesmo tendo um carisma incrível em cena com sua Alice, seus grandes momentos acabam sempre sobrepostos pelos demais personagens, o que é estranho de ver, pois certamente uma atriz do porte dela conseguiria sobrepor qualquer um dos atores menos conhecidos, ou ao menos, as garotinhas, o que acaba não ocorrendo, mas isso não é motivo de derrota, pois ela agrada bem na maior parte do tempo, e mostra que quando ela quer soar simples consegue sem forçar. Michael Sheen aparece pouco com seu Austen, mas põe pra jogo seu estilo forte e consegue chamar a atenção com isso, criando momentos isolados que acabam floreando o resultado, talvez um pouco mais de briga/dinâmica com os garotos daria um tom mais forte para o filme. Nat Wolff cresceu demais e mudou muito nesses 2 anos, de modo que o garoto mais sonhador e cheio de trejeitos que vimos em "Cidades de Papel" e "Um Senhor Estagiário", aqui ficou estático demais com seu Teddy e é fácil notar que muitas cenas suas foram eliminadas, talvez por não ousar tanto. Pico Alexander aqui é inserido como o famoso galanteador que faz as garotas suspirarem e que sempre vai ficar tentando aparecer nas cenas mais impactantes, de modo que seu Harry acaba sendo bem entregue e até agrada tirando alguns exageros expressivos nas suas cenas mais revoltadas. Agora sem dúvida alguma (ao menos no meu conceito) dos três jovens, o que foi mais bem elaborado tanto em trejeitos bem colocados, quanto na concepção mesmo do personagem foi Jon Rudnitsky com seu George, de modo que chega a ser difícil não se afeiçoar com ele, seja na forma de tratamento dado para as garotinhas, quanto para com seu relacionamento com a protagonista, numa forma de olhares muito melhor do que a trocada com o seu par realmente na trama. Quanto aos demais, temos de dar um leve destaque para Candice Bergen com sua Lillian que cai completamente na tradicional forma de ser conquistada pela reverência de fãs, e um grandioso destaque para o nível interpretativo das duas garotinhas Lola Flanery com sua Isabel e Eden Grace Redfield com sua Rosie, pois ambas detonaram do começo ao fim com olhares, trejeitos e principalmente colocando seus diálogos num nível de carisma impressionante.

Dentro do conceito cênico, o longa conseguiu ter um charme extra ao trabalhar bem o cinema mais artístico e claro suas locações mais cheias de detalhes, de modo que temos a casa da protagonista literalmente como uma casa de cinema, com lençóis que parecem abraçar os protagonistas (é usado inclusive como tema de piada na trama), com festas nos quintais regadas a projetores antigos em panos amarrados, e muita dosagem de elementos cênicos representativos, seja por quadros, oscares, rolos de filmes, máquinas de escrever, e claro tudo que pudesse remeter aos bons tempos que o pai da protagonista viveu (inclusive usando um carro bem da época - em uma outra piada clara de que hoje ninguém por lá sabe usar carro de câmbio manual), e claro que nas demais cenas dos jovens indo à encontros com produtores, é mostrado que esses pouco ligam para os artistas, querendo colocar eles até mesmo como elementos cênicos (outro ótimo ponto de piada), ou seja, até mesmo os personagens em diversos momentos acabam servindo de elementos de arte para a equipe de arte, num ótimo trabalho de composição. Quanto à fotografia, tivemos tons leves para manter a simplicidade da trama, ousando bem pouco em iluminações de foco para dar leves destaques, mas nada que seja impressionante de ver, deixando o longa não tão forte comicamente, mas também não caindo para tons dramáticos como poderia acontecer.

Enfim, é um filme que até pode passar despercebido por muitos, e que não vai também chamar muito a atenção para quem não é fã do estilo, mas acaba saindo tão gostoso de ver, que acaba agradando quem for disposto a relaxar e entrar na onda da história realmente. Claro que é notável a quantidade de cenas cortadas fora, a quantidade imensa de clichês colocados para pontuar cada cena, mas a função do filme não é ser algo grandioso, muito menos algo novo no estilo, mostrando apenas que a jovem diretora se seguir os passos da mãe, logo mais deve ter grandes filmes do estilo em suas mãos e certamente vai acertar. Portanto, vá conferir sem esperar muito dele, que a chance de gostar do que verá é bem alta, mas se romances não é sua praia, fuja. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, já vendo esse como uma das estreias da próxima semana, afinal está com várias sessões de pré-estreia paga, mas volto na próxima quinta com realmente mais estreias, então abraços e até lá.

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Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola

10/14/2017 03:12:00 AM |

Sempre digo que é interessante quando saímos de uma sessão e ficamos pensando no que o filme quis dizer para nós, e basicamente "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola" não conta realmente como fazer essa proeza, pois até possui algumas lições incorporadas na trama, mas o filme se desenvolve tanto com diversas bagunças (claro que felizmente sem destruir uma estrutura tradicional de cinema!) que ao final acaba funcionando como uma espécie de filme de sessão da tarde aonde tudo é possível acontecer, mas que por ter tantos xingamentos não irá passar nesse horário. Ou seja, até é um filme que passa um tempo, possui uma boa dinâmica que não cansa o espectador, mas você já praticamente sabe como a trama vai acabar fluindo, com o que vai sendo entregue, e claro que como de praxe do estilo, vem carregada de escatologias para todos os lados para tentar divertir um pouco. Portanto, vai ser daqueles que irá divertir os fãs de Gentili, que realmente gostam desse estilo peculiar exagerado dele, mas que não funciona como um filme cômico para quem deseja ver realmente uma comédia.

A sinopse nos conta que Bernardo e Pedro são estudantes e enfrentam as clássicas tarefas de cumprir as obrigações escolares, tirar boas notas, ter bom comportamento e cumprir as regras da escola, cada vez mais elaboradas graças ao diretor Ademar. Frustrados, Pedro acaba encontrando um diário de como provocar o caos na escola sem ser pego, o que leva os dois amigos a seguirem as dicas do caderno.

Em sua primeira direção e adaptação de livros para longas, Fabrício Bittar (que já foi uma criança no arco-íris de "Xuxa Contra o Baixo Astral"!!!!) não só conseguiu criar algo bem diferenciado, como também criou uma grande amizade com Gentili, tanto que em breve estará dirigindo os dois próximos longas criados pelo apresentador, mas o fato que vai ficar marcado em sua carreira é o estilo que soube misturar bem desenhos do diário com as situações ocorrendo na trama, meio que realmente como se fosse rolar o desenvolvimento do manual de Gentili. Claro que talvez o manual em si só desenvolvido ficasse um pouco chato, e nem sei se no livro que é baseado do Danilo Gentili é realmente assim, mas podemos dizer que embora tudo seja muito maluco, o resultado acaba impressionando. Como o personagem de Fábio Porchat diz no trailer, esse filme é um desserviço com o cinema nacional e você deveria ficar em casa ao invés de ir ao cinema conferir, claro que isso foi um tremendo marketing bem feito no trailer, mas em parte a bagunça que acabaram criando é tão imensa que mesmo o filme tendo alguns momentos interessantes (principalmente nas cenas finais!) o que é dito é bem válido.

Quanto das atuações, os jovens Daniel Pimentel e Bruno Munhoz se saíram até que bem expressivos em seu primeiro trabalho nos cinemas, de modo que conseguiram criar uma boa amizade com uma química interessante, e também se desenvolveram bem durante o longa com seus Pedro e Bernardo, porém ambos poderiam ter feito caras mais empolgadas em diversos momentos, parecendo estranhar ainda um pouco para onde olhar, mas isso como já disse outras vezes, se aprende com o tempo, e claro que um bom diretor ajuda bastante. É claro que por ser seu livro, Danilo Gentili tem o papel mais importante na trama, como o antigo pior aluno, dono do diário original e mentor dos garotos que desejam se salvar da escola, e com isso ele praticamente faz o papel real de sua vida, como playboy que frequenta festas abarrotadas de bebidas e mulheres, tem um apartamento com tudo que um garoto sonhou e claro fala muitos palavrões, mas embora ele seja assim, talvez não precisasse exagerar tanto, e com isso acabou ficando até forçado demais, mesmo que com isso acabe fazendo rir em diversas vezes. Carlos Villagrán (nosso eterno Quico) entregou um diretor Ademar bem autoritário, mas embora use frases consagradas suas, faça algumas caretas também bem conhecidas, os produtores ainda devem estar se perguntando o motivo de colocar alguém falando um portunhol horrendo que ninguém consegue entender praticamente nada no filme, de modo que garanto que associamos 99% do que ele fala pelas respostas dos demais em cena, pois dificilmente alguma palavra sai bem colocada, talvez legendando ele melhoraria muito, mas aí sairia da essência da trama, que acho que era a de realmente ninguém entender ele. Moacyr Franco caiu bem como zelador da escola, mas também acabou um pouco forçado no besteirol, aparentando mais um zelador de prisão do que de escola realmente, ficando um pouco estranho de se ver. Agora dificilmente fico triste por algum ator/humorista estragar carreira em filmes, mas o que Fábio Porchat  fez com seu Cristiano é algo para se desprezar muito, afinal ele vinha numa pegada de excelentes filmes, mostrando  que tem uma boa interpretação e poderia se tornar um grande ator de comédias normais, mas aqui jogou tudo pra cima e ficou péssimo. Dos demais, podemos dizer que os professores Raul Gazolla, Joana Fomm e Rogério Skylab fizeram caras e bocas forçados para aparentar seus papeis, mas nada que fosse impressionante como poderia, já que queriam algo como mestres monstruosos, poderiam ter incorporado isso ficando bravos realmente.

Sem dúvida o melhor do filme (e que irá compor a maior parte da nota!) é a arte visual do longa, aonde conseguiram juntar cenários tradicionais de filmes escolares, com muitas traquinagens dos anos 80/90, muitos cenários preparados para receber cada cena, desde um apartamento fabuloso com muitos elementos cênicos para ser incorporado na trama, passando por um apartamento deplorável (com um Rei do Mate - patrocinador - no meio, no fabuloso também aparece toda hora uma chopeira adesivada), uma escola bem trabalhada de salas prontas para serem usadas, e claro banheiros rabiscados característicos da maioria das escolas. A fotografia da trama também colocou muitos tons fortes contrastando com pasteis dos uniformes, e algumas iluminações chamativas para destacar somente onde desejavam mostrar, criando pontos uniformes e interessantes. Mas sem dúvida alguma o grande feitio técnico ficou por usar muita animação nas vinhetas de quebra das lições, ousando com sabedoria na utilização dos rabiscos de cadernos, fazendo algo bem trash e bacana de ver na telona.

