É tão bonito quando assistimos a um filme e saímos satisfeitos após a sessão, mais ainda quando vemos que o filme não apenas nos atingiu, como também tocou a todos que estavam na sessão, fazendo com que ele fosse aplaudido (coisa que só costuma acontecer em sessões com diretores/atores, mas não em uma exibição comum, bem longe do país de origem, como é o caso aqui) ao final, e muitos saíssem emocionados com o que foi passado pela trama, ou seja, o resultado de "Your Name", que já fez história com a bilheteria antes mesmo de estrear em diversos grandes países, acabou sendo tão bom que chega a ser difícil transmitir em palavras todos os sentimentos que acabei tendo durante a exibição. Para começar, passei muita raiva com as diversas conexões da trama, ri muito com diversos momentos, imaginei muitos filmes que já vi e senti a presença de espírito na trama, mas muito mais do que isso, o resultado final acabou dando um ótimo nó na garganta, emocionando, pois mesmo que você não acredite em reencarnações ou viagens temporais, tudo soa tão gostoso de ver que passamos até a acreditar nessas possibilidades, quase que flutuando com a letra da canção tema durante os créditos, que mesmo que não tivessem legendado (mas que ajudou muito) iríamos ficar ali até o fim extasiados com o tom que estava passando pelas vozes dos cantores japoneses da banda Radwimps. Ou seja, no Brasil todo terá mais algumas sessões no Cinemark (que adquiriu os direitos de exibição por aqui) então veja as programações e vá conferir, pois garanto que não você sairá muito feliz da sessão, valendo cada momento.
O filme nos mostra que Mitsuha Miyamizu é uma jovem que mora no interior do Japão e que deseja deixar sua pequena cidade para trás para tentar a sorte em Tóquio. Enquanto isso, Taki Tachibana, um jovem que trabalha em um restaurante italiano em Tóquio, deseja largar o seu emprego para tentar se tornar um arquiteto. Os dois não se conhecem, mas estão direta e misteriosamente conectados pelas imagens de seus sonhos.
O trabalho feito aqui pelo diretor e roteirista Makoto Shinkai é algo que transcende tudo o que se possa imaginar em uma animação, que não foi feita para crianças (devo frisar bem isso!!), trabalhando vidas passadas com viagens temporais de uma forma única, a qual muitos podem julgar apenas como uma coincidência, mas é possível se pensar nessas possibilidades, de quando conhecemos alguém na rua sem nunca ter visto essa pessoa, ou até mesmo quando sonhamos com algo estranho e parece que já fizemos aquilo antes por saber tantos detalhes. E com essa essência, tudo é tão bem trabalhado com traços tão marcantes (por diversos momentos até parecem feitos através de técnicas de captura, mas não, são desenhos mesmo!) e com uma síntese de diálogos tão bem construídos que o filme flui trazendo diversas alegorias para se refletir, e até mais do que isso, para curtir, pois diferente de outros longas do estilo que apenas criam reflexões, aqui o filme tem o trabalho de ser uma animação divertida, gostosa e prazerosa de se assistir, de modo que o público acaba rindo no meio da sessão até com coisas banais, sorrindo em diversos momentos, e claro se emocionando em diversos outros, resultando em algo completo de se conferir. Com isso em mente, o trabalho de desenho, até pode ousar, tendo momentos mais crus, com rabiscos realmente, mas que acabam funcionando para entregar realmente algo além do planejado, e que acabou entrando até num segundo mundo paralelo e reflexivo (quem sou eu agora? estou no corpo de quem? como ajudar o outro?) e junto dessas coincidências, a trama acaba revirando e ficando incrível.
Sobre os personagens e entonações (não vou falar de interpretação, pelo simples motivo que o som do idioma japonês me faz mais rir pelas repetições do que pensar no que estão dizendo, de modo que toda hora que a protagonista falava Taki Kan, por mais que eu quisesse não pensar, vinha na mente tá quicando!) temos de ser sinceros, que todos caíram como uma luva, e mesmo com clichês imensos (afinal já vimos um milhão de longas de trocas de corpo!) o resultado dos protagonistas, e até mesmo dos coadjuvantes amigos acabaram indo num fluxo tão divertido e coeso que nos conectamos a eles, torcemos pelo encontro, e mais do que isso, nos surpreendemos com o ponto de virada/explicação de como tudo está acontecendo/motivos de não termos tudo resolvido tão rapidamente. Ou seja, Taki mesmo com seu jeito certinho, tímido e funcional acaba fazendo coisas que um jovem faria normalmente, e quando se inverte é fato que vai fazer muitas coisas divertidas, mesmo sem saber o porquÊ de estar ali. Da mesma forma, Mitsuha nos é entregue por muitos caminhos, como a filha do prefeito, depois a neta que segue as tradições, a garota que deseja sair do povoado, a diferente de todos ali, e claro demonstra tudo isso também quando está no outro corpo, ou seja, múltiplas formas de interpretarmos todos os seus momentos, e acaba agradando bem com isso.
No conceito visual, o filme acaba tendo muitos momentos bonitos e agradáveis, e da mesma forma coloca alguns pontos bem duros e fortes, de modo que as paisagens do povoado soam lindas, transmitem sensações da cultura, e por mais incrível que seja, só notamos o detalhe máximo de tudo quando somos apresentados no ponto de virada, e isso é algo que chega a derrubar o queixo, pois liga o começo que acaba parecendo inútil, o meio desenvolvido por quase todo o filme, e o final mágico, criando muitos elementos e arquétipos para serem trabalhados e envoltos. Ou seja, um trabalho de arte minucioso, que como já disse mais acima, foi feito de duas formas, primeiro com traços fortes, marcantes e bem detalhados, aonde tudo parece quase real sem ser computacional demais, e depois com traços mais crus e simples que apenas criam alegorias, mas funcionam bem para dar a síntese necessária, no momento necessário, sendo um grande acerto também.
O longa possui boas trilhas orquestradas no miolo, que ajudam bastante no ritmo para que o filme flua sozinho, mas principalmente a canção tema que abre e fecha o longa, traz toda a letra para o que a história tentou passar, e mais do que isso, como o nome em japonês do filme diz "Não Me Importo"(Kimi no na wa.), a letra acaba passando bem isso. Portanto ouça a música "Nandemonaiya" do grupo Radwimps, e leia a letra traduzida.
Enfim, é um filme perfeito que até poderia pontuar um ou outro defeito por certos exageros, mas como já vimos em outros filmes japoneses, ou eles demonstram os sentimentos, ou acaba parecendo que tá sem sal, e sendo assim, melhor pecar pelo bom e velho tempero mais forte. Com isso, o longa acaba agradando demais, e mais do que recomendo ele para todos que gostem de ver um bom romance, mas sim para todos que gostem de uma pegada animada com muita de ficção abstrata e que acaba se desenvolvendo dando grandes sacadas. O filme será reprisado na terça-feira no Cinemark de muitas cidades, e praqueles que caçam na internet também já fui informado que tem pela grande web, afinal o longa originalmente é do ano passado, então só dar uma boa procurada também. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto bem em breve já com as estreias da semana, então abraços e até logo mais.
PS: Até daria para remover um coelho pelos exageros, mas como o longa conseguiu tirar tantos sentimentos de mim nas reviravoltas, vamos manter a nota máxima.
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