Guerreiro Tibetano (Tibetan Warrior)

7/22/2015 01:35:00 AM |

O estilo documental as vezes consegue nos surpreender quando mistura causas políticas e religiosas como base e meta de interesses. E ao mesmo tempo em que "Guerreiro Tibetano" trabalha o argumento de luta em prol da independência do Tibete, ele consegue com a calma e ideologia religiosa que pregam transformar um filme que poderia revoltar e indignar as pessoas contra a China, fazer com que tivéssemos compaixão por tudo que fazer e de certo modo deixar que o objetivo seja aguardado e refletido em prol da não violência.

Há mais de 60 anos os tibetanos lutam contra a opressão chinesa. Porém, a resistência pela não violência parece ter sido em vão. Atualmente, os tibetanos encontraram uma nova forma de protesto pacífico, imolando a si mesmos. Loten Namling – um músico tibetano exilado na Suíça – está profundamente perturbado com essa ação autodestrutiva. Ele se lança em uma ação individual, indo da Europa para a Índia, e durante o percurso encontra políticos, especialistas e jovens radicais. Ele mesmo se radicaliza pouco a pouco, quase optando pelo protesto violento. Finalmente, acaba no quartel-general de Dalai Lama, na Índia, para buscar o conselho do líder tibetano.

O bacana do filme é ver que não pesaram a mão nem em promover em excesso a causa do protagonista e nem em transformar o longa em algo mais jornalístico, pois logo de cara se vê que o filme poderia rumar tanto para cada um dos lados e isso estragaria a essência e não comoveria como um todo. O designer gráfico Dodo Hunziker, que desde 2006 resolveu ser diretor de documentários conseguiu trabalhar o longa com uma mão bem interessante, e ao acompanhar o protagonista durante toda sua jornada, mostrou uma certa dinâmica para que seu documentário, mesmo que com uma cara imensa de ter sido encomendado, agradasse e envolvesse, e isso fez valer os diversos estilos de planos escolhidos pelo diretor.

Não costumo opinar sobre os temas de documentários, mas a jornada de Loten me envolveu pela ideologia de tentar chamar a atenção com música, ao invés de armas como fazem o povo da Síria, ou botando fogo no corpo como seus compatriotas, ou fazendo passeatas malucas como acontecem em diversos outros países, então seu canto de guerra atraiu de certo modo a imprensa para sua causa, e ele pode ir nas votações do congresso, conseguiu acesso para falar com o líder religioso, e claro que com o documentário rodando, muitos outros países vão entrar à favor de sua causa, ou seja, um acerto bem trabalhado e que por ter sido muito bem feito, não ficou forçado, o que diferiu completamente do outro filme suíço que vimos do Femen.

Outro ponto interessantíssimo sobre a técnica do filme, foi além de usar as canções do próprio protagonista para dar a temática em tudo que rolava, o diretor optou por uma iluminação de preenchimento em quase todas as cenas, ou seja, além da iluminação natural dos locais aonde o protagonista dá entrevista e vai conversando com as pessoas, certamente mais uma ou duas pessoas usaram de refletores para rebater e colocar Loten como destaque do plano, de modo que não olhamos para as locações laterais, que muitas vezes nem eram tão bonitas, e isso é algo incrível que costuma falhar demais em documentários, pois acabamos nos distraindo com tudo o que ocorre do lado e esquecemos do que a pessoa estava falando, e aqui isso não ocorre nenhuma vez, nem mesmo nos materiais externos de gravações que foram inseridos para dar base controversa na trama.

Enfim, um documentário muito bacana que agrada e recomendo para todos que desejam a guerra para derrubar líderes, países e tudo mais vejam uma maneira diferenciada de chamar atenção sem ser por arruaça, e claro mostrar também que um pouco de compaixão faz bem para o espírito e pode salvar o mundo um dia. Infelizmente acabou o Festival Suíço do SESC, mas foi algo muito bacana de conferir nessas quatro semanas, espero que volte mais vezes. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com as estreias da próxima semana, então abraços e até breve.


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Tapete Vermelho (Tapis Rouge)

7/19/2015 09:50:00 PM |

Alguns filmes conseguem trabalhar com uma proposta um pouco diferente de estilos, e acabam misturando gêneros que raramente vemos sendo trabalhado em conjunto, como foi o caso de "Tapete Vermelho", aonde o diretor suíço misturou um documentário sobre uma comunidade que tem vontade de fazer um longa-metragem, mas optou por contar isso na forma de um road-movie ficcional. E dessa maneira a trama acaba fluindo bem gostosa ao mostrar que mesmo quem não tem sequer educação básica e vive num meio de drogas e violência, também pode almejar sonhos mais altos, e conseguir fazer um filme seu ser vendido em Cannes se dado a devida ajuda e atenção, mas muito além disso, o diretor quis mostrar como uma amizade pode ser construída com conhecimento e respeito entre as partes, desde que se ouça e tenha paciência com o outro.

O longa nos apresenta um assistente social que trabalha com um grupo de jovens insolentes do subúrbio de Lausanne. Ele os ajuda a escrever um roteiro de cinema e faz todo o possível para ajudá-los a realizar esse sonho. Um road movie que coloca em xeque todas as certezas do assistente social e do grupo de jovens que precisam de orientação.

/Acho bem bonito quando diretores dão essas oportunidades ao empreendimento social, e conseguem trabalhar um roteiro que tecnicamente poderia ser feito tanto quanto um documentário sobre a vida dos jovens da comunidade que desejavam fazer um filme e como era o conflito entre eles para que tudo virasse algo, bem como poderiam ter trabalhado a história que os jovens fizeram sobre suas próprias vidas como um longa ficcional tradicional, mas aí seria algo completamente comum, e não chamaria tanta atenção, mesmo que fosse bem feito. Aí entrou a experiência de Frédéric Baillif para trabalhar com as duas coisas em sintonia e entregar um filme único, aonde a esperança, amizade e até os conflitos passam a ser parte da trama, e incrivelmente mesmo os jovens não sendo atores realmente, ao contarem suas próprias histórias conseguiram agradar e comover a todos que presenciaram a ideia completa da trama, com planos mais introspectivos e voltados para relatar tudo de uma maneira mais interessante de ver na telona.

Falar das atuações é algo até engraçado nesse caso, pois tirando o assistente social interpretado por Frédéric Landenberg, não temos atores na produção, mas sim as próprias pessoas da comunidade que atuam fazendo os seus próprios papéis, e por incrível que pareça, possuem marra e estilo de atores de grande porte, mas claro que não possuem a expressão necessária e talvez atores profissionais conseguiriam dar um tom mais dramático para a história, não que isso tenha atrapalhado no teor do filme, mas certamente seria algo mais forte ainda. Frédéric por sua vez, conseguiu dar algumas certas pontadas boas e até chamar a responsabilidade para si em diversos momentos, mas o que foi lhe pedido, certamente era para apenas instigar os rapazes para que eles se conflitassem e gerassem as polêmicas que o diretor desejava para o andamento do filme, e isso foi muito bem feito e agradou, e digo mais, o ator conseguiu certamente se passar como assistente social muito bem, de modo que quase podemos falar que ele não era ator, e isso é um ponto bem positivo pelas expressões que fez.

No conceito visual da trama, por se tratar de um road-movie, escolheram uma van que poderia até dar mais histórias lá dentro, mas optaram por usar os lugares "culturais" que visitaram como ponte da viagem e determinar nesses locais as situações da trama, e de certo modo não sei o trajeto de Lausanne a Cannes se é tão fraco de pontos para se visitar, ou se a produção acabou cortando mais cenas do filme, mas faltou um pouco mais de elementos de road-movie para envolver, e isso é um defeito da direção de arte junto com a produção. Porém no quesito fotográfico, certamente os câmeras sofreram demais com o pequeno ambiente para dar a iluminação mais adequada e agradar no teor do filme, mas felizmente conseguiram em quase todas as cenas, marcar contrastes e dar o tom de emoção que pedia o roteiro, culminando na última cena com uma das fotografias mais bonitas de praia que já vi, ou seja, um trabalho bem interessante e agradável.

Enfim, um filme bacana, que agrada bastante pelo estilo diferenciado, mas que poderia ser melhor. A trilha sonora exagerou na maneira mais melódica para comover e isso é algo de praxe nesse estilo de filme, então aqueles que se emocionam muito acabam até entrando mais no clima com a dramaticidade musical empregada. O filme certamente vale a pena ser visto por todos, afinal é de certa modo uma lição de vida, pois mesmo aqueles que não possuem nada na vida e vivem em locais, que parecem ter sido excluídos do mundo, podem conseguir alcançar quando a ajuda vem, e assim sendo o resultado da trama acaba bem interessante. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na terça com o último filme do Panorama Suíço, então abraços e até lá.


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Carrossel - O Filme

7/18/2015 09:22:00 PM |

Se existe um gênero que o Brasil ainda está bem longe de conseguir engrenar novamente é o dos longas de férias, e não podemos dizer que não temos bons diretores nesse quesito, pois esse gênero foi o que manteve o cinema do Brasil vivo numa época que não se fazia quase nada de cinema no país, vide "Os Trapalhões" com seus vários filmes, "Xuxa" com diversos outros e por aí vai, mas agora parece que só desejam fazer comédias bobas e esqueceram que esse estilo leva para as sessões no mínimo 3 pessoas por família, então quem sabe esteja na hora de pensarem um pouco mais nesse filão! E nessa tentativa, o SBT tenta a sorte junto com seus parceiros ao apresentar "Carrossel - O Filme" que até consegue divertir as crianças que já assistem a novelinha do canal, que já conhecem as músicas para cantar junto, já torcem para os respectivos personagens favoritos, mas quem for esperando ver um filme realmente vai se decepcionar, pois não procuram em momento algum criar algo ou chamar atenção para algo, funcionando apenas como um episódio mais alongado da novela nos cinemas com um tema específico, no caso um acampamento de férias.