Enfim, se eu falasse que gostei do que vi, estaria mentindo bastante, pois é um filme estranho, bagunçado e que não serve para muita coisa, mas claro que vai ter muitos que gostam do estilo do Gentili, que irão ver o filme, irão se divertir com o que é mostrado e vão ficar com toda certeza aguardando "Como Se Tornar o Pior Aluno da Faculdade", então é daqueles longas que tem seu público definido, mas que não posso recomendar para quem não for desse nicho conferir. Então é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfico, mas volto na terça já com uma pré da próxima semana que está em cartaz já, então abraços e até breve.

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A Menina Índigo

10/13/2017 08:55:00 PM |

Já vi muitos filmes religiosos que deram certo e também muitos que foram um afronte para qualquer pessoa que vá ao cinema conferir, mas confesso que sinto uma grande afinidade por bons diretores que atacam nesse estilo e sabem mostrar a que vieram, pois quando botam a cara à tapa para mostrar sua opinião e criam um filme interessante que combine a religiosidade/espiritualidade bem com a história a que se propõe contar, o resultado acaba magnífico. Só é uma pena que infelizmente "A Menina Índigo" não poderá ser incluído nesses exemplos de filmes maravilhosos sobre a espiritualidade presente em muitas pessoas boas que querem e vão mudar o mundo, que acaba sendo a base/tema do filme, mas que não consegue atingir por focar tanto em tantas coisas e menos no que se propunha. Claro que o filme não é ruim, pois com uma estética maravilhosa de cores (característica marcante do diretor que fez de "Nosso Lar", um longa de uma beleza visual incrível!) e uma atuação de nível mais do que profissional da garotinha, o resultado é sim algo que causa uma felicidade, mesmo que momentânea, porém faltou aquele detalhe que transforma uma história boa em um filme bom, que é a direção atacar com unhas e dentes a proposta e tirar dali algo visceral e incrível. E com isso, o longa acabou ficando realmente alongado, pois não possui muito tempo de duração (99 minutos) mas aparentou ter no mínimo umas 2-3 horas no total de tão repetitivo e sem objetivo que acabou soando. Ou seja, é um filme bem feito, mas que não atingiu o ápice que poderia mostrar, e claro contagiar mais pessoas para viver com mais alegria num mundo colorido e cheio de bondade.

A história nos conta que Sofia é uma garota de 7 anos que tem enfrentado problemas na escola, por não se interessar nas matérias ensinadas. Após se trancar em uma sala e pintá-la por completo, seu pai é chamado ao local. Meio afastado dela devido ao trabalho como jornalista, ele se reaproxima após o pedido da própria Sofia para que more com ele. Aos poucos, ele percebe que Sofia possui é não só uma criança bastante espontânea que se manifesta através da pintura, mas que também possui o dom de curar pessoas doentes.

Fico realmente triste quando um filme não consegue entregar o que se propões, pois já disse outras vezes que a temática espírita/religiosa é um dos maiores filões que se os diretores e roteiristas quiserem adaptar livros e mais livros irão ter filmes para fazer em quase todas as semanas de sua vida, basta que enfrentem preconceitos e tudo mais, e nem queiram mostrar sua verdadeira frente, afinal pode-se fazer um longa evangélico/espírita/cristão tranquilamente sem necessitar se um seguidor dos grandes mantras e religiosos de cada religião, desde que siga os princípios, se pesquise bastante e principalmente entregue na tela o que o público alvo da religião deseja ver, pois assim sendo é certeza de ser indicado no famoso boca a boca e com isso ganhar muito ou pelo menos o dinheiro investido com o retorno. Porém voltando a falar do filme aqui em questão, o diretor e roteirista Wagner de Assis que fez um dos filmes de maior produção nacional, o espírita "Nosso Lar" (até hoje acredito que tenha sido um dos maiores no quesito efeitos visuais no Brasil, e que acabou tendo uma excelente bilheteria dentro do nicho), apenas entregou um longa singelo, sem atingir nada e quase ninguém, pois era notável que a sala com um bom público (não estava lotada, mas tinha lá bem mais que muitos filmes que confiro!) alguns já estavam quase no final deitados na poltrona quase dormindo, outros conversando sobre qualquer coisa, alguns entrando e saindo da sala e até mesmo eu, olhando para outros para ver reações ao invés de me prender no filme, e no que estava acontecendo, pois sua história acaba divagando demais sobre o tema, entrado em temas políticos, e apenas salpicando na tela o que deveria mostrar realmente, não chegando a nenhuma conclusão específica. Com isso, o que vemos de seu trabalho é apenas algo muito colorido e bonito de se ver, aonde o resultado não importava, mas sim a tentativa de mostrar algo, e assim sendo, o filme acaba cantando uma música bonitinha também e saímos da sessão prontos para ver outro filme, sem nem ao menos precisar refletir ou pensar no que vimos.

Sobre as atuações, é fato mais do que claro, que Letícia Braga se crescer e manter o bom estilo de atuação que vem mantendo, e principalmente o que fez aqui, irá ser uma das melhores atrizes desse país, quiçá se ousar sair para fora, e digo isso sem pensar em mais nada, pois uma garotinha de 12 anos simplesmente derrubou com todas as mínimas forças as interpretações/atuações dos adultos, com um carisma mais do que impressionante e incríveis expressões claras tanto da idade, como de uma proposta mais ousada com sua Sofia, fazendo com que todos os momentos seus fossem marcados por realmente uma luz especial, um sorriso/expressão especial e uma clareza de saber o que estava fazendo ali com maestria, acertando em cheio cada momento. Já não podemos dizer o mesmo de Murilo Rosa, que até se saiu bem com seu Ricardo, mas aparentemente saiu melhor como produtor do filme do que como ator realmente, criando momentos marcados pela simplicidade de expressão ao mesmo tempo que não chegava a conclusões de suas cenas, ficando sempre no meio do caminho. De Fernanda Machado então chega a ser quase como um enfeite cênico com as poucas cenas de sua Luciana, que ainda por cima não expressava nada quando aparecia, fazendo uma mãe mais perdida do que pronta para fazer algo, claro que sabemos que não é fácil saber o que fazer numa situação dessas, mas ao menos tentasse ser mais expressiva com a dúvida. Dentre os demais atores, a maioria até trabalhou bem dentro do que foi proposto para eles, não atingindo nada além do comum, mas também não atrapalhando (tirando claro TODOS da escola, que chegou a ser deprimente o depoimento e a conversa de uma diretora/pedagoga com um pai e na sequência sua entrevista para a TV!), podendo dar leves destaques para Eriberto Leão com seu Geremias numa clara alusão ao oportunismo midiático, que prefere perder o amigo à matéria de sua revista, Paulo Figueiredo com seu Paulo Gregório trabalhando o ar da corrupção que afronta o país e a vida das pessoas, e até mesmo a rápida participação de Nizo Netto como um médico que nem procura saber o que sua paciente tem já tacando logo de cara um remedinho tarja preta que vai "acalmar" os problemas da criança.

Sendo uma das características dos trabalhos do diretor, o conceito cênico do filme acaba sendo tão incrível, que por bem pouco não acaba dominando todo o filme, pois com muitas cores, tintas (com certeza atóxicas, pois a garota literalmente come as tintas, joga pra todos os lados, toma banho, faz de tudo com as cores - principalmente o azul índigo!!!) e que com muita clareza de sentido fez de sua obra algo bem trabalhado de elementos cênicos, de ótimas pinturas abstratas que acabam dando um tom bem bonito de olhar, mas que acaba faltando também um pouco para atingir realmente um ápice cênico, afinal toda vez que saía da casa dos protagonistas, o resultado praticamente descia e ia para rumos mais fracos, ou seja, poderiam ter ficado somente na casa e trabalhado ali a espiritualidade total e acertaria mais em cheio. No conceito fotográfico a ousadia também foi bem pouca, deixando tudo num único tom claro, sem muita dinâmica de ângulos, apenas deixando fluir a criatividade da garotinha e com isso jogando fora todas as possibilidades de nuances que longas desse estilo costumam ter.

No conceito sonoro, o tradicional pianinho de fundo, com melodias tristes orquestradas dominam do começo ao fim para tentar causar alguma emoção no público, mas além de atrapalhar e cansar, acabam que deixam o filme mais lento ainda, e não atinge nada além do que já está sendo mostrado, de modo que precisam parar com isso, que já deu esse estilo musical para o gênero, e dificilmente vem sendo acertado na função de fazer chorar.

Enfim, com uma proposta razoável, e um tema bem interessante para se discutir, e claro provar algo, a trama acaba soando fraca demais e não comove, nem atinge os objetivos propostos, apenas funcionando como mais um filme apenas, aonde a beleza visual disfarça os problemas reais de um roteiro/direção. Ou seja, existem muitos outros bons filmes que tratam de espiritualidade, de que podemos e devemos criar um mundo melhor mais alegre e feliz, mas que de uma forma mais coerente acaba agradando mais. Portanto, quem quiser pular esse, pode deixar tranquilamente que não vai fazer diferença alguma com o que será mostrado, o que é uma pena imensa, pois como sempre falo, temos potencial para criar bons filmes, mas falta a coragem realmente. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou encarar outro longa nacional, agora saindo da espiritualidade e indo para a sujeira realmente, então abraços e até logo mais.

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As Aventuras do Capitão Cueca - O Filme em 3D (Captain Underpants: The First Epic Movie)

10/13/2017 12:56:00 AM |

Fazia tempo que ao ver uma animação dublada, eu não ficava tão curioso para ver a versão original. Digo isso, pois sempre as animações acabam fluindo tanto com as vozes dos dubladores, encaixando bem o mundo completo e divertindo que acabo nem ligando para a forma original, claro que muitas vezes que consegui ver as duas, o original geralmente surpreende com algo, e aqui em "As Aventuras do Capitão Cueca - O Filme" tenho certeza absoluta de que as piadas de duplo sentido funcionaram muito bem na versão americana, enquanto aqui tudo acabou ficando politicamente correto para ser vendido para crianças, e com isso o longa acabou ficando bem em cima do muro, não atingindo nem as crianças (tirando o grande colorido e as bobagens feitas pelo protagonista) e nem os adultos que viram algo estranho acontecendo com personagens agindo de um jeito e falando coisas de outro completamente desconexo. Ou seja, um filme que certamente até teria algo impróprio para menores no conteúdo, algo meio "Beavis and Buttered" ou "South Park" (claro que bem mais light!), acabou soando fraco e colorido apenas, com algumas pitadas cômicas e muita loucura criativa.