O filme nos mostra que em férias, os alunos da Escola Mundial viajam para o acampamento Panapaná, pertencente ao avô de Alícia. Lá eles participam de uma gincana organizada pelo senhor Campos, que faz o possível para que as crianças se divirtam a valer. Entretanto, a chegada de González agita o local, já que ele representa uma incorporadora que pretende comprar o terreno do acampamento para transformá-lo em uma fábrica poluidora. Para atingir seu objetivo, González e seu fiel parceiro Gonzalito usam de todos os artifícios possíveis, inclusive sabotar o acampamento e difamar Campos.

O interessante da produção é que ao juntar um diretor com características dramáticas como é Maurício Eça, o filme até poderia ter uma essência mais emblemática, mas seu parceiro na direção Alexandre Boury já vem do tradicional familiar como disse no começo do texto, e foi responsável por quatro dos filmes do Didi, ou seja, saberia tradicionalmente como fazer um bom filme com essa temática. Portanto o que fica claro é que o problema do longa não esteve nas mãos da direção, mas sim na condução do roteiro que desejou mostrar algo mais novelesco do que um longa-metragem com vida própria mesmo, e isso, como muitos sabem não agrada esse Coelho que vos digita. Claro que repito, como a missão do longa era agradar os fãs da novelinha, tenho quase certeza que a garotada mais nova que assiste à todos os capítulos certamente vai gostar, mas se você não viu nada, fique em casa e deixe para ver outros nacionais, que esse não vai lhe agradar. Ainda sobre a direção, foram sábios em utilizar a dinâmica do elenco para que o filme ficasse ao menos agradável, mas é notável que o trabalho dos diretores não foi nada fácil em conter toda a turminha num espaço cênico maior do que um estúdio, e isso certamente deu um cansaço geral na produção. Fica como dica, já que os pontos fortes da trama ficaram a cargo do elemento musical aonde os personagens cantam, que um segundo filme siga os moldes de algo do estilo High-School Musical, que acredito ser um potencial mais interessante e que abordaria os personagens no que eles talvez chamariam mais suas responsabilidades.

Falando um pouco sobre o elenco, conheço bem pouco sobre eles, afinal essa nova versão acabei não assistindo a nenhum episódio, mas a antiga mexicana, era bem novo e lembro bem de gostar dos personagens. Portanto, aqui o resultado até mostra alguns talentos que possivelmente chamem atenção no futuro, mas ainda assim temos algumas crianças bem forçadas para com os papéis que lhe foram entregues. A pequenina Maisa Silva parou de puxar a peruca do Silvio Santos e agora até consegue mostrar serviço como Valéria, num misto de muitas emoções ainda para aprender a expressar com sua cara, e em alguns momentos até parece perdida no que faz, mas embora ainda seja muito jovem, acredito no potencial dela, e veremos mais pra frente se minha aposta vai ser certeira, por enquanto apenas fez o básico que lhe foi solicitado e ainda com defeitos. Jean Paulo Campos possui um carisma incrível, e seu Cirillo remete demais ao da versão antiga, pena que seus diálogos foram bem fracos e o filme não é em cima de seu personagem, pois o garoto certamente assumiria a responsabilidade e agradaria muito, mas o que fez foi bonitinho e agradou nas suas pequenas cenas, portanto parabéns e aguardaremos mais dele. Larissa Manoela fez de sua Maria Joaquina algo muito simples e não ficou antipática como deveria ser, aparentando mais uma garota que só fica no celular fazendo selfie e mais nada, e isso pra mim é mais uma nerdice do que antipatismo, portanto poderiam ter usado mais do rancor da garota no filme que agradaria bem mais. Dos adultos temos de pesar que Oscar Filho não serve para atuar, ou esqueceram de dar texto para ele, ficando apenas preso às cenas ridículas que seu Gonzalito procurou armar, fazendo caras e bocas de um nível lastimável de ver na tela do cinema, ou seja, péssimo com tudo, nem servindo para dar risada das trapalhadas. Os demais atores até tentaram chamar um pouco de atenção, mas nada que fosse relevante para melhorar ou piorar o filme, dando destaque apenas para o estilo caricato de Orival Pessini como dono do acampamento.

No quesito visual, o longa até lembra bem alguns filmes antigos de acampamento, mas que poderia ser muito melhor se a história tivesse sido mais bem trabalhada. O destaque fica por conta das armações de Gonzalito e das crianças que lembraram muito o estilo de "Esqueceram de Mim", e além do alto colorido das cenas, tivemos até que bons elementos cênicos para preencher as cenas, claro que poderiam ter abusado um pouco menos de elementos computacionais nas cenas com bichos, mas no geral o trabalho da equipe artística foi bem feito, além claro da ótima locação para fazer o acampamento Panapana. No conceito fotográfico, a equipe usou bem da iluminação natural, e isso é legal de ver, pois como na arte já abusaram muito de elementos falsos, aqui com a naturalidade das cenas, tivemos um tom bonito e gostoso de ver, claro que os efeitos da cena final de brilhinhos poderia ser dispensado, mas quiseram colocar a festa, então é de gosto pessoal.

As canções foram bem trabalhadas e até agradam bastante junto das trilhas sonoras escolhidas, e como disse na sugestão, o encaixe delas na trama foram tão bem colocados que se tivessem optado por um longa mais musical, acredito que teríamos um filme muito melhor e mais agradável, mas como não é o caso, o resultado foi apenas satisfatório e as músicas com certeza foi o melhor do filme.

Enfim, não gosto de falar mal de longas nacionais, mas aqui não teve jeito, afinal os defeitos são maiores do que as qualidades da trama, servindo apenas como um episódio mais alongado mesmo da novelinha e deverá agradar mesmo somente quem realmente acompanhou muito ela no SBT, então só recomendo o filme para essas pessoas. Bem é isso pessoal, felizmente pude ver a reação das crianças na pré-estreia da Rádio Difusora FM e isso foi melhor para avaliar o longa e dar a nota que darei, pois se visse sozinho como costumo fazer, certamente a nota seria menor, pois não veria que o longa conseguiu atingir ao menos os fãs da novela, portanto obrigado pessoal da Difusora pelo convite para acompanhar junto com a sala lotada de pais e crianças. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o penúltimo filme do Panorama Suíço, então abraços e até breve.


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Homem-Formiga em 3D

7/16/2015 02:07:00 AM |

Se existe um estilo de filme que sempre me deixa apreensivo quando está prestes a estrear é o de ação baseada em quadrinhos, pois diferente dos grandes fãs do estilo, sequer consegui terminar de ler o livro "Quadrinhos no Cinema" que possuo, portanto desconheço qualquer origem ou algo a respeito dos heróis que a cada ano dominam mais e mais as telas do cinema. E com "Homem-Formiga" a minha apreensão estava ainda maior, por saber um pouco histórias que alguns amigos mais viciados no ramo já haviam me contado sobre a origem dos Vingadores, e toda a ligação desse pequeno, mas muito importante personagem dentro do Universo Marvel, e o maior medo que estava era de o filme simplesmente jogar Paul Rudd junto de uma imensa computação gráfica e brincando com suas amiguinhas formigas sair dando porrada em todo mundo, e graças aos roteiristas mais calmos do longa e de um diretor mais centrado em histórias, felizmente tudo foi muito bem contado, ao menos conseguiram fazer as ligações possíveis com o que já aconteceu através de diálogos (sem exagero de forçar a barra) e imagens claras de onde seu último filme acabou. Ou seja, se você também não conhece nada desse grande pequeno herói, pode ir ao cinema tranquilo, que é literalmente uma nova história, bem contada e que se você já viu os outros longas dos heróis da Marvel, ainda irá ficar bem feliz com tudo o que irá aparecer, portanto os medos desse Coelho foram para o formigueiro e a boa diversão está garantida no cinema mais próximo, pois esse merece toda a tecnologia possível para ficar ainda melhor, então fuja de ver o longa apenas em casa.

O filme nos mostra que Dr. Hank Pym, o inventor da fórmula/ traje que permite o encolhimento, anos depois da descoberta, precisa impedir que seu ex-pupilo Darren Cross, consiga replicar o feito e vender a tecnologia para uma organização do mal. Depois de sair da cadeia, o trambiqueiro Scott Lang está disposto a reconquistar o respeito da ex-mulher, Maggie e, principalmente, da filha. Com dificuldades de arrumar um emprego honesto, ele aceita praticar um último golpe. O que ele não sabia era que tudo não passava de um plano do Dr. Pym que, depois de anos observando o hábil ladrão, o escolhe para vestir o traje do Homem-Formiga.

Muitos vão reclamar do excesso didático do filme, mas como disse no início do texto, praticamente estamos introduzindo um herói que só quem come quadrinhos conhece, a grande maioria que vai aos cinemas riu demais ao ver o primeiro trailer nos cinemas, pensando ser mais um longa do estilo de herói-piada, ou qualquer outra coisa do estilo, portanto o filme prezar em explicar detalhes de como é a comunicação dos personagens com as formigas, qual foi a origem do traje, como foi a escolha do novo herói e tudo mais é algo importantíssimo para formar a cultura em cima do personagem, e principalmente para iniciar bem a franquia que certamente deve aparecer em outros longas do Universo Marvel, e como deixa claro na primeira cena pós-crédito já uma leve introdução para o segundo filme do minúsculo herói, então nesse quesito o trabalho que Edgar Wright (diretor que originalmente iria dirigir o longa, mas apenas escreveu a história do filme e acabou saindo por divergências criativas com os produtores) e Joe Cornish fizeram com o roteiro, temos de tirar o chapéu e vibrar a cada cena bem encaixada que acabou se tornando grandiosa nas mãos do diretor Peyton Reed, que por ser muito mais conhecido por comédias bobas, surpreendeu ao fazer um longa de ação tão bem encaixado com uma comicidade precisa e agradável de assistir. E mesmo contando muita história, toda a computação gráfica para criar o pequeno mundo quando o personagem encolhe foi tão deslumbrante e dinâmica, que não vemos passar as quase duas horas que o filme possui, e isso é algo incrível que a equipe toda conseguiu fazer, e principalmente o diretor ao escolher planos bem colocados para que o filme ficasse verossímil e interessante de ver, pois como disse acima, estava com muito medo do longa ser absurdo demais para acreditar em um herói que encolhe para ter super força e destruir os adversários. Quanto ao conceito da Física Quântica de moléculas que o longa tenta querer discutir, é melhor deixarmos quieto, senão é capaz do texto ficar chato e não agradar, além de arrumar discussões desnecessárias para o momento.