A sinopse nos conta que Jorge e Haroldo são amigos inseparáveis, tanto no colégio quanto na casa na árvore que mantém juntos, onde se dedicam a escrever histórias em quadrinhos do Capitão Cueca, super-herói por eles inventado. Ambos adoram se divertir na base de pegadinhas, especialmente em relação aos professores e ao rabugento diretor Krupp. Quando são ameaçados de serem separados de turma, Jorge usa um anel hipnótico contra o diretor, que faz com que ele obedeça a todas as suas ordens. É quando a dupla tem a ideia de transformá-lo no próprio Capitão Cueca.

O longa que é baseado na série mundial de livros de Dav Pilkey, veio com uma proposta até que bem ousada, com personagens falando com o público e boas esquetes misturando animação computadorizada tridimensional com desenhos 2D bem elaborados e interessantes no melhor estilo de HQ, o que mostrou um pouco mais do estilo do diretor David Soren que fez de "Turbo" um sucesso diferenciado. Porém faltou aqui uma escolha melhor de que caminhos seguir, pois se lhe entregassem um roteiro mais fechado com algo mais palpável, ou algo completamente maluco como ele tentou fazer no início da trama, trabalhando bem a criatividade dos protagonistas, certamente teríamos um filme mais forte, pois sabemos que seu estilo é amplo, e quem sabe numa continuação ele saia bem melhor.

Sobre os personagens, temos de falar que o carisma dos dois protagonistas Jorge e Haroldo é algo completamente fora do padrão para um desenho, de modo que logo de cara parece que conhecemos eles, e até torcemos para as suas travessuras dentro da escola, mas aí entra o divertido Capitão Cueca com seu trá-lá-láááá e uma proposta irreverente e praticamente quebra eles para um segundo plano, o que não é algo comum de se ver (claro o filme se chama As Aventuras do Capitão Cueca e não algo de Jorge e Haroldo você deve estar falando para mim!), mas acredito que poderiam ter mantido a essência deles e junto com o Capitão para ser criado algo mais dinâmico e interessante. Agora quanto ao vilão, Professor Fraldinha Suja volto a dizer que quero ouvir a dublagem original para poder comparar, pois acabaram fazendo uma voz forçada, com muito sotaque, de modo que muitas palavras acabam sendo até difíceis de entender o que ele fala, e isso não é legal para uma animação. Dos demais, a personalidade do diretor Krupp é algo bem forte e a sacada dela ser assim por não ter amigos/relacionamentos foi bem interessante de ver, e inteligente pela parte da equipe de roteiro, e o jovem Melvin soou bem chato por parte de suas atitudes, mas sabemos bem que existem vários assim nas escolas, então fizeram um xerox bem colocado.

No conceito visual, a trama mesmo feita com muita computação gráfica acabou pecando um pouco nas texturas e nos designs dos personagens, pois inicialmente todos pareciam ser bem desenhados, mas com o andar da trama acabamos vendo formas muito semelhantes, quase nenhum movimento de cabelo, capa e afins, e o resultado soa um pouco duro demais, o que não é bonito de ver em um longa misto (quando a proposta é ser duro, ou cair mesmo para o 2D até é bem válido, mas aqui não aparentou esse o motivo!). Mas para contrabalancear esse estilo mais sólido, a equipe compensou muito em cores e tons, trabalhando bem vermelhos, tons de peles diversos, figurinos com cores exageradas, e principalmente uma gosma verde ácida que até o Superman fugiria quilômetros daquilo. Outro grande defeito do longa ficou a cargo do 3D completamente inútil, não tendo uma profundidade sequer, um detalhe saindo para fora da tela, absolutamente nada, de modo que na cena dos papeis higiênicos voando até achei que iria virar uma festa na tela, mas nada, tudo vai para o outro lado, e o resultado acaba sendo bem desapontador por parte dessa tecnologia.

Enfim, é um filme com uma proposta boa para uma série, consegue ser divertida dentro de um plano mais abrangente, mas que tanto na dublagem nacional, quanto na ousadia cênica acabou desapontando um pouco. Claro que não verei tão cedo a versão original, já que não veio para o interior, mas tenho certeza absoluta de que está melhor dublada e que talvez goste mais do filme desse modo. Portanto até recomendo levar as crianças pelo colorido, pela ideia de que rir é bom, mas faltou o filme causar mais esse sentimento do que apenas falar. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas nessa sexta verei mais dois filmes, então abraços e até breve com mais textos.

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A Morte Te Dá Parabéns (Happy Death Day)

10/12/2017 06:33:00 PM |

Embora "A Morte Te Dá Parabéns" não seja um filme ruim, o desapontamento de ir ao cinema esperando ver um filme de terror tenso e ver quase um romance teen bem leve foi tão alto que esse Coelho quase nem sabe o que falar dele. Digo isso, pois o filme é tão levinho, que raramente somos pego no susto com o máscara de bebê aparecendo, pois toda hora que vai acontecer já praticamente sabemos e ficamos apenas esperando para ver qual vai ser a forma que vai matar a protagonista (e isso sem quase sangue algum, bem leve mesmo!!), ou seja, a mistura de "Pânico" com "Efeito Borboleta" mal conseguiu ficar próxima de "Feitiço do Tempo" (o qual é citado no longa!), e acaba mais decepcionando do que empolgando com o que poderia ser. Volto a frisar que a história embora seja bobinha é interessante, e possui bons momentos para tentarmos adivinhar quem é o assassino entre tantos suspeitos, afinal a menina é daquelas que qualquer um desejaria dar uma boa paulada na testa, mas faltou o tom de terror mesmo para empolgar e/ou assustar como poderia acontecer.

A sinopse nos conta que uma mulher é assassinada e fica presa em um ciclo vicioso entre vida e morte. Ela deve resolver o mistério de seu próprio assassinato, ressuscitando várias vezes até descobrir quem foi o responsável pelo crime. Só quando ela compreender o que causou sua morte, pode conseguir escapar de seu destino trágico.

Com um grande currículo como roteirista de terror, e dois bons filmes (um de terror e um de comédia trash envolvendo terror), era de se esperar bem mais de Christopher Landon aqui, pois mesmo criando o ambiente tenso em diversas cenas, a máscara do assassino chega a ser bizarra em diversos momentos, e além disso tudo é criado para não ir muito além, ou seja, acabamos vendo um filme repetido com algumas alterações bem colocadas, mas que fica mais próximo de algo comum do que algo que poderia realmente surpreender com alguma virada, ou até mesmo com algo mais envolvente. Ou seja, a direção pareceu cansada em causar algo, e apenas entregou o básico bem feito, e como disse antes, esse básico vai acabar desapontando muita gente, pois a maioria irá ao cinema esperando ver um bom terror, ou algo tenso ao menos, e aqui a comicidade e a despretensão acabam indo muito acima do que qualquer outra coisa.

Dentre as atuações, é fato que o destaque fica a cargo da protagonista Jessica Rothe, que trabalhou bem sua Tree, ousando em caras e bocas, sendo surpreendida e surpreendendo a cada novo ato de suas reviravoltas, mas embora os filmes sempre mostrem que garotas de fraternidades americanas são fúteis, aqui o nível dela chega a ser assustador de tão jogado, e se pararmos para pensar nas outras garotas então!!! Ou seja, sua penúltima volta foi bem bacana e bonita de ver, que acaba agradando mais pela proposta em si de algo bonitinho e funcional, mas ainda longe do que esperávamos ver. Dentre os demais, temos de pontuar que Israel Broussard caiu bem como par romântico e agrada com seu Carter, sendo sucinto como par de conversas e até empolga nos olhares apaixonados, mas está longe de ser alguém que chamasse a atenção. Como já disse antes, as demais garotas soam tão falsas que chega a dar pena, e mesmo as duas coadjuvantes Ruby Modine e Rachel Matthews como Lori e Danielle respectivamente, que tiveram alguns momentos marcantes acabaram ficando sem sal de tudo, ou seja, também torceríamos para morrer rapidamente. Dentre os demais quase ninguém chama atenção, tendo um ou outro momento pontual que acaba mostrando leves destaques para se conectar a história principal, mas nada que valha realmente pontuar.

Por ser uma produção de Jason Blum, é fato que todo o conceito cênico para criar algo macabro é conseguido em diversas cenas, como por exemplo na primeira passada da protagonista por uma área em obras, com tudo escuro e somente um presente ali girando e cantando, outras cenas de tensão e fuga da protagonista, como as já mostradas no trailer do carro, e até mesmo nas diversas cenas que ocorrem repetidamente no início da saída da jovem do quarto de Carter foram bem trabalhadas com muitos elementos cênicos, mas poderiam certamente ter criado algo mais sobrenatural, e assim empolgar como terror realmente. Outro grande detalhe que falhou foi a fotografia, pois se ao menos tivessem usado tons mais escuros, acabaríamos vendo menos coisas na tela, e com isso ao menos seríamos surpreendidos com as aparições do assassino.

Enfim, é um filme que falhou em muita coisa, que após conhecer o assassino ligamos todos os pontinhos e fica até chato pensar em tudo, pois era algo bem óbvio, e ser revermos o filme certamente não terá a menor graça, mas que serve para passar um tempo no cinema e/ou em casa, afinal como disse está bem longe de ser algo ruim, apenas não é um terror, nem é algo fantástico dentro do que se propôs a entregar. Sendo assim, só recomendo ele se você não estiver esperando um longa de terror, e ainda assim gostar de tramas jovens de faculdade. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas daqui a pouco irei conferir outro longa que pela manhã compartilharei minha opinião com vocês, então abraços e até breve.

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Your Name (Kimi no na wa.)

10/12/2017 02:31:00 AM |

É tão bonito quando assistimos a um filme e saímos satisfeitos após a sessão, mais ainda quando vemos que o filme não apenas nos atingiu, como também tocou a todos que estavam na sessão, fazendo com que ele fosse aplaudido (coisa que só costuma acontecer em sessões com diretores/atores, mas não em uma exibição comum, bem longe do país de origem, como é o caso aqui) ao final, e muitos saíssem emocionados com o que foi passado pela trama, ou seja, o resultado de "Your Name", que já fez história com a bilheteria antes mesmo de estrear em diversos grandes países, acabou sendo tão bom que chega a ser difícil transmitir em palavras todos os sentimentos que acabei tendo durante a exibição. Para começar, passei muita raiva com as diversas conexões da trama, ri muito com diversos momentos, imaginei muitos filmes que já vi e senti a presença de espírito na trama, mas muito mais do que isso, o resultado final acabou dando um ótimo nó na garganta, emocionando, pois mesmo que você não acredite em reencarnações ou viagens temporais, tudo soa tão gostoso de ver que passamos até a acreditar nessas possibilidades, quase que flutuando com a letra da canção tema durante os créditos, que mesmo que não tivessem legendado (mas que ajudou muito) iríamos ficar ali até o fim extasiados com o tom que estava passando pelas vozes dos cantores japoneses da banda Radwimps. Ou seja, no Brasil todo terá mais algumas sessões no Cinemark (que adquiriu os direitos de exibição por aqui) então veja as programações e vá conferir, pois garanto que não você sairá muito feliz da sessão, valendo cada momento.

O filme nos mostra que Mitsuha Miyamizu é uma jovem que mora no interior do Japão e que deseja deixar sua pequena cidade para trás para tentar a sorte em Tóquio. Enquanto isso, Taki Tachibana, um jovem que trabalha em um restaurante italiano em Tóquio, deseja largar o seu emprego para tentar se tornar um arquiteto. Os dois não se conhecem, mas estão direta e misteriosamente conectados pelas imagens de seus sonhos.

O trabalho feito aqui pelo diretor e roteirista Makoto Shinkai é algo que transcende tudo o que se possa imaginar em uma animação, que não foi feita para crianças (devo frisar bem isso!!), trabalhando vidas passadas com viagens temporais de uma forma única, a qual muitos podem julgar apenas como uma coincidência, mas é possível se pensar nessas possibilidades, de quando conhecemos alguém na rua sem nunca ter visto essa pessoa, ou até mesmo quando sonhamos com algo estranho e parece que já fizemos aquilo antes por saber tantos detalhes. E com essa essência, tudo é tão bem trabalhado com traços tão marcantes (por diversos momentos até parecem feitos através de técnicas de captura, mas não, são desenhos mesmo!) e com uma síntese de diálogos tão bem construídos que o filme flui trazendo diversas alegorias para se refletir, e até mais do que isso, para curtir, pois diferente de outros longas do estilo que apenas criam reflexões, aqui o filme tem o trabalho de ser uma animação divertida, gostosa e prazerosa de se assistir, de modo que o público acaba rindo no meio da sessão até com coisas banais, sorrindo em diversos momentos, e claro se emocionando em diversos outros, resultando em algo completo de se conferir. Com isso em mente, o trabalho de desenho, até pode ousar, tendo momentos mais crus, com rabiscos realmente, mas que acabam funcionando para entregar realmente algo além do planejado, e que acabou entrando até num segundo mundo paralelo e reflexivo (quem sou eu agora? estou no corpo de quem? como ajudar o outro?) e junto dessas coincidências, a trama acaba revirando e ficando incrível.

Sobre os personagens e entonações (não vou falar de interpretação, pelo simples motivo que o som do idioma japonês me faz mais rir pelas repetições do que pensar no que estão dizendo, de modo que toda hora que a protagonista falava Taki Kan, por mais que eu quisesse não pensar, vinha na mente tá quicando!) temos de ser sinceros, que todos caíram como uma luva, e mesmo com clichês imensos (afinal já vimos um milhão de longas de trocas de corpo!) o resultado dos protagonistas, e até mesmo dos coadjuvantes amigos acabaram indo num fluxo tão divertido e coeso que nos conectamos a eles, torcemos pelo encontro, e mais do que isso, nos surpreendemos com o ponto de virada/explicação de como tudo está acontecendo/motivos de não termos tudo resolvido tão rapidamente. Ou seja, Taki mesmo com seu jeito certinho, tímido e funcional acaba fazendo coisas que um jovem faria normalmente, e quando se inverte é fato que vai fazer muitas coisas divertidas, mesmo sem saber o porquÊ de estar ali. Da mesma forma, Mitsuha nos é entregue por muitos caminhos, como a filha do prefeito, depois a neta que segue as tradições, a garota que deseja sair do povoado, a diferente de todos ali, e claro demonstra tudo isso também quando está no outro corpo, ou seja, múltiplas formas de interpretarmos todos os seus momentos, e acaba agradando bem com isso.

No conceito visual, o filme acaba tendo muitos momentos bonitos e agradáveis, e da mesma forma coloca alguns pontos bem duros e fortes, de modo que as paisagens do povoado soam lindas, transmitem sensações da cultura, e por mais incrível que seja, só notamos o detalhe máximo de tudo quando somos apresentados no ponto de virada, e isso é algo que chega a derrubar o queixo, pois liga o começo que acaba parecendo inútil, o meio desenvolvido por quase todo o filme, e o final mágico, criando muitos elementos e arquétipos para serem trabalhados e envoltos. Ou seja, um trabalho de arte minucioso, que como já disse mais acima, foi feito de duas formas, primeiro com traços fortes, marcantes e bem detalhados, aonde tudo parece quase real sem ser computacional demais, e depois com traços mais crus e simples que apenas criam alegorias, mas funcionam bem para dar a síntese necessária, no momento necessário, sendo um grande acerto também.

O longa possui boas trilhas orquestradas no miolo, que ajudam bastante no ritmo para que o filme flua sozinho, mas principalmente a canção tema que abre e fecha o longa, traz toda a letra para o que a história tentou passar, e mais do que isso, como o nome em japonês do filme diz "Não Me Importo"(Kimi no na wa.), a letra acaba passando bem isso. Portanto ouça a música "Nandemonaiya" do grupo Radwimps, e leia a letra traduzida.

Enfim, é um filme perfeito que até poderia pontuar um ou outro defeito por certos exageros, mas como já vimos em outros filmes japoneses, ou eles demonstram os sentimentos, ou acaba parecendo que tá sem sal, e sendo assim, melhor pecar pelo bom e velho tempero mais forte. Com isso, o longa acaba agradando demais, e mais do que recomendo ele para todos que gostem de ver um bom romance, mas sim para todos que gostem de uma pegada animada com muita de ficção abstrata e que acaba se desenvolvendo dando grandes sacadas. O filme será reprisado na terça-feira no Cinemark de muitas cidades, e praqueles que caçam na internet também já fui informado que tem pela grande web, afinal o longa originalmente é do ano passado, então só dar uma boa procurada também. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto bem em breve já com as estreias da semana, então abraços e até logo mais.

PS: Até daria para remover um coelho pelos exageros, mas como o longa conseguiu tirar tantos sentimentos de mim nas reviravoltas, vamos manter a nota máxima.

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My Little Pony - O Filme

10/09/2017 12:54:00 AM |

Sou do tempo que uma boa animação não necessitava ter um milhão de texturas, diversas morais filosóficas e algum tipo de complexo para agradar todos (pais e crianças), bastava ter muitas cores, desenhos até feios para um padrão e claro muita música envolvendo tudo e todos. E sendo assim, não posso reclamar do estilo de "My Little Pony", que trabalhou muito bem cores para todos os lados (até demais confesso!), muitas canções grudentas, mas que funcionam bem dentro da proposta de contar a história, e principalmente uma história com começo, meio e fim, que por mais que não conheçamos os personagens (afinal a série televisiva já é um sucesso, e aqui praticamente não apresentaram ninguém para os desconhecidos, sem ser os vilões e personagens fora da cidade dos pôneis) acabamos nos divertindo com toda a situação entregue. Ou seja, pode levar suas crianças tranquilamente para conferir o longa que é garantia de diversão para elas, e para nós adultos vamos lembrar muito de quando víamos os primeiros filmes musicais da Disney, que a história praticamente toda era bem encaixada nas partes musicais.

A sinopse nos mostra que a paz reina em Equestria, quando a pônei Twilight Sparkle se prepara para criar uma festa fabulosa para os habitantes locais. Mas os planos são arruinados pele chegada do Rei Storm e da inimiga Tempest, que planejam roubar os poderes das princesas na intenção de controlar o clima e dominar o mundo. Twilight e suas amigas são obrigadas a abandonar a terra natal e enfrentar o vilão para salvarem as vidas de suas famílias. No caminho, descobrem outros animais que também sofrem com a opressão do Rei Storm.

Basicamente o filme é bem simples, tendo quase um roadmovie aonde os pôneis vão em busca de uma rainha mística, fugindo de outro pônei do mal, ou seja, nada que impressione, mas mesmo com muita simplicidade, a trama acaba agradando no conceito de uma história feita para crianças, e nada mais que o diretor tenha que se preocupar. Agora, apontar defeitos é algo muito fácil, e o principal aqui fica por induzirem que só quem assiste aos desenhos na TV por assinatura é que irá ver o filme, então nem apresentaram quem são cada um dos pôneis, deixando que assimilássemos por conta própria o que cada um faz, qual seu estilo, e por aí vai, ou seja, não é um longa de apresentação, já entregando ação de vez. Ou seja, o filme até consegue fluir bem, mas parece que o diretor (que já faz o desenho há muito tempo, e já fez outros filmes para a TV dos pôneis) não quis se preocupar com isso, deixando a trama como um complemento com maior tempo da série. Porém digo que mesmo sem saber quem é o que ali, apenas trabalhando bem o conceito de amizade, conseguimos compreender a trama e se divertir com o que é mostrado, e a criançada fica entretida com as cores e músicas, ou seja, funciona.

Quanto dos personagens, posso dizer que a maior diversão foi aparecer a pônei cantora com o visual da Sia, que inclusive na versão original também dubla a personagem, e claro canta no final. Mas dentre as protagonistas Twilight consegue segurar bem a atenção, e Pink é o exagero total. No caso dos "vilões", a dublagem ficou com pessoas conhecidas, sendo Tempest dublada por Mariana Rios, que cantou muito bem em seus momentos, e o Rei Storm com Sergio Marone, e ambos fizeram o melhor de tudo numa boa dublagem, que é não deixar que suas vozes transparecessem para o público e com isso acabaram agradando bastante.