Então vamos falar um pouco sobre os atores! Paul Rudd é daqueles atores que se pararmos para pensar não tem estilo de ser um super-herói, aparentando a escolha mais improvável para o personagem do Homem-Formiga, mas ao entrarmos na concepção de Scott Lang, um trambiqueiro para não chamar de ladrão e cheio de perspicácia, vemos que é o ator ideal, e nessa combinação, ele praticamente aprendeu a virar o herói e acredito muito em toda expressão que entregou para o personagem, de modo que nos próximos filmes da Marvel certamente encaixará muito bem e agradará mais ainda do excelente trabalho que fez aqui, talvez um trabalho um pouco melhor de olhares o faria perfeito, mas como sabemos trabalhar com computação gráfica, filmando num fundo verde é algo bem difícil de acertar a expressão no momento exato, então podemos dar um pequeno desconto para ele nesse quesito. Evangeline Lilly conseguiu surpreender com sua Hope, de maneira que abandonou completamente seu visual ruivo de Tauriel, para virar uma morena de responsa não economizando nos socos e trejeitos para com o protagonista, e com certeza deve vir com tudo para o segundo filme, impactando ainda mais na ação e agradando da mesma maneira que fez aqui, ao colocar o diálogo de maneira mais forte do que tradicionalmente algumas outras atrizes pontuariam. Michael Douglas é sempre excelente em tudo que faz, e ao colocar seus textos do Dr. Pym de uma maneira mais calma e bem trabalhada conseguiu cativar e ser uma das chaves do sucesso do filme, e é incrível ver que ainda possui um ritmo interessante nas dinâmicas de cena para pontuar e seguir junto com os demais protagonistas, sem precisar de que os outros reduzam a velocidade para si, um grande feito com certeza sua atuação. Lembro de relance de poucos papéis de Corey Stoll, e aqui como Darren/Jaqueta Amarela chegou até ser chamativo e mostrar uma certa determinação de vilão, mas faltou muito para ficarmos com raiva ou desejarmos sua morte, como é o caso de diversos outros vilões, então nesse quesito certamente na minha opinião foi a maior falha do filme, em colocar um vilão mais impactante e que o ator que fizesse fosse incorporasse mais o personagem, mas no contexto geral, ele até que foi bem. Michael Peña é aqueles atores que botam a comicidade de qualquer filme no ponto máximo, pode ser até uma cena completamente dramática que seu estilo de expressão consegue divertir, e aqui não foi diferente com o seu Luis, e como possui muito texto, e foi encaixado em diversas cenas, ele trabalhou muito bem e agradou certamente ao fazer com que o filme ficasse bem mais divertido do que seria sem o seu personagem. Dos demais atores, temos Bobby Cannavale fazendo um policial razoável, com pouca expressividade, mas que funcionou bem encaixado como padrasto da filha do protagonista, interpretada muito bem por Abby Ryder Fortson que é outra promessa de boas atuações, e temos de pontuar a cena de luta do protagonista com Anthony Mackie com seu Falcão já tão conhecido dos Vingadores, mas que por ser apenas um encaixe, ainda não mostrou muito a que veio na trama. Claro que sempre que temos um filme da Marvel, ficamos esperando a aparição do criador do Universo Marvel, Stan Lee, e embora bem rápida, podemos dizer que ficou bacana sua cena no encerramento da trama.

No conceito visual da trama, já pontuei mais pra cima, mas tenho de reforçar o capricho que tiveram ao criar o pequeno mundo exibido junto das formigas quando o protagonista encolhe, e claro que a dinâmica empregada nos pequenos animaizinhos que são literalmente o charme da trama, sendo hábeis, dinâmicos e incríveis em tudo que fizeram, agradando demais, e dessa maneira temos de parabenizar e muito a equipe artística tanto pelos pequenos animais, quanto pelo visual criado para contextualizar tudo, ver o encanamento como um grande esgoto, os caminhos das formigas como grandes cavernas, e até mesmo as placas computacionais como enormes complexos de computadores, foi algo incrível de ver, não que quando ele estivesse grande não fosse bacana, mas o pequeno mundo foi melhor. E temos de destacar também o conceito de cores, pois como temos um filme alegre e bem feito, as cores mais vivas ajudaram muito a determinar o trabalho todo da fotografia da trama, o que acaba chamando muito a atenção e dando um ar mais engraçado para o longa, então se você é daqueles que gostam de algo mais sombrio, não será nesse filme que verá isso.

Agora o ponto que muitos visitam meu blog para saber mais do que vou falar do 3D convertido do longa. O que posso adiantar é que o trabalho conseguiu dar uma boa perspectiva de velocidade nas cenas que estamos junto dos animais, e de certa maneira aparentamos estar bem no meio dos insetos, o que é bem bacana, em algumas cenas também aparentam estar fora da tela voando e caminhando pela tela do cinema, e temos de certo modo alguns objetos também sendo atirados nos espectadores, então embora o filme não tenha sido filmado com a tecnologia, quem gosta desse estilo que não usa tanto a profundidade de campo, mas opta por arremessos fora da tela é capaz de sair satisfeito com o que verá. Claro que não temos isso no longa inteiro, e em diversas cenas, o filme até funciona sem óculos, embaçando apenas um pouco nas legendas, mas como disse, nos momentos em que trabalharam bem a conversão, até vale o dinheiro pago a mais pela sessão de óculos, então fica a dica para quem estiver pensando em ir ver o filme.

Enfim, como não estava esperando nada do filme, o resultado foi extremamente satisfatório e com toda certeza recomendo ele para todos que são fãs do Universo Marvel. Quem não conhece os filmes, sei que é pouca gente, mas ainda existem, até recomendo o longa por funcionar bem sozinho e ter um certo vértice diferenciado dos demais, mas talvez algumas boas sacadas irão ficar perdidas, então pode não ser um passeio tão agradável dentro das salas de cinema. Portanto deixo dessa maneira minha recomendação. Como pontuei no enorme texto acima, o longa teve dois grandes problemas, um na falta de um vilão mais impactante e de certa maneira o excesso de explicações para os fãs que conhecem tudo vai até incomodar um pouco, e somente por isso não darei a nota máxima para o longa, mas como diversão vale completamente o maior combo de pipoca e curtir certamente mais um novo herói para brigar contra os vilões mais complexos que o Universo Marvel vai ainda nos inserir nos próximos anos. E como todos já sabem, filme da Marvel tem de ficar até o último segundo dos créditos, então temos uma cena mid-crédito com 4 minutos após começar a subir as letras, dando a ligação para o próximo filme do personagem, e mais 12 minutos de letras na tela preta e virá uma cena já preparatória para o próximo filme da Marvel que já está a caminho, então é ir batendo papo com os amigos e aguardar até o final. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas no Sábado volto com mais um longa que chega na cidade, então abraços e até breve.


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Espartanos (Spartiates)

7/15/2015 01:16:00 AM |

Não sou uma pessoa que assiste muito as lutas de MMA para conhecer todos os lutadores, mas já é o segundo longa sobre a vida de lutadores que assisto e posso dizer com muita certeza que embora seja um esporte violento, toda a batalha e história de vida que muitos seguem educando jovens de comunidades pobres e fazendo com que a criminalidade seja diminuída com muito treino, disciplina e determinação consegue emocionar, cativar e fazer com que o respeito que tanto pedem seja merecido com o que fazem. E dessa maneira não só recomendo "Espartanos" para todos os amigos que gostam do esporte, como todos que sonham com um mundo melhor, aonde a educação pode reduzir a criminalidade e colocar no rumo, os jovens que estão indo para caminhos não tão bons.

O filme nos mostrou que Yvan Sorel fundou uma academia de MMA em Marselha, no “Quartier Nord”, região da cidade conhecida na mídia principalmente pelo tráfico de drogas, por suas gangues e tiroteios. Dia após dia, sozinho, sem nenhum apoio do Estado – que há muito tempo desistiu dessa área –, ele luta para manter as crianças e os jovens no caminho certo. Um filme sobre violência, educação, valores morais, fé e dignidade.

É interessante ver a forma que o diretor Nicolas Wadimoff conduziu a trama, pois diferente da maneira tradicional de documentários que costuma apresentar o tema ou o protagonista da trama, ele solta Sorel para fazer o seu dia a dia de treino, ensino e lutas, e na edição de um material monstruoso pelas diferenças de cabelo dele e dos outros que aparecem, ele conseguiu fazer um filme incrível e que se não fosse esse detalhe do cabelo poderíamos dizer que foi uma semana de gravação linda e cheia de vida. E além disso, esse estilo de documentário costuma pontuar e ficar dramático demais, já que a situação das pessoas sempre é menos favorável, mas ao contrário disso, o diretor pontuou forte no conceito da luta que é repetido diversas vezes pelas crianças que são ensinadas pelo lutador e professor. Dessa maneira o longa que aparentava ser duro e até fora dos padrões que muitos na sessão nem assistiria, fez com que todos se comovessem e saíssem emocionados da sessão, na torcida para que quem sabe após o filme, a equipe conseguisse atingir seus objetivos, o que provavelmente serviu como marketing usando o longa, e isso já fez com que valesse muito toda a garra do protagonista.

Sobre o estilo de ângulos que a equipe utilizou posso dizer que a escolha foi muito boa, pois deu um tom mais pessoal e intimista para a produção, trazendo o protagonista quase que como se estivesse contando e mostrando sua história para um amigo, e esse ponto é algo que pouquíssimos documentários conseguem atingir, portanto um acerto completo nesse sentido. Porém, algumas cenas poderiam ter sido melhor gravadas em locais com uma iluminação mais interessante, pois as que tiveram iluminação azul (deve ser algum bar ou coisa do tipo) até puxaram a emoção mais forte da trama, mas ficaram destoadas do restante do filme, e isso não é muito legal, mas é apenas um detalhe técnico que poderia agradar mais o resultado do filme, não atrapalhando em nada.