No conceito visual, como já falei no começo o longa não possui nenhuma textura, e até possui diversos traços mal-acabados, que quem for mais exigente vai até achar feio demais, mas como o colorido completo tenta compensar, a trama acaba se desenvolvendo bem, tendo muitos detalhes para ficarmos olhando e se atentando. Destaque de muitos itens cênicos para as cenas com os piratas e com os pôneis marinhos, que é onde o contraste acaba um pouco melhor. Por ser um filme bem bidimensional, graças aos deuses do cinema, nem tentaram converter para 3D, e assim o resultado ficou simples, mas bem feito.

Enfim, nem tenho muito o que falar, apenas dizer que o longa funciona bem dentro do que se propõe, que é agradar as crianças com muitas cores, e músicas bem cantadas pelos dubladores. Claro que se for analisar a fundo só vamos achar defeitos na trama, mas como pontuei a principal é não apresentar quem é quem ali para quem não for um conhecedor do desenho, mas que passa batido tranquilamente após os 20 minutos iniciais. Portanto, se você tem crianças pequenas, pode levar tranquilamente para o cinema que vai ser uma boa diversão com certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na quarta-feira com a estreia de uma animação japonesa que já fez muito sucesso lá, e agora resolveu dar as caras por aqui, então abraços e até breve.

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Chocante

10/08/2017 03:11:00 AM |

Volto a afirmar que o cinema nacional não está para brincadeiras, e mesmo nas comédias mais fora de rumo que poderiam arrumar, andam conseguindo trabalhar bem os vértices e divertir como poucas vezes víamos no passado. Claro que "Chocante" está longe de ser um filme perfeito, mas o saudosismo dos programas dos anos 90 que eram lotados de coisas bizarras (com bandas coreografadas estilosas e coloridas, com músicas que grudavam na nossa mente), aliado à ponte que podemos fazer com as mudanças de vida que famosos possuem versus a vida real, que tem de trabalhar realmente se quiser ganhar algo, o longa acaba passando uma boa mensagem e ainda divertindo bastante, mesmo que para isso precise apelar levemente em alguns momentos. Ou seja, embora você vá ficar cantando "choque de amor" por um bom tempo, a trama entre vai conseguir te divertir pelo menos durante a sessão, e sendo assim, o resultado como comédia é bem válido.

A sinopse do filme nos conta que os anos 90 marcaram o sucesso da boyband brasileira Chocante. Vinte anos mais tarde, o grupo acabou, e Clay, Tim, Téo, Toni e Tarcísio tomaram rumos diferentes na vida. Os antigos colegas se reúnem para um evento inesperado: a morte de Tarcísio. No funeral, eles decidem se apresentar mais uma vez, em nome dos velhos tempos. No lugar do falecido colega, entra o novato Rod.

Chega a ser engraçado como já vamos preparados ao cinema, tendo um pré-conceito com alguns estilos de produção, e confesso que ao ver o trailer desse longa já fui pronto para algo extremamente bizarro, cheio de firulas e que de forma alguma conseguiria me divertir, e acabei me surpreendendo com o trabalho feito pela dupla de diretores Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, que pegaram uma história teoricamente simples e criaram bons vértices para que funcionasse dentro de um bom contexto, mas se tenho de pesar a crítica, o que posso falar é que o filme entrega bem uma apresentação glamorosa de passado, uma realidade de presente, mas exatamente quando vai decolar para um futuro a trama encerra, deixando aberto talvez uma possibilidade de segundo filme, ou apenas uma reflexão em cima de um dos diálogos mais fortes do longa, aonde a esposa do protagonista vivido por Lucio Mauro Filho diz: "a vida real é chata", e ele ao sair de casa começa a ouvir um grande clássico dos anos 90, "Tô P da Vida", fantasiando seu mundo alegórico para onde tudo poderia viver dentro da fama que poderiam ter conseguido. Ou seja, o trabalho completo acaba agradando bastante, mas poderiam ter prolongado mais um pouco o filme, ou já deixar algo bem mais aberto para uma continuação, mas tirando esse detalhe, e alguns exageros para forçar a comicidade, o resultado entregue acaba sendo bem melhor que a encomenda, divertindo e até emocionando em diversos momentos, conectando demais com outras bandas que acabaram por brigas e que tinham um grande potencial de sucesso.

Sobre as interpretações, temos ao mesmo tempo muito sentimento e sátira em cada personagem, de modo que as escolhas até foram bem feitas, tanto na versão anos 90 quanto no momento atual para que cada tipo de trejeito funcionasse e agradasse. Começando pelos irmãos Tim e Téo, vividos respectivamente por Lúcio Mauro Filho e Bruno Mazzeo, que acabaram entregando ao mesmo tempo doçura e determinação nos seus papeis, com Mazzeo trabalhando a conexão mais família e Lúcio o lado mais centrado num emprego forte, acabaram mostrando boas doses de emoção e agradando mais nos diálogos do que em piadas, o que foi bem interessante de ver. Já o lado forçado cômico ficou a cargo de Marcus Majella com seu Clay, que mesmo trabalhando o lado gay que tanto usam para apelar em comédias nacionais, seu tom acabou funcionando e não despontou tanto, o que ficou interessante de ver, principalmente pelo tanto que falaram de sua versão jovem era diferente. Outro que trabalhou o tom cômico, mas já puxando para o lado mais brucutu, foi Bruno Garcia, que com seu Toni acabou soando até divertido em alguns momentos, mas nos momentos mais francos usou um pouco do exagero e por bem pouco não destoou. Pedro Neschling que também assina o roteiro junto de Mazzeo, acabou trabalhando seu Rod nos moldes de artistas atuais que vivem em snapchat e outros aplicativos, e que possuem mais fãs malucos por saber o que está fazendo e comendo do que gostando de suas músicas, ou seja, funcionou muito como sátira e embora seja bem apelativo acaba divertindo. Dentre as mulheres da trama, temos a fã maluca Quézia vivida por Débora Lamm que certamente existem aos montes hoje, mas que eram piores ainda nos anos 90, e ela conseguiu transmitir demais essa essência que as presidentes de clubes de fãs faziam, também tivemos a doçura de Klara Castanho como a filha Dora de Mazzeo, que soube trabalhar bem os olhares e agradar na medida, e claro Renata Gaspar como uma dona de casa que trará a tona os momentos mais sinceros da trama. E para finalizar temos a rápida participação de uma única cena de Tony Ramos como um empresário completamente descolado, cheio de visual e estrutura vocal toda misturando inglês com português como se fosse a última moda.

Dentro do conceito visual se você não viveu nos anos 90 pode ser que o filme passe bem batido, mas do contrário será um choque ao ver brinquedos da época, programas clássicos do Sábado e do Domingo no SBT, muitos pôsteres colados na parede, fitas miniDV em filmadoras de mão, e por aí vai, em algo completamente nostálgico, e claro para satirizar o modus operandi atual temos os carros de aplicativo, filmagens de casamento pré-armadas, promoções malucas, e tudo mais contrastando e agradando na medida certa, de modo que a equipe de arte trabalhou muito para colocar figurinos, junto de estilos próprios para a banda fazendo com que tudo se conectasse bem demais. A fotografia ousou em muitas cores e tons, brilho para todos os lados, mas não trabalhou muitos ângulos para chamar atenção, deixando que o estilo de clipe mesmo dos anos 90 dominasse do começo ao fim, pontuando um pouco com a comicidade de lado.

Não serei um torturador para colocar link com a trilha musical, mas para quem quiser pesquisar na internet tem o clipe de "Choque de Amor" e claro diversas versões de "Tô P da Vida". E claro que por ser um longa de banda musical, a repetição fica na mente por um bom tempo.

Enfim, esperava realmente algo muito pior, que acabou até me surpreendendo por ser menos apelativo do que poderia, somente pontuando mal pelo fechamento rápido demais, que poderia ser melhor desenvolvido, e por alguns exageros nas personalidades e estilos escolhidos, mas de resto certamente é um longa que vai divertir muita gente, principalmente aqueles que viveram nos anos 90. Sendo assim minha recomendação, que vá pronto para aceitar muita bagunça e claro muita música chiclete na cabeça. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã (ou talvez hoje mais tarde) com a última estreia da semana, então abraços e até breve.

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Bye Bye Alemanha (Es war einmal in Deutschland...) (Bye Bye Germany)

10/07/2017 06:32:00 PM |

Existem alguns tipos de filmes que mesmo trabalhando bem o lado cômico não conseguem fazer graça para o público, de modo que parece que ao invés de estarmos assistindo uma comédia, estando em um drama forte e complicado. E se existe uma escola técnica de cinema que possui uma habilidade incrível de conseguir essa façanha é a alemã, pois dificilmente vemos uma comédia alemã que nos faça rir, ou pelo menos se divertir com o que é mostrado, ficando tudo sempre bem voltado para a tensão conflitiva, que até encaixa algumas piadas, mas passa bem longe de algo engraçado. Com "Bye Bye Alemanha", o resultado não poderia ser outro, funcionando bem ao mostrar que a tradicional malandragem que vemos muito no Brasil, também acontece em outros países, mas sem ousar numa pegada mais inteligente, tudo o que acaba acontecendo fica insosso demais, e não atinge toda a diversão que poderia. Um exemplo claro é se o mesmo roteiro caísse nas mãos de italianos, franceses ou até mesmo espanhóis (estou tirando americanos e ingleses, pois aí teríamos algo até forçado demais), o resultado final seria uma comédia deliciosa trabalhando a mesma postura e saindo da tênue quase fúnebre que acabamos vendo aqui. Volto a frisar que o longa passa bem longe de ser algo ruim, mas acaba falhando imensamente no resultado de ser engraçado/divertido, passando para quase uma obra documental de uma pessoa que só não morreu na época do nazismo por saber inventar mentiras e piadas.

O filme nos situa em Frankfurt, 1946, onde o judeu David Berman e seus seis amigos, só tem um propósito em mente: conseguir finalmente ir embora da Alemanha. Mas, nos tempos difíceis de crise após o fim da Segunda Guerra Mundial, eles precisam de muito dinheiro para realizar seu sonho de partir para os Estados Unidos. Para isso, encontram apenas uma saída: começar a vender enxovais para mulheres alemãs.