Enfim, um documentário excelente que recomendo muito que todos assistam, principalmente por mostrar que dentro de um ringue o lutador vai sangrar muito, vai bater muito, mas fora dele, a vida é quem bate, e isso só os fortes mesmo conseguem se levantar e mostrar que são exemplos para seguir. Portanto quem tiver oportunidade veja o filme que vai valer muito a pena. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a única estreia da próxima semana, então abraços e até breve.

PS: Só não vou dar nota máxima pelo problema que relatei de iluminação, mas valeria facilmente.


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Pausa (Pause)

7/12/2015 11:06:00 PM |

É estranho que quando vamos acompanhar filmes de festivais, não esperamos encontrar longas que sigam a linha mais tradicional, que passaria facilmente em um cinema comum com público até que razoável gostando do que é mostrado, e hoje poderia facilmente classificar o longa suíço "Pausa" nesse gênero de entretenimento, pois o romance é levinho, gostoso de acompanhar, a musicalidade agrada, afinal o indie/country tem uma sonoridade própria que envolve o público e capta completamente a essência do estilo que o filme trabalha, e principalmente temos bons atores colocando a interpretação para jogo de modo que assimilamos bem os personagens com tudo o que o roteiro desejava passar. Enfim, um filme muito gostoso de assistir, com uma história bacana e que torço para que apareça comercialmente por aqui, pois certamente recomendaria ele para diversas pessoas assistirem.

O filme nos mostra que o despreocupado compositor Sami fica chocado quando Julia, uma brilhante advogada com quem vive há quatro anos decide dar um tempo no relacionamento. Instruído por seu velho amigo Fernand, um músico country alcoólatra que vive numa clínica para idosos, Sami faz o impossível para provar a Julia que ela é a mulher de sua vida.

É interessante ver como o diretor trabalhou bem o roteiro de modo que ele não ficasse cansativo, mesmo trabalhando situações que costumeiramente já vimos diversas vezes, que é o famoso pedido de um tempo na relação, e de certa maneira muitos levariam isso somente para o sentimentalismo romanceado, mas não, Mathier Urfer abusou de diversas outras maneiras em sua estreia na direção de longas, para colocar o relacionamento entre amigos de muitos anos de vida, o relacionamento profissional dos músicos e até mesmo o relacionamento de colegas de trabalho até onde vai o rumo de uma conversa, e isso é legal de observar, pois geralmente esse estilo de filme costuma atacar somente um dos vértices, e desenvolvê-lo até o extremo, mas com boas pitadas em cada um, tivemos a liberdade para pensar e ainda curtir tudo que o filme desejava. Claro que ele abusou do estilo clássico de filmagens, sem forçar ângulos inovadores ou até mesmo criar uma perspectiva mais intimista para o seu longa, e isso talvez os que não estão acostumados com planos longos aonde a câmera opta por uma segurança nos diálogos dos atores, acabe cansando um pouco e não se envolvendo tanto com o que é passado, mas quem gosta de algo mais artístico, certamente vai acabar entrando na mesma vibe que quiseram trabalhar, e dessa forma conseguimos ver os protagonistas bem soltos para seguir com seus textos e interpretações.

Sobre a atuação, tivemos altos e baixos, pois faltou um pouco de firmeza do diretor para exigir mais em determinadas cenas, mas o resultado para um longa musical certamente foi bem encaixado pelo ponto de vista dos dois homens. Baptiste Gilliéron caiu bem no estilo de compositores/cantores que não querem mais nada na vida a não ser beber, compor e cantar, esquecendo até de tudo e todos que estão ao seu redor, e o jovem ator trabalhou até que bem por ser seu primeiro longa-metragem, puxando as expressões de seu Sami mais para os olhares vagos e cantando(ao menos aparentou ser sua voz) até que de maneira bem gostosa lembrando outros bons cantores da atualidade, ou seja, começou bem no cinema, e quem sabe ainda veremos mais trabalhos dele por aí. André Wilms caiu como uma luva no papel de Fernand, funcionando tanto como conselheiro amoroso quanto parceiro musical do protagonista, e o experiente ator trabalhou tão bem que gostaria até que ficasse muito mais tempo em tela e o longa ficasse somente na vida do personagem dele, mas como o foco do filme não é ele, nos momentos em que apareceu, procurou agradar ao máximo com boas expressões e foi perfeito. Julia Faure poderia ter entregado para sua personagem Julia uma dinâmica menos dura, pois não conseguiu dar fluxo nas cenas que mais pediram expressão, e ela como uma atriz já mais experiente saberia dar impacto nas cenas mais dramatizadas que fez. Os demais foram mais encaixes para a trama, dando um pequeno destaque para as cenas de Nils Althaus como chefe de Julia que conseguiu chamar atenção pela forma expressiva de chamar atenção nas suas duas cenas mais fortes, mas nada que desse alguma reviravolta grandiosa para a trama, portanto funcionou mesmo somente como referência de cena.

No quesito visual a trama trabalhou um pouco bagunçada cenograficamente, claro que era o desejo da produção para mostrar o desleixo do protagonista, mas acabou ficando de uma maneira bem estranha e aparentou mais erro do que símbolo dos elementos cênicos. Mas também não podemos ser tão rudes com o resultado final, afinal nas cenas do hospital, a simbologia do personagem de Wilms tudo funcionou muito bem encaixado, e nos momentos da turnê, ficou bem evidente também para mostrar como os cantores de segundo escalão sofrem para viajar em shows. A fotografia desenvolveu uma iluminação mais fria para dar uma certa dramaticidade na trama, e isso em longas musicais deixa o filme um pouco triste demais, e embora a temática da quebra de um relacionamento não seja algo muito feliz, a dinâmica poderia ser aquecida com a tentativa dele em voltar para o seu relacionamento, então luzes quentes ou sombras ao menos chamaria mais atenção do que impor o frio suíço pra cima do protagonista.

Claro que como temos um filme classificado como musical, apesar de as canções apenas funcionarem como a profissão do rapaz, e não um longa inteiramente cantado como estamos acostumados, as canções foram bem escolhidas e interpretadas com primor para dar contexto à história, dando destaque para a música final, que foi o motivo da composição de reconciliação e na voz do protagonista agradou bastante no tom e no ritmo.

Enfim, gostei bastante do que vi, e com toda certeza recomendo o longa para todos que gostam do estilo, por ser leve, bem dinâmico e contando com pouquíssimos erros como pontuei acima, confesso que de todos os longas do Panorama do Cinema Suíço Contemporâneo, esse foi o que mais me agradou até agora, ainda teremos mais três filmes para conferir, mas minha maior recomendação por enquanto é esse. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na terça com mais filmes suíços, então abraços e até lá.


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As Aventuras dos Sete Anões (The Seventh Dwarf)

7/11/2015 07:11:00 PM |

Acho interessante quando outros países nos revelam um trabalho tão preciso nos cinemas como é com a gênero de animação, e se em alguns momentos o desacreditado filme alemão "As Aventuras dos 7 Anões" deixou a desejar, com toda certeza não foi na modelagem dos personagens e muito menos na criatividade da história que tanto já vimos em diversas versões, mas apenas na indefinição de se o longa era para crianças ou não, pois temos muitas cenas infantilizadas e divertidas, porém também temos algumas cenas com temática mais complexa, e isso acabou deixando o longa no meio do caminho. Mas como outros filmes às vezes pegam até mais pesado, o longa vale o ingresso, e certamente vai fazer a garotada se divertir com o resultado da trama com personagens carismáticos, boa interação e piadas bem colocadas. Só coloco o detalhe que não dublaram as canções, então aqueles que ainda não leem, talvez sofra um pouquinho, mas todas são bem bonitas. E outro detalhe é que o longa não veio em 3D para o interior, mas foi bem notável que temos diversas cenas com a dinâmica sendo utilizada, então quem tiver a oportunidade, volte aqui e comente se valeu a pena ver com a tecnologia.

A história nos mostra que a bruxa Dellamorta amaldiçoa a princesa Rose e todo o reinado ao sono de 100 anos. E isso acontece no aniversário de 18 anos da princesa quando um dos 7 anões espeta o dedo dela, por acidente. O lugar fica congelado também e só os anões podem consertar isso, procurando o príncipe Jack, pois somente o seu beijo em Rose poderá reverter o feitiço.

É bacana ver o trabalho de outras nacionalidades, ainda mais quando um ator renomado resolve virar diretor estreante resolve atacar justo no gênero, que particularmente, considero mais trabalhoso, e ao fazer um filme honesto com sacadas juvenis e trabalhando com uma modelagem bem coerente para os personagens, o alemão Boris Aljinovic conseguiu entregar um filme que diverte bastante e até chega a ser melhor que muitas outras besteiras que já vimos espalhadas por aí. Claro que acertar tudo num primeiro filme é algo quase que impossível e ele certamente viu que seu longa ficou oscilante demais no quesito de idade, pois temos umas pegadas mais próximas de adolescentes, como a festa de 18 anos da princesa e todo o lance amoroso, mas os personagens são bem infantis, e isso causa uma certa estranheza logo de cara, mas quem estiver disposto a curtir, certamente vai gostar do que verá. Outro detalhe importante é que não sei a data exata do roteiro, mas o filme de certa forma faz diversos plágios em relação à inserir outros personagens conhecidos dentro de um único filme, da mesma maneira que "Shrek" fez e isso é algo que ficou muito claro dentro da trama, então pode ser que os produtores mais para frente tomem algumas broncas, mas nós como bons curtidores de animações nem ligamos e divertimos com o que é passado, e com as situações que cada um faz ao passar pelo tapete vermelho.