Não posso afirmar que essa foi a comédia mais dramática que já vi, pois é um estilo que felizmente aparece pouco (sim, ou para mim o cara faz rir ou faz chorar, o meio termo é famoso de quem errou em algo!) e como todos bem sabe, minha memória não é das melhores, mas o que o diretor Sam Garbarsky nos entrega é um filme que digamos até possui uma boa classe, um estilo próprio e uma boa esquete desenvolvida na forma de venda dos ambulantes, porém o depoimento entrar a todo momento no meio da história acaba ficando algo completamente desnecessário, de modo que na segunda continuação dele já queremos desistir logo do personagem. Ou seja, deveriam ter colocado o foco completamente na trupe de judeus vendendo/enganando os alemães com enxovais, que acabaria se tornando algo gostoso de acompanhar, e ali sim talvez ter alguma dramaticidade para se quebrar (afinal volto a frisar, que o estilo de cinema de comédia alemão obrigatoriamente tem de ter pitadas grandiosas de drama) a comicidade e ter algo a mais, mas não, toda hora voltamos para a cena do protagonista contando como "sobreviveu" à guerra e o longa acaba empacando. Como disse no início acredito mais que o erro não seja da história, pois numa mão diferenciada tudo acabaria melhor e mais interessante, mas aqui picaram tanto na edição e apostaram tanto no depoimento ser algo legal de mostrar, que não chama atenção alguma, mas se se traduzirmos ao pé da letra o nome original do filme seria algo como "Era Uma Vez na Alemanha..." e assim sendo o longa acaba contando uma fábula bem feitinha ao invés de uma gostosa comédia.

Sobre as atuações, temos de ser bem sinceros em dizer que Moritz Bleibtreu possui um estilo carismático incrível, de modo que todas as cenas que estava presente com seu David, ele fez o necessário para ser o protagonista máximo, puxando todos os olhares para si, e conseguindo segurar bem a cena como deve ser feito, e assim sendo acabamos até nos afeiçoando a ele, torcendo para que suas histórias não sejam em vão e finalize de forma eloquente, o que infelizmente não ocorre. Dentre os demais, quem passa mais tempo junto com o protagonista é Antje Traue como agente Sara, e com bons olhares, e um dinamismo certeiro, a jovem atriz consegue manter bem a essência de sua personagem, interrogando com precisão e fazendo boas caras e bocas, não soando artificial ao menos. Os outros personagens acabam aparecendo pouco em cena, mas sempre trabalham bem seus leves momentos, e alguns até conseguem fazer melhor o ato cômico em si, mas nada que valha a pena ser destacado.

Agora sem dúvida alguma, o melhor do filme ficou a cargo da equipe de arte, que conseguiu retratar bem a Alemanha pós-guerra, com cenários devastados, mas com os moradores vivendo sua vida e tentando reconstruir tudo, boas cenas também internas seja no barracão com os enxovais sendo empacotados para venda ambulante, seja no interrogatório com uma iluminação bem peculiar, ou até mesmo nas cenas de lembranças retratando um campo bem interessante, ou seja, um trabalho minucioso cheio de detalhes que acaba chamando atenção. E claro que uma boa direção de arte não é nada sem uma boa direção de fotografia, e com isso o filme acaba tendo tons marrons bem colocados com a iluminação pontual bem direcionada para mostrar exatamente o que desejavam.

Enfim, é um filme com uma boa história para se desenvolver, que acabou sendo mal montado e formatado, pois acabou nem virando uma comédia bacana de conferir e se divertir, nem um drama interessante de analisar, ficando bem no meio do caminho. Portanto, se você gosta desse estilo mais mediano, o longa é uma boa opção artística que está em exibição em algumas sessões do Projeto Cinema de Arte pelo país, mas certamente existem outros bons longas para conferir dentro dos cinemas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.

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Blade Runner 2049 em Imax 3D

10/07/2017 03:30:00 AM |

Sei que muitos são apaixonados pelo filme original de 1982 (esse ano só apareceu coisas boas no mundo, e claro que esse Coelho também!), mas convenhamos que embora seja um marco (que muitos nem enxergaram na versão original lançada!) o filme é bem lento e cansativo ao extremo, que só com muita vontade se consegue assistir aos 117 minutos de duração que parecem uma eternidade! Pois bem, só havia vistos pedaços dele na faculdade, e claro que com a estreia do novo agendado para essa semana, conferi por completo no final de semana passado (sim, quase dormi, mas sobrevivi!), e até gostei do que vi, embora não ache o melhor clássico de todos os tempos como muitos haviam me falado. Mas se a lentidão do original quase me matou, fiquei deveras assustado ao receber as programações dos cinemas com a duração de "Blade Runner 2049" que marcavam 163 minutos, ou seja, com os trailers quase 3 horas sentado assistindo algo no cinema sem parar, ou seja, entrei em pânico, e claro que deixei para conferir na sexta para poder hibernar no sábado, certo de que voltaria da sessão pronto para tacar um milhão de pedras no ritmo, falar que dormi na sessão e tudo mais. E eis que cá estou, após conferir o longa, engolindo todas as pedrinhas que iria jogar, pois COM TODA CERTEZA são as três melhores horas que passei assistindo a algo no cinema (ao menos nesse ano até agora!), pois não temos sequer um momento arrastado na trama, cada milésimo de segundo é usado com MAESTRIA para desenvolver os diversos atos da história, usando claro muita coisa do original (mas quem não viu não se assuste e vá tranquilamente que não irá ficar "muito" confuso com tudo o que é mostrado) e criando algo que será lembrado por muito tempo como um filme para reflexões, para curtir apenas e que conseguiu juntar o melhor de todas as qualidades que um longa deve ter: roteiro genial, direção impecável, atuações na medida certa, trilha sonora de arrepiar e uma direção artística e de fotografia incrível, os quais irei falar mais separadamente de cada ponto. Ou seja, vá correndo para a sala mais próxima, de preferência veja numa sala Imax se possível, pois tudo foi muito bem formatado para o estilo, e claro, um som top demais que o filme pede.

A sinopse nos situa na Califórnia, no ano de 2049. Após os problemas enfrentados com os Nexus 8, uma nova espécie de replicantes é desenvolvida, de forma que seja mais obediente aos humanos. Um deles é K, um blade runner que caça replicantes foragidos para a polícia de Los Angeles. Após encontrar Sapper Morton (Dave Bautista), K descobre um fascinante segredo: a replicante Rachel (Sean Young) teve um filho, mantido em sigilo até então. A possibilidade de que replicantes se reproduzam pode desencadear uma guerra deles com os humanos, o que faz com que a tenente Joshi, chefe de K, o envie para encontrar e eliminar a criança.

Chega a ser repetitivo falar o quanto Denis Villeneuve é um diretor preciso com o que pega para fazer, pois geralmente vemos muitos reclamarem de imensas cagadas que são feitas quando pegam obras clássicas originais e refilmam, ou fazem continuações desnecessárias, e embora muitos até tenham sido pegos de surpresa com a ideia de uma continuação de um clássico de mais de 30 anos (que inicialmente não deu bilheteria, muitos odiaram, mas que depois de aparecer diversas outras versões acabou virando um marco impressionante que muitos são inclusive apaixonados como sendo o filme número um de sua coleção clássica), aqui ao ser falado que seria inteiramente dirigido por Villeneuve e apenas produzido pelo diretor original Ridley Scott (que é bom, mas ultimamente anda errando feio a mão!) acabaram que todos ficaram quietos apenas aguardando com a certeza de que novamente veriam um clássico nos cinemas, e eis que o diretor pegou uma ótima história roteirizada na medida certa, com geniais pontos de virada (se alguém afirmar que sabia tudo o que iria acontecer, e quem era quem, está mentindo descaradamente!) que fazem seu queixo cair inúmeras vezes, e trabalhou para que tudo fluísse do começo ao fim criando muitas perspectivas para serem refletidas, muitas ideias para se debater, mas principalmente, não parando em momento algum para necessitar explicar ou puxar algo da sua memória, entregando um filme até simples de concepção, mas maravilhoso para acompanhar e se envolver. Ou seja, algo que é quase uma raridade, sendo completo de ideias, e brilhante para quem gosta de uma boa ficção científica acabar saindo pulando de emoção ao final da sessão com tamanha perfeição entregue a cada novo ato.

Dentro do conceito das atuações, o filme possui um elenco daqueles que chega a ser difícil para quem olhar em cada momento, e cada um felizmente teve seu momento preciso para mostrar o quão bom é, e ajudar o resultado funcional da trama, que claro teve a mão do diretor para encaixar cada um na sua qualidade dentro de cada cena. Para começar temos Ryan Gosling, que dificilmente não estará indicado mais uma vez às premiações com o que fez aqui com seu "K", criando desde semblantes bem filosóficos, passando por momentos emotivos e de dúvida, até ter seus grandes atos clássicos para serem lembrados outras vezes, de modo que você fica bobo com o que está vendo ele fazer, e torce para seu personagem, ou seja, um encontro de personalidades tão bem colocado que mostra que o diretor não estava errado ao não querer nenhum outro ator para o papel sem ser Gosling, pois o acerto foi impecável. Na sequência temos de falar das várias mulheres da produção, começando por Ana de Armas com sua bela Joi, mostrando uma evolução a mais do aplicativo que vimos no filme "Ela", e que com muita graciosidade e uma interação tão gostosa acaba envolvendo tanto o protagonista quanto o público com suas cenas. Mas se você gosta de alguém mais violento, o acerto na escolha da holandesa Sylvia Hoeks para o papel de Luv será empolgação total, com muitos olhares, muita pancadaria de altíssimo nível e poucas palavras, mostrando uma garra forte e bem colocada do começo ao fim. O papel de Robin Wright como a tenente Joshi foi pontual com alguns momentos mais impactantes e reflexivos, mas talvez algo a mais na sua cena com ambos os protagonistas caberia mais atitude, ainda que tenha agradado bastante no estilo durão que vemos nas mulheres policiais. Já nos últimos atos temos claro as participações bem usadas dos protagonistas do longa original, tendo um Harrison Ford (agora 35 anos mais velho do que quando estava quase em seu estilo completamente sexy e cheio de introspecção) entregando um personagem que sofreu muito nesse período que passou escondido de tudo o que ocorreu entre os dois filmes, trabalhando seu Deckard de maneira icônica e cheia de referências para agradar, afinal ele sabe bem como fazer bem esse estilo, e claro também tivemos mesmo que com pontuais usos de trechos do original e até alguns novos gravados (talvez com muita maquiagem) a participação de Sean Young com sua Rachael, o que ficou interessante de ser visto, e mostrou de certa forma que o passado pode bem se conectar com o atual. Tivemos também outras grandiosas participações no filme, começando com o grandalhão Dave Bautista mostrando que os grandões também podem ser sensíveis e socar bastante os protagonistas com seu Sapper Morton, depois duas rápidas aparições de Lennie James como o divertido (mas rígido) diretor do orfanato Mister Cotton, e do grande nome do Oscar de 2013, Barkhad Abdi voltando a boa forma interpretativa com seu Doc Badger. E claro que não poderia deixar de falar das DUAS cenas feitas por Jared Leto, que embora seja citado quase que no filme inteiro, afinal controla tudo agora com seu Wallace, acabou aparecendo bem pouco, mas mostrou uma precisão única de estilo para impor o que podemos dizer "medo" nos protagonistas. Tivemos ainda outras boas interpretações que agradaram muito, mas para falar delas acabaria dando spoilers, e isso é algo que não quero fazer.