Sobre os personagens principais, no caso os sete anões, Jack, Rose, Dellamorta e o dragão Brasa, podemos dizer que todos possuem de certa forma um carisma interessante e mesmo a vilã não chega a ser algo estranho de acreditar e até gostar dela. Os anõezinhos claro que deram mais destaque para o personagem Bobo que ao não saber amarrar os sapatos está sempre caindo e causando alguma confusão (e sua cena aprendendo a amarrar, foi a coisa mais infantil que já vi nas telas dos cinemas), e o personagem é bem convincente de emoções, o que não costumam colocar num protagonista de animações, ou seja, vemos ele com tristeza, depressão, alegria, felicidade e até bravo em alguns momentos, e isso foi um grande acerto da equipe. O mocinho da trama Jack poderia ter ficado amarrado o longa inteiro, pois só serve para quebrar o feitiço e mais nada, o que é de certa forma um desapontamento total. A dublagem ficou bem cômica, pois temos momentos que os dubladores soltam diversas gírias, e em outros momentos eles são completamente formais, e o melhor, sem motivo algum, ou seja, poderiam ter sido melhores dirigidos para fazer um trabalho melhor. E como já disse uma vez, animação sempre é voltada para as crianças, então se vai dublar, dublem tudo, largar as músicas em inglês com legenda certamente foi um tiro no pé, e embora tenham uma sonoridade bem gostosa, quem não conseguir ler, vai perder praticamente metade do filme.

Sobre o visual da trama, modelaram muito bem os personagens de modo que todos possuem formas interessantes e bem diferenciadas, além de cada um sendo trabalhado de uma cor diferente, faz com que o público se conecte com os personagens e com o visual passado, então isso funcionou bem para o resultado que a equipe certamente esperava. Os tons de azul escolhidos para retratar a tristeza e o congelamento dos personagens, também foi um luxo que deve ser muito bem observado e agradará certamente à todos que forem assistir. Como disse não veio cópia em 3D para cá, mas notei diversos momentos que o longa dá a tradicional acelerada de câmera para dar perspectiva de movimento no público e isso deve chamar a atenção de quem for ver com a tecnologia, além de muitas cenas que coisas são atiradas ao ar, o que certamente com a tecnologia voou para fora da tela.

Já que as canções não foram dubladas, deixo aqui os parabéns para a equipe musical original, pois as escolhas foram muito bem feitas, e as composições são de uma temática bem interessante de ouvir e agradar com o que é cantado, praticamente complementando o roteiro com o que foi preparado.

Enfim, é um longa que vale a pena conferir, e com poucos erros deve agradar quem for assistir. Claro que escolheram uma data chave de férias, mas ao pegar dois grandes filmes já rolando nas salas, talvez não chame tanta atenção dos pais que estiverem levando as crianças para os cinemas, mas é mais uma opção para conferir, e de certa maneira uma boa opção, tirando os detalhes que já citei acima. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o longa do Festival Suíço, então abraços e até breve.


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Cidades de Papel

7/10/2015 12:02:00 AM |

Já é fato saber que quando um livro de algum escritor vivo estoura a bilheteria dos cinemas com sua adaptação, podemos esperar a vinda de praticamente todos os outros, e como "A Culpa das Estrelas" lotou cinemas pelo mundo afora, (principalmente no Brasil, o que fez a produção do novo longa estrear aqui bem antes do que no país de origem), era só aguardar a data de estreia de "Cidades de Papel". Não digo isso com nenhum pesar, pois mesmo sendo um nicho que muitos reclamam, eu tenho um certo carisma para com esse estilo de filme, pois como não tenho o poder de viajar tanto na imaginação literária, ver nas telas a imaginação que alguém teve de determinado autor é algo que me satisfaz bastante. E posso dizer mais, que fiquei curioso por mais longas baseados nos textos de John Green, pois esse escritor que tem levado adolescentes às lágrimas ao falar praticamente na mesma linguagem que eles, tem conseguido trabalhar de uma maneira menos forçada de clichês ao colocar o romance em pauta, mas sem finalizar da forma usual que todos esperariam, e isso é algo muito bacana de ver na telona, e certamente a bilheteria vai estourar (hoje por exemplo quase não consegui ingresso para a sessão) e já podemos ficar aguardando seu próximo livro nas telas do cinema.

O filme nos conta uma história sobre amadurecimento, centrada em Quentin e em sua enigmática vizinha, Margo, que gostava tanto de mistérios, que acabou se tornando um. Depois de levá-lo a uma noite de aventuras pela cidade, Margo desaparece, deixando para trás pistas para Quentin decifrar. A busca coloca Quentin e seus amigos em uma jornada eletrizante. Para encontrá-la, Quentin deve entender o verdadeiro significado de amizade – e de amor.

O que posso adiantar é que se você não leu o livro, assim como eu, evite ir nas sessões lotadas iniciais, pois um spoiler instantâneo pode fazer você querer matar a pessoa do seu lado, e não terá como mudar de lugar. Dito isso, o diretor Jake Schreier trabalhou muito bem o desenvolvimento que os roteiristas acabaram criando em cima do livro de John Green, o único aquém é que no livro provavelmente as passagens das horas devem ter um bom motivo, e aqui no filme ficou aparentemente algo bem inútil e até feio demais aparecendo na tela a todo momento, somente perguntando o tempo para o Radar ficaria mais elegante e bacana de ver. Além desse pequeno defeito, o diretor teve em seu segundo longa uma responsabilidade monstruosa de tentar passar os principais detalhes da trama que os fãs iriam procurar na tela, então ele soube junto com os jovens dar a dinâmica correta para que cada elemento tivesse a devida importância e ainda ajudasse que eles desenvolvessem seus diálogos, ou seja, trabalhar com jovens já é uma tarefa árdua, e ainda por cima juntar pedacinho de papel em canto, é algo que certamente funcionou como um bom treino. Além de que o texto do escritor por si só já fala com os jovens e ao montar todo o conteúdo, o diretor soube colocar o brilho total na última cena para casar com a sintonia que a trama pedia para ser fechada.

Um fato que é bem interessante sobre o elenco, é que mesmo todos possuindo idades de jovens que entram nas faculdades, alguns até mais, praticamente todos aparentam ser muito mais jovens, e isso de certa forma causa um pouco de incômodo, mas como fizeram bem suas interpretações, isso é o que mais vale falar. Nat Wolff é um dos poucos atores jovens que conseguem trabalhar a percepção de câmeras junto das melhores expressões faciais possíveis, claro que em cinema gravamos diversas vezes a mesma cena para ficar com uma tomada boa, mas seu Quentin aparenta funcionar tão bem no papel que mesmo nos momentos mais tranquilos da trama, ele sempre está com um ar curioso e empolgado para tudo o que vai fazer em seguida, vejo futuro nele. Cara Delevingne entregou a sua Margo ao mesmo tempo um ar enigmático e uma beleza diferenciada, de forma que não trabalhou com impacto para ser sexy, mas sim um desejo pela aventura mesmo e pelo jeito de ser, e isso é um dos trabalhos mais difíceis para diversas atrizes, pois jogar charme e beleza é fácil, mas conquistar usando de outras maneiras dá trabalho, o que de certa forma foi um pouco complicado para a jovem que já trabalha a muito tempo como modelo, mas que tem antes desse filme fez apenas participações em outros filmes e séries, mas foi tão bem, que já está gravando diversos outros, então certamente irá melhorar muito, e deve seguir carreira facilmente. Austin Abrams é o que mais aparenta ter menos idade do que seu personagem na trama, mas ao  trabalhar seus diálogos foi tão impactante que acabamos gostando demais do que faz, e nos afeiçoamos ao que faz em cena, torcendo de certa forma para que suas mentiras virem futuro, e dessa maneira ligamos o personagem a diversos amigos e conhecidos que inventam mais do que fazem, e assim sendo o garoto conseguiu chamar atenção, e vamos aguardar outros papéis para falar mais dele. Justice Smith teve sua estreia nos cinemas com um papel mais sério e introspectivo, mas seu Radar sempre é de grandes sorrisos e boas cenas para chamar a atenção e agradar na medida com seu bom texto, é outro que certamente tem futuro. Dos demais personagens, a maioria acaba servindo para uma ou outra ligação com os protagonistas, mas não chegam a chamar tanta atenção, então vamos dizer que funcionaram apenas para o propósito de auxílio de cena, mas claro que a aparição de AnseL Elgort fez todas as meninas da sala gritarem.

Agora se estamos falando de um filme que coloca um mistério para ser desvendado, entra em cena o trabalho meticuloso da equipe de arte para que cada elemento do livro encaixasse perfeitamente no melhor ângulo de câmera e também não ficasse tão falso do protagonista localizar (embora alguns tenham ficado bem forçados), mas o resultado total funciona bem e mostrou que todos tiveram que ler e muito cada trecho do roteiro para não esquecer nada em cena e ainda dar um charme nos cenários. Aliado às boas escolhas de elementos, a equipe de fotografia trabalhou muito com uma iluminação de preenchimento para enobrecer ainda mais as cenas noturnas ou nas internas mais envolventes, e isso deu um tom muito gostoso de acompanhar e fluiu junto com o desenvolvimento da trama para que nada acontecesse ao acaso.

Enfim, não é um filme perfeito, mas agrada bastante pela forma dinâmica que foi produzido, construindo um misto de road-movie com pitadas de suspense/mistério, e um certo ar romanceado para dar o tom, mas sem dar muito spoiler, o amor não é o ponto principal da trama. Claro que quem não gosta de romances adolescentes vai odiar toda a situação, mas garanto que o texto tem um estilo próprio e não cansa como a maioria costuma fazer, e quem não leu o livro vai até se contradizer bastante com o final do longa. Portanto recomendo ele como uma boa diversão nos cinemas, mas como disse no começo, se você não curte ouvir pessoas falantes ao seu lado, fuja das sessões em horários mais comuns, pois as fãs ficam comentando partes do livro e dando spoilers durante o próprio filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a outra estreia da semana, então abraços e até breve.