Outro ponto que sem dúvida alguma impressiona no longa tanto pelo tamanho dos ambientes, quanto pela quantidade de elementos cênicos é o trabalho da direção de arte que foi no mínimo incrível de acompanhar, e olhar para cada lado do longa, misturando cenas na cidade destruída, cenas em laboratórios digitais magistrais, cenas em desertos com esculturas enormes, um cassino em completo estado de decomposição, mas ainda mantendo seu status grandioso, muita tecnologia envolvendo carros, projeções e tudo mais que fizesse os olhos saltar para cada ângulo da tela, e claro também um grande destaque para a sala de Wallace com nuances de sombras de água nas paredes incríveis, e não só lá, mas em todos os momentos procuraram criar texturas visuais com água e sombras para que o cinema inteiro fosse bem trabalhado. E entrando nesse detalhe de sombras, é claro que temos de falar da excelente fotografia que criaram ambientes com tons densos e pós-apocalípticos, muitos tons neutros puxando para o escuro, criando cada ato diferente do outro, e claro muita paz nos ambientes de sonhos, fazendo algo que oscilasse bastante os sentimentos dos personagens e claro do público também. E claro que temos de falar do 3D, afinal na maioria do país o longa foi lançado nessas salas, e de cara tenho de falar para os amigos mais exaltados, e que gostam desse estilo, que não temos absolutamente nada saindo da tela em direção ao público, temos sim muita imersão cênica, e usando de técnicas de profundidade, a tecnologia de conversão acabou criando algo grandioso para olharmos para cada ângulo da tela e ver detalhes quase que colocados exclusivamente para serem observados, ou seja, não digo que o filme valha a pena ser visto em 3D, mas sim vale ser visto em salas Imax ou nas maiores que tiver em sua cidade para que tudo seja contemplado da maior forma possível, além claro de toda a sonoridade que essas salas passam.

E falando em sons, entramos em outro ponto fortíssimo da trama, pois o longa original de 82 é completamente marcado pela trilha forte de Vangelis, que até hoje é muito usada em diversos momentos, e que basta um acorde para sabermos de que filme é a trilha. E aqui, temos o grande mestre das trilhas sonoras Hans Zimmer bebendo da fonte nas composições de Vangelis, e incorporando outras sonoridades e acordes para que tudo ficasse bem marcante, pontuando cada momento como algo único, e repetindo o mínimo necessário para que soubéssemos o tom de cada cena com a trilha sendo acompanhada, ou seja, algo mágico de escutar, que junto de uma excelente mixagem de efeitos sonoros, tudo acaba penetrando em nossa mente ajudando ainda mais tanto no ritmo da produção, quanto na cadência exata de cada ato no longa. E claro como sempre faço, aqui está o link para poder ouvir e entrar no clima da produção mesmo antes de ir para o cinema.

Enfim, é o filme do ano (até o presente momento), empolgando, emocionando, e mais do que um conjunto completo que temos de ver, temos também agradecer o diretor original Ridley Scott que decidiu fazer aqui um único filme de quase 3 horas, pois certamente nas mãos de outros produtores, acabariam nos entregando dois ou três filmes arrastados de quase duas horas, e que não acabaria trazendo tantos sentimentos de uma única vez. Portanto, vá aos cinemas conferir a trama, se possível tente ver o filme de 82 antes de conferir esse para completar a experiência (reforço que não é obrigatório, mas ajuda em alguns momentos saber quem é o que), e depois claro venha discutir mais nos comentários, pois mais uma vez é daqueles filmes que vamos pensar muito nele por muito tempo. Bem é isso pessoal, pela empolgação e o tamanho do texto deixei bem claro a nota que vou dar, e vou parar por aqui antes que solte algum spoiler, mas volto amanhã com mais um texto de alguma das outras estreias que apareceram por aqui, então abraços e até breve.

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Pica-Pau - O Filme (Woody Woodpecker)

10/06/2017 01:38:00 AM |

Quando falam de lançamentos de filmes que misturam atores com animações já dá até um arrepio em todos os pelos do corpo, pois geralmente a chance de dar tudo errado nos olhares dos atores, na conexão entre personagens animados com toda a cenografia, e tudo mais é altíssima, porém felizmente o problema de "Pica-Pau - O Filme" passou bem longe de ser esse, mas sim a escolha de um estilo no meio do caminho entre o infantil e o adulto, prendendo os pequenos somente pelas cores do pássaro (que se destaca completamente de todo o restante no filme) agitado e maluco que diversas vezes para tentar conversar com os espectadores, e juntando a isso uma comédia familiar bem leve e fraca que não consegue prender a atenção dos mais adultos que foram ao cinema esperando ver algo mais próximo das façanhas do desenho que tanto vimos quando mais jovens (que pregava peças monstruosas nos vilões e não apenas leves sacanagens como aqui!). Ou seja, já que a ideia era conseguir uma bilheteria mais ampla com os pequenos que são viciados nos desenhos, colocasse já para o lado infantil e pronto, teríamos algo bem colorido e divertido, mas a pregação moral aqui acabou ficando morna demais para ser algo além, e assim alguns personagens entram na trama quase que por obrigação (a turma de crianças musicais ficou algo completamente fora do eixo, e diversos momentos ficaram realmente toscos!!) não atingindo quase nada para falar que foi erro de corte ou algo do tipo. Sendo assim, quem for conferir, vá preparado para muita desconexão cênica, mas ao menos saiba que se for levar algum pequenino, pelo menos os dois que estavam na sessão hoje ficaram bem ligados na tela, e como costumo dizer, funcionou para eles.

O longa nos mostra que o travesso Pica-Pau está metido em mais uma de suas insanas brigas por território. Os inimigos da vez são o vigarista Lance Walters e sua namorada Vanessa. Precisando de dinheiro, eles estão determinados a construir uma extravagante mansão na floresta e lucrar com sua venda, mas Pica-Pau também mora no terreno e não pretende deixá-los em paz.

Diria que nunca havia visto o trabalho do diretor Alex Zamm, pois todos os seus trabalhos anteriores foram continuações famosas feitas direto para vídeo, e  até posso dizer que ele soube trabalhar bem a produção em si, principalmente fazendo o que é mais difícil: misturar uma animação com atores sem que os movimentos ficassem artificiais, friso movimentos, pois sabemos que o Pica-Pau ali não é real, e os atores até ficaram bem colocados olhando para lugares certos, conversando e mexendo corretamente com o personagem, e isso é raro de ver nesse estilo de filme. O grande problema do filme é visto logo que sobe os créditos, pois temos duas duplas de roteiristas, ou seja, não vou afirmar pois não li o roteiro original, e principalmente pelo filme ter vindo somente dublado, mas aparentemente o longa pareceu ter perdido o rumo que desejavam mostrar, não indo nem para o infantil gostoso e animado que adoramos ver, nem para o estilo família tradicional que passa boas lições e tem um desenvolvimento também bem colocado, ficando perdido no meio termo. Portanto, o resultado da direção foi bem feito pelo estilo de controle de atores, uma orquestra bem ornada, mas ele não soube arrumar o problema original e escolher um lado para tomar no final das contas.

Sobre os personagens, mais uma vez falo que não vou analisar interpretação por ver o longa dublado (e como é bem notável, o lipsynk está péssimo, mesmo com a própria atriz se dublando já que é brasileira). E dito isso, temos de pontuar que deram uma ótima e bem divertida voz para o Pica-Pau, aproximando bem do que víamos nos desenhos e criando uma boa comicidade para o personagem, claro que talvez pudesse ser até mais ácido em alguns momentos, mas aí sairia do tom infantil da trama. Dos humanos, de certo modo os atacados pelo pássaro ficaram fracos, com a brasileira Thaila Ayala saindo um pouco forçada como uma patricinha dondoca jogada na floresta, mas também o advogado super empresário vivido por Timothy Omundson acabou soando bobo com seus momentos gastador oscilando com o de pai ausente, ou seja, perdido. O garotinho vivido por Graham Verchere até se saiu bem nas atitudes com o pássaro, mas não precisava de uma banda, muito menos ser vítima de uma briga ridícula. Os vilões embora soassem toscos e bobos demais, foram bem interessantes na escolha dos atores, pois se pareceram bem com vilões de alguns desenhos, e assim sendo Scott McNeil e Adrian Glynn McMorran foram boas aquisições para o longa, e talvez nas vozes originais ficaram melhores. Dos demais, a maioria foi enfeite, mas vale um leve destaque para a guarda-florestal que embora faltasse um pouco mais de empolgação para agradar, fez boas caras e bocas.

No conceito visual, a trama não gastou muito, pois optou por uma floresta, muita madeira cênica para construção/destruição e alguns ambientes fora dali para trabalhar as cenas na cidade/vilarejo (o que foi completamente desnecessário e poderiam ter economizado mais ainda!), deixando claro para que tudo fosse feito sem muita movimentação para encaixar bem com a animação do pássaro tagarela, e com isso, o resultado embora simples foi bem colocado. A fotografia também não foi muito elaborada, afinal os tons foram sempre iguais para destoar o restante e deixar que o pássaro vermelho se destacasse de tudo, ou seja, luz básica do começo ao fim. Um detalhe interessante é de o filme não ter sido vendido em 3D, pois temos tantas cenas com voos e movimentações do personagem principal, que certamente agradaria bastante com a tecnologia, e claro arrancaria mais dinheiro dos pais, mas enfim, o filme não valeria tanto o investimento.