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Eu Sou Femen (Je Suis Femen)

7/08/2015 01:12:00 AM |

Antes de mais nada, já vou avisando que não vou entrar no mérito de ser a favor ou contra a causa que as moças tanto defendem no longa, pois não quero criar um ambiente politizado nos comentários do post, portanto aqui vou defender e argumentar somente sobre a questão cinematográfica que o documentário "Eu Sou Femen" trabalhou em seus 95 minutos de duração. E sabiamente, logo de cara o diretor já nos assusta com uma introdução quase que jornalística, o que fez com que esse Coelho que vos digita já ficasse com os dois pés atrás, afinal já disse uma vez que sou contra documentários jornalísticos no estilo Globo Repórter e afins, aonde só noticiam os acontecimentos sem entrar em detalhamento de personagem e causa, porém é apenas uma abertura e com o andamento da trama, mesmo que discordando do estilo de alguns protesto que elas fazem, o resultado da trama consegue mostrar bem suas causas e seu modo de viver, que como uma delas acaba falando em um depoimento, é literalmente uma tentativa de suicídio, que certamente elas vão morrer, sumir da face da Terra e tudo mais, mas que não espera ver o resultado agora logo de cara, e sim que um dia possa ter servido para conscientizar outros a não aceitarem tudo como é dito e levantarem contra algo.

O documentário nos mostra que Oksana Shachko é uma mulher, uma ativista e uma artista. Quando adolescente, seu fascínio pela pintura religiosa levou-a a considerar seriamente a possibilidade de entrar para um convento, mas finalmente ela usou seu talento para criar e promover o movimento Femen. Entre a necessidade de criar e o desejo de mudar o mundo, Oksana confundiu o famoso grupo de mulheres ativistas, que a levou da sua Ucrânia natal para todos os cantos da Europa.

É interessante observar o trabalho que o diretor Alain Margot fez ao colocar a protagonista como vértice do enredo completo que a trama poderia desenvolver, e ir temperando todos os demais acontecimentos com as nuances da história dela, e isso funcionou muito bem para que o filme não ficasse nem cansativo, nem forçado demais em favor da causa. Outro grande ponto foi a equipe ter trabalhado bem nas captações, evitando ter muita imagem de arquivo, o que daria um ar estranho para o filme e incitaria mais ainda o temor de ver alguma cena mais impactante, claro que a todo momento pela ousadia das mulheres, ficamos apreensivos de saber que podem ser presas ou sofrer algo mais forte, mas até que pegaram leve nas prisões dela, pois num país aonde a polícia fosse mais imprudente, elas certamente não brincariam tanto com fogo como fazem nos diversos momentos que foram mostrados.

Ou seja, a história contada foi bem desenvolvida e de certa forma acabamos até que torcendo para que elas consigam o que querem, mas de certa maneira sua causa só fica evidente pelo excesso de mídia em cima, e claro por elas fazerem o topless, pois apenas fazer o barulho, diversos outras causas fazem, mas acabam sumindo e nem sendo tão divulgadas como as delas, além do que é dito no filme, que quem mais financia elas, além dos produtos que vendem, é a própria mídia jornalística, então pros jornais, pagar elas para aparecerem e marcarem é algo que o diretor poderia ter ocultado, principalmente que em determinado momento elas foram protestar contra as pessoas que o governo compra para protestar, e nessa fala, elas mostraram que também são financiadas por alguém.

Enfim, cada um certamente vai ter sua própria opinião sobre o que é ou o que não é válido nas formas de protesto do grupo, e assim como a maioria dos diretores de filmes artísticos, vou deixar a minha em aberto para não criar conflito (e olha que eu sou um dos que mais odeiam esses diretores que largam o filme em aberto), mas como falei no começo, analisando a técnica do longa tenho certamente que recomendar ele para todos que gostam de ver um bom documentário, bem filmado, editado e pontuado na forma crítica aberta em prol de discussões. Portanto, quem tiver oportunidade, fica a dica. Bem é isso pessoal, encerro por aqui essa semana cinematográfica, mas volto na Quinta com as estreias da próxima semana, então abraços e até breve.


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Electroboy

7/05/2015 08:34:00 PM |

O gênero documentário ultimamente tem aberto algumas brechas para um estilo não tão novo, mas que vem tomando um rumo não muito legal de acompanhar que é o dos realities sobre personalidades, aonde algumas pessoas acabam falando sobre sua vida, o que aconteceu durante certa fase, e acrescentam depoimentos de conhecidos, familiares, e por aí se molda quase que uma biografia homenageada em vida para a pessoa. Mas aí entro com o seguinte questionamento, até que ponto o narcisismo de alguém encomendar um filme desse estilo vai agradar ao público pagante de uma sessão de cinema? Claro que algumas personalidades possuem muitos fãs, e estes vão lotar sessões para saber um pouco mais sobre a vida da pessoa, mas e quando esse alguém você nunca ouviu falar, e sua história não passa de algumas maluquices vividas com diversas pessoas loucas ao seu redor, com a família ainda rumando ao precipício? Quem tiver as respostas desses questionamentos sem ser o enorme e repetitivo "inútil" ou "fútil", por favor me fale, pois o que vi hoje em "Electroboy" só me vem essas palavras para representar o sono que me deu ao saber do jovem bonito que ao se formar professor decidiu querer ir para Hollywood, inventar algumas mentiras junto de um professor seu que se passou por agente, para tentar alguns testes, virar modelo, ter surto de pânico e não fazer mais praticamente nada, criando algumas festas malucas e botar um drama familiar antecessor ao seu nascimento como pauta para um conflito no filme que fala de si, e ainda por cima mostra ele duas vezes limpando a bunda de seu cachorro (que maravilha!!!).

O filme nos mostra que você pode conseguir tudo o que quiser realmente. Se há alguém a quem essa máxima se aplica perfeitamente, essa pessoa é Florian Burkhardt. Ele conquistou tudo que quiser e no documentário é contado a história verdadeira de um jovem que deixa seu claustrofóbico ambiente suíço e ganha o mundo em busca de fama e reconhecimento. Florian vive sucessivas histórias de sucesso, reinventando-se a cada instante, mudando de lugar e de carreira como quem troca de roupa. Esse frenesi, no entanto, revela-se uma fuga da própria biografia, que inevitavelmente acabará por alcançá-lo.

É difícil falar de técnica nesse estilo de filme, pois não somos colocados à confrontar nossos conhecimentos, e muito menos vemos os entrevistados instigados à falar algo contundente sobre o protagonista da trama, pois como fica claro quase que durante toda a exibição e depois é confirmado em uma das últimas cenas, o longa foi completamente encomendado pelo protagonista, e assim a edição mesmo que deixe algumas alfinetadas no ar, o restante é colocado somente para que o narcisismo e o ego de Florian fique ainda mais elevado e ressalte ainda mais o que a sinopse nos entrega, que ele consegue tudo o que quer. E por mais incrível que pareça, o documentário ainda conseguiu ganhar alguns prêmios na Suíça, o que não é possível crer de forma alguma em algo imparcial e cansativo, pois confesso que olhei para o relógio umas três vezes para saber se faltava muito para acabar, e principalmente para não dormir com o que passava na tela (por sorte as cadeiras do SESC não são confortáveis, senão era certeza de apagar!).

Não posso falar que Florian é alguém bem expressivo, afinal como é mostrado no longa, ele não conseguiu passar para ator nem quando tudo estava meio que esquematizado para passar, então isso já diz muita coisa! Mas seus carões quando fora modelo refletiram bem seu futuro como depressivo, e é bem isso o que vemos na trama inteira, uma pessoa que está falando de si mesmo, mas sem vontade de falar, ou seja, se você tiver uma crise depressiva, não veja esse filme, pois a chance de piorar é alta! Mas tirando esse cansaço na empolgação do protagonista, os demais entrevistados, principalmente os três agentes estavam empolgados para falar o que sabiam de Florian, e isso ficou bem bacana de ver, mas os pais ficou parecendo que sabiam menos do filho que qualquer outra pessoa, e isso impacta demais no andamento da trama.

Enfim, tenho esperança que essa moda acabe logo, pois daqui a pouco vamos ter qualquer tipo de pseudo-celebridade querendo seu próprio reality para mostrar o quão sofrida foi sua vida, e por isso precisa tomar antidepressivos para não ficar com cara feia para os paparazzi. E dessa maneira não tenho como recomendar de forma alguma esse longa para ninguém, a não ser que você tenha conhecido Florian na sua época de modelo, gostava dele e queira saber mais sobre sua vida e porque desapareceu dos palcos da moda, e ainda assim é capaz de você sair da sessão perguntando sobre o que era mesmo o filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na terça com mais um longa do Panorama de Cinema Contemporâneo Suíço, então abraços e até breve.

PS: A nota só não foi pior, pois a equipe de edição soube trabalhar de maneira curiosa em alguns momentos, não sendo tão linear e trabalhando também com alguns efeitos interessantes, e também tivemos uma iluminação bem bacana, fazendo com que a fotografia ficasse bonita, mesmo nas locações mais estranhas possíveis.


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Meu Passado Me Condena 2 - O Filme

7/03/2015 12:35:00 AM |

Já falei isso diversas vezes, mas é de praxe que toda vez que um filme dá resultado, a continuação já começa a ser escrita no dia seguinte no melhor estilo das escolas de samba do Carnaval, e em 2013 com toda certeza, uma das comédias nacionais que mais fez o público rir nos cinemas foi "Meu Passado Me Condena", e agora com sua continuação, ao ter um espaço mais amplo do que um cruzeiro, puderam caprichar no nível da produção e desenvolver mais o conceito de uma comédia romântica, porém esqueceram do detalhe que tanto agradou no primeiro filme: fazer o público rir mais do que apenas discutir a relação (detalhe numas tias no fundo da sala interpretando a relação dos protagonistas como se tivesse na janela olhando os vizinhos), não que algumas DRs não sejam engraçadas, mas as sacadas acabaram perdidas no meio das grandes locações da trama, e alguém ainda deve estar procurando elas para encaixar no filme.

O longa nos mostra que a vida de casado dos apaixonados Fábio e Miá cai na rotina quando, as diferenças, que não são poucas, precisam ser enfrentadas. Após Fábio esquecer o terceiro aniversário de casamento, Miá decide pedir um tempo. Quando o avô de Fábio, que mora em Portugal, o comunica que ficou viúvo, ele enxerga nesta viagem para o funeral uma oportunidade de salvar seu casamento.

É interessante observar que o roteiro da trama foi muito bem pensado para criar as situações interessantes que causam conflitos em casais, e ao poder contar com um orçamento bem melhorado, a diretora Julia Rezende, que havia estreado na direção justamente com o primeiro filme, agora veio com bagagem dos erros e acertos que teve da outra vez, para desenvolver um filme com uma cara até que bem europeia, trabalhando mais o conceito da comédia romântica de uma maneira mais leve, e usando as piadas de intervalo para tentar puxar uma comicidade maior. E embora isso faça com que o público que riu muito no primeiro filme ache um pouco estranho esse estilo, o resultado é até que bem favorável, mas é notável que muitas cenas que continham piadas mais contundentes e que talvez fizessem o público rir novamente ficaram de lado na edição final, para que o clima não fosse quebrado, e dessa maneira não consigo acreditar que o filme tenha a mesma rentabilidade que o primeiro teve, mas vamos aguardar, afinal o carisma dos protagonistas ainda é muito alto e pode ser que o público se divirta com eles. Mas o que temos de falar com muita certeza ainda sobre a direção é que Julia embora enfatize que uma das personagens gosta muito de novelas, o seu estilo de dirigir foge completamente dessa maneira, o que é um grande trunfo dentro do cinema nacional, pois saber se diferenciar quando todos querem ir para os mesmos rumos, embora inicialmente cause uma certa estranheza, futuramente ela deverá colher bons louros.

Sobre as atuações, já frisei isso na crítica do "Entre Abelhas", e reafirmo que Fábio Porchat não é mais aquele artista apelativo do início de sua carreira, e mesmo fazendo o irresponsável e brincalhão Fábio do longa, ele trabalha bem os trejeitos e consegue desenvolver seu carisma para com o público, tentando puxar emoção em algumas cenas e saindo até que bem de certos momentos em que certamente ele faria algo bobo e sem noção para chamar atenção, claro que como aqui a comédia era necessário ele poderia ter melhorado algumas piadas, mas isso já seria um trabalho dos roteiristas, então o que fez foi satisfatório. Miá Mello é uma atriz que não chega a chamar atenção nem pelo corpo nem pela forma que atua, e isso não lhe impede de trabalhar o roteiro que lhe é entregue, pois no primeiro filme se esforçou para ser o contrapeso do excesso de comicidade de Fábio, e aqui já teve maior enfoque para mostrar o estilo da mulher contemporânea que trabalha muito e ganha até mais que o marido, e depende somente de si para tudo, e com isso funcionou para que as discussões do relacionamento se apimentassem e até caísse algum resquício para o lado mais tradicionalista dos personagens de Portugal, ou seja, com seu jeito quietinho de ser trabalhou bem e entregou uma personagem até mais interessante para a trama do que a que fez no primeiro filme. A atriz portuguesa Mafalda Pinto caiu bem para o papel de Ritinha, e com um carisma interessante funcionou exatamente para contrapor a personagem de Miá, e assim com o seu belo sotaque português e uma beleza interessante, a atriz pôs trejeitos de diversas maneiras na sua interpretação e agradou bastante no que fez. É engraçado que quando Ricardo Pereira começou a fazer novelas na Globo, seu sotaque era fortíssimo e lembro de rir muito do jeito que falava, mas agora fazendo o português Alvaro, de certa maneira ficou parecendo um brasileiro interpretando e impondo um sotaque, ou seja, já está há tanto tempo por aqui que precisou impostar um pouco sua voz para dar ar a um personagem mais tradicionalista, claro que alguns podem até reclamar de seu ar machista na trama, mas sabemos bem que no interior é assim, e ele fez muito bem o que o papel pedia. A dupla Inez Viana e Marcelo Valle que funcionou bem no primeiro filme, aqui pareceu bem deslocada e não convenceu, parecendo que sua Suzanna e Wilson desembarcaram na Itália no filme anterior e ficaram perdidos pela Europa fazendo bicos, poderiam ter colocado situações mais divertidas para os dois, como por exemplo a cena da porta batendo, que agradaria bem mais do que o que foi mostrado. E para fechar Antonio Pedro como o vô Nuno deram texto demais para o personagem ficar como um contador de histórias, e logo que viram isso, deram praticamente um sumiço nele na edição, o que ficou muito feio e embaraçoso, pois ao que poderia ver, o mote do longa é o avô, e acabou sobrando quase nada de vô no resultado final.

Certamente a escolha da aldeia de Sortelha e a Quinta de Sant'Anna foi algo que a direção de arte trabalhou com a produção da melhor forma para que o acerto do filme fosse perfeito, pois com menos de 200 habitantes, o local praticamente ficou livre para a equipe trabalhar tranquilamente e dar um ar maravilhoso para o visual da trama, e com essa liberdade de ambientes, o roteiro também conseguiu se desenvolver para a ambientação colonial local que agrada bastante tanto pela simplicidade, como pelo teor mais calmo. E diante de belas paisagens da região, a equipe de fotografia só teve o trabalho de refletir a iluminação natural nas cenas diurnas, e das fogueiras/velas nas cenas noturnas/internas, o que deu um charme a mais para a produção e resultou num tom muito bem trabalhado.

Enfim, se você estiver esperando um longa aonde você vai mijar de tanto rir por puro besteirol como foi o primeiro filme, abaixe um pouco a expectativa e vá com mais calma ver esse novo, pois a chance de não gostar do estilo é alta, mas se você já gosta de algo mais trabalhado e bem produzido, certamente essa nova trama vai agradar e fazer você rir sem muito apelo, portanto é dessa forma que acabo recomendando o filme. Mesmo gostando de um estilo mais bem produzido, acredito que faltou comicidade para que a trama ficasse no mesmo nível do primeiro filme, ao menos no quesito fazer rir, portanto somando os pontos positivos com os negativos vou dar a mesma nota que dei no primeiro, quem sabe caso façam um terceiro filme, misturem a boa produção desse com a comicidade do primeiro, e aí sim teremos uma comédia nota 10 nacional. Bem é isso pessoal, encerro por aqui as estreias dessa semana, mas ainda tenho o Panorama Suíço para conferir no Domingo e na Terça, então deixo aqui meus abraços e até breve.


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O Exterminador do Futuro: Gênesis em 3D (Terminator: Genisys)

7/02/2015 02:35:00 AM |

Quando ouvi falar que teríamos mais um "O Exterminador do Futuro" confesso que assim como a maioria que reclama à beça de refilmagens e continuações, eu também resmunguei um bocado, pois já fizeram tanta besteira em algumas das continuações que em alguns momentos dos filmes já sabíamos exatamente o que aconteceria, portanto nem fiquei com expectativa, e para dizer a verdade nem estava empolgado para com o lançamento de "Gênesis", mas cá que como um bom Coelho curioso, fui na pré-estreia para conferir o que teria de bom para comentar, e posso falar com muita certeza que esse além de ser um filme muito bem feito, me fez ficar com vontade de rever todos os anteriores para ir ao cinema novamente conferir ele, e isso é algo bem raro de acontecer com franquias, pois ou apaixonamos pelo novo e abandonamos os velhos, ou ignoramos o novo e voltamos para os antigos. E aqui a conexão foi tão boa que num mix de idas e vindas, o diretor acabou misturando tantas novas referências que um novo filme pode ser criado completamente a partir desse, e acabamos curiosos para rever os antigos e ver se tudo o que ocorre aqui se conecta realmente com os outros. Ou seja, um filme excelente para ver e rever e ainda sair feliz com tudo o que foi passado. E deixo o aviso já de cara que temos uma pequena cena no meio dos créditos, então fiquem na sala!

O filme nos mostra que em 2029, a resistência humana contra as máquinas é comandada por John Connor (Jason Clarke). Ao saber que a Skynet enviou um exterminador ao passado com o objetivo de matar sua mãe, Sarah Connor (Emilia Clarke), antes de seu nascimento, John envia o sargento Kyle Reese (Jai Courtney) de volta ao ano de 1984, na intenção de garantir a segurança dela. Entretanto, ao chegar Reese é surpreendido pelo fato de que Sarah tem como protetor outro exterminador T-800 (Arnold Schwarzenegger), enviado para protegê-la quando ainda era criança.

Certamente teremos as brigas em cima de que não seguiu a linha, de que foi feito apenas como reboot para uma nova leva de filmes, que isso, que aquilo e tudo mais, mas uma coisa é certa, o diretor Alan Taynor("Thor: O Mundo Sombrio") trabalhou a computação gráfica completamente ao seu favor, diferente do que aconteceu em alguns outros longas da franquia, aonde a computação dominava a história e o roteiro era praticamente deixado de lado para mostrar os robôs. E aqui, o roteiro foi tão bem trabalhado, com nuances técnicas interessantes e diversas ligações com os outros filmes, que o resultado deu um ar de vitalidade para a franquia, não necessariamente funcionando como um reboot, mas sim, como o próprio James Cameron (que para quem não sabe, a história original é dele) disse, esse sim ele aprova como sendo um terceiro filme. Outro ponto extremamente favorável, foi o estilo de interpretação que o diretor exigiu dos protagonistas, pois aparentam estar bem livres para desenvolver seus personagens, de modo que não vemos expressões forçadas nem situações que desrespeitem os fãs, pois como todos sabemos somente Schwarzenegger participou pessoalmente ou digitalmente dos 5 filmes, enquanto Reese, Sarah e John já foram interpretados por diversos outros atores, e se formos balancear como um é meio que continuação do outro, isso poderia ser palco para diversas gafes, o que felizmente não ocorreu. Sobre o uso da computação gráfica, então tenho de complementar, que foram bons ângulos escolhidos para realçar a tecnologia de conversão tridimensional, e sobretudo, para dar um ritmo de ação frenética para a trama, pois nem pareceu que ficamos 2 horas na sala do cinema de tão rápido que o longa se desenvolve.