E sendo assim, o resultado final é bem simples: um filme que mais vai vender produtos (afinal já é sucesso nos desenhos, agora em filme então com certeza vai aparecer muito mais coisas!), mas que é fraco como cinema, talvez algo mais próximo dos desenhos, e menos família com problemas agradasse mais. Portanto, quem for levar os pequenos para o cinema, vá preparado para pouca diversão e muito colorido, afinal, isso é o que as crianças querem ver, e você não. Bem é isso pessoal, um filme mediano, que paro aqui de escrever sem me alongar muito, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.

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Kingsman: O Círculo Dourado em Imax 3D (Kingsman: The Golden Circle)

10/01/2017 03:23:00 AM |

Se em 2014 vibrávamos a cada cena apresentada em "Kingsman - Serviço Secreto" pela loucura cênica, pelos bons ângulos escolhidos e claro também pela história entregue, é fato que agora com a estreia de "Kingsman: O Círculo Dourado" já fomos para a sessão com as expectativas lá nas alturas, e embora beba da mesma fonte (afinal são os mesmos realizadores!) o resultado aqui acaba soando levemente forçado, sem muita preocupação para que fique tudo convincente. Ou seja, ainda temos um excelente filme, com boas atuações, muita ação despretensiosa em cenas malucas e tudo mais, porém não flui tão naturalmente como o primeiro longa e acaba divertindo um pouco menos com piadas repetidas, e barulheira demais para ser sincero. Portanto, se a pergunta é se vale a pena conferir, a resposta é claro que sim, agora se a pergunta for é novamente o melhor filme do ano como foi o primeiro filme, digo com toda certeza que passou bem longe dessa vez.

O longa nos mostra que um súbito e grandioso ataque de mísseis praticamente elimina o Kingsman, que conta apenas com Eggsy e Merlin como remanescentes. Em busca de ajuda, eles partem para os Estados Unidos à procura da Statesman, uma organização secreta de espionagem onde trabalham os agentes Tequila, Whiskey, Champagne e Ginger. Juntos, eles precisam unir forças contra a grande responsável pelo ataque: Poppy, a maior traficante de drogas da atualidade, que elabora um plano para sair do anonimato.

Como falei no começo talvez o maior problema do filme nem seja ele próprio, mas sim a alta expectativa que estamos indo para conferir, pois novamente o diretor Matthew Vaughn consegue criar um ambiente cheio de ação, com ótimas escolhas de ângulos, e muita força dinâmica para que seu filme fosse estiloso do começo ao fim, e ainda mantivesse a essência que nos apresentou no passado, e isso não é errado, muito pelo contrário, é um grande acerto, pois poucas continuações seguem a mesma linhagem de seu original. Porém, esperávamos ver novamente algo original que surpreendesse como fez anteriormente, e aqui ele apenas apertou o CTRL+C e o CTRL+V para entregar inclusive as mesmas piadas, ou seja, deu apenas continuidade ao projeto, saindo um pouco da Inglaterra e passeando por outras paisagens como Itália, Suécia, Camboja, e claro, Estados Unidos, mas até no estilo de filmagem e dosagem de cenas temos muitas semelhanças. Claro que copiar seu próprio filme não condiz como plágio, mas sim mostra que sua mão permanece intacta apenas aprimorando um ou outro custo ali para chamar mais atenção, ou seja, talvez num terceiro filme volte a criar novas possibilidades, mas vai ter de trabalhar muito para cativar novamente o público que foi ansioso demais para os cinemas e saiu apenas com um leve sorrisinho na cara ao invés de sair rolando como aconteceu no primeiro filme. Falando um pouco mais desse sem comparar com o anterior, posso dar leves destaques para a vilã que tendo seu próprio mundinho anos 50 (já colocando junto outro destaque para a parte cênica empregada na Poppysland de muito capricho) conseguiu chamar muita atenção e até valeria bem mais cenas ali com ela, aliás um destaque completo para a parte cênica em si, pois Statesman também ficou muito simbólico, e assim sendo a produção foi algo que trabalhou bem para o contexto completo da obra.

É raro vermos evolução de personalidade em atores jovens, principalmente em pouco tempo, pois em 2014 Taron Egerton parecia um molecote se compararmos seu Eggsy do primeiro filme com o que apresenta aqui, e não apenas no semblante mais sério, mas também no estilo de atuar, o que é algo bacana de ver, pois mostra maturidade no ator e quem sabe em filmes mais elaborados consiga chamar mais ainda a atenção, o único problema é que se no primeiro filme seu estilo mais despojado conquistou a todos, aqui sentimos muito a falta dessa pegada, embora tenha agradado bastante. Todos sabemos que Julianne Moore é uma das atrizes mais completas do cinema, conseguindo variar demais de estilos e agradar em todos, e aqui sua vilã Poppy veio mostrar um vértice ousado de personalidade, de maneira que acaba até nos conquistando com suas vontades, e talvez faltasse um pouco mais de maluquice apenas para ficar completa, afinal vilões costumam ter uns parafusos a menos, e aqui sua ideia recaiu bem para a frase do presidente dos EUA no longa, quase sendo algo "bom", claro que isso foi algo do personagem e não da atriz, mas ela poderia ter composto a personagem mais surtada, que chamaria mais atenção ainda. O vilão de ação Charlie vivido por Edward Holcroft foi bem nas cenas de luta, trabalhando com naturalidade mesmo tendo muitos efeitos cênicos com seu braço robotizado, e embora não tenha trabalhado tantos diálogos, conseguiu entregar boas cenas para empolgar. Voltando para a turma dos mocinhos, ou melhor dos caipiras da Statesman, esperava ter mais cenas com Channing Tatum como agente Tequila, pois fez leves participações e acabou ficando a maior parte do filme de fora, o que é estranho para um ator "caro", mas fez bem ao menos seus poucos momentos, o mesmo tivemos com leves participações de Jeff Bridges como Champanhe, o grande líder da empresa de bebida, que talvez até pudesse ter mais cenas, mas ficou mais quietinho no canto dele, sobrando para Pedro Pascal detonar com o laço tecnológico de seu Whiskey, trabalhando bem tanto as cenas com mais ação quanto os momentos de maior diálogo, o que mostrou que o ator sabe ir a fundo também. E falando da equipe de tecnologia, se no primeiro tínhamos apenas Merlin vivido mais uma vez perfeitamente por Mark Strong, que foi clássico em todas suas cenas, e superando ao máximo na sua final, agora também entrou em cena uma Halle Berry calma até demais (afinal vimos nessa semana toda sua loucura no filme "O Sequestro") com sua Ginger, que até soou mais médica do que tecnóloga, e talvez pudessem melhorar mais isso no próximo filme. E para finalizar temos de falar das surpresas (algumas nem tanto já que nos trailers já haviam revelado a aparição) de Colin Firth bem posicionado com seu Harry, trabalhando meio desorientado inicialmente com motivos claro, mas soando até deveras bobo demais, mas depois encaixando bem e agradando com certas ressalvas, pois talvez alguns momentos seus poderiam ficar mais fortes, mas nada que tenha atrapalhado muito, e claro da sueca Hanna Alström que já havia feito uma leve (e perfeita) participação no primeiro filme como Princesa Tilde, voltou aqui bem colocada e servindo de base para bons momentos da trama. Quanto à participação de Elton John, sem dúvida ele serviu muito bem para todas as suas cenas, e embora soasse extremamente forçado, acabou agradando bastante.

Quanto do visual do longa, volto a frisar que a preocupação em fazer uma produção cheia de contextos cênicos deu à trama bons momentos vintages com toda a cenografia da Poppysland, trabalhando cada símbolo como algo único, como os robôs que não decepcionam a vilã, as lanchonetes, salões, cinemas, boliches e teatros todos ambientados como era nos anos 50, e com isso tudo ali parece algo fora da trama completa, e agrada bastante. Já nos Estados Unidos tivemos um ar mais ruralista mostrando um Kentucky bem moldado em volta de rodeios e bebidas, o que é interessante de se pensar, pois mostra que os britânicos possuem bons preconceitos pelos americanos, e o resultado acabou ficando ao mesmo tempo imponente e divertido. Nos demais países acabamos tendo leves participações, mas o momento de tensão dentro do bondinho na Itália começou bem envolvente e acabou genial (principalmente pela ótima frase do velhinho!), na Inglaterra tivemos boas cenas de perseguição, mostrando que "Velozes e Furiosos" fizeram escola, e por aí vai, sempre mostrando que a equipe quis algo visual e conseguiu, tendo pelo menos dois a três elementos cênicos por ambiente para chamar atenção, e junto disso mostrando que foram pouquíssimas cenas filmadas em estúdio, para criar grandeza cênica. A fotografia oscilou bastante, primeiro por ter mais cenas em locais abertos, segundo por trabalhar como já disse diversos países, ambientes e situações, então com isso, e claro também a loucura do diretor de ter muitas câmeras em movimento, a opção de manter o tom mais claro, sem criar muita densidade de tensão foi acertada. Quanto do 3D da trama, temos alguns bons momentos com objetos vindo em direção e outros tendo profundidade de ambiente, mas nada que você fale "Uau!!", de modo que apenas valha a pena conferir numa sessão com a tecnologia por estar em salas com melhor sonoridade, afinal a barulheira é violenta, mas falar que com os óculos vai mudar algo na experiência é balela total.

Enfim, é um filme honesto, que entrega uma boa dinâmica do começo ao fim, mas que todos esperavam ver algo muito maior, então como sempre digo, devemos ir ao cinema sem expectativas, e assim aproveitar melhor cada momento, mesmo que seja algo repetido, como foi o caso aqui. Confesso que esperava muito mais, mas me diverti e fiquei feliz com o resultado final, e recomendo sim a trama para quem gosta de bastante ação, mas alguns leves defeitos podem ser pontuados, e certamente acabaram prejudicando um pouco não só o conteúdo da história para que ficasse melhor, mas também reduziram a qualidade do impacto (por exemplo já sabermos que Harry voltaria dos mortos nos trailers!). Outro detalhe é que o filme embora seja uma continuação bem apropriada, não necessariamente obriga que você lembre detalhes do primeiro filme, mas se tiver visto mais próximo talvez se divirta com boas sacadas. E sendo assim, vale a pena sim conferir o longa, e se for numa sala de som potente prepare para sair quase surdo da sessão, pois é explosão, tiro e pancadaria para todos os lados. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica um pouco curta, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.

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