Falando um pouco sobre as atuações, temos de ressaltar que Arnold mostrou que mesmo após ficar um longo tempo sem atuar, e principalmente lutar, ainda tem muito gás para queimar e dando uma boa comicidade para o seu personagem ao tentar trabalhar expressões "mais humanas", podemos dizer que literalmente ele voltou à ativa com grande classe. Emilia Clarke vem detonando na série "Game of Thrones" e não iria se queimar à toa com um personagem tão marcante quanto Sarah Connor, e entregou uma personagem tão interessante, com boas expressões, momentos tão bem colocados para com o filme que acreditamos em tudo o que ela conseguiu fazer, dando ao mesmo tempo garra e ternura para que sua Sarah não ficasse falsa e também não saísse da perspectiva feita nos outros longas. Jai Courtney sai do odiado Eric de "Divergente", para o mocinho bacana e bem aventurado Kyle Reese, que ainda precisa melhorar um pouco nos trejeitos mais secos, mas conseguiu ter o carisma suficiente que o personagem pedia, e até que agrada bastante nos encaixes junto de Schwazza. Jason Clarke incorporou de uma forma robusta o seu John Connor, de maneira que se o ator não usou muito dublê, ele gastou fôlego para a alta quantidade de cenas de ação que seu personagem participa na trama, de modo que chega a ser asfixiante suas cenas sempre dinâmicas, aonde não dá para que a expressão do ator seja mais desenvolvida, mas de certa maneira agradou bastante no que fez. O papel de J.K. Simmons como O'Brien poderia ter sido melhor aproveitado, pois funcionou apenas como mote para as explicações de passado e futuro, e mais nada, e como sabemos bem, ele é um ator fantástico que merece ser aproveitado para chamar atenção no que faz e não apenas ser encaixe cênico. Dos demais atores, nem temos muito o que destacar, pois apareceram sempre como encaixes e não ficando muito tempo em cena, claro que Bryant Prince se saiu muito bem como jovem Kyle e Byung-hun Lee trabalhou expressões fortes para o seu T-1000, mas como não desenvolveram tanto o diálogo, não podemos avaliar tanto suas atuações.

O visual da trama está realmente incrível, pois como disse mais para cima, a computação gráfica foi usada para dar complemento ao roteiro, e quando isso funciona, temos uma cenografia se encaixando com cada cena e dando o charme preciso para que a trama ocorra, além disso, a equipe de arte soube trabalhar muito bem com os elementos cênicos para complementar cada ato, ou seja, temos armas muito potentes tanto no poderio explosivo quanto visualmente na sua aparência, e além disso ao tentar conectar tudo do passado, presente e futuro, o filme desenvolveu elementos chaves para que cada ato ocorresse sem atrapalhar o outro e ainda dando gancho para que os protagonistas não se perdessem tanto e nem a gente. Sobre a fotografia, tivemos inicialmente um tom cinza esverdeado predominante para representar o futuro, depois um tom meio amarelado para colocar o passado, quase grudando no tom original que o primeiro filme trabalhou, e no presente(2017) as cores funcionaram mais vivas dando relação com a computação atual de celulares, colocando o Gênesis mesmo pra valer com tons azuis, de modo que tudo ficou bem bonito na tela, além claro das cenas explosivas sempre jogando o laranja lá no topo para incorporar bem a cena, só achei falta de mais vermelho e sangue em cena. Sobre o 3D da trama, como bem sabemos não foi filmado com a tecnologia, mas é possível observar que muito foi pensado na conversão com os ângulos escolhidos para filmagem, sempre procurando dar sensação de que as pessoas estão caindo, ou voando para fora da tela, com muitas explosões jogando pedaços de coisas e até que uma certa profundidade em diversas cenas, somente esse último detalhe poderia ter sido melhor aproveitado, mas como conversão de profundidade não costuma funcionar bem, ficou melhor usarem somente o que o público que paga mais caro gosta de ver que é coisas voando, e dessa maneira, quem gosta do estilo, pode pagar mais caro que não vai se arrepender.

A trilha sonora composta por Lorne Balfe também é outro ponto que vale muita atenção, desenvolvendo um ritmo tão frenético e ao mesmo tempo envolvente para a trama, que acaba nos deixando sem fôlego em diversos momentos do filme, e esse acerto é ao mesmo tempo bem pontuado junto da canção tema dos outros filmes, o que faz do compositor alguém que estudou para não estragar o original e ainda marcar com seu estilo.

Enfim, é um filme que superou muito mais do que qualquer expectativa que alguém estivesse esperando dele, resultando numa trama bem trabalhada e ação sem precedentes para agradar tanto quem gosta de um longa com história para ser contada, quanto aqueles que só querem pancadaria, ou seja, um filme que dá para recomendar para todos, portanto, compre um pacotão de pipoca e curta o filme na maior sala para que os sons façam sua poltrona tremer, que o filme desenvolve bem também essa percepção sonora. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com a outra estreia da semana que irei conferir, então abraços e até mais.


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Belas e Perseguidas (Hot Pursuit)

7/01/2015 01:52:00 AM |

O nicho da comédia americana anda tão sem rumo que as vezes recauchutar alguns pedaços de filmes que deram certo, e misturar com coisas novas funcionam ao menos para divertir num longa leve e despretensioso. Claro que a beleza das protagonistas, junto com o excesso de loirice salva o filme do fracasso, mas ainda assim "Belas e Perseguidas" é bem fraquinho de conteúdo e vai valer a pena ver apenas para quem quer rir sem se preocupar com nada. Porém, Hollywood precisa parar de aceitar que os produtores de filmes façam os papéis principais, pois mesmo Reese sendo uma ótima atriz, o papel cairia muito melhor em diversas outras atrizes.

O filme nos mostra que escolhida para escoltar uma importante testemunha até Dallas, uma policial se vê fugindo junto com sua companheira de viagem após envolver-se em um acidente. Com personalidades opostas, elas juntam forças para escapar dos bandidos e da própria polícia que as perseguem.

A diretora Anne Fletcher tem um estilo bem peculiar de comédias, pois na maioria de seus filmes sempre opta por não exageram no tom cômico mais pesado e nem romancear demais, o que acaba divertindo, mas não fazendo você rir de passar mal, foi assim em "Minha Mãe é Uma Viagem" e "Vestida para Casar", e portanto já dá para perceber seu estilo e o que esperar quando vermos que um filme é seu, o que certamente é algo bem bacana, pois coloca uma marca. Porém aqui, era notável que o roteiro que foi escrito por dois grandes escritores de séries de TV, David Feeney e John Quaintance, em seu primeiro texto para cinema, tinha pitadas mais fortes para divertir e ela abrandou as cenas, mas ainda assim conseguiu montar um mini estilo de road-movie policial que com algumas boas sacadas deu a comicidade certa no momento certo, e talvez se dessem mais ênfase nos trejeitos espanhóis de Vergara o filme seria de chorar de tanto rir, mas ainda assim do jeito que foi feito agradou. Outro detalhe que poderia ter sido melhor trabalhado são os ângulos de câmeras, pois houve diversas quebras de eixo, e isso causa um pouco de vertigem, não funcionando como uma linguagem interessante, nem tendo base para algo na trama, o que costuma acontecer em dramas mais pesados, e além disso tantos planos resultaram em diversos erros de continuidade, principalmente em relação aos cabelos da protagonista que hora estavam arrumados, hora bagunçados (já havia lido sobre isso, portanto prestei mais atenção do que o normal).

No quesito atuação, volto a repetir que Reese Witherspoon é uma excelente atriz, mas aqui caberia perfeitamente uma atriz mais pontuada pro lado cômico mais irreverente (talvez Tina Fey ou até Melissa McCarthy), porém como é a produtora do longa, pagou logo atuou, e sua Cooper usou e abusou das piadas de altura, já que realmente é bem pequenina, como uma policial metódica, tentaram trabalhar as sacadas para esse lado seu, mas esqueceram de avisar que ela poderia abusar também das expressões faciais, e ficou sempre com cara de dúvida do que estava fazendo, e isso não é legal em uma comédia. Sofia Vergara é literalmente um mulherão, e ainda com saltos bem altos durante o filme todo, praticamente sua Riva engoliu a pobre Reese com seu corpo, e o uso de seu espanhol literalmente foi o charme da trama, e poderiam ter abusado muito mais disso para a personagem ficar ainda mais interessante, somente suas cenas de fechamento (após o ônibus, e na festa) foram fracas demais, parecendo ter sido gravadas em diferentes momentos da atriz, e isso também não é muito legal de ver. Os homens da trama são totalmente um bando de patetas, que com atuações beirando o fracasso máximo que uma atuação poderia ter, entregaram personagens que não dá para acreditar sequer em meio olhar, destaque negativo para a dupla de policiais Matthew Del Negro e Michael Mosley como os detetives Hauser e Dixon, e mais ou menos positivo para as três cenas de Robert Kazinsky com seu Randy.

A trama não trabalhou tanto a cenografia como deveria, afinal por ser um road-movie, nos locais aonde fizessem suas paradas, tudo deveria ser ambientado e completar a cena, mas para que o filme não ficasse tão caro, foram mais modestos nas locações e preferiram simbolizar nas cenas de carros, como na trombada do caminhão voando fermento pra todo lado, nas cenas do ônibus e até mesmo na caminhonete, ou seja, em movimento era o que mais importava para a trama, mas tivemos bons momentos cênicos, como na casa dos traficantes, na cena da festa e até mesmo na lojinha de roupas ficou bem caracterizada a perspicácia das atrizes para em um pequeno local darem conta do recado. A fotografia trabalhou bem para retratar um Texas em New Orleans, e para esse feito puxou o tom do longa para o marrom dando um efeito sujo para a trama, e como não foi tão rico em movimentações de câmera, as cenas sempre foram mais próximas das atrizes e isso não amplia o lado cômico como deveria.

Enfim, é um filme bem feito, que até diverte de certo modo, mas recomendo que quem for assistir compre um combo de pipoca imenso para não prestar atenção em defeitos e apenas rir das boas sacadas, pois quem for esperando uma comédia com cê maiúsculo vai se decepcionar muito. Agradeço a parceria com a Rádio Difusora para poder ver o filme na pré-estreia, e volto amanhã com mais uma pré-estreia que veio para o interior. Então abraços e até breve pessoal.


